Saúde

Anemia: tipos, causas, sintomas, tratamentos e o que comer

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 26/09/2018Última atualização: 15/10/2020
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 26/09/2018Última atualização: 15/10/2020
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O que é a anemia?

A anemia é um sintoma causado pelo comprometimento da hemoglobina, proteína presente nas hemácias, células sanguíneas responsáveis pelo transporte de oxigênio no organismo. Quando essas células estão abaixo do normal, a pessoa é considerada anêmica.

Essa redução do número de glóbulos vermelhos no sangue pode acontecer devido à carência de um ou mais nutrientes essenciais no organismo, por causa de doenças crônicas, genéticas, autoimunes e outras patologias.

A anemia mais frequente é a anemia ferropriva, causada pela carência de ferro. Estima-se que mais de 90% das anemias sejam causadas por deficiência desse nutriente. Ele é fundamental para a produção das hemoglobinas, auxiliando no transporte de oxigênio.

Além da carência de ferro, a anemia também pode ocorrer devido à baixa ingestão de vitamina B12 e B9.

Essa condição pode se manifestar com maior prevalência em crianças, grávidas, mulheres adultas, adolescentes e lactantes. No entanto, homens (adultos ou adolescentes) e idosos também são afetados.

Os sinais mais comuns da anemia envolvem sensação de cansaço, indisposição, falta de apetite e palidez. Em crianças, um sinal de alerta é a apatia e a dificuldade de aprendizado.

Em alguns tipos de anemia, como a perniciosa, a prevenção não é possível, mas existem formas de tratamento e cura.

Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é anemia?
  2. Anemia aguda e crônica
  3. Tipos de anemia
  4. Qual a causa da anemia?
  5. Fatores de risco
  6. Sintomas da anemia
  7. Diagnóstico
  8. Exames
  9. Anemia tem cura?
  10. Tratamentos
  11. Medicamentos
  12. Prognóstico
  13. Complicações
  14. Como prevenir?
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Anemia aguda e crônica

A anemia aguda é uma condição que se instala rapidamente. É frequentemente causada por hemorragias, quando há uma redução grande no volume de sangue do corpo, mesmo quando a queda da hemoglobina (proteína presente nos glóbulos vermelhos) não é alta.

Pode ocorrer em situações em que o paciente sofre um acidente, em sangramentos gastrointestinais e em cirurgias, por exemplo. Essa seria uma forma da anemia adquirida.

Uma queda aguda, que pode variar entre  14g/dL e 10g/dL, já é suficiente para provocar muitos dos principais sintomas da anemia.

Por outro lado, as anemias que se instalam de forma lenta e gradativa (crônica), em que há uma baixa produção de hemoglobina ao longo de semanas ou meses, costumam ser assintomáticas até as fases bem avançadas.

Com o processo lento, as hemoglobinas existentes têm tempo de se adaptar, passando a serem mais efetivas na captação e distribuição do oxigênio pelo corpo (compensando a baixa concentração delas no corpo).

Nesses casos, devido à capacidade de adaptação das hemácias (glóbulos vermelhos), os pacientes com anemia crônica geralmente não apresentam sintomas até níveis de 8g/dL ou 9g/dL de hemoglobina.

A anemia crônica, portanto, pode ser considerada um tipo de anemia hereditária ou adquirida, pois ocorre também por insuficiência nutricional, por deficiência de ferro, na gestação e por deficiência de vitaminas B12 e B9.

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Tipos de anemia

A anemia pode ser compreendida através da classificação feita de acordo com o tamanho das hemácias, denominado volume corpuscular médio (VCM). O VCM apresenta três divisões de anemia:

  • Anemia macrocítica: condição em que os glóbulos vermelhos apresentam tamanho maior do que o normal, como no caso do tipo megaloblástico;
  • Anemia microcítica: quando os glóbulos vermelhos possuem dimensões inferiores ao normal;
  • Anemia normocítica: nesse tipo de anemia, as hemácias não apresentam alterações de tamanho, sendo característico dessa condição uma perda repentina de sangue, como em hemorragias, por exemplo.

Mas as anemias também podem ser dividida em alguns tipos conforme a causa:

Anemia Ferropriva (carência de ferro)

A anemia ferropriva é causada pela falta de ferro no organismo, um nutriente fundamental para a realização de várias funções básicas do organismo.

A hemoglobina, principal componente das hemácias, é uma proteína que necessita de ferro para ser formada, sendo responsável também pelo transporte de oxigênio para o corpo. Dessa forma, quando ocorre uma deficiência de ferro, acontece uma falta de matéria-prima, digamos assim, para que essas hemácias sejam produzidas e desempenhem sua função.

Por isso, toda vez que os estoques de ferro do organismo estão muito baixos, a anemia ferropriva ou anemia por carência de ferro se desenvolve.

Muitos fatores podem provocar essa carência, tais como alimentação inadequada, hemorragias, menstruação com fluxo intenso ou má absorção de ferro pelo organismo.

Em gestantes, devido ao aumento da quantidade de ferro necessária durante esse período,  esse tipo de anemia também pode acontecer.

Anemia Falciforme

É uma anemia genética e hereditária, conhecida também por anemia drepanocítica. Acontece por uma alteração do cromossomo 11 (uma estrutura que carrega o DNA). Para que esse tipo de anemia ocorra, são necessários 2 genes defeituosos.

Nesses casos, normalmente, a mãe e o pai são portadores, cada um portando 1 gene defeituoso, mas sem manifestação da doença ou de sintomas. No entanto, ao receber essa herança genética dos pais, o filho recebe a combinação genética (ou seja, 2 genes) para desenvolver a condição.

Quando o paciente apresenta apenas 1 gene defeituoso ele é identificado apenas como portador de traço falciforme.

Nesse tipo da doença, as hemácias do sangue ficam em forma de foice, quando normalmente deveriam apresentar um formato mais arredondado.

Por essa variação de formato, as células sanguíneas possuem maior dificuldade em realizar o transporte de oxigênio na quantidade necessária.

Além disso, essas hemácias falciformes apresentam uma duração inferior às hemácias normais e não sobrevivem por muito tempo. A medula óssea, responsável por produzir essas células, por outro lado, não consegue acompanhar o ritmo.

Por isso, o sistema sanguíneo fica prejudicado. Sem essa reposição, várias complicações podem acontecer, tais como acidentes vasculares cerebrais (AVC), uma vez que as hemácias são responsáveis pelo transporte do oxigênio e sua ausência pode causar a morte dos tecidos.

Existem alguns fatores que podem desencadear uma crise de falcização, tais como estresse, febre e outras infecções. Essa crise é caracterizada pela manifestação de sintomas como fortes dores nos ossos, na região torácica e abdominal.

No entanto, a anemia falciforme pode apresentar ainda uma grande variabilidade clínica, ou seja, se manifestar de forma grave em alguns pacientes — podendo levar a complicações mais sérias e frequentes —  ou representar uma condição clínica leve e até mesmo assintomática.

O diagnóstico acontece logo no nascimento, no teste do pezinho. O tratamento deve ser feito desde então, com o acompanhamento de uma junta médica.

Em alguns casos, pode ser necessário, durante o tratamento, o transplante de medula óssea, para conseguir substituir a medula que não está conseguindo produzir as hemácias saudáveis.

Esse tipo de anemia é mais comum em pessoas descendentes de populações do norte da África e do Mediterrâneo. No Brasil, é muito mais comum na população negra.

Anemia megaloblástica

A anemia megaloblástica acontece quando as hemácias (glóbulos vermelhos) apresentam um tamanho maior do que o normal, pois o citoplasma não se divide corretamente, geralmente pela falta de nutrientes necessários, devido à deficiência de vitamina B12 ou vitamina B9 (ácido fólico)

Além da variação do tamanho, também são menos resistentes e acabam morrendo antes do tempo esperado.

Esse tipo de anemia se instala no organismo do indivíduo devido ao prejuízo que a deficiência dessas vitaminas provoca, pois sem elas o corpo não é capaz de realizar corretamente a síntese de timina.

Assim, os cromossomos não conseguem se duplicar e não há o processo de divisão celular (mitose).

Pessoas nessa condição podem apresentar sintomas como dor de barriga, cansaço, queda de cabelo, feridas na boca, além dos sintomas comuns da anemia, como tontura, fraqueza, ressecamento das mucosas e palidez.

Anemia perniciosa

A anemia perniciosa é um tipo de anemia megaloblástica, que ocorre quando há ausência de fator intrínseco (uma substância produzida pelo estômago que auxilia na digestão dos alimentos e na absorção de B12 no intestino).

Sem a vitamina, os glóbulos vermelhos são produzidos incorretamente, morrendo precocemente, configurando o quadro anêmico.

Fatores autoimunes, uso excessivo de antiácidos, cirurgias bariátricas ou alterações gástricas podem ser responsáveis pela manifestação do tipo pernicioso.

Anemias hemolíticas

Existem diferentes formas de anemia hemolítica, mas ela é caracterizada pela dificuldade da medula óssea em produzir glóbulos vermelhos que, por motivos diferentes, estão sendo destruídos antes do tempo adequado.

Isso pode acontecer devido a determinadas doenças infecciosas, autoimunes, genéticas ou hereditárias, como a esferocitose hereditária (formato anormal dos glóbulos vermelhos) e a deficiência de Glicose 6 Fosfato Desidrogenase ou G6PD (que facilita o rompimento das hemácias), por exemplo.

No caso da anemia hemolítica autoimune, o próprio sistema imunológico do paciente entende os glóbulos vermelhos como invasores. Assim, produzem anticorpos que os atacam e os destróem antes do tempo.

Nesse tipo, o tratamento depende da causa. Na manifestação autoimune, por exemplo, pode ser necessário o tratamento com medicamentos que inibem o sistema imunológico.

Anemia do recém-nascido

Recém-nascidos também podem sofrer com a anemia. A principal causa desse tipo de problema é uma doença chamada eritroblastose fetal, ou incompatibilidade de Rh.

O Rh, ou fator Rh, é um antígeno presente no sangue, que recebe classificação positiva ou negativa.Quando alguém possui o antígeno naturalmente ele é considerado Rh+ (positivo). As pessoas que não apresentam esse fator Rh naturalmente são classificadas como Rh- (negativo).

Quando o Rh positivo do bebê entra em contato com o Rh negativo da mãe, o sistema imunológico da gestante pode acabar produzindo anticorpos para se defender desses antígenos do feto, ao entendê-los como corpos estranhos.

Essa reação do sistema de defesa recebe o nome de sensibilização Rh.

Por causa desse conflito entre os antígenos da mãe e do bebê, o recém-nascido pode sofrer com a anemia, pois os anticorpos podem atravessar a placenta até o feto, provocando a destruição das hemácias.

Para se defender dessa anemia, o organismo do recém-nascido reage produzindo hemácias imaturas, denominadas eritroblastos. Essa é uma condição que pode trazer sérios riscos para a saúde do bebê.

Raramente essa incompatibilidade de Rh provoca problemas durante a primeira gestação. No entanto, por ficar mais sensibilizada, os riscos em gestações futuras é maior.

Anemia por doenças crônicas

Pode ser provocada pela presença de doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas, insuficiência renal crônica e outras patologias como o HIV/AIDS, artrite reumatoide e doença de Crohn.

Nessas condições, os pacientes correm um risco maior de apresentarem uma baixa produção de glóbulos vermelhos.

Qual é a causa da anemia?

A anemia acontece quando os níveis de hemoglobina no sangue, presentes no transporte do oxigênio, estão baixos. Essa redução pode ser provocada pela deficiência de vitamina B12, carência de ferro, problemas na medula óssea, sangramentos e doenças genéticas, hereditárias, autoimunes e crônicas.

Há também vários fatores que contribuem para essa alteração do organismo, como o uso de medicamentos e cirurgias, por exemplo. Conheça quais são esses fatores:

Carência de ferro

O ferro, como dito anteriormente, é um nutriente fundamental para a saúde do organismo. Entre suas funções, uma das mais importantes é o papel que exerce na formação das hemoglobinas, proteína que representa aproximadamente 30% do peso de cada glóbulo vermelho (hemáceas).

Sem esse nutriente, a medula óssea não é capaz de produzir hemoglobinas da forma adequada. Com níveis baixos de ferro, o nosso corpo acaba manifestando a anemia.

Além de uma alimentação pobre desse nutriente, o tipo ferroprivo pode acontecer em mulheres grávidas que não recebem suplementação, durante o período menstrual e em pacientes com câncer, úlcera ou em tratamento regular com analgésicos mesmo que prescritos pelo médico, como a aspirina.

Dieta pobre em vitaminas

As vitaminas B12 e B9, assim como o ferro, são essenciais para que glóbulos vermelhos saudáveis sejam produzidos. Por isso, uma alimentação deficiente nesses nutrientes pode causar a anemia.

Contudo, algumas pessoas, mesmo ingerindo em boa quantidade essas vitaminas, podem apresentar a anemia. Isso acontece porque seus organismos não conseguem absorvê-las.

Várias doenças podem causar essa má absorção, o que deve ser investigado e tratado adequadamente pelo médico responsável.

Doenças associadas à medula óssea

Doenças como a leucemia e a mielofibrose, que estão relacionadas a alterações das funções da medula óssea, que é responsável pela produção de células do sangue (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Por isso, podem causar a anemia.

Distúrbios intestinais

Algumas doenças que afetam a absorção de nutrientes pelo intestino delgado podem aumentar as chances do surgimento da anemia, como a síndrome de má absorção intestinal e a doença de Crohn.

Doenças genéticas ou autoimunes

Algumas doenças genéticas, às vezes hereditárias, podem causar alterações da hemoglobina, inibindo a produção ou afetando a qualidade dessas proteínas.

As alterações acabam provocando a falência das hemácias, em um tempo inferior ao esperado. As principais patologias que induzem essas disfunções são as chamadas de hemoglobinopatias, tais como as que provocam a anemia falciforme e a talassemia (distúrbio do sangue devido à baixa produção de hemoglobina).

No caso das doenças autoimunes, é o próprio sistema de defesa do indivíduo que ataca os glóbulos vermelhos. A anemia hemolítica, por exemplo, é um tipo de anemia autoimune.

No entanto, há também doenças autoimunes que podem apresentar a anemia como sintoma ou consequência, como a doença celíaca (intolerância ao glúten), que dificulta a absorção de nutrientes pelo intestino.

Período menstrual

Mulheres que possuem um fluxo menstrual intenso ou prolongado podem apresentar chances maiores de desenvolver a anemia, devido à perda de sangue ocorrida no período.

De um modo geral, mulheres que não estão na menopausa são um grupo de risco maior para a anemia, quando comparado às mulheres na pós-menopausa e aos homens.

Gestação

A anemia na gestação é um sintoma considerado frequente, pois nesse período acontece uma diminuição na quantidade de hemoglobina. Além disso, as necessidades de ferro aumentam e nem sempre podem ser supridas pela alimentação.

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Fatores de risco

Existem alguns fatores que aumentam o risco da anemia. São eles:

  • Dieta deficiente em ferro, minerais e vitaminas como B12 e B9;
  • Idade: em idosos, por exemplo, a condição pode ocorrer devido a presença de doenças crônicas, deficiência de ferro por perda de sangue, alimentação inadequada e outras doenças inflamatórias;
  • Doenças crônicas como câncer, doença inflamatória do intestino, doenças no fígado, doença na tireoide, diabetes, artrite reumatoide, AIDS, etc;
  • Perda de sangue desencadeada por cirurgia, lesão, fluxo menstrual intenso ou outras causas;
  • Infecções;
  • Gravidez;
  • Medicamentos;
  • Histórico familiar, como em casos de anemia falciforme;
  • Cirurgias intestinais ou gástricas, como cirurgia bariátrica;
  • Distúrbios intestinais, como doença de Crohn.

Sintomas da anemia

Os sintomas da anemia podem variar de acordo com o tipo. No caso da anemia por deficiência ferropriva, por exemplo, sinais como cansaço, apatia, indisposição, dificuldade de aprendizado e palidez da pele e mucosas, como na parte interna do olho e gengivas, podem estar presentes.

De modo geral, a anemia tem como principal sintoma o cansaço devido ao menor transporte de oxigênio às células e tecidos. Quanto mais rápido a anemia domina o corpo, mais cansaço e fraqueza o paciente sente.

Os tipos de anemia que se instalam de modo lento, em geral, dão tempo ao organismo do paciente de adaptar e os sintomas podem aparecer com mais intensidade quando há um estágio mais grave.

Pacientes com anemia aguda, por exemplo, podem apresentar como característica principal uma queda na pressão arterial, devido à redução do volume de sangue.

Em determinadas condições, os sintomas podem ser um impeditivo na realização de tarefas simples do dia a dia. Os principais são:

  • Falta de energia;
  • Cansaço;
  • Perda de apetite;
  • Apatia (mais perceptível em crianças, quando aparentam estar muito “paradas”);
  • Cãibras;
  • Dificuldade de aprendizagem (nas crianças);
  • Dor no peito;
  • Fadiga generalizada;
  • Falta de ar;
  • Hipertensão;
  • Indisposição para o trabalho;
  • Palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas);
  • Taquicardia (coração acelerado).

Contudo, por serem sinais pouco específicos, o diagnóstico laboratorial se faz necessário. Ao se identificar com os sinais da anemia, é fundamental procurar um médico para investigar a causa.

Diagnóstico

O diagnóstico da anemia é sempre laboratorial, através de exames que permitem analisar a quantidade de hemoglobina e hemácias no sangue. A partir dos valores apontados e da análise dos sintomas, o médico poderá analisar se o caso é um quadro de anemia.

O nível de hemoglobina é um dos indicadores mais usados para investigar a condição, informação presente no hemograma, exame de rotina comumente exigido para diagnóstico de doenças do sangue.

Esse exame aponta os valores referência para os eritrócitos, hematócrito e hemoglobina (células do sangue), que são analisados para identificar se o paciente está com uma produção saudável.

Os valores de referência podem variar de acordo com o laboratório e também de acordo com a idade e condição  do paciente.

Mulheres com grande fluxo menstrual, por exemplo, podem ter valores menores, sem causar qualquer dano à saúde. Uma leve queda no hematócrito, porcentagem de glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total do sangue, nas mulheres pode não ter relevância clínica.

Durante a gestação, a fim de prevenir a anemia no bebê, uma investigação pode ser feita na mãe durante o pré-natal. No bebê, a anemia é confirmada pelo teste sanguíneo.

O clínico geral pode examinar o paciente e fazer o diagnóstico, mas para o tratamento ou para um diagnóstico diferencial, outros especialistas podem colaborar, tais como o pediatra, hematologista e nutricionista.

Exames

O diagnóstico da anemia é confirmado através da realização de alguns exames, como o hemograma, comumente utilizado na suspeita da anemia.

O hemograma é um exame de sangue que especifica informações como os níveis de hemoglobina, que podem não estar alterados durante o início da condição, mas que tende a manifestar variação com o decorrer do tempo.

Geralmente, no início da anemia, as hemácias possuem tamanho e cor normais, mas se tornam menores (microcíticas) e pálidas (hipocrômicas) com a condição agravada.

Entre as informações que o exame hemograma apresenta estão a quantidade média de hemoglobina por hemácia e o volume, que podem ser menores na anemia. Também é possível identificar se há variação no tamanho das hemácias, que podem ser maiores.

Quando há uma suspeita de que se trata de um caso de anemia ferropriva, o médico pode solicitar a realização de outros exames.

Além do hemograma, os que podem ser pedidos incluem:

  • Ferritina: realizado para medir a quantidade de ferritina no sangue, uma proteína responsável por armazenar ferro nas células. Quantidades baixas de ferritina no sangue representam, consequentemente, uma redução na quantidade de ferro armazenado pelo organismo;
  • Ferro sérico: é um exame para determinar o nível de ferro no sangue, solicitado quando há suspeita de excesso ou carência de ferro no corpo. É realizado através de uma amostra de sangue, sendo necessário estar em jejum por, em média, 12 horas até a coleta de sangue;
  • Transferrina: usado para avaliar a capacidade do sangue em realizar o transporte de ferro, sendo a transferrina a proteína que se une ao ferro no sangue para esse transporte no organismo aconteça;
  • VHS (Velocidade de Hemossedimentação): é realizado para identificar inflamações. No caso da anemia, ajuda no diagnóstico quando a causa é uma doença autoimune.

Valores referência para o hemograma

Os valores de referência do hemograma variam de acordo com sexo e idade. Considerando os valores de hemoglobina (g/dL) no sangue, são estabelecidos os seguintes índices:

  • Recém-nascidos: 13,5 a 19,6;
  • Crianças com até 1 ano de idade: 11 a 13;
  • Crianças com idade acima de 1 ano: 11,5 a 14,8;
  • Mulheres: 12 a 16;
  • Gestantes: 11,5 a 16;
  • Homens: 13,5 a 18.

O diagnóstico de anemia é realizado quando esses valores da hemoglobina estão abaixo do valor de referência. Para identificar a causa, podem ser necessários outros exames, prescritos pelo médico.

E é importante ressaltar que quem deve interpretar o resultado do exame é o médico responsável pela solicitação. Nem sempre alterações nos resultados são anemia.

Anemia tem cura?

A cura da anemia depende da causa. Normalmente, as anemias provocadas por deficiência de ferro ou vitaminas podem ser tratadas e resolvidas com maior facilidade.

Em anemias causadas por doenças autoimunes ou genéticas, por exemplo, nem sempre a cura é possível. No entanto, existe a possibilidade de tratamento e controle da condição.

Tratamentos

O tratamento é realizado de acordo com a causa da anemia, podendo ser feita através de um suporte nutricional, com reposição de ferro e vitaminas, por exemplo, ou com o tratamento das doenças causadoras desse sintoma.

Em alguns casos, apenas uma alimentação mais adequada não é o suficiente para curar a anemia, sendo necessário o uso de suplementos ou medicamentos específicos.

Veja como deve ser o tratamento, de acordo com a causa:

Anemia por deficiência em vitamina B12

Para o tratamento, deve ser investigado o que está provocando essa carência de vitaminas.

Quando se trata de uma deficiência por alimentação inadequada, uma mudança na dieta pode ser feita. O médico pode orientar o paciente em relação a isso, sendo o nutricionista um profissional importante para o acompanhamento.

No caso de uma deficiência causada por má absorção, é importante buscar o tratamento para a doença que está impedindo o aproveitamento desses nutrientes.

Pode ser necessário a reposição dessas vitaminas por meio de suplementos. Quem deve analisar essa necessidade é sempre o médico responsável pelo caso.

Anemia ferropriva

O tratamento, geralmente, se dá pelo uso de medicamentos ou suplementos prescritos pelo médico. Somado a isso, uma mudança nutricional também é importante, para que o organismo possa absorver ferro através de alimentos de origem animal e vegetal. Algumas das melhores fontes desse nutriente são:

  • Carnes vermelhas: principalmente fígado, de qualquer animal, e outras vísceras (miúdos), como rim e coração;
  • Carnes de aves e de peixes;
  • Alimentos de origem vegetal: folhas verde-escuros como agrião, couve, cheiro-verde, folhas de beterraba;
  • Leguminosas: feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha;
  • Grãos integrais ou enriquecidos: nozes e castanhas, melado de cana, rapadura, açúcar mascavo.

Há também disponíveis no mercado alimentos enriquecidos com ferro, como farinhas de trigo, farinha de milho e cereais matinais, por exemplo.

No entanto, se a causa da anemia ferropriva não for alimentar, mas sim por sangramentos, além de reposição nutricional, é necessário investigar e tratar o que está provocando essa perda excessiva de sangue.

No caso de mulheres que apresentam um fluxo menstrual prolongado, é válido se consultar com um médico ginecologista para entender o que pode ser feito para evitar a anemia.

Outros tipos de anemia

Quando a anemia tem como causa doenças autoimunes ou genéticas, o tratamento deve ser realizado para tratar essas doenças em específico. Assim, a cura da anemia acontece indiretamente.

Dependo do tipo de anemia, pode ser necessário a administração de medicamentos para inibir o sistema imunológico (anemia hemolítica), remédios para aliviar a dor e transfusões de sangue, em casos mais graves.

No caso da anemia falciforme, por exemplo, pode ser necessário transplante de medula óssea.

Medicamentos

O uso de medicamentos deve ser feito quando prescrito pelo médico responsável pelo tratamento, de acordo com as necessidades do paciente.

No tratamento da anemia ferropriva, tipo mais comum, o uso de medicamentos à base de sulfato ferroso pode ser prescrito.

Em anemias megaloblásticas, a recomendação de medicamentos com a substância ativa folinato de cálcio pode ser feita. Outros medicamentos usados no tratamento de anemia incluem:

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Prognóstico

A anemia é um sintoma, por isso, para traçar um prognóstico adequado, é necessário entender a causa. Normalmente, os pacientes que seguem o tratamento e as orientações médicas à risca apresentam um prognóstico positivo e sem complicações.

Complicações

Quando a anemia não é tratada, algumas complicações podem ocorrer. No caso do tipo falciforme, por exemplo, a ausência de um tratamento pode ser grave, causando complicações até mesmo letais.

Algumas das mais comuns são apatia, baixo peso em recém-nascidos, redução da produtividade no trabalho, redução na capacidade de aprendizado (principalmente em crianças), retardo do crescimento e redução de habilidade cognitiva que podem ser permanentes.

Outras complicações que a anemia pode causar:

Problemas cardíacos

A anemia pode provocar alterações no ritmo de batimentos cardíacos, tornando-os rápidos ou irregulares (arritmia). Nessas condições, o coração tenta compensar a falta de oxigênio e nutrientes dos tecidos através do aumento do bombeamento de sangue. Por isso, o órgão é mais exigido.

Fadiga severa

A anemia, em casos graves, provoca uma sensação de cansaço extremo no paciente. Essa fadiga pode impedi-lo de realizar as tarefas com facilidade, tendo dificuldade para trabalhar, estudar e outras atividades do dia a dia.

É um risco para gestante e para o bebê

Devido à anemia agravada, gestantes podem ter um parto prematuro. Além disso, esse sintoma é considerado a causa primária entre 1 a 5 mortes em mulheres em trabalho de parto.

Como prevenir?

Nem todos os tipos de anemia podem ser prevenidos, como no caso de anemias causadas por alterações autoimunes e genéticas. Mas, quando nos referimos à anemia ferropriva ou por deficiência de vitamina B12, existem algumas dicas e hábitos saudáveis que podem ajudar:

Incluir alimentos ricos em ferro na dieta

Uma alimentação rica em ferro ajuda a prevenir a anemia ferropriva, pois esse é um nutriente fundamental para a produção saudável de hemácias (glóbulos vermelhos).

Por isso, é importante incluir alimentos como quinoa, feijão, aves, peixes, carne bovina, lentilha, grão de bico, e vegetais folhosos como couve, espinafre e agrião.

Consumir alimentos com vitamina B9 (ácido fólico) e B12

O ácido fólico (vitamina B9) e a vitamina B12, assim como o ferro, também são fundamentais para prevenção da anemia.

A vitamina B9 está presente em vegetais verde-escuros folhosos, em ervilhas, feijões, grãos, amendoim, pão, cereais e arroz. A vitamina B12 pode ser adquirida em dietas ricas em produtos derivados do leite, cereais, produtos de soja e carnes.

Consumo moderado de alimentos ricos em cálcio

O cálcio é também um nutriente essencial para a saúde, mas ele pode interferir na absorção de ferro pelo organismo.

Contudo, os estudos sobre esse efeito ainda são pouco consistentes para afirmar o quanto ele interfere na absorção do ferro pelo organismo e em qual quantidade seria um risco.

Para prevenir a anemia, o consumo de cálcio não deve ser excluído, mas recomenda-se que a ingestão de alimentos fontes de ferro ao mesmo tempo do consumo de alimentos ricos em cálcio seja feito de acordo com a recomendação prescrita por um médico ou nutricionista, pois são os profissionais mais indicados para avaliar cada caso, individualmente.

Vitamina C

A presença de vitamina C (ácido ascórbico) na refeição melhora a absorção de ferro proveniente de produtos vegetais, como brócolis, beterraba, couve-flor e outros.

Algumas fontes boas desse nutriente são frutas como limão, laranja, caju, acerola, abacaxi, morango, goiaba, mamão, cranberry e manga.

Leia mais: O que é Cranberry?


A anemia é um sintoma que pode ocorrer por diferentes causas, podendo ser uma condição hereditária ou adquirida.

Em determinados tipos de anemia, o tratamento pode ser realizado com uma mudança alimentar, uso de medicamentos ou suplementos.

Nesse artigo, buscamos esclarecer como a anemia acontece, os fatores de risco e os sintomas que provoca.

Compartilhe essas informações para que mais pessoas possam conhecer as formas de prevenção. Obrigada pela leitura!

Fontes consultadas

Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 26/09/2018

Imagem do profissional Paulo Caproni
Este artigo foi escrito por:

Dr. Paulo Caproni

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