A fadiga é uma sensação comum após períodos de grande estresse, tanto físico quanto mental, causada por alterações fisiológicas durante estes períodos. Em alguns casos, pode ser um sintoma de uma condição mais grave ou até mesmo uma patologia em si.
Vale lembrar que a fadiga é um fenômeno subjetivo, ou seja, ninguém sente a fadiga do mesmo jeito que você, assim como a intensidade pode variar de pessoa para pessoa.
Por mais que o sentimento de cansaço seja algo bem generalizado, a fadiga pode ser dividida em diversos tipos, em especial por conta de suas causas. Os principais tipos de fadiga são:
A fadiga muscular é aquele cansaço físico extremo, geralmente presente após exercícios intensos. Em diversos contextos, sentir-se fisicamente exausto é normal, como após o treino. No entanto, ela também pode aparecer em momentos não propícios, como ao acordar. Nesses casos, trata-se de um sinal de que algo está errado.
A fadiga muscular pode, ainda, ser dividida entre central e periférica:
Sensações como dificuldade na concentração, irritabilidade e dores de cabeça soam familiar? Todos esses são sintomas da fadiga mental, sinal de que o cérebro andou trabalhando demais e está se sentindo cansado.
Assim como na fadiga muscular, é normal após certas atividades, como trabalhos intelectuais de longa duração. Em outras circunstâncias, também pode indicar que algo está errado, principalmente no que tange estilo de vida e a situação emocional.
Quando a fadiga dura mais de 6 meses, ela se torna crônica. Nesses casos, a sensação pode estar relacionada a alguma condição médica ou à Síndrome da Fadiga Crônica, uma doença ainda pouco conhecida.
Resultado de uma disfunção nas glândulas adrenais, a fadiga adrenal se encaixa na classificação de fadiga crônica com fundo patológico. É caracterizada por uma baixa da energia geral, com dificuldade para sair da cama, enfraquecimento do sistema imunológico, irritabilidade, entre outros sintomas.
Esse tipo de fadiga está relacionada aos órgãos sensoriais, como olhos e ouvidos. Nesses casos, a maior parte dos sintomas está relacionado aos próprios órgãos e podem ser resolvidos com um tempo em repouso.
No Japão, aquele cansaço bem conhecido durante o verão recebe um nome próprio: natsubane. Provocada primariamente por conta da temperatura, a fadiga de verão também está relacionada à desidratação e desequilíbrio de eletrólitos causados pela transpiração excessiva no calor.
Apesar de ser uma reação normal do corpo ao estresse, a fadiga pode ter causas associadas.
São elas:
No caso da fadiga muscular, os exercícios físicos são os principais culpados. Isso acontece porque as fibras musculares dependem de processos metabólicos para funcionar. Os dois principais culpados são a falta de energia e modificações eletroquímicas nas células.
Exercícios curtos que requerem esforço intenso liberam cálcio, promovendo aumento da acidez nas células musculares, acumulando substâncias nocivas para as células, como o lactato e amônia.
Essas substâncias bloqueiam os sistemas responsáveis pela geração de nova energia para as fibras, fazendo com que seja necessário cessar o esforço. Além disso, elas podem ser transportadas para o cérebro, gerando uma sensação de desconforto e fadiga geral.
Já no caso de exercícios mais brandos com esforço prolongado, a fadiga se dá por conta da diminuição dos estoques de energia das células musculares. Outros fatores que podem influenciar nesse processo são a desidratação, falta de açúcar e temperatura elevada.
Se você já prestou vestibular ou passou muito tempo estudando para uma prova importante, sabe que, no fim do dia, o cansaço pode ser comparado a passar o dia inteiro fazendo trabalhos pesados.
Tarefas intelectuais como ler, escrever, estudar, resolver problemas lógico-matemáticos, entre outros, podem levar à fadiga mental, visto que existe um verdadeiro exercício cerebral na jogada.
Disfunções hormonais como hipotireoidismo e hipoatividade do eixo HPA podem ser os responsáveis pela fadiga.
No hipotireoidismo, o cansaço é provocado pela redução na velocidade dos processos metabólicos. Enquanto isso, quando o problema é no eixo HPA, o motivo da fadiga é a baixa do cortisol, hormônio responsável pela resposta do corpo em situações de estresse.
O estresse é qualquer tipo de evento externo que altera o estado fisiológico de equilíbrio do organismo. Com essa definição, entende-se que até mesmo eventos sentimentalmente bons são estressantes, pois envolvem um desequilíbrio de alguma coisa. Esses desequilíbrios podem acontecer tanto na mente quanto no corpo.
Essas alterações, quando prolongadas, podem facilmente causar um estado de fadiga física ou mental.
Existem diversos medicamentos que podem ser responsáveis pela sensação de cansaço. Entre os mais comuns, estão os antialérgicos, calmantes (benzodiazepínicos), antidepressivos, entre outros.
Até mesmo a cafeína, apesar de estimulante, quando tomada em excesso pode causar uma “tolerância” que deixa mais cansado do que estimula.
Não raramente, a fadiga pode ser um sintoma de que algo está errado no corpo. Nesses casos, ela costuma ser chamada de astenia.
Infecções, tumores e outras doenças podem estar por trás da sensação. Isso pode ser tanto pela energia utilizada pelo corpo ao tentar lutar contra esses problemas quanto pelas doenças em si.
Um exemplo de condição médica que causa a fadiga diretamente é a anemia, resultado da diminuição do número de células vermelhas na corrente sanguínea. Já no caso de infecções bacterianas, por exemplo, o corpo acaba gastando muita energia para tentar se livrar do microrganismo.
Outras condições que podem ser as responsáveis pela fadiga são:
A fadiga é um dos principais sintomas da falta dos nutrientes necessários para manter o bom funcionamento do corpo. A desnutrição está intimamente ligada à falta de energia, tanto física quanto mental.
Muitas vezes conhecida pelas limitações que causa, a depressão é um dos vários transtornos mentais que podem causar fadiga. Indivíduos depressivos podem experienciar um cansaço tão intenso que torna-se difícil levantar da cama de manhã, por mais que, fisicamente, esteja tudo bem.
O mesmo pode acontecer com portadores do transtorno bipolar, psicoses, entre outros distúrbios menos conhecidos e/ou creditados pela fadiga.
É lógico pensar que noites mal dormidas se traduzem em cansaço nos dias subsequentes. As principais condições responsáveis por isso são distúrbios do sono como insônia, apneia do sono e narcolepsia.
Já percebeu que nossos pais e avós se cansam muito mais facilmente que os jovens? Pois bem, isso ocorre porque o envelhecimento introduz diversas condições que podem provocar a fadiga, como redução da força muscular, diminuição das funções cardiovasculares, problemas nutricionais, perturbações na absorção dos alimentos, entre outros.
Os idosos também não costumam praticar tantos exercícios físicos quanto pessoas mais jovens e, com isso, há perda de força muscular. Além disso, é normal que idosos sofram de depressão, piorando ainda mais a sensação de cansaço extremo.
É também na terceira idade que muitas doenças podem se instalar e, por isso, só porque a pessoa é mais velha, não significa que a fadiga é normal. Sempre vale a pena fazer um check-up para conferir se está tudo bem com a saúde.
Durante a gravidez, as demandas de energia e nutricionais da mulher podem ser aumentadas. Por isso, é comum que gestantes sintam fadiga, especialmente no final da gestação.
Muito raramente, a Síndrome da Fadiga Crônica é o diagnóstico de uma pessoa que sofre com o cansaço extremo sem que qualquer causa seja determinada. Não existem marcadores biológicos ou doenças por trás: a pessoa simplesmente sente fadiga sem motivo algum.
Essa síndrome pode ser acompanhada de outros sintomas como dificuldade de concentração, problemas de memória, dores musculares e articulares, dor de garganta, dificuldades em dormir, entre outros. No entanto, não é possível estabelecer um diagnóstico para qualquer um desses sintomas.
Acredita-se que a doença possa ser desencadeada por outros problemas como infecções virais, depressão, anemia, causas autoimunes, entre outras.
Quando a bateria do celular chega ao zero, ele desliga. Algo semelhante acontece com a nossa mente na síndrome de burn out, também conhecida como esgotamento mental. É precedida por longos períodos de trabalho intelectual e seus principais sintomas são incapacidade de pensar com clareza, problemas de memória, lentidão nos pensamentos, desânimo, alterações no sono e cansaço.
O esgotamento não é aquele cansaço do final do expediente, mas sim a consequência de um processo crônico no qual o indivíduo passa por longos períodos de estresse no trabalho. Não é de se admirar que, hoje em dia, essa síndrome se torne cada vez mais comum.
Para essa síndrome, o melhor tratamento é o lazer. Sim, tirar um tempo para descansar é imprescindível para que o indivíduo possa voltar à sua rotina. No entanto, nada disso adianta se, voltando ao trabalho, ele não conseguir mudar os fatores que o levaram até ali.
Por isso, muitas vezes é necessário uma reavaliação das escolhas de vida e o tratamento psicoterápico pode ser de boa ajuda para resolver seus problemas e conflitos emocionais.
Sendo um sintoma em si, é estranho falar de sintomas da fadiga. No entanto, a maneira que a fadiga é sentida varia de pessoa para pessoa e, além disso, ela pode vir acompanhada de outras sensações. Os principais sintomas são:
Quando estes sintomas duram mais de 6 meses, pode-se falar em fadiga crônica, geralmente um sinal de que algo está errado.
Em primeiro lugar, precisa-se esclarecer a diferença entre um sintoma e um sinal.
O sintoma é algo subjetivo, que o paciente sente e relata ao médico. Já o sinal é algo verificável pelo médico, como é o caso de uma erupção cutânea.
Se formos pensar que a fadiga é um sintoma, é simples: o próprio paciente se diagnostica. Como saber, então, quando se deve procurar um médico? Bem, é importante prestar atenção aos sintomas associados à fadiga, pois eles podem ser boas pistas do que está acontecendo.
Caso seja apenas um cansaço normal, sem outros sintomas, pode-se tentar reverter a situação adotando hábitos saudáveis como uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos. Nesse caso, espere cerca de 3 a 4 semanas nessa nova rotina para ver se há melhorias.
Quando o cansaço é acompanhado de dores, falta de energia, falta de apetite e/ou humor depressivo, é de extrema importância que o paciente procure um profissional da saúde e verificar se está tudo certo mesmo.
Ao visitar um clínico geral queixando-se de fadiga, o profissional pode pedir:
O médico pode perguntar se o paciente já sabe de alguma condição que possa estar causando a fadiga, assim como há quanto tempo os sintomas começaram, como eles se manifestam, etc. Ele também pode perguntar sobre hábitos noturnos e se o indivíduo já tentou tomar alguma medida para contornar a situação, como fazer o uso de suplementos.
É importante citar sempre os medicamentos tomados na consulta, pois muitas vezes esse pode ser o problema.
Os principais testes a serem pedidos são exames de sangue, tanto pelas informações precisas que nos proporcionam quanto pela facilidade de realização. Quando se trata de fadiga, os exames mais pedidos estão relacionados ao estado nutricional do paciente.
Por isso, o médico pode pedir um hemograma completo, no qual as condições do sangue são analisadas para descartar a possibilidade de uma anemia. Um lipidograma também pode ajudar a diagnosticar outras doenças que podem estar causando a fadiga.
Um exame de ferritina verifica os níveis de ferro absorvidos na corrente sanguínea, enquanto a glicose em jejum confere a possibilidade de diabetes e hiperglicemia. O exame de creatinina ajuda a verificar a função dos rins.
Outros exames que podem ser pedidos são para analisar as vitaminas e minerais no organismo que, quando baixos, podem ser a causa da fadiga.
O diagnóstico da Síndrome da Fadiga Crônica é feito por exclusão, ou seja, só pode ser dado após ter testado todas as possibilidades. É um diagnóstico muito raro e, portanto, você não deve se preocupar com medo de ter uma síndrome desconhecida antes de visitar o médico.
Se formos pensar que fadiga é uma reação normal do corpo, ela não tem cura. No entanto, ela pode passar. Muitas vezes, o tratamento é simples como uma boa noite de sono. Em outras, pode haver a necessidade de medidas mais drásticas.
Quando se trata de problemas nutricionais, o médico poderá recomendar o uso de suplementos alimentares, como Centrum ou Sustagen, que podem ser completos ou específicos para um determinado nutriente que está faltando.
Leia mais: Sustagen: para que serve?
Se o problema for um transtorno mental, como um quadro depressivo, um psiquiatra será responsável por receitar o medicamento apropriado, geralmente um antidepressivo. Portadores de transtorno bipolar podem ser medicados com estabilizadores de humor e antipsicóticos. É de extrema importância que haja acompanhamento psicológico nesses casos.
Outras doenças adjacentes devem ser tratadas de acordo com o prescrito pelo médico.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Algumas dicas para diminuir a possibilidade de se sentir fadigado no dia-a-dia são:
A fadiga típica do verão pode ser facilmente combatida com algumas dicas simples:
Pessoas ativas sabem que é de extrema importância cuidar de seus músculos tanto antes quanto após o treino. Por isso, algumas dicas para evitar a fadiga muscular são:
Quando se trata de fadiga mental, existem algumas dicas que podem ajudar:
Num geral, a fadiga não costuma causar muitas complicações, até porque é só descansar que ela vai embora. Quando dura mais tempo ou quando é resultado de alguma doença mais grave, aí sim as coisas podem complicar. Entenda:
A falta de capacidade de se concentrar da fadiga mental e a dificuldade de coordenação motora da fadiga muscular pode levar à acidentes em ambiente de trabalho ou durante atividades que requerem muita atenção, como ao dirigir.
Quem faz exercícios com frequência deve ficar atento, pois a fadiga muscular pode causar fraturas ósseas denominadas “fratura de fadiga” ou “por estresse”. Isso porque, quando fadigado, o músculo tem maiores dificuldades para absorção dos impactos, deixando que eles passem para o osso com mais intensidade.
Da mesma forma que a depressão pode levar à fadiga, o cansaço extremo pode levar ao isolamento social, um grande contribuinte para o desenvolvimento da depressão. Embora seja difícil dizer que alguém vai desenvolver depressão pelo isolamento — devido à complexidade da doença —, este é um grande fator de risco para desencadear distúrbios emocionais.
Como se estar fadigado não fosse o suficiente, o problema pode diminuir a qualidade de vida, uma vez que o paciente que sofre com essa condição pode deixar de se cuidar, expondo-se a diversos riscos. Além disso, a falta de energia impede que o paciente faça exercícios, imprescindíveis para a manutenção de uma vida saudável e prevenção de doenças crônicas.
Quando não diagnosticadas e tratadas, as doenças que podem estar causando a fadiga podem piorar. Vale lembrar que algumas delas são bem sérias, como o câncer. Ao constatar o sintoma da fadiga que não melhora e aparece sem motivos, é de extrema importância que o paciente visite um médico para fazer um check-up.
De certa forma, prevenir a fadiga é uma tarefa impossível, visto que ela é uma reação normal do corpo. O máximo que pode ser feito é tentar amenizar seus efeitos por meio de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, exercícios físicos e sono adequado.
Para prevenir a fadiga causada por doenças infecciosas, medidas de higienização são necessárias: lavar as mãos com água e sabão frequentemente, não compartilhar copos, talheres e objetos de uso pessoal, assim como evitar contato com superfícies potencialmente contaminadas são as melhores alternativas.
Tomar os devidos cuidados antes e após o treino diminui o risco da fadiga muscular, lesões e, consequentemente, fraturas por estresse.
Consultar um profissional da saúde mental assim que sentir os primeiros sinais de uma depressão é uma das melhores maneiras de impedir que a doença evolua até o estágio de fadiga psicológica. Seguir corretamente o tratamento de doenças subjacentes também é eficaz no combate contra o cansaço extremo.
Apesar de normal, sentir-se fadigado costuma ser muito desagradável. Compartilhe este artigo com seus amigos para que mais pessoas possam saber maneiras de lidar com a fadiga no dia-a-dia!
Referências
Rafaela Sarturi Sitiniki
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