O que é a catapora?
A catapora, doença conhecida também por varicela, é uma infecção primária causada pelo vírus varicela-zoster. É uma doença caracterizada pelas lesões que provoca na pele e por sua alta taxa de transmissibilidade.
É uma condição bastante frequente em crianças, apesar de ser uma doença que pode acontecer em qualquer idade. Normalmente, uma vez infectado, o paciente se torna imune ao vírus. Por conta disso, estima-se que 90% da população em grandes centros urbanos estejam imunizados.
Em crianças saudáveis, é uma doença considerada autolimitada e com prognóstico benigno. Em adultos, por outro lado, pode se manifestar de forma mais intensa e com maiores complicações.
A doença se torna um risco maior em adultos justamente por apresentarem um sistema imunológico completo. Dessa forma, quando infectado pelo vírus, o organismo produz uma resposta inflamatória mais grave ou mais intensa, o que resulta no surgimento de sintomas mais intensos e persistentes.
A melhor forma de prevenção contra a catapora se dá pela vacinação e evitando o contato com pessoas que estão infectadas.
Sendo assim, as principais características da infecção são a manifestação de erupções cutâneas, coceira, febre e cansaço. Para esse sintomas, o tratamento é inespecífico, realizado apenas para amenizar os sintomas até a remissão total.
Até que a última lesão na pele esteja cicatrizada, o paciente ainda pode transmitir a doença. Por isso, para conter a disseminação, ele não deve frequentar aulas, trabalho e ambientes com circulação de pessoas.
Normalmente, a cura da catapora acontece dentro de 1 a 2 semanas. Mas, nesses casos, mesmo com a remissão da doença, o vírus continua inativo no corpo do paciente. Dessa forma, permanece por toda a vida do paciente, podendo ser reativado e causando a herpes-zoster (cobreiro), a infecção secundária causada pelo vírus varicela-zoster.
No Código Internacional de Doenças (CID 10), a catapora (varicela) pode se encontrada pelo código B01.9. Continue leitura e descubra como se prevenir.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
- O que é a catapora?
- Causas
- Como acontece a transmissão?
- Grupos e fatores de risco
- Sintomas
- Catapora na gravidez
- Catapora e Herpes-zóster
- Diagnóstico
- Catapora tem cura?
- Tratamentos
- Remédios
- Convivendo
- Prognóstico
- Complicações
- Como prevenir?
- Vacina contra catapora
- Perguntas frequentes
Causas
A catapora é causada pelo contato com o vírus varicela-zoster, vírus que faz parte da família Herpesviridae, na qual pertencem também os vírus da herpes genital e labial.
Ao entrar no organismo, o microrganismo provoca uma infecção nos nervos e manifesta diversos sintomas no paciente.
Conhecido também por nomes como vírus da catapora, vírus da varicela, herpesvírus humano tipo 3 (HHV-3) e vírus zoster, é capaz de afetar apenas os humanos e pode se manifestar no paciente infectado de duas diferentes formas.
Na infecção primária, mais comum durante a infância, provoca a catapora (varicela). Quando permanece em estado de latência (inativo) nos nervos, pode tardiamente “despertar” causando no paciente a herpes-zoster.
Como acontece a transmissão?
A transmissão acontece pelo contato com partículas do vírus que se espalham pelo ar, durante tosses ou espirros, mas também pelo contato direto com o líquido presente nas vesículas e mucosas na pele do paciente.
A catapora é contagiosa também pelo contato com a saliva, por isso, deve-se evitar o compartilhamento de objetos pessoais como copos, pratos, talheres e outros pertences.
Pessoas que já tiveram a catapora no passado não correm risco de uma reinfecção, no entanto, recomenda-se que tenham cuidados básicos para evitar o desenvolvimento da herpes-zoster, caso estejam com o sistema imunológico debilitado.
O período de incubação do vírus dura, em média, 15 dias, e a manifestação dos sintomas pode levar entre 10 a 22 dias após o contato inicial com o agente. No entanto, o paciente pode começar a transmitir a doença dentro de 1 ou 2 dias antes do aparecimento das lesões na pele até a cicatrização completa da última vesícula.
Grupos e fatores de risco
A catapora é uma doença mais frequente em crianças de 1 a 10 anos de idade, mas pode acontecer também durante a fase adulta, geralmente de uma forma mais grave do que a que ocorre na infância.
Muitos fatores favorecem para que ela seja mais comum durante a infância, considerando que alguns dos fatores de risco para a transmissão incluem a permanência em lugares fechados e com aglomeração, como salas de aulas e creches.
Além disso, a doença também se torna mais frequente durante o inverno e início de primavera, estações em que as pessoas tendem a manter as janelas mais fechadas, deixando os ambientes com pouca ventilação.
Outros grupos de risco incluem as pessoas que nunca tiveram a doença e as pessoas que não podem receber a vacina, como imunodeprimidos (pacientes portadores do HIV/AIDS e em tratamentos de câncer) e grávidas.
Sintomas
Os sintomas da catapora normalmente se manifestam no paciente entre 10 e 22 dias após a contaminação, sendo o sintoma mais característico da doença a presença de lesões na pele, que podem causar grande desconforto e coceira.
A divisão dos sintomas pode ser feita de duas formas, incluindo os sintomas inespecíficos para o diagnóstico, que normalmente são os primeiros sinais a surgirem, e as lesões cutâneas.
Durante o período em que os sintomas permanecem, que pode durar entre 7 e 10 dias, recomenda-se que o paciente não vá aos compromissos do dia a dia para não transmitir a doença, logo que a doença é facilmente transmissível enquanto há feridas (vesículas) na pele..
Como é a catapora no início?
Possivelmente, o primeiro sinal da catapora a surgir seja a febre, que pode chegar até 39,5ºC. O paciente pode sentir mal-estar, cansaço, dor de cabeça, vômito e perda de apetite.
Esses sintomas podem ser persistentes por algumas horas ou dias, sendo mais comum quando a infecção acontece em adultos. Em crianças saudáveis, geralmente os primeiros sintomas da catapora são as próprias erupções cutâneas, com febre moderada durante os primeiros 2 ou 3 dias e sintomas inespecíficos para o diagnóstico.
Sintomas cutâneos
As erupções cutâneas causadas pela catapora costumam se distribuir pelo centro do corpo do paciente (distribuição centrípeta), surgindo inicialmente na face, tronco e couro cabeludo.
Essas lesões se manifestam, em um primeiro momento, como manchas (máculas) e evoluem para pápulas, vesículas, pústulas (bolhas) cheias de líquido, que estouram e formam as crostas. É geralmente durante a cicatrização dessas feridas a coceira se torna ainda mais intensa.
Esse período, entre o surgimento dos sintomas inespecíficos até a cicatrização de todas as lesões na pele, pode demorar até 2 semanas.
A quantidade de feridas na pele e a região do corpo afetada podem variar, então, alguns pacientes apresentam mais que outros e em lugares diferentes, podendo ocorrer também nas mucosas da região genital e da boca.
Geralmente, essas são lesões que não apresentam um grande risco à saúde, a menos que o paciente fique exposto a outros agentes infecciosos.
Com essa exceção, o maior prejuízo associado às lesões é o desconforto e a coceira que podem provocar, tornando as crianças, principalmente, mais irritadas e impacientes com a condição.
Catapora na gravidez
A catapora quando ocorre em pessoas saudáveis, principalmente se for na infância, é considerada uma doença sem grandes riscos. Contudo, durante a gestação, a infecção é uma ameaça à saúde do bebê.
De acordo com o período de gestação, os riscos se alternam. Quando a infecção acontece ainda entre o primeiro ou segundo trimestre da gestação, por exemplo, há uma maior possibilidade de ocorrer má formação do feto ou, mais raramente, aborto.
Quando o bebê é afetado pela varicela, caracteriza-se um quadro de síndrome de varicela congênita. Entre as complicações para a criança estão malformação das extremidades, baixo peso, microftalmia (dimensões reduzidas de um ou dos dois olhos), catarata, cicatrizes cutâneas e retardo mental.
Sabe-se ainda que a síndrome de varicela congênita em recém-nascidos de mães que tiveram a doença ainda no primeiro semestre da gravidez pode ser de 1,2%. Em casos onde a catapora ocorreu durante a 13ª e 20ª semana de gestação, esse risco sobe para 2%.
Riscos de complicações e mortalidade também podem ocorrer em recém-nascidos expostos à doença, apesar de não ser pouco frequente. Em geral, filhos de mães que possuem anticorpos para a doença podem manter imunidade por até 1 ano após o parto.
Porém, se ocorre a infecção do recém-nascido, as chances de letalidade podem chegar a 30%, devido ao sistema imunológico ainda em desenvolvimento.
A catapora se torna um risco ainda maior considerando o fato das grávidas não poderem receber a vacina durante esse período.
Então, para evitar esse tipo de complicação, as gestantes que não receberam a vacina ou que não são imunes por já terem sofrido com a catapora em outro momento, podem receber a imunoglobulina humana (anticorpos) contra o vírus varicela-zoster nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs).
Esses centros são focados na imunização personalizada de pacientes em condição especial de saúde, como as gestantes ou imunodeprimidos, que não podem receber vacinas estipuladas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Para receber a imunoglobulina humana, as gestantes precisam apresentar a prescrição médica e relatório clínico confirmando a necessidade desse tratamento preventivo.
Os principais sintomas da catapora na gravidez são a presença de urticárias na região superior do corpo e do rosto, que podem se espalhar dentro de poucas horas para o restante do corpo. Outros sintomas comuns incluem febre, coceira, diarreia, vômito e dor de cabeça.
Ao notar esses ou outros sintomas, a gestante deve procurar imediatamente um médico. A melhor forma de se prevenir contra a catapora na gestação é evitando o contato com pacientes infectados.
Catapora e Herpes-zóster
O vírus varicela-zóster, na infecção primária, resulta no surgimento da catapora. No entanto, mesmo após a remissão da doença, o microrganismo pode entrar em uma fase longa de latência (intervalo de tempo sem sintomas), podendo manifestar tardiamente no paciente a herpes-zóster, ou cobreiro, como é popularmente conhecido.
A herpes-zoster é, nesse sentido, a reativação do vírus varicela-zoster, que permaneceu adormecido no organismo do paciente infectado.
É uma doença que pode acontecer em qualquer pessoa que sofreu com a infecção anteriormente, mas existem alguns fatores que aumentam as chances de isso ocorrer, tais como idade (pessoas com idade em torno dos 50 anos), sistema imunológico debilitado, uso de alguns medicamentos e tratamentos imunossupressores.
E, assim como a catapora, o cobreiro também provoca erupções cutâneas. As bolhas e a vermelhidão presentes durante a doença costumam se manifestar em apenas um dos lados do corpo (geralmente em faixas), pois acompanham os nervos infectados. O paciente pode sentir também dores, coceira, queimação e formigamento na área afetada.
Também como a catapora, a herpes-zóster é transmissível. Portanto, os mesmos cuidados devem ser mantidos quando acontece essa reativação do vírus.
As complicações observadas em quadros de herpes-zoster incluem dores fortes que persistem até mesmo após a remissão das lesões, que podem ser intensas a ponto de interferir nas atividades do dia a dia do paciente.
Menos comum, mas também possível, a herpes-zoster pode atingir os nervos ópticos e causar inflamação da córnea e outras complicações para a saúde da visão.
Diagnóstico
O diagnóstico da catapora é feito através da análise dos sintomas, muitas vezes dispensando a necessidade de exames laboratoriais. Normalmente, é realizado por um médico clínico geral, infectologista ou pediatra.
Ainda que não seja o mais comum, o médico pode pedir também um exame de sangue para confirmar a infecção pelo vírus.
Com uma coleta comum de sangue, o laboratório investiga a presença de anticorpos IgM específicos da varicela-zoster.
Catapora tem cura?
O quadro de catapora, sim. Ela é uma doença que possui remissão completa dos sintomas e, na maior parte dos casos, a pessoa se torna imune e não volta a ter uma nova infecção e manifestação da catapora.
Contudo, mesmo após a cura da catapora, o vírus varicela-zoster continua alojado no organismo do paciente, mais especificamente nas células do sistema nervoso central (gânglio nervoso) ao lado da coluna vertebral, onde pode permanecer inativo por anos ou décadas. Quando se manifesta, provoca a herpes-zóster (cobreiro).
Tratamentos
O tratamento da catapora, em pessoas saudáveis, é feito para amenizar os sintomas. Por ser uma doença autolimitada — isto é, uma doença que possui um determinado período para acabar — e com complicações pouco frequentes, o tratamento visa manter sobre controle os sintomas e evitar complicações até a remissão total da doença.
Para isso, o médico deverá analisar as urgências de cada paciente, podendo indicar medicamentos para aliviar a febre, a coceira e, quando há uma infecção por outros agentes como bactérias que adentram as feridas, o uso de antibióticos pode ser receitado.
Além do tratamento medicamentoso, o paciente pode ser orientado a tomar alguns cuidados a mais com as feridas, tais como:
- Não coçar;
- Cortar as unhas adequadamente, reduzindo os riscos de lesionar acidentalmente as bolhas e erupções;
- Evitar o consumo de alimentos muito ácidos e salgados quando há presença de feridas na mucosa da boca;
- Tomar banhos mornos ou frios, 2 a 3 vezes ao dia, para ajudar a aliviar o desconforto e a coceira.
Remédios
Para ajudar no controle dos sintomas da catapora, o médico responsável pode prescrever medicamentos anti-histamínicos, pomadas, analgésicos e antitérmicos.
Para a higiene das feridas, é importante verificar qual o sabonete mais adequado, para que a situação não se agrave.
O tratamento medicamentoso mais específico para a catapora acontece por administração antiviral, com o aciclovir. Ele é mais recomendado quando o paciente apresenta um quadro grave ou quando sua condição de saúde é mais vulnerável, como em pacientes com imunidade debilitada.
Contudo, seu uso é indicado para adultos ou pacientes com idade acima dos 12 anos, quando a catapora costuma ser mais grave.
Se o paciente apresenta algum comprometimento do sistema imunológico, como no caso de portadores com HIV, o tratamento com esse medicamento pode ser uma possibilidade em menores de 12 anos também.
Outros medicamentos que podem ser receitados incluem:
- Paracetamol (para ajudar a baixar a febre);
- Polaramine, pomada antialérgica que ajuda a reduzir a coceira;
- Dipirona, para aliviar a febre.
Alguns produtos que podem ser incluídos durante o tratamento e visam aliviar os sintomas são:
- Sabonetes antissépticos à base de triclosano;
- Talco Mentolado ADV, para ajudar a amenizar a coceira;
- Talco Mentolado LBS, para aliviar a coceira.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Convivendo
Os pacientes com catapora, enquanto a doença não tem sua remissão por completo, podem tomar alguns cuidados básicos com as feridas e lesões. Algumas dicas podem ajudar a reduzir o desconforto e a evitar complicações, como infecções secundárias. São elas:
Mantenha as unhas limpas e bem cortadas
Unhas muito compridas e com higiene inadequada podem ser responsáveis por provocar infecções secundárias, pois ao coçar as feridas, o paciente torna o próprio organismo mais exposto às bactérias presentes na unha.
Evite coçar as feridas
Pode ser muito difícil resistir à coceira durante o convívio com a catapora, pois esse é, certamente, um sintoma bastante incômodo. No entanto, é importante que os pacientes tenham em mente que a prática pode acabar tornando as feridas ainda mais graves, o que pode atrasar a cicatrização.
Usar medidas que impeçam o atrito na pele são ideais, como o uso de luvas para dormir.
Tome banhos mornos os frios
Banhos mornos os frios podem ajudar a melhorar a sensação de coceira, principalmente durante os primeiros dias.
Tomar um banho frio com intervalos de 4 horas, por exemplo, ou usar uma toalha molhada na água fria, aplicando-a nos locais das feridas que mais coçam podem minimizar a sensação de coceira.
Opte por roupas mais leves e confortáveis
Evitar roupas desconfortáveis e muito justas podem tornar esse momento mais fácil, por evitar o atrito com as lesões na pele e também por evitar a transpiração excessiva, que geralmente agrava a coceira.
Escolha produtos de higiene que não irritem a pele
Suspenda o uso de sabonetes, cremes, perfumes e talcos ao perceber que estão provocando irritação da pele. O recomendando é de que os pacientes sigam as recomendações médicas em relação aos produtos menos irritativos.
Cuide bem da alimentação e se mantenha hidratado
Beber água e cuidar da alimentação é importante para fortalecer o sistema imunológico, por isso é essencial escolher refeições saudáveis e nutritivas. Pacientes que apresentam feridas dentro da boca devem, ainda, evitar alimentos muito cítricos e salgados.
Catapora em bebês
Podem surgir algumas dúvidas em relação a catapora no que diz respeito ao cuidado que os pais precisam ter com as crianças e os bebês, para não pegarem a doença ou evitar que aconteça a transmissão para outros filhos, por exemplo.
Nesses casos, uma das medidas mais importantes é estar imunizado. Quando se trata de familiares que já receberam a vacina, o risco de transmissão é considerado mínimo. Caso ocorra o contágio mesmo após a vacinação, os sintomas da catapora costumam ser mais leves e pouco persistentes.
Dessa forma, além da vacinação, outros cuidados incluem:
- Evitar o contato com a criança infectada;
- Fazer uso de luvas quando houver contato com a criança;
- Utilizar máscara, pois a doença também é transmitida através da inalação (espirros e tosses, por exemplo;
- Higienizar com maior frequência as mãos, com sabonete antisséptico e álcool.
Leia mais: Alimentação na infância: o que saber
Prognóstico
A catapora (varicela) em crianças costuma ser considerada uma doença com prognóstico positivo, pois normalmente não causa complicações.
De modo geral, a maioria das pessoas se recupera dentro de 1 a 2 semanas, sendo uma doença de risco apenas em pacientes adultos, com imunidade baixa, gestantes ou pessoas que estejam em tratamento medicamentoso que torne seu sistema de defesa debilitado.
Complicações
Em pessoas saudáveis, a catapora não costuma trazer complicações, principalmente quando acomete crianças que não estão com o sistema imunológico debilitado. Em adultos, apesar de ser uma condição pouco frequente (3% dos casos), costuma ser mais grave.
Nesses casos, a febre é prolongada e mais elevada, as lesões de pele (erupções) ocorrrem em maior quantidade, assim como os outros sintomas se tornam mais intensos.
No entanto, o maior risco durante um quadro de catapora consiste na possibilidade de infecções secundárias.
As principais complicações observadas são:
Ataxia cerebelar aguda
Essa é uma síndrome inflamatória caracterizada pela disfunção do cerebelo, parte do cérebro responsável por funções como controle dos movimentos voluntários, do tônus muscular, do equilíbrio e da aprendizagem, por exemplo.
Normalmente, acontece como complicação de uma infecção viral, sendo o vírus varicela-zoster um dos agentes mais frequentes.
Os sintomas nessa condição variam para cada paciente, podendo ocorrer febre alta, tremor, movimentos oculares espontâneos, movimentos descoordenados dos membros e pescoço, alteração de consciência, náuseas, vômitos e cefaleia.
Trombocitopenia
A trombocitopenia é uma doença em que ocorre uma deficiência no número de plaquetas (trombócitos) no sangue, células importantes para a coagulação e estancamento sanguíneo.
Essa insuficiência de trombócitos pode causar sangramentos leves ou graves, provocando hemorragias externas ou internas.
É uma condição que ocorre por diversas causas, sendo a presença de uma infecção viral como a catapora um dos fatores de risco.
Infecção fetal durante a gestação
A catapora é uma doença problemática para gestantes. Nos primeiros meses de gestação, a infecção representa um maior risco de malformação para o feto e após o 5º mês de gestação um risco para parto prematuro. Além disso, quando ocorre a infecção fetal, a doença costuma ser mais grave.
Infecção bacteriana secundária
As infecções bacterianas secundárias são um dos riscos mais frequentes em pacientes com catapora. Acontece, normalmente, quando outros agentes infecciosos invadem o organismo através das lesões (erupções de pele).
É comum acontecer quando o paciente coça as feridas e impede a cicatrização, deixando-as abertas e suscetíveis à infecção secundária.
Normalmente, essas infecções secundárias ocorrem pela entrada de bactérias como Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus, que normalmente são inofensivas, mas que também podem causar furúnculos, celulite e acnes.
Geralmente, essas infecções são limitadas, atingindo a pele e tecidos subcutâneos (como no caso da celulite). No entanto, existe também o risco delas se espalharem através da corrente sanguínea, infectando órgãos específicos (como o pulmão) ou causando uma sepse, isto é, uma infecção generalizada.
Esse tipo de infecção secundária pode causar pneumonia bacteriana, sendo mais comum em crianças com idade inferior a 1 ano.
Algumas das infecções mais frequentes incluem:
- Erisipela (inflamação da pele que causar vermelhidão, feridas e dor);
- Artrite (inflamação das articulações);
- Endocardite (inflamação das paredes do coração).
- Meningite (inflamação da membrana que envolve o cérebro);
- Glomerulonefrite (inflamação que acomete os rins);
- Celulite (inflamação de camadas mais profundas da pele);
- Impetigo (infecção bacteriana da camada mais superficial da pele);
- Abscesso (espaços que se formam na pele ou órgãos e acumulam pus).
Síndrome de Reye
A Síndrome de Reye é uma doença rara e grave que afeta todo o corpo, mas especialmente o cérebro e o fígado. Por isso, caracteristicamente, provoca confusão mental, acúmulo de gordura no fígado e inchaço no cérebro.
A condição pode ser letal, decorrente de infecções virais como catapora e gripe. A partir de uma infecção, se o paciente utilizar medicamentos derivados de salicilatos (tratamento de febre) e aspirina, há maiores riscos da Síndrome de Reye se manifestar. Podem ocorrer sintomas como confusão, delírio, náuseas e vômitos.
Nevralgia
A nevralgia, ou neuralgia, é uma doença caracterizada por dor intensa e persistente em um ou mais nervos do corpo. Pode ocorrer por quatro a seis semanas após a erupção cutânea da catapora, sendo mais frequente em mulheres, idosos e após o comprometimento do nervo craniano chamado trigêmeo.
Quando a catapora acontece em pessoas adultas, os sintomas são mais intensos e capazes de lesionar as fibras nervosas localizadas na pele, o que afeta os estímulos elétricos enviados ao cérebro.
Esses estímulos se tornam mais intensos e exagerados, o que gera a dor crônica presente em casos de nevralgia.
Cicatrizes
A catapora pode causar cicatrizes elevadas na pele (queloides), atróficas ou deprimidas. Não é uma complicação recorrente em todas as pessoas que tiveram catapora, pois está relacionada à gravidade do quadro e à predisposição do paciente em desenvolver cicatrizes.
Como prevenir?
A principal forma de se prevenir contra a catapora é através da vacinação. É importante que as pessoas saibam quando as doses devem ser aplicadas e que os pais ou responsáveis se certifiquem de que a criança tenha o seu Calendário de Vacinação em dia.
Junto à imunização, alguns cuidados e medidas preventivas podem ajudar a reduzir os riscos de contaminação pelo vírus varicela-zoster.
Além da vacina, outra medida é evitar ao máximo o contato com pacientes infectados. Pessoas próximas ao paciente que nunca tiveram a doença devem evitar a aproximação, pois o vírus varicela-zoster pode ser transmitido através do contato com o líquido das bolhas que surgem na pele do paciente, ou também pelo ar, por gotículas de saliva ao tossir ou espirrar.
O compartilhamento de objetos pessoais também não deve ser feito, como dividir copos, talheres e pratos.
Evitando a transmissão
Os pacientes também precisam seguir alguns cuidados para conter a transmissão. Recomenda-se que eles sigam as seguintes orientações:
- Higienizar bem as mãos após ter contato com as lesões;
- Isolar-se, evitando o contato com outras pessoas que não tiveram catapora;
- Retornar para a escola, creche, trabalho ou outras atividades somente após a remissão completa da doença;
- Manter as unhas curtas e não coçar as lesões, para reduzir os riscos de infecções secundárias.
Vacina contra catapora
A vacinação é uma das formas mais eficazes de se proteger contra inúmeras doenças, o mesmo acontece quando se trata da catapora.
Há duas diferentes formas de imunização a partir disso, uma feita com a vacina exclusivamente produzida contra o vírus varicela-zoster, que utiliza o vírus vivo atenuado e, a outra, feita a partir da vacina tetra viral (que é a combinação atenuada dos vírus causadores de sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
A vacina isolada da catapora só está disponível na rede privada de saúde, enquanto a tetra viral é oferecida gratuitamente a todas as crianças em idade de vacinação.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o recomendável são duas doses da vacina varicela, sendo a primeira administrada com 12 meses e a segunda entre 15 e 24 meses de idade.
Como a idade prevista para a segunda dose da vacina varicela coincide com a época da vacina tetra viral (SCR-V), somente a imunização com a tetraviral se faz necessária.
Saiba mais: leia a bula da vacina contra catapora!
Vacina tetraviral
Desde 2013, segundo o Ministério da Saúde, a vacina contra a catapora passou a fazer parte do calendário de vacinação que, antes, contava apenas com a tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo).
Agora, ambas são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde, sendo que a tríplice viral deve ser aplicada aos 12 meses e a tetra viral aos 15.
Essa vacina faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, que tem, atualmente, como foco crianças entre 15 meses e 5 anos completos que já receberam a primeira dose da tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba).
No caso da criança não ter recebido a vacina tríplice antes dos 15 meses, recomenda-se que esta seja administrada o quanto antes e que a tetra viral seja agendada, no mínimo, após 30 dias da aplicação.
Doses
A vacina tetra viral (SCR-V), que protege contra a catapora e outras doenças, é disponibilizada em dose única para crianças com 15 meses (ou até 4 anos, 11 meses e 29 dias) que já receberam a vacina tríplice viral.
Quando administrada em crianças mais velhas, adolescentes e adultos que não receberam a tríplice e tetra viral no período certo, por exemplo, são indicadas duas doses com um intervalo de 30 dias.
Em casos de surtos da doença, a aplicação da vacina contra a varicela pode ser feita a partir dos 9 meses de idade. No entanto, essa dose é aplicada como forma de prevenção emergente, sendo desconsiderada na caderneta de vacinação e exigindo que seja realizada a aplicação das outras doses de rotina.
Indicações
A indicação da vacina tetra viral é feita para todas as crianças que se encaixam na faixa etária recomendada para as doses, sendo aplicada antes dos 15 meses, excepcionalmente, em casos de risco, como visto acima.
Adultos, adolescentes e crianças mais velhas que não foram imunizadas também devem receber a vacina, sendo importante avaliar individualmente a caderneta de vacinação.
De acordo com o Ministério da Saúde, além dessas recomendações gerais, há também outros grupos específicos que devem ser vacinados:
- População indígena (a partir de 4 anos de idade);
- Profissionais de saúde, familiares e cuidadores em convívio hospitalar ou domiciliar que apresentem risco de complicações;
- Pacientes que sofrem com doenças renais crônicas;
- Portadores do vírus HIV;
- Pacientes portadores de doenças dermatológicas graves;
- Em casos de surto hospitalar, recomenda-se vacinar as crianças de 9 meses de idade com imunidade baixa e outras pessoas suscetíveis a infecção que estejam no ambiente, em até 5 dias após o início do surto.
Contraindicações
A vacina não deve ser aplicada em pessoas que apresentaram reação alérgica grave (anafilaxia) a qualquer um dos componentes presentes na vacina ou que já tenham manifestado alergia em vacinações anteriores.
Também não deve ser administrada em gestantes e pessoas com sistema imunológico fragilizado, como por doenças ou tratamentos que os tornem imunodeprimidos.
Efeitos colaterais
Em pessoas saudáveis, a vacina não costuma causar reações adversas. A possibilidade de efeitos colaterais, quando ocorrem, varia de 5% a 35%, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações.
Entre os sintomas que podem se manifestar, observa-se a ocorrência de vermelhidão (5% dos casos) e dor no local (26% dos vacinados). Entre 1% a 3% dos casos, pode ocorrer a manifestação de lesões semelhantes a catapora, que normalmente permanecem por 5 a 26 dias após a vacinação.
Quando as lesões aparecem 2 ou mais semanas após a vacina, pode ser indicativo da doença provocada antes da imunização, sendo este período o que o vírus fica incubado.
Em pessoas com sistema imunológico debilitado, os efeitos adversos podem ser mais graves, mas acontecem raramente.
Leia mais: consulte a bula completa da vacina Proquad tetra viral
Perguntas frequentes
Posso pegar catapora mais de uma vez?
Apesar de raro pode ocorrer uma reativação do vírus, que fica “adormecido” ou em período de latência no organismo.
Se houver uma queda intensa da imunidade, pode ocorrer um favorecimento para a doença reincidir (herpes-zoster)
Como pega catapora?
A catapora se pega ao ter contato com pessoas que estão contaminadas, sendo a transmissão feita através da saliva, objetos contaminados, espirro, tosse e entrando em contato com o líquido presente nas bolhas.
Qual o período de transmissão da catapora?
O tempo de incubação do vírus, geralmente, é de 4 a 16 dias, mas o período de transmissão ocorre entre 1 e 2 dias antes do surgimento das feridas e até 6 dias depois, até que todas as lesões sejam cicatrizadas. Nesse período, o paciente deve evitar o contato com outras pessoas, pelo alto risco de transmissão.
Quando as manchas da catapora vão sumir?
Depende. Cada paciente pode apresentar um tempo diferente para remissão das manchas, que tendem a ser gradualmente amenizadas. Porém, alguns pacientes podem manter cicatrizes, sobretudo se as feridas forem muito intensas.
Um dos fatores que favorece a persistência das manchas é a exposição solar sem o uso de protetor. Para evitar essas manchas, o paciente com catapora não deve cutucá-las e passar, diariamente, o filtro solar com FPS 30, no mínimo.
Pode ser uma opção para as pessoas que tiveram como complicação a permanência das manchas, recorrer a tratamentos estéticos para minimizá-las, de acordo com a avaliação do profissional dermatologista ou esteticista.
Quem já está infectado pode tomar a vacina contra catapora?
Não, a vacina não proporciona proteção a quem já teve catapora. De modo geral, uma vez infectado, o paciente naturalmente cria imunidade contra o vírus, dispensando a necessidade de receber a imunização.
Contudo, no caso da vacina tetraviral, que oferece proteção também a outras doenças, a administração pode ser feita com o intuito de tornar o paciente imune às demais patologias.
Catapora na gravidez é grave?
Sim, a catapora durante a gestação pode ser grave, sendo mais problemático quando a infecção acontece entre os 5 dias antes do parto. Nesse período, as chances do bebê desenvolver a doença é maior.
Em outros estágios da gestação, os riscos observados incluem a chance da criança nascer com baixo peso, malformação de pernas, braços ou cérebro. Por esses motivos e pela impossibilidade da gestante receber a vacina, o cuidado deve ser redobrado.
A catapora é uma condição bastante comum na infância, mas que pode acontecer em qualquer faixa etária. Seus sintomas podem ser bastante incômodos e desagradáveis, mas que, felizmente, podem ser tratados e amenizados.
Além disso, é uma doença que costuma ter sua remissão dentro de 1 a 2 semanas, sem deixar complicações.
Buscamos esclarecer neste artigo como a catapora afeta as pessoas, seus riscos e complicações. Compartilhe essas informações para que mais pessoas possam conhecer sobre essa condição. Obrigada pela leitura!
Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 22/10/2018
Fontes consultadas
- Dr. Paulo Caproni (CRM/PR 27.679 | CRM/SC 25.853 | CRM/SP 144.063), graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Residência Médica em Medicina Preventiva e Social pela USP-SP (PROAHSA). MBA em Gestão Hospitalar e de Sistemas de Saúde (CEAHS) pela FGV-SP
- Catapora – Sociedade Brasileira de Dermatologia
- Protocolo de Varicela – Ministério da Saúde;
- Varicela – Centro de Informações em Saúde para Viajantes (CIVES);
- Vírus da varicela-zoster: identificação dos genótipos em casos de varicela e herpes-zoster – Revista Pan-Amazônica de Saúde.