Normalmente, a frequência cardíaca deve girar em torno de 50 a 100 batimentos por minuto (bpm), mas na arritmia podemos ter esses valores aumentados ou, ainda,dentro da normalidade. Isso porque há vários tipos de arritmias, com diferentes características e, em algumas delas, são necessárias medicações para o controle adequado.
De maneira geral, as arritmias acontecem devido à alteração no impulso elétrico do coração e se manifestam com sintomas de palpitações, mas também podem se apresentar na forma de dor no peito, cansaço e/ou falta de ar.
Além disso, em alguns casos específicos, o (a) paciente pode ser submetido (a) a um procedimento de ablação para melhor controle ou até mesmo cura da arritmia.
Antes de mais nada, para compreender melhor a arritmia, é importante entender como se dá o funcionamento do sistema elétrico do coração. Para ocorrer um batimento cardíaco é necessário haver um impulso elétrico que irá mobilizar os miócitos (células musculares do coração) a se contraírem. Conforme podemos ver na imagem, a estrutura do coração tem diferentes partes interligadas.
Normalmente, esse impulso surge no nó sinusal (NSA) e percorre os átrios direito e esquerdo. Em seguida, para o impulso chegar aos ventrículos, ele deve passar pelo nó atrioventricular. Durante essa passagem, o sangue se movimenta dos átrios para os ventrículos e, em seguida, para as artérias pulmonar e aorta.
Durante essa passagem, para que não haja o retorno do sangue para a câmara anterior, existem válvulas que vão permitir o fluxo somente em uma direção. A partir disso, o sangue é bombeado para o restante do corpo.
A frequência cardíaca ou pulso normal é entre 50 e 100 bpm. No entanto, há diversos fatores que devem ser levados em conta, por isso, ter os batimentos cardíacos neste intervalo não garante que não há arritmia.
Outra questão que pode influenciar nesses valores é o estilo de vida. Quanto maior o condicionamento físico, menor a frequência cardíaca, assim como quanto maior o sedentarismo, maior a frequência, por exemplo.
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Ainda podemos ter pacientes com taquicardia, aqueles com mais de 100 batimentos por minuto, mesmo sem a presença de arritmias. Isso pode acontecer durante a realização de exercício físico, estresse, momentos de dor, anemia e problemas de tireoide, entre outros.
Por outro lado, batimentos cardíacos menores que 50 por minuto (bradicardia) podem ocorrer em atletas, pessoas com bloqueios do sistema elétrico do coração, sob efeito de medicações e/ou problemas de tireoide.
De maneira geral, as arritmias podem ser classificadas em supraventriculares e ventriculares. Por isso, vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma delas.
Essas alterações atingem a parte superior do coração (átrios). Alguns exemplos são:
Sendo mais frequente em idosos, a fibrilação atrial é a arritmia mais comum e se caracteriza pelo batimento irregular das câmaras atriais. Nesse caso, o impulso elétrico não é gerado no nó sinusal.
Assim, o coração não faz uma contração atrial adequada e tem dificuldade de deslocar o sangue, o que acaba predispondo a formação de coágulos, que podem ser muito perigosos. Quando se deslocam para o cérebro, podem causar AVC. Já nos outros órgãos, como o intestino levam à isquemia mesentérica, por fim, quando vai para as pernas faz a oclusão (afetando o fluxo sanguíneo e causando uma trombose arterial) da artéria, o que pode levar até à amputação.
A arritmia não leva ao óbito, porém, se não tratada adequadamente, leva ao surgimento de várias patologias, sendo que na maioria dos casos é necessário o uso de anticoagulante.
Semelhante à fibrilação atrial, o flutter também produz sinais elétricos nos átrios em um ritmo acelerado. Nesse caso, porém, o processo ocorre de maneira regular. Apesar de menos comum, também pode ser considerada uma condição séria e traz os mesmos riscos da fibrilação atrial. Além disso, o (a) paciente também pode ter indicação de anticoagulantes.
A TSV caracteriza-se por um ritmo cardíaco regular e acelerado. Nesses casos, o paciente nota batimentos rápidos que começam e terminam repentinamente, podendo durar segundos ou horas. É comum que a frequência esteja entre 160 e 200 batimentos por minuto. Nesse caso, é possível realizar algumas manobras para diminuir o ritmo dos batimentos, como:
As arritmias ventriculares são aquelas iniciadas na parte inferior do coração (ventrículos). Assim, essas alterações tendem a ser mais perigosas e comumente estão relacionadas a problemas estruturais cardíacos mais graves. Entre elas, estão:
A fibrilação ventricular provoca ritmo irregular, com contrações rápidas e não coordenadas. Tal condição faz com que os ventrículos não bombeiem o sangue de maneira adequada. Por isso, a alteração é considerada uma arritmia grave, pois leva à parada cardíaca.
Caracterizada pela batida rápida, que pode ser regular ou irregular dos ventrículos. Assim como a fibrilação ventricular, se não identificada e revertida prontamente pode levar à parada cardíaca.
Esse tipo de arritmia pode ocorrer nos átrios (supraventriculares) e nos ventrículos (ventriculares) e é provocada por batimentos prematuros, que são inofensivos e não costumam gerar sintomas. Os pacientes sentem na forma de palpitações ou ainda tem a sensação de que o coração parou de bater e voltou.
Geralmente, ocorrem sem fator desencadeador, porém podem acontecer nas pessoas com doenças cardíacas, estresse e excesso de cafeína, álcool ou energéticos.
Podem ser diferenciadas entre contrações atriais prematuras (CAP) e contrações ventriculares prematuras (CVP), dependendo da localização onde é gerada.
A bradicardia acontece quando o batimento cardíaco está lento, ou seja, menos de 50 por minuto. Porém, é comum que pessoas com alta aptidão física apresentem frequências mais baixas. Sendo assim, essas arritmias somente representam um problema quando ocorrem devido a bloqueios do impulso elétrico.
Apesar do nome, a arritmia sinusal não se trata de uma arritmia, é um quadro involuntário que não causa sintomas ou requer tratamento. É muito comum em crianças e os batimentos são irregulares, pois variam conforme o movimento respiratório. Enquanto a frequência cardíaca aumenta ao inspirar, devido ao aumento do retorno de sangue ao coração, também diminui ao expirar.
Naturalmente, o coração de um recém-nascido costuma bater entre 100 e 180 vezes por minuto. À medida que a criança vai crescendo, essa frequência vai diminuindo.
As causas de arritmias nas crianças podem estar relacionadas à defeitos no coração, que surgem desde o nascimento. Em outros casos, a condição pode surgir ao longo da infância, devido a outras patologias.
Existem vários tipos de arritmia e cada uma tem uma causa diferente, porém, de maneira geral, os seguintes problemas cardíacos podem estar envolvidos:
Da mesma forma, também há outras condições que podem influenciar nas alterações do ritmo cardíaco, como:
No entanto, vale ressaltar que nem sempre as causas são conhecidas.
Em muitos casos o (a) paciente não sentirá qualquer sintoma da doença. Isso porque batimentos cardíacos anormais podem surgir e desaparecer rapidamente. Porém, nas situações em que a arritmia for mais grave e durar tempo suficiente para afetar o funcionamento do coração, podem surgir os seguintes sinais:
É importante buscar ajuda médica sempre que notar alterações em sua frequência cardíaca ou sentir qualquer um dos sintomas descritos anteriormente, especialmente em situações de confusão mental, desmaios e dor no peito. Isso vale em casos de pacientes com suspeita de arritmia ou já em fase de tratamento.
O diagnóstico da arritmia pode ser feito por um (a) cardiologista ou clínico geral. Inicialmente, o (a) médico (a) deverá conversar com o paciente para caracterizar os sintomas, histórico de saúde e familiar e estilo de vida.
Além disso, é realizado o exame físico, que inclui ouvir a frequência e a regularidade dos batimentos cardíacos, avaliar a presença de sopro e o pulso, fazer a ausculta pulmonar, e avaliar pés e pernas.
Alguns exames complementares também podem ser solicitados pelo médico. São eles:
Pequenos eletrodos são colocados no peito, braços e pernas, a fim de detectar a atividade elétrica do coração do paciente. Rápido e indolor, esse é o teste mais comum no diagnóstico de arritmia. O exame é capaz de medir o tempo e a duração de cada fase elétrica dos batimentos cardíacos. Contudo, o ECG não consegue detectar arritmias que acontecem fora do período do teste. Em síntese, ele é uma foto do coração da pessoa em repouso.
O Holter 24 horas trata-se de um dispositivo portátil de ECG, que acompanha a rotina do (a) paciente durante 24 horas. Por gravar os sinais elétricos do coração por mais tempo que o eletrocardiograma, possui maior chance de diagnosticar a arritmia.
Assim como o Holter 24 horas, o monitor de eventos eletrocardiográficos ou Loop Event Recorder registra os sinais elétricos do coração durante as atividades cotidianas. Em suma, o aparelho envia os registros a cada 60 minutos e quando o (a) paciente tem algum sintoma, aciona um botão no aparelho que registra o intervalo em questão (alguns minutos antes e após). Assim, é possível verificar o funcionamento do coração durante tais episódios.
O monitor de eventos é portátil e pode ser mantido por dias, semanas ou até o surgimento dos sintomas. Seus resultados geralmente são captados por meio de um sistema computadorizado e podem ser avaliados à distância, sem a necessidade da ida do paciente ao hospital ou clínica.
O ecocardiograma é uma ecografia do coração, em que é possível avaliar a estrutura cardíaca: tamanho das câmaras, válvulas, espessura das paredes, força de contração.
Exame invasivo, com anestesia local, o cateterismo cardíaco insere tubos finos e flexíveis (cateteres) através de um acesso que é colocado no punho ou na virilha. Com o auxílio de um equipamento de raios X, esses tubos são guiados até o coração, a fim de analisar o interior das artérias coronárias ou avaliar o funcionamento das válvulas e músculo cardíaco por meio da injeção do contraste à base de iodo.
Entretanto, pessoas alérgicas a iodo devem realizar preparo para o exame.
Os exames laboratoriais podem ser solicitados para verificar a presença de anemia, alterações em sais minerais, alterações da tireoide, entre outras questões que podem estar envolvidas com a origem da arritmia.
Esse procedimento invasivo é utilizado para avaliar casos graves de arritmia. Também costuma ser utilizado quando outros métodos não foram capazes de diagnosticar a doença. A inserção dos cateteres acontece da mesma forma que o cateterismo cardíaco. Sendo que esses cateteres vão até o coração para detectar a região que está provocando a arritmia. Assim, é possível mapear a arritmia e em casos selecionados até tratar (ablação).
Alterações nos batimentos cardíacos podem ser desencadeadas pela realização de exercícios. Por isso, os testes de estresse físico são utilizados para analisar a capacidade do coração ao realizar esforço e bater mais rápido.
Existem vários tipos desse teste, sendo o mais comum o que envolve a prática de exercícios em uma bicicleta ou esteira, enquanto a frequência cardíaca e pressão arterial são monitoradas. Por exemplo, o teste ergométrico (teste de esforço), o ecoestresse e a cintilografia de perfusão miocárdica.
Em casos em que o (a) paciente é impossibilitado de se exercitar, o (a) médico (a) poderá administrar um medicamento para estimular o coração.
Solicitado nos casos em que os sintomas acontecem com rara frequência e não têm origem esclarecida, o looper implantável é utilizado para detectar ritmos cardíacos anormais, por tempo maior ao do holter.
Nesse procedimento, um implante subcutâneo é realizado no paciente por meio de cirurgia simples, sem a necessidade de internação.
A arritmia é um problema que pode ter cura, mas nos casos em que não é possível, o controle é feito com medicamentos ou procedimentos.
Nas arritmias mais graves (com risco de morte), como a fibrilação ventricular e a taquicardia ventricular, pode ser solicitada a implantação do Cardioversor desfibrilador implantável (CDI). Basicamente, é um dispositivo semelhante ao marcapasso, capaz de monitorar os batimentos cardíacos continuamente e, se necessário, enviar choques elétricos ao coração, que corrigem a pulsação de maneira instantânea.
Os medicamentos comumente utilizados no tratamento de arritmias são conhecidos como antiarrítmicos e têm como função manter o ritmo normal do coração. Em outras situações podemos usar medicamentos que agem diminuindo o número de batimentos cardíacos reduzindo o desconforto provocado pelas palpitações e o trabalho cardíaco.
Alguns exemplos de medicações são:
Além disso, algumas arritmias, especialmente a fibrilação atrial, podem ser tratadas por meio do uso de medicamentos que deixam o "sangue mais fino", os anticoagulantes. Assim, diminuem os riscos da formação de coágulos sanguíneos e, consequentemente, de acidentes vasculares cerebrais. Entre eles estão:
Vale ressaltar que o acompanhamento médico é fundamental para o bom controle da arritmia e correto tratamento. Pacientes em uso de anticoagulantes devem ser acompanhados de perto, devido ao risco de sangramento e, no caso da varfarina, para o manejo da dose.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um (a) médico (a). Somente ele (a) poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um (a) especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Algumas medidas podem favorecer o tratamento de arritmias e facilitar o convívio do (a) paciente com a doença, como medir o pulso regularmente e tomar os medicamentos corretamente.
Siga o passo a passo para identificar os batimentos cardíacos de maneira correta:
Atualmente, há também aparelhos que fazem essa medição de maneira digital e automática, mas é importante optar por um aparelho confiável.
Embora seja o sintoma mais comum, a palpitação não garante o diagnóstico de arritmia. Muitas vezes a sensação de coração falhando ou de ritmo cardíaco alterado, relatada pelo (a) paciente, é apenas sinal de ansiedade. Consulte o (a) médico (a) para melhor avaliação.
Em casos graves, a arritmia pode sim resultar na morte do paciente. O risco ocorre porque a alteração na frequência cardíaca pode fazer com que o coração não seja capaz de bombear sangue suficiente para o corpo.
A prática regular de atividades físicas de baixa intensidade pode trazer benefícios para o coração, mesmo para quem tem algum problema. Portanto, é comum que pacientes com arritmia façam exercícios, embora seja indispensável a recomendação e orientação de um (a) cardiologista antes de iniciar qualquer atividade.
Assim como os exercícios de intensidade leve ou moderada, o ato sexual não é capaz de provocar uma arritmia. Porém, é possível que ele agrave casos em que a doença não está sendo tratada de maneira adequada.
Pessoas ansiosas ou portadoras de outros tipos de transtorno costumam relatar palpitações, que geralmente não passam de sensações desencadeadas pelo quadro psicológico, sem apresentar qualquer relação com arritmia.
Toda arritmia deve ser acompanhada e devidamente tratada. Portanto, não é possível afirmar que alguma arritmia é benigna ou maligna sem acompanhamento e avaliação médica adequada.
Nem sempre é possível atuar na prevenção da arritmia, já que ela pode ter causas diversas. No entanto, algumas medidas podem ser adotadas em casa pelo próprio paciente, a fim de evitar quadros de arritmia ou mesmo o surgimento dos problemas cardíacos, de maneira geral. São elas:
Além disso, é importante controlar os fatores de risco e realizar o check-up regular com um (a) médico (a) cardiologista.
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Esp. Janaina Baréa
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