A tuberculose (Tb) é uma infecção bacteriana causada pela Mycobacterium tuberculosis, também conhecida pela sigla MTB ou como Bacilo de Koch.
Os dados sobre os casos de tuberculose no Brasil foram profundamente afetados nos últimos anos pela pandemia de COVID-19. Segundo o boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em 2023, houve um aumento de 12% nos números de óbitos em relação a 2019, alcançando índices que não eram observados há 20 anos.
A incidência, no entanto, parece ter diminuído, mas o órgão reconhece que também pode ter havido subnotificação. Os dados oficiais apontam que, em 2019, a incidência era de 37,9 casos a cada 100 mil habitantes.
Os números registrados ao longo da pandemia demonstram uma incidência menor, porém crescente: 33,3 (2020), 34,9 (2021) e 36,3 (2022) casos a cada 100 mil habitantes.
Apesar dos avanços em pneumologia e infectologia, a tuberculose continua sendo um problema complexo de saúde pública, pois está ligado à falta de acesso a tratamentos públicos de qualidade, à pobreza e demais questões sociais que dificultam a manutenção da saúde do indivíduo.
No CID-10, você pode encontrar a doença sob o código A15.0 — Tuberculose pulmonar, com confirmação por exame microscópico da expectoração, com ou sem cultura.
Continue a leitura do artigo para saber mais sobre a tuberculose, suas causas, tratamentos e mais.
Índice — Neste artigo, você vai encontrar as seguintes informações:
A tuberculose designa um grupo de doenças infectocontagiosas que afetam os tecidos de diversos órgãos do corpo humano. Ela acomete inicialmente os pulmões, podendo alastrar-se para outros órgãos caso o paciente não procure tratamento médico a tempo.
Os diferentes tipos de tuberculose são definidos de acordo com a região afetada, podendo ser os pulmões ou órgãos como coração e intestino.
A tuberculose tem cura e seu tratamento envolve o uso combinado de antibióticos, como veremos adiante.
A tuberculose é o termo guarda-chuva que engloba os diversos tipos da doença. A classificação, porém, leva em consideração o estágio da infecção e o local atingido pela bactéria.
Conheça as diferentes manifestações da tuberculose a seguir:
A tuberculose pulmonar é a forma infecciosa mais comum da doença. A pessoa contaminada expele gotículas que contêm os bacilos e que podem infectar outras pessoas por meio das vias respiratórias.
Nem sempre a tuberculose é causada pelo mesmo tipo de bactéria e também não é uma regra que a infecção aconteça por meio dos pulmões. Ainda assim, essa forma de infecção é a mais comentada por representar por volta de 80% a 90% de todos os casos da doença.
Utilizando as gotículas como transporte, as bactérias (bacilos) conseguem chegar ao pulmão, mais especificamente nos bronquíolos e alvéolos, onde encontram os macrófagos, células de defesa que “absorvem” ou englobam os invasores para destruí-los.
Se funcionar, a infecção é interrompida e o corpo vence. Caso contrário, pode ter início a chamada disseminação hematogênica primária, que acomete principalmente crianças e imunodeprimidos, tendo a tuberculose extrapulmonar como consequência.
Quando os macrófagos não conseguem deter a contaminação, os bacilos podem sobreviver e se multiplicar no interior das células, iniciando uma série de processos complexos, envolvendo diversas substâncias bioquímicas e outros setores do sistema imunológico.
Como consequência, surge o granuloma, um conjunto de células inflamatórias, com bacilos mortos e destruição do tecido pulmonar, algo semelhante a um campo de batalha entre bacilos e as defesas do organismo. Todo esse contato inicial com as bactérias é chamado de infecção primária.
Após algum tempo, os sintomas da infecção primária podem desaparecer, criando três possibilidades. Duas delas, entendidas como infecção latente da tuberculose, não podem ser detectadas por Raio X: os bacilos podem estar mortos ou dormentes, sendo necessária uma investigação profunda para definir o diagnóstico.
A terceira possibilidade, no entanto, pode ser mais facilmente detectada por meio de radiografias do tórax, que revelam o desenvolvimento da doença pela multiplicação dos bacilos. Esses casos são classificados como infecção primária progressiva, indicando uma piora do quadro inflamatório.
Nos casos de infecção latente, em que o corpo não conseguiu eliminar os bacilos, é possível que as bactérias permaneçam dormentes por meses ou até mesmo anos. Se, em algum momento, elas reativarem e começarem um novo processo de ataque ao organismo, tem-se um quadro de infecção secundária progressiva (termo utilizado também nos casos de reinfecção).
Leia também: Tuberculose Pulmonar: qual o tratamento? Confira os sintomas
Quando a tuberculose (primária ou secundária) se prolifera e consegue chegar até as vias sanguíneas, qualquer outro tecido pode ser infectado, causando diversos tipos de tuberculose extrapulmonar. Em outros casos, o bacilo pode infectar um tecido sem que tenha passado pela fase pulmonar.
Essas complicações podem ser bastante graves e apresentar ameaça à vida do(a) paciente. Não tão raras, as tuberculoses extrapulmonares podem representar por volta de 15% das formas clínicas da doença. Conheça alguns desses tipos de tuberculose:
Nesses casos, os bacilos comprometem uma cadeia ganglionar, podendo causar endurecimento (não doloroso) do gânglio. O quadro pode ser mais grave em imunocomprometidos e o tratamento pode demandar a realização de uma biópsia.
Embora seja mais rara, é considerada bastante grave: além do alto risco de óbito, essa forma de tuberculose pode deixar o(a) paciente com sequelas, uma vez que atinge a região do cérebro e as camadas que o envolvem (meninges).
Geralmente, esse tipo de tuberculose é caracterizado pela instalação dos bacilos nos rins, onde se inicia um processo inflamatório que pode ser detectado por exames de urina. Os sintomas incluem disúria (dor ou ardência ao urinar), polaciúria (vontade de urinar com frequência) e leucocitúria (presença de leucócitos na urina).
Quando atinge esse tecido, os bacilos causam uma infecção dolorosa, principal sintoma desse tipo de tuberculose. Os locais mais comumente afetados são as vértebras da coluna, além das articulações do joelho e do quadril.
Este é o tipo que mais acomete pessoas imunocompetentes, com exceção das crianças, que raramente apresentam essa complicação. Podendo ainda ser de dois subtipos, essa forma clínica demanda uma investigação profunda para que seja realizado um diagnóstico preciso.
Entre os fatores que elevam a suscetibilidade à infecção estão:
Além disso, pessoas que convivem com portadores da doença ativa e que circulam em hospitais ou em locais aglomerados estão mais suscetíveis ao contato com a bactéria. Crianças e pessoas imunocomprometidas também fazem parte do grupo de risco, principalmente em alguns tipos mais específicos de tuberculose extrapulmonar.
O diagnóstico da doença geralmente é feito pelo médico clínico geral ou pneumologista, sendo necessária a realização de uma série de exames laboratoriais.
A primeira etapa consiste no exame físico realizado no consultório médico, momento em que o(a) profissional fará uma série de perguntas acerca dos sintomas observados pelo(a) paciente.
Como a tuberculose apresenta sintomas parecidos com os da gripe, é importante que, além do exame clínico, o quadro seja confirmado por meio de exames laboratoriais.
Assim, o médico solicitará que o paciente colete determinado conteúdo (como as secreções expelidas pela tosse) para que seja investigada a presença do bacilo.
Diante dos altos índices de abandono do tratamento para a tuberculose, o Ministério da Saúde passou a oferecer acompanhamento para pacientes com mais de 10 anos.
O acompanhamento é gratuito e consiste em pelo menos 2 avaliações mensais, uma feita pelo médico e outra por enfermeiros ou demais profissionais da saúde.
Nessas avaliações, os profissionais dão orientações e solicitam exames, como a baciloscopia, para saber se a medicação está agindo adequadamente.
Como o tratamento é longo, esse acompanhamento é feito durante 6 meses. A frequência das visitas ao médico pode ser aumentada a depender da gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente.
O Ministério da Saúde recomenda que, tão logo os sintomas sejam notados, o(a) paciente deve procurar a unidade de saúde mais próxima. As indicações fazem parte do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, que tem por objetivo reduzir drasticamente a incidência da doença no Brasil. Além disso, o programa tem como meta a redução de 95% no número de mortes até 2035 (em relação aos dados de 2015).
A tuberculose pode ser prevenida a partir de uma série de medidas que, se aplicadas conjuntamente, podem diminuir consideravelmente o número de incidências na população. Conheça as principais formas de evitar essa infecção:
A principal forma de prevenir a tuberculose consiste na imunização da população. A vacina BCG deve ser aplicada logo na primeira infância (idade que vai dos 0 aos 5 anos).
Crianças soropositivas ou filhas de pais soropositivos devem recebê-la o mais cedo possível, exceto nos casos em que apresentam sintomas claros de baixa imunidade.
No geral, a vacina BCG é mais eficaz como proteção contra a tuberculose miliar, mas deve sempre ser tomada como forma de reforço imunitário.
Uma alimentação equilibrada é essencial para o fortalecimento do sistema imunológico, pois é ele o responsável por impedir a entrada ou combater microrganismos no nosso corpo.
Em conjunto com a vacinação, a quantidade certa de vitaminas, proteínas e demais nutrientes ajuda a combater infecções.
Leia também: Imunidade baixa: quais atitudes podem ser tomadas para evitar?
Lavar bem as mãos antes de comer e após ir ao banheiro também evita que o organismo fique exposto a microrganismos causadores de doenças.
Além disso, quando a pessoa já se encontra infectada, todo cuidado é pouco. É fundamental que ela tome medidas preventivas para evitar a propagação da doença.
Como a tuberculose pulmonar é transmitida por meio do ar, é importante não permanecer em locais com pouca ventilação e alta circulação de pessoas.
Pacientes que já desenvolveram a doença devem usar máscaras cirúrgicas ou cobrir a boca no momento da tosse para evitar que o bacilo seja lançado no ar.
Pessoas que tiveram contato com doentes devem comparecer à unidade de saúde mais próxima para que sejam examinadas por profissionais.
A tuberculose bovina é causada pela bactéria Mycobacterium bovis. Ela parasita principalmente bovinos, embora também possa infectar animais domésticos como cães e gatos.
O agente pode ser transmitido a humanos por meio da ingestão de leite contaminado ou por inalação de gotículas de saliva expelidas no ar pelos animais.
O segundo caso costuma afetar trabalhadores rurais que mantêm contato com bovinos. Nos animais, a tuberculose pode se tornar crônica, causando lesões e necrose em vários órgãos, como os rins e os pulmões.
Os sintomas consistem no surgimento de tosse seca, dificuldade de respirar e emagrecimento. Até o momento, não há vacina nem tratamentos disponíveis para a tuberculose bovina.
É somente por meio do diagnóstico médico que a tuberculose pode ser confirmada. Porém, há alguns sinais que podem ser observados quando a infecção se inicia.
Quando a bactéria causadora da tuberculose ataca o organismo, ela primeiro se instala nos pulmões. Por isso, os primeiros sintomas são tosse, febre, suores noturnos, dificuldade para respirar e dor torácica. Também é comum que a pessoa infectada apresente perda de apetite e emagreça muito rapidamente.
A tosse pode ser seca no início, mas vai ficando mais intensa e passa a vir acompanhada de secreção contendo pus e sangue. Normalmente, é recomendado que o paciente procure ajuda médica caso a tosse dure por mais de 3 semanas, mesmo que ela não apresente secreção.
A tuberculose é uma doença complexa, com diversos patógenos e possibilidades de infecção. Ainda que a tuberculose pulmonar seja a mais comum, é preciso ficar atento aos sinais de contaminação ou, caso tenha contraído a doença, é preciso ficar atento às formas secundárias e extrapulmonares da condição.
Diante da suspeita de tuberculose, procure uma avaliação médica o mais rápido possível, evitando a evolução da doença para quadros mais graves e diminuindo as chances de contaminar outras pessoas.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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