O que é encefalite?

A encefalite é uma inflamação aguda do cérebro, geralmente causada por infecções virais ou bacterianas. Se não tratada, pode ter consequências graves.

Já percebeu que raramente se fala de infecção no cérebro, mesmo que infecções em várias outras partes do corpo sejam normais? Pois bem, isso acontece porque o cérebro é extra-protegido pelo sistema imunológico, o que faz com que infecções nesse órgão sejam bastante raras.

Isso não significa, entretanto, que todos estão a salvo: bebês, crianças e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido ou comprometido são grandes candidatos, sendo que estes também são os grupos que mais sofrem sequelas.

A inflamação pode ser desencadeada tanto pela infecção direta de um microrganismo no cérebro quanto como uma resposta à infecções em outros lugares do corpo. Além disso, existem casos de encefalites de fundo autoimune.

Embora possa ser facilmente resolvida pela natureza autolimitada das infecções virais, a encefalite também pode causar sequelas graves em pacientes que não seguem o tratamento corretamente.

Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é encefalite?
  2. Causas
  3. Encefalite e meningite: há diferença?
  4. Encefalite é transmissível?
  5. Tipos
  6. Sintomas: como identificar a encefalite?
  7. Como é feito o diagnóstico da encefalite?
  8. Encefalite tem cura?
  9. Como tratar a encefalite?
  10. Medicamentos para encefalite
  11. Sequelas da encefalite
  12. Encefalite mata?
  13. Como prevenir a encefalite?

Causas da encefalite

Num geral, a encefalite é causada por agentes infecciosos como vírus, bactérias, parasitas e fungos, que podem ser transmitidos das mais variadas maneiras.

A infecção pode ser primária ou secundária. Na primária, o microrganismo infecta o cérebro diretamente, enquanto na secundária, o problema está no sistema imunológico que se engana e, ao invés de atacar as células causadoras da infecção, ataca o tecido cerebral saudável.

Existem vários vírus, microrganismos e condições que podem causar a encefalite. Alguns exemplos são:


Herpes simplex

O principal agente causador da encefalite é o vírus herpes simplex, o mesmo que causa aquelas bolhas chatas que coçam nos lábios. Vez ou outra, o vírus consegue atravessar a resistência e chegar no sistema nervoso central, gerando uma resposta inflamatória local.

Vale lembrar que tanto o herpes simplex 1 (relacionado às bolhas no canto da boca) quanto o 2 (causador da herpes genital) são capazes de causar e encefalite. No entanto, a infecção pelo tipo 1 é mais rara que do tipo 2.

Outros vírus herpes

Herpes não se trata de apenas um vírus, mas vários. Outros vírus desse tipo que podem causar encefalite são Epstein-Barr (mononucleose) e o varicela-zóster (catapora e herpes zóster).

Enterovírus

Vírus pertencentes ao gênero enterovírus, como o Coxsackievirus, também podem ser os responsáveis por uma encefalite. Os sintomas de infecções desses tipos de vírus incluem sintomas parecidos com gripe, inflamação nos olhos e dor abdominal.

Vírus transmitidos por mosquitos

Alguns vírus que são transmitidos por mosquitos tem como complicação a encefalite. Alguns exemplos são o da dengue, malária, chikungunya, febre amarela, entre outros.

Existem, também, vírus transmitidos por carrapatos que podem atingir o encéfalo.

Lyssavirus

Causador da Raiva, o Lyssavirus acomete o sistema nervoso central do hospedeiro. A infecção por esse vírus evolui rapidamente, aumentando a chance de lesões cerebrais pelo inchaço do encéfalo.

Infecções da infância

Diversos vírus de doenças clássicas da infância, como sarampo, rubéola e caxumba, também podem causar encefalites — geralmente do tipo secundário.

Vacinas

Vacinas também podem ser a causa da encefalite, por conta da possível reativação desses microrganismos no paciente. Além disso, há também a possibilidade da infecção direta por bactérias e fungos, que costumam dar origem à abscessos.

Outras causas

Doenças autoimunes e efeitos secundários do câncer também entram na lista de culpados pela inflamação no cérebro, mesmo que nem sempre seja claro o porquê da inflamação ser desencadeada.

Fatores de risco

Embora qualquer pessoa esteja sujeita ao desenvolvimento da encefalite, os principais fatores de risco da doença são:

Idade

Existem alguns vírus que são mais frequentes durante a infância, enquanto outros acometem mais idosos. Isso pode ocorrer por conta de um sistema imunológico enfraquecido ou por conta de imunizações.

Problemas no sistema imunológico

Pessoas com um sistema imunológico enfraquecido por algum motivo são mais suscetíveis a qualquer tipo de infecção, além de ficar mais fácil para os microrganismos chegarem no cérebro. Pacientes com HIV, que tomam medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico ou possuem qualquer outra condição que afeta seu funcionamento são grandes candidatos para o desenvolvimento da doença.

Regiões geográficas e épocas do ano

Quando se trata de vírus transmitidos por mosquitos e carrapatos, algumas regiões e estações do ano podem ser um fator de risco para a infecção. Isso porque esses animais têm predileção por áreas de clima quente e estão mais ativos durante o verão.

Crianças que recebem vacinas

A tríplice viral, vacina contra sarampo, rubéola e caxumba, é um fator de risco para encefalite. Isso porque 1 em cada 3.000 crianças vacinadas desenvolvem a doença. No entanto, isso não é motivo para deixar de tomar a vacina: antes que ela estivesse disponível, essa proporção era de 1 em cada 1.000 crianças.

Encefalite e meningite: há diferença?

Embora essas duas doenças afetem o cérebro, existe uma diferença bem grande entre a encefalite e meningite, principalmente em relação à área afetada.

As meninges são membranas protetoras que ficam em volta do cérebro e são as principais acometidas pela meningite. Geralmente, infecções nessas membranas são causadas por bactérias ao invés de vírus.

Já no caso da encefalite, a infecção se dá principalmente por vírus, e a área afetada é o próprio cérebro, não apenas seu revestimento. Além disso, os sintomas desta última são mais severos e incluem distúrbios da consciência e sinais motores.

Encefalite é transmissível?

Por ser causada por diversos vírus e microrganismos, a encefalite é transmissível sim. O que varia, nesse caso, é a maneira de transmissão.

Alguns dos vírus causadores do problema são transmitidos através da saliva e gotículas respiratórias, outros podem ser por meio de alimentos e bebidas contaminados, enquanto ainda há alguns que são transmitidos em contato direto com a pele.

Dependendo da região geográfica, a encefalite pode ser resultado de uma zoonose, ou seja, os vírus, bactérias ou protozoários podem ser transmitidos por meio de picadas de insetos e carrapatos.

Tipos

Apesar de muitos acreditarem que só existe um tipo de encefalite — a viral —, ela pode ser classificada de diferentes formas de acordo com sua origem e duração. Entenda:

Encefalite infecciosa

Este é o tipo de encefalite causada por doenças infecciosas, como o sarampo e a poliomielite. Pode ser resultado de uma infecção direta ou como resposta do corpo a uma infecção em outros lugares.

Quando causada pelo vírus herpes simplex, é conhecida também como encefalite herpética e pode ser fatal.

Encefalite pós-infecciosa

Geralmente resultado da reativação de um vírus, a encefalite pós-infecciosa pode ocorrer semanas ou meses após a infecção ter sido resolvida.

Encefalite autoimune

Em alguns casos, o sistema imunológico passa a atacar a bainha de mielina — um tecido que envolve e protege as células nervosas.

Isso acontece, geralmente, após infecções ou vacinas cujos microrganismos possuem proteínas muito parecidas com aquelas encontradas nesse revestimento dos nervos. Assim, o sistema imune se confunde e passa a atacar tecidos saudáveis, acreditando que ali há uma infecção.

Os principais vírus que desencadeiam essa reação são enterovírus, vírus de Epstein-Barr, HIV e os vírus da hepatite A e B.

Encefalite crônica

Em alguns casos, a inflamação se dá de maneira lenta e gradual, como no caso de infecções por HIV. Pode ser causada, também, pela Síndrome de Rasmussen, uma desordem neurológica caracterizada por ataques epilépticos frequentes e graves.

Sintomas: como identificar a encefalite?

Os sintomas da encefalite podem variar bastante, dependendo da causa e da parte do cérebro afetada. Num geral, pacientes com encefalite podem apresentar:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Sensibilidade à luz (fotossensibilidade);
  • Fraqueza;
  • Vômito;
  • Convulsão.

Apesar desses sintomas bem amplos, dependendo da áreas afetadas, alguns sintomas mais específicos são:

  • Alucinações;
  • Má coordenação motora;
  • Lentidão nos movimentos;
  • Rigidez no pescoço e nos membros;
  • Confusão mental;
  • Sonolência;
  • Letargia — que pode evoluir para estupor e coma;
  • Alterações visuais, auditivas e sensoriais;
  • Problemas em formular e compreender a linguagem;
  • Alterações hormonais como diabetes insípido, secreção inadequada de hormônio antidiurético, entre outros.

Em bebês

Infelizmente, bebês não conseguem expressar o que estão sentindo e, por isso, os pais devem ficar atentos aos sinais que ele demonstra. Alguns exemplos são:

  • Saliência na moleira (fontanela), que indica inchaço cerebral;
  • Náusea e vômitos;
  • Rigidez corporal;
  • Não mamar direito ou não acordar para mamar;
  • Irritabilidade.

Caso perceba algum desses sinais em seu filho, leve-o ao médico imediatamente, pois crianças pequenas podem não resistir à doença.

Como é feito o diagnóstico da encefalite?

Baseado nos sintomas relatados, o médico — que pode ser um clínico geral, médico de emergência, infectologista ou neurologista — pode suspeitar de encefalite e pedir uma bateria de exames para confirmar o diagnóstico. Alguns desses testes são:

Punção lombar

O exame de punção lombar consiste na coleta de um líquido que percorre e irriga todo o sistema nervoso, chamado líquido cefalorraquidiano — ou fluido cerebrospinal. Ele pode ser encontrado tanto no cérebro quanto circundando a medula espinhal.

Da mesma forma que os microrganismos circulam no sangue nas infecções mais comuns, os causadores da encefalite também circulam nesse líquido cefalorraquidiano. Dessa forma, além de ser possível detectar a presença de algum microrganismo, em alguns casos pode-se identificá-lo também.

Imagem por Ressonância Magnética (IRM)

A fim de verificar qual parte do cérebro foi afetada, o médico pode pedir um exame de imagem por ressonância magnética. Esse exame utiliza um campo magnético para gerar imagens do cérebro na forma de “fatias”, que facilita a visualização de anomalias.

Caso não seja possível realizar uma ressonância magnética, pode-se pedir, como alternativa, uma tomografia computadorizada, exame que gera o mesmo tipo de imagem, porém com a utilização de raios-X.

Alguns agentes infecciosos tem uma espécie de “preferência” por certas áreas do cérebro, então os achados desses exames podem ajudar a detectar qual o microrganismo responsável pela encefalite.

Eletroencefalograma (EEG)

O eletroencefalograma é um exame que monitora a atividade elétrica do cérebro. Com ele, é possível identificar alterações na função elétrica das áreas afetadas, o que pode sugerir um microrganismo específico. No caso de herpes simplex, por exemplo, há alterações de atividade nos lobos temporais — porção do cérebro perto das orelhas.

Reação em cadeia de polimerase (PCR)

A PCR é uma técnica que produz diversas cópias de um gene, facilitando o trabalho de detectar o material genético do vírus e sua consequente identificação. Alguns tipos de vírus são mais perigosos que outros, como no caso do herpes simplex, que quando não é tratado, pode trazer sequelas graves.

Biópsia

Raramente, quando os testes anteriores não deram resultados satisfatórios, pode-se requisitar uma biópsia que é a retirada de uma amostra do tecido cerebral. Essa mostra é enviada para análise, onde fica mais fácil detectar o agente infeccioso responsável pela doença.

Quando nenhum microrganismo é encontrado, mesmo após todos esses exames, acredita-se que a encefalite seja produto de um câncer ou de origem autoimune, tipos que não são facilmente detectados por meio de exames laboratoriais.

Encefalite tem cura?

Na maioria dos casos, a encefalite tem cura, pois o ciclo de vida dos vírus dentro de um organismo é autolimitado. Apesar disso, não se deve deixar de buscar o tratamento pois a falta de alívio dos sintomas pode provocar sequelas graves, principalmente por conta do inchaço cerebral que pode lesioná-lo.

Em outros casos, como na encefalite autoimune e crônica, a perspectiva de cura é um pouco distante.

Como tratar a encefalite?

Assim como na maioria das infecções virais, o tratamento da encefalite é baseada no alívio dos sintomas, visto que deixá-los sem tratamento pode ser prejudicial para o organismo.

Em alguns casos, como em infecções por herpes simplex, herpes zoster e citomegalovírus, existem medicamentos antivirais que auxiliam no tratamento. Já no caso de HIV, medicamento anti retrovirais auxiliam o funcionamento do sistema imunológico e retardam a progressão da infecção.

Quando há infecção por bactéria, podem ser administrados antibióticos.

Corticóides (anti-inflamatórios) são utilizados para amenizar o inchaço do cérebro, que pode prejudicar o órgão por conta da pressão contra os ossos do crânio. Em caso de convulsões, a administração de anticonvulsivantes é frequentemente recomendada.

Nos casos mais simples, a remissão da infecção se dá entre 1 e 2 semanas.

Vale lembrar que, muitas vezes, o tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar, visto que o acometimento cerebral demanda acompanhamento próximo.

Medicamentos para encefalite

Antivirais

Corticóides

Anticonvulsivantes

Outros

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Sequelas da encefalite

Quando não é tratada adequadamente ou não responde ao tratamento, a encefalite pode causar sequelas graves. Isso porque o cérebro sofre inchaço e sofre pressão da caixa craniana, que pode levar à lesões em determinadas partes.

Algumas dessas sequelas são:

  • Paralisia muscular;
  • Problemas de memória e aprendizagem;
  • Dificuldades na fala e audição;
  • Alterações visuais e sensoriais;
  • Epilepsia;
  • Movimentos musculares involuntários.

Encefalite mata?

Embora, na maioria das vezes, seja uma doença de curta duração e fácil resolução, a encefalite pode matar, em especial nos casos de crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas, que tem dificuldade em lutar contra o agente infeccioso.

Isso acontece porque a pressão da inflamação cerebral aperta o tronco cerebral, parte do cérebro responsável por funções vitais como a respiração, batimentos cardíacos, entre outros. Ao danificar essa estrutura, tais funções param, causando a morte.

A infecção cerebral por herpes simplex pode levar à morte rapidamente se não for prontamente diagnosticada e tratada.

Prognóstico

O prognóstico da encefalite depende de diversos fatores como microrganismo causador, idade e condição do sistema imunológico.

Pacientes que eram saudáveis antes da infecção tendem a não ter muitos problemas após a infecção. Já pacientes com o sistema imunológico comprometido como portadores de AIDS, câncer ou que fazem o uso de imunossupressores geralmente ficam com bastante sequelas.

Quando se fala da encefalite por herpes simplex não tratada, a taxa de mortalidade é de 50-75%. Além disso, quando o tratamento é tardio, praticamente todos os pacientes desenvolvem sequelas.

Entretanto, quando há tratamento, a mortalidade cai para 20%, com sequelas iguais àquelas presentes no momento da primeira dose de antiviral. Estima-se que 40% dos sobreviventes tenham sequelas leves e moderadas como problemas de aprendizado, memória, epilepsia, anomalias neuropsiquiátricas, entre outras.

Vale lembrar que pessoas que entram em coma devido à encefalite não necessariamente terão mais sequelas do que aquelas que não perderam a consciência. Existem muitos relatos de pacientes que acordaram do coma com poucas ou nenhuma sequela.

Infecções por vírus transmitidos por insetos e carrapatos são bem piores, com sequelas parecidas com as de infecção por herpes simplex sem tratamento.

Como prevenir a encefalite?

A prevenção da encefalite pode ser feita de diversas maneiras, visto que são muitos os microrganismos capazes de causar uma inflamação cerebral. Algumas dicas para isso são:

  • Lave as mãos com água e sabão frequentemente;
  • Não compartilhe copos, pratos, talheres e objetos de uso pessoal;
  • Sempre leve seus filhos ao médico ao apresentarem sintomas de doenças comuns da infância como sarampo, caxumba, entre outros;
  • Não perca as campanhas de vacinação infantil contra sarampo, caxumba, rubéola, catapora, gripes, poliomielite, entre outras;
  • Pessoas que vão viajar para outros países devem estar devidamente vacinadas contra infecções endêmicas, como é o caso da encefalite japonesa e por carrapato;
  • Vacinas contra o vírus H. influenzae B, meningococo e pneumococo podem ajudar na prevenção da encefalite como complicação dessas infecções.

Embora rara, a encefalite é uma doença não muito facilmente identificável que precisa ser tratada o mais rapidamente possível devido à possibilidade de sequelas graves.

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Referências

https://www.news-medical.net/health/What-is-Encephalitis.aspx
http://www.healthline.com/health/encephalitis#riskfactors4
http://emedicine.medscape.com/article/791896-overview#a6
http://www.emedicinehealth.com/encephalitis/page11_em.htm
http://www.nytimes.com/health/guides/disease/encephalitis/prognosis.html?mcubz=3


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