Saúde

Febre Chikungunya: sintomas, transmissão, prevenção e cura

Publicado em: 01/11/2018Última atualização: 11/09/2020
Publicado em: 01/11/2018Última atualização: 11/09/2020
Foto de capa do artigo
Junto com a dengue e com a zika, a febre chikungunya é uma das preocupações que vêm com o verão. A alta de temperatura promove um aumento no número total de mosquitos circulando, e muitos deles podem trazer essas doenças, que, se não tratadas, podem ter sérias consequências para saúde.Entenda mais sobre a febre chikungunya no texto a seguir!
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O que é Febre Chikungunya?

A febre chikungunya é uma doença infecciosa causada pelo vírus CHIKV e transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Caracteriza-se, principalmente, pela febre alta (cerca de 39 ºC) e fortes dores nas articulações.Seu primeiro caso foi detectado no ano de 1952, na Tanzânia, e o termo “chikungunya” deriva do swahili, um dos idiomas do país, e significa “aqueles que se dobram”, devido a curvatura com que os pacientes podem atingir por conta das intensas dores causadas pela doença. Em solo brasileiro, a doença foi confirmada apenas em 2014, porém, desde então, as preocupações são grandes.É estimado que a doença ocasiona 3 milhões de infecções por ano em todo o mundo. A nível nacional, estima-se que até junho de 2018, mais de 47 mil casos de chikungunya foram notificados ao Ministério da Saúde, o que representa uma incidência aproximada de 23 casos a cada 100 mil habitantes.Até o vírus chegar à América do Sul, passou por países como Quênia, Comores, Ilhas Reunião e demais ilhas do oceano Índico. Em 2006, chegou à Índia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Cingapura, Malásia e Indonésia. Em 2007, o chikungunya foi identificado na Itália e, em 2010, teve casos relatados na França e nos Estados Unidos.
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Chikungunya e dengue: entenda a diferença

A dengue e a febre chikungunya são muito parecidas. Entretanto, a dengue é uma doença mais grave, exigindo maior proximidade durante o tratamento. As diferenças, além do vírus, são bem discretas, sendo que na febre chikungunya o choque e a hemorragia são sintomas raros.Os sintomas iniciais são mais agudos no chikungunya, mas a duração da febre é bem mais curta. As dores pelo corpo também são mais localizadas, isto é, afetam os tendões e articulações ao invés do corpo todo, como no caso da dengue.
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Causas

A doença tem como causa o vírus chikungunya, que é transmitido através do mosquito Aedes aegypti (mesmo mosquito transmissor da dengue e do zika) e também do Aedes albopictus.Embora façam parte da mesma espécie, os dois mosquitos apresentam algumas diferenças entre si:
  • Aedes aegypti: vive em áreas urbanas e a fêmea alimenta-se, de preferência, de sangue humano. Suas larvas são encontradas normalmente em depósitos artificiais, como pratos de vasos, lixo acumulado, pneus e garrafas com água parada;
  • Aedes albopictus: presente principalmente em áreas rurais, suas larvas são encontradas em depósitos naturais, como buracos em árvores e cascas de frutas. Porém, isso não impede com que recipientes artificiais abandonados em florestas também não sirvam como criadouros do mosquito.
Leia mais: Conheça mais sobre os vírus da dengue, zika e chikungunya

Transmissão

Com relação a forma de transmissão, sabe-se que a única maneira da doença ser transmitida é através da picada do mosquito. Portanto, evitar com que isso aconteça é a única maneira de prevenção contra o chikungunya.Após a picada, o vírus pode apresentar os sintomas entre 4 a 8 dias (tempo de incubação).É fato que há casos assintomáticos, porém, de acordo com o Center for Infectious Disease Research and Policy, cerca de 72 a 97% dos pacientes infectados irão experenciar algum tipo de sintoma.Atenção!Não há transmissão da doença entre pessoas, porém, caso o mosquito pique uma pessoa infectada com o vírus, ele pode ser transmitido a outra pessoa se o mesmo mosquito picá-la.A transmissão entre mãe e bebê pode ocorrer durante o parto (transmissão vertical). Não há evidências de que a mãe transmita a doença para o feto durante a gravidez.Como o transmissor do chikungunya é o mesmo do da dengue, é possível, sim, ter as duas doenças ao mesmo tempo.
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Grupos de risco

Por mais que o mosquito possa picar qualquer pessoa e em qualquer idade, alguns grupos são mais suscetíveis a desenvolverem a doença, por estarem com a imunidade comprometida. São eles:
  • Idosos;
  • Crianças menores de 1 ano;
  • Gestantes;
  • Pessoas que já tenham algum tipo de doença.
Caso alguma pessoa desses grupos seja infectada com o vírus, leve-a imediatamente ao pronto atendimento.

Sintomas da Febre Chikungunya

Grande parte dos sintomas do chikungunya são bem parecidos com os da dengue, por isso a grande quantidade de diagnósticos precoces.Conheça os sintomas de cada uma das fases:

Fase aguda

Chamada também de fase febril, a fase aguda é caracterizada por uma febre súbita acompanhada de dor nas articulações, nas costas, erupções cutâneas, dor de cabeça e fadiga. Esses sintomas costumam persistir por sete dias em média.Entenda os principais sintomas:
  • Febre alta, igual ou superior a 39 ºC;
  • Dor e inchaço intensos nas articulações, que podem afetar os tendões e ligamentos em mais de 90% dos casos;
  • Dermatites (inflamação na pele);
  • Dorsalgia (dor nas costas) e nos músculos em geral;
  • Fadiga extrema;
  • Hipersensibilidade à luz;
  • Dor de cabeça constante;
  • Vômito, diarreia, dor abdominal;
  • Calafrios;
  • Vermelhidão nos olhos, semelhante à conjuntivite;
  • Dor intensa atrás dos olhos.
Em raros casos, distúrbios neurológicos também foram notificados, como a síndrome de Guillain-Barré, paralisia, meningoencefalite, paralisia flácida e neuropatia.

Fase subaguda

Na fase subaguda, a febre tende a desaparecer, sendo que existe a possibilidade da dor nas articulações melhorar ou piorar. Pode ocorrer ainda astenia (diminuição da força física), prurido generalizado e o surgimento de lesões pelo corpo.Além disso, alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica (redução do fluxo sanguíneo para os membros), fadiga e sintomas depressivos.Caso os sintomas persistam por mais de 3 meses após o início da doença, considera-se que o paciente está na fase crônica da doença.

Fase crônica

Durante as epidemias da doença que acarretaram o mundo, observou-se que o chikungunya pode causar sintomas a longo prazo após a infecção aguda. Dentre os sintomas, destacam-se:
  • Artrite de longo prazo: observada após um surto em 1979;
  • Dores musculoesqueléticas de longa duração: em 2006, num surto em La Reunion, mais de 50% das pessoas com mais de 45 anos relataram esse sintoma;
  • Juntas doloridas: nesse mesmo surto, 60% das pessoas relataram o sintoma, mesmo após 3 anos da infecção;
  • Artralgia (tipo de dor articular): um estudo na França constatou que 59% das pessoas sofrem com esse sintoma 2 anos após a infecção;
  • Dores musculares, dores articulares ou astenia (tipo de fraqueza orgânica): após uma epidemia na Itália, 66% das pessoas relataram esses tipos de dores após 1 ano da infecção aguda.
As causas desses sintomas ainda não são bem definidas, por isso a importância de ficar atento caso apareçam.

Diagnóstico

A febre chikungunya pode ser diagnosticada a partir de três critérios diferentes: clínicos, epidemiológicos e laboratoriais.Clinicamente, febre elevada e fortes dores nas articulações já indicam um suposto caso da doença. Portanto, em decorrência disso, um médico deverá ser consultado (clínico geral, por exemplo), a fim de investigar as causas e motivos desses sintomas.Com relação à epidemiologia, muito provavelmente o médico irá realizar perguntas sobre se o paciente viajou ou passou um tempo em regiões onde a chikungunya é recorrente nos últimos 12 dias (tempo de incubação potencial do vírus).Já sobre os exames laboratoriais disponíveis para diagnosticar a presença do vírus no organismo do paciente, três tipos diferentes podem ser encontrados:

Sorologia

Este exame busca identificar a presença de anticorpos no organismo e é realizado através da coleta de sangue e posterior exame laboratorial.

PCR em tempo real (RT-PCR)

O PCR em tempo real é um exame de sangue que busca pela proteína C reativa, que indica que uma infecção está ocorrendo. Diferentemente do PCR comum, o em tempo real demora menos tempo para mostrar os resultados (de 2 a 3 horas).

Isolamento viral

Outro exame feito via coleta de sangue, o isolamento viral busca isolar o vírus no sangue e detectar ou descartar a presença dele no organismo.

Chikungunya tem cura?

O chikungunya possui cura, tanto é que, uma vez infectado com o vírus, o indivíduo fica imune para o resto da sua vida. Como ainda não há um tipo de tratamento para a doença em si, os especialistas se focam em tratar os sintomas recorrentes da mesma.

Qual o tratamento?

Infelizmente, não existem medicamentos que combatem a infecção do vírus em si. Entretanto, como a doença tende a se curar por conta própria, os médicos costumam recorrer aos seguintes tratamentos:
  • Anti-inflamatórios não esteroides, como naproxeno;
  • Analgésicos sem ácido acetilsalicílico (como o paracetamol), pois essa substância pode aumentar o risco de hemorragia;
  • Imunoterapia, que consiste em administrar anticorpos humanos (imunoglobulina) anti-CHIKV aos pacientes infectados pelo vírus;
  • Ribavirina, caso a artrite crônica permanecer por mais de duas semanas.
Cuidado!Caso você tenha sido diagnosticado com chikungunya, não deve utilizar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, como a aspirina, pois esses medicamentos aumentam o risco de hemorragia.Após mais ou menos 10 dias, a maior parte dos pacientes começa a sentir uma melhora na saúde geral e nas dores articulares. Entretanto, após esse tempo, pode haver uma recaída nos sinais e o paciente pode apresentar sintomas reumáticos, isto é, dores nas articulações, que podem se tornar crônicas.Além do uso desses tratamentos, recomenda-se, ainda:
  • A ingestão de alimentos ricos em magnésio, para fortalecer o sistema imunológico;
  • Repouso, pois permite a regeneração do corpo;
  • O consumo de 1,5 a 2 litros de água diariamente, para que a desidratação seja evitada;
  • Fisioterapia, caso a dor nas articulações persista mesmo após a febre ter passado.

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Complicações

São raros os casos em que a chikungunya se apresenta sem febre e dor, porém eles podem acontecer. Caso surja algumas das seguintes alterações, o indicativo de que a doença é grave é alta:
  • Sistema nervoso: convulsões, síndrome de Guillain-Barré, perda dos movimentos dos braços ou pernas, formigamentos;
  • Olhos: inflamação ótica, na íris ou retina;
  • Coração: insuficiência cardíaca, arritmia e pericardite;
  • Pele: escurecimento de determinadas áreas, aparecimento de bolhas ou úlceras aftosas;
  • Rins: inflamações e insuficiência renal;
  • Demais complicações: complicações sanguíneas, pneumonia, insuficiência respiratória, hepatite, pancreatite, insuficiência adrenal e aumento ou diminuição do hormônio antidiurético.
Normalmente, essas complicações surgem devido ao sistema imunológico enfraquecido do paciente ou por conta do uso de determinados medicamentos.

Prevenção

Infelizmente, ainda não há nenhum tipo de vacina que previna a infecção causada pelo vírus chikungunya. Portanto, a única maneira de prevenir a doença é evitar ser picado pelos mosquitos transmissores.Confira algumas dicas:
  • Use telas nas janelas para que os mosquitos não entrem em sua casa;
  • Não deixe água parada, assim evita com o que o mosquito se prolifere;
  • Se o tempo permitir, use calças e camisetas compridas;
  • Use repelentes de insetos (dê preferência aos que tem DEET, picaridina, IR3535 e óleo de eucalipto ou para-mentano-diol em sua composição).
Leia mais: Repelente para grávidas (icaridina, DEET), marcas, qual o melhor?

Perguntas frequentes

A chikungunya é uma dengue mais fraca?

Não! A febre chikungunya é causada por um vírus diferente daquele causador da dengue. Então os sintomas podem até ser parecidos, mas como as causas são distintas, trata-se de doenças diferentes.

Uma pessoa pode ter dengue, zika e chikungunya ao mesmo tempo?

Sim! As 3 doenças podem acontecer ao mesmo tempo, o que aumenta muito as chances de complicações graves. De modo geral, o mosquito Aedes costuma carregar só um vírus, mas a pessoa pode ser picada várias vezes por mosquitos diferentes.

A chikungunya pode matar?

Depende. Até hoje, só houve óbito por chikungunya em pacientes que já tinham outras doenças, como problemas respiratórios, cardíacos, de coagulação, diabetes descontrolado e pacientes debilitados pela AIDS ou pelo câncer.

A chikungunya pode causar microcefalia?

Não. Não existe nenhum caso relatado de microcefalia associado à febre chikungunya mesmo em mulheres grávidas que tiveram a doença.

A chikungunya pode deixar a pessoa paralítica?

Não. A chikungunya não causa paralisia nos nervos, mas pode causar imobilidade temporária nos pacientes por conta do inchaço generalizado e pela dor aguda e de forte intensidade, o que pode afetar as articulações do corpo.

Chikungunya pode ser transmitida através do sexo desprotegido?

Não. A doença transmitida pelo Aedes que comprovadamente pode ser transmitida pelo sexo é a zika e até o momento não há relatos de transmissão da febre chikungunya por via sexual.
O Chikungunya está cada dia mais preocupante, pois o número de casos vem aumentando cada vez mais.Compartilhe esse artigo com a sua rede de contatos, pois quanto mais gente tiver acesso a essas informações, maior será a prevenção contra o vírus e o mosquito transmissor!Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 01/11/2018
Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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