A leishmaniose é uma condição infecciosa não contagiosa causada por parasitas e que é considerada extremamente negligenciada.
De acordo com a DNDi (Drugs for Neglected Diseases initiative) — ou iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, em português —, isso acontece porque a leishmaniose tem prevalência em regiões pobres.
Com isso em mente, o Minuto Saudável preparou um conteúdo com as principais informações a respeito da doença, seus tipos, como acontece a transmissão, sintomas e tratamento. Confira!
Índice – neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:
Leishmaniose é uma doença causada por protozoários. Ela é classificada como uma antropozoonose, ou seja, uma doença própria de animais, mas que pode ser transmitida de maneira acidental para seres humanos.
A condição pode se manifestar de 3 maneiras diferentes e ser causada por até 30 tipos de protozoários do gênero Leishmania. Alguns dos principais protozoários causadores da doença são:
Esse protozoário, que pode ser encontrado em todo o Brasil, tem grande prevalência na região da floresta amazônica e costuma causar a leishmaniose tegumentar ou cutânea.
A espécie está presente no norte do Brasil, principalmente em regiões de floresta onde não ocorrem alagamentos. Assim como a amazonensis, costuma causar a versão cutânea da doença.
A espécie foi a primeira a ser classificada como causadora da leishmaniose. Apesar do nome, ela está espalhada por grande parte da América Latina e também causa o tipo tegumentar ou cutâneo da condição.
A Leishmania chagasi, também conhecida como Leishmania infantum, é a principal espécie responsável pelo tipo visceral da doença.
Existem 2 tipos diferentes de leishmaniose que são classificados de acordo com a região afetada: a tegumentar (cutânea) e a visceral. Entenda cada tipo a seguir:
A leishmaniose tegumentar, também chamada de cutânea, afeta principalmente a pele e, em certos casos, as mucosas, formando feridas e úlceras que podem ser grandes e doloridas.
É o tipo mais comum da condição, sendo causada por cerca de 20 dos protozoários do gênero leishmania e é transmitida pelo mosquito-palha (também conhecido como birigui e tatuquira) infectado, que pode contrair o parasita ao picar outros animais infectados.
Já a Leishmaniose mucocutânea é a variação mais perigosa do tipo cutâneo, pois afeta as mucosas e a cartilagem gerando úlceras. Ou seja, junto da pele, a parte interna da boca e do nariz são afetados, assim como a cartilagem que compõe o nariz e as orelhas.
Esse tipo da doença pode causar sérias deformações faciais nos lábios, orelhas ou nariz.
Normalmente, esse tipo tem como agente infeccioso o Leishmania braziliensis, mas em casos mais raros, a condição pode ser causada por outros tipos de protozoários do gênero leishmania.
A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é o tipo mais raro e perigoso da doença e pode ser causado por: Leishmania donovani e Leishmania chagasi ou infantum.
Esse tipo causa úlceras nos órgãos internos do paciente, principalmente naqueles que têm altas concentrações de células do sistema imunológico. Isso acontece pois os protozoários infectam as células fagocitárias,células imunológicas responsáveis pelo processo de envolver e eliminar micróbios infectantes.
Quando os protozoários são “engolidos” pelas células imunológicas, eles se reproduzem e, eventualmente, rompem as células, atingindo a corrente sanguínea e se espalhando por todo o corpo do (a) paciente.
O baço, o fígado e a medula óssea são alguns dos órgãos mais afetados pela condição que, se não tratada, pode levar à morte.
Em alguns animais, como por exemplo o cachorro, o protozoário pode não causar nenhum sintoma. E, nesses casos, não representa um perigo para o animal em si, mas um mosquito pode se contaminar caso o pique e, consequentemente, reiniciar o ciclo da doença.
Leia também: Malária: causa, sintomas, tratamento, transmissão, tem cura?
A leishmaniose é uma doença mais comum em animais do que em humanos. Em ambientes urbanos o animal mais afetado pela doença é o cachorro, que também serve de principal hospedeiro do parasita. Por outro lado, em áreas silvestres, a condição atinge em grande parte raposas e marsupiais.
Quando se fala de leishmaniose canina, trata-se da leishmaniose visceral, que causa sintomas como fraqueza, sonolência, perda de apetite, úlceras na pele e mucosa e nódulos em várias regiões, como a cabeça e pescoço.
Sem o tratamento adequado, a condição pode causar complicações graves no animal que pode, inclusive, ir a óbito, portanto, é importante que o cão tenha acompanhamento médico veterinário.
Além disso, infelizmente, não existe a cura garantida da leishmaniose canina.
O meio mais comum de transmissão do protozoário parasita causador da leishmaniose é a picada de mosquitos flebótomos, mais notadamente o mosquito palha.
Quando o mosquito palha consome o sangue de algum animal infectado, os protozoários vão para o estômago do inseto e começam a se desenvolver.
Depois de alguns dias, o protozoário atinge a saliva do mosquito, e quando ele pica outro animal, os parasitas entram na corrente sanguínea novamente, contaminando novos hospedeiros mamíferos.
Alguns grupos são mais propensos a desenvolver versões sérias da doença. São eles:
Devido aos problemas imunológicos causados pelo vírus HIV, o parasita se torna mais agressivo para pessoas que sofrem de AIDS. Portanto, o sistema imunológico incapaz de lidar com a doença permite que sua evolução seja rápida e perigosa.
A desnutrição enfraquece o sistema imunológico que, consequentemente, pode encontrar mais dificuldades em eliminar os parasitas, tornando pessoas desnutridas um grupo vulnerável.
Qualquer doença que comprometa o sistema imunológico abre o caminho para o desenvolvimento dos dois principais tipos da doença.
Pessoas que moram em regiões recentemente desmatadas sofrem risco de contaminação, já que os mosquitos que vivem na área de floresta podem migrar para a região urbana.
Visitas a regiões de florestas tropicais, como a Amazônia, podem expor as pessoas ao parasita leishmania, aumentando as chances de contração e evolução da doença.
Regiões mais pobres possuem maior número de casos de leishmaniose devido ao menor controle da população de mosquitos, das baixas condições de saneamento básico e da dificuldade de acesso ao tratamento da infecção parasitária, o que facilita a continuação do ciclo do protozoário.
Os sintomas da leishmaniose variam um pouco de acordo com o tipo da doença. Entre os principais sintomas do tipo tegumentar estão:
Além disso, quando as feridas atingem a região do nariz, podem causar sintomas como coriza, sangramento e entupimento. Em contrapartida, quando atingem a região da garganta causam tosse, rouquidão e dor ao engolir.
Já os principais sintomas do tipo visceral da doença são:
Na presença destes sinais, você deve procurar ajuda médica imediatamente para realização de um diagnóstico e posterior tratamento, visto que a leishmaniose é uma doença perigosa.
Leia também: Doença de chagas: tem cura? Sintomas, ciclo, transmissão
O (a) médico suspeita da leishmaniose quando o (a) paciente apresenta os sintomas de descamação e úlceras na pele.
No entanto, a doença, especialmente na versão visceral, pode passar despercebida por meses e é comum que seus sintomas sejam confundidos com outras condições como a malária, a febre tifóide e a doença de chagas.
Portanto, é necessário realizar alguns testes para a confirmação do diagnóstico. Descubra mais sobre os testes realizados para cada tipo da doença:
O diagnóstico desse tipo da condição costuma ser mais fácil devido ao fato de que as úlceras são bem visíveis e é possível coletar o material para uma amostra diretamente delas, ou seja, realizar biópsia.
O procedimento é realizado através de uma raspagem, que então é encaminhada para a análise em microscópio para a identificação do parasita.
Em contrapartida, o diagnóstico desse tipo da doença pode ser mais difícil devido ao fato de que muitos de seus sintomas são parecidos com os de outras doenças, o que faz com que a suspeita de leishmaniose possa demorar a surgir.
São extraídos materiais da medula óssea, do baço ou soro sanguíneo (parte do sangue sem os glóbulos vermelhos na qual são encontrados os anticorpos criados pelo sistema imunológico) para a realização de exames. Entre os exames que podem ser realizados estão:
Na maioria dos casos, a leishmaniose em humanos tem cura. Entretanto, nem sempre é possível se livrar completamente da doença e ela pode apenas ficar inativa. Em contrapartida, com os animais o oposto acontece: a cura é bastante difícil.
O tratamento tanto em humanos, quanto em animais, é feito através de medicação antimonial pentavalente.
Esse tratamento é considerado agressivo e pode causar diversos efeitos colaterais, como dores de cabeça, alterações hepáticas e edemas faciais, entre outros.
Os medicamentos comumente usados para a cura da leishmaniose em humanos, também disponíveis pelo SUS, são:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um (a) médico (a). Somente ele (a) poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Os casos mais graves da doença podem levar à morte, mas com tratamento adequado nos humanos, as chances de cura são elevadas.
Nos casos de calazar existe a chance de a doença evoluir para a leishmaniose dérmica pós-calazar. Essa condição tem sintomas como eritema facial e nódulos ou pápulas, pode aparecer até vinte anos depois da infecção e é comum em países como o Sudão e a Índia.
Algumas complicações podem surgir em decorrência da doença, tanto em humanos quanto em animais. Entre elas estão:
A prevenção da doença é feita por meio de alguns meios para evitar a contaminação. São eles:
Coleiras que liberam repelentes no animal podem ser uma medida tomada como forma de afastar os mosquitos, deixando o animal e os humanos a sua volta protegidos da doença.
Pode ser feito o uso de inseticidas como forma de matar o inseto que transmite a doença e, consequentemente, impedir que o ciclo do parasita continue.
Bloquear as janelas com redes para mosquitos (mosquiteiras) impede que eles entrem nas casas, dificultando que a doença se espalhe. Algumas redes podem conter inseticidas para eliminar o inseto.
Outra medida para prevenir a doença é realizar a limpeza frequente de terrenos, quintais e locais onde os cachorros domésticos ficam, evitando que esses ambientes se tornem focos para os mosquitos.
O uso de repelentes pode ser uma forma de evitar a picada de diversos mosquitos, incluindo o inseto transmissor da doença.
Tratar os infectados — tanto humanos, quanto animais — reduz a disseminação da doença através dos insetos que a transmitem.
Não há vacina contra a leishmaniose para humanos, mas para cães sim. A vacinação é extremamente importante para a prevenção de doenças em animais, protegendo de condições sérias como a raiva, os vermes e a leishmaniose.
A vacina contra leishmaniose deve ser aplicada aos quatro meses de idade do cãozinho e dividida em 3 doses separadas por 21 dias. Além disso, é importante que o imunizante seja renovado todos os anos para garantir a máxima proteção.
O cão vacinado fica com o sistema imunológico preparado para lidar com a doença, o que aumenta muito sua proteção contra a leishmaniose, que pode ser fatal, além de reduzir consideravelmente as chances de transmissão do parasita para um mosquito palha.
Ademais, proteger o seu cãozinho também é proteger todos ao redor dele, já que um mosquito poderia se contaminar e picar os outros, espalhando a doença.
A leishmaniose é uma doença grave que pode levar à morte. Porém, o tratamento adequado proporciona a cura para os humanos e menores chances de complicações para os animais.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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