Dietas terapêuticas são rotinas alimentares prescritas por especialistas para indivíduos que têm necessidades nutricionais específicas. Elas são mantidas, em geral, durante certo período.
Essas dietas auxiliam na recuperação de infecções, doenças e cirurgias, além de preparar o paciente para situações particulares como cirurgias e exames.
Dentre essas rotinas estabelecidas, temos a dieta obstipante. Para saber mais leia o texto abaixo!
A dieta obstipante, também conhecida como dieta sem resíduos, é uma rotina alimentar terapêutica estabelecida por nutricionistas.
Seu maior objetivo é evitar diminuir o trânsito intestinal quando há quadros de diarreia.
No entanto, a dieta obstipante também pode ser indicada para pacientes que irão realizar exames (colonoscopia, enema opaco, endoscopia), passar por cirurgias gastrointestinais, e realizar tratamentos delicados como a quimioterapia.
Em geral, os alimentos que são considerados laxativos, ou seja, que “soltam” o intestino e provocam o aumento das evacuações, devem ser reduzidos ou retirados da rotina.
Alguns alimentos retirados são frutas (com muitas fibras), verduras, pães integrais, temperos, carnes gordas, frituras e doces.
Já os que podem ser incluídos são carnes magras, pães com farinha branca, sucos coados de frutas e legumes cozidos (em forma de purê).
Dessa forma, esse plano alimentar tende a ser baseado em uma ingesta de 1500kcal (hipocalórica), além de:
Só é possível dar início a uma rotina alimentar obstipante após uma avaliação com médico(a).
A dieta obstipante para diminuir quadros de diarreia frequentes, devido a infecções virais ou bacterianas, uso de medicamentos como antibióticos, doenças inflamatórias e tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
Além disso, pode ser indicada em situações específicas, como a realização de exames gastrointestinais, durante o pré ou pós operatório.
Como método terapêutico, a dieta obstipante é muito importante para quem sofre com diarreia constantemente, visto que esse sintoma pode causar complicações mais graves como a desidratação.
A desidratação pode ocorrer devido à perda de líquido e sais minerais de modo contínuo por meio das fezes.
Caso o(a) paciente seja bebê ou idoso(a), é necessário dar ainda mais atenção, pois há a tendência de perder líquido com mais facilidade e rapidez.
Por isso, junto à alimentação, é recomendado que o consumo de água seja aumentado.
Segundo o manual de dietoterapia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, alguns dos casos mais comuns em a que pode ser realizada a dieta obstipante são:
As infecções no intestino podem ocorrer quando se consome algum alimento ou líquido que estava contaminado por um vírus, bactéria ou fungo.
De modo geral os sintomas (inclusive a diarreia), não costumam durar mais de 3 dias. Porém se após esse período os sintomas persistirem de modo intenso, é necessário retornar à consulta médica para novas avaliações.
Nesse caso, a alimentação obstipante pode ser prescrita somente por alguns dias enquanto durar o tratamento medicamentoso.
Pois, espera-se que com a eliminação dos microrganismos do intestino, os sintomas consequentemente parem de ocorrer, fazendo com que o(a) paciente possa voltar a sua rotina alimentar normalmente.
O uso prolongado de alguns medicamentos também pode provocar irritação no intestino, gerando um quadro de diarreia.
Isso ocorre principalmente com o uso de antibióticos que têm o objetivo de eliminar bactérias que causam infecções.
Porém, de vez em quando, os antibióticos eliminam bactérias que são positivas ao organismo e que vivem no intestino com o propósito de ajudá-lo a metabolizar e absorver nutrientes.
Nessa circunstância, a dieta obstipante pode ser prescrita durante o período de tratamento medicamentoso.
A rotina alimentar terá o objetivo de restaurar a microbiota intestinal (conjunto de bactérias que vivem no intestino).
Dessa forma, os sintomas, como a diarreia e náuseas, serão reduzidos.
O Transplante de Medula Óssea (TMO), é uma tentativa de acabar com doenças que afetam as células sanguíneas, como as leucemias e linfomas.
É na medula óssea que se encontram as células-tronco hematopoéticas, responsáveis pela geração de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, ou seja, todo sangue.
Por isso a medula antiga é trocada por uma que pode gerar novas células que sejam saudáveis.
Pacientes submetidos ao transplante podem apresentar alguns efeitos colaterais ao longo de todo trato gastrointestinal (boca, esôfago, estômago e intestinos). O que pode causar sintomas como náuseas, diarreias, cólicas, etc.
Dessa forma, a alimentação obstipante pode ser recomendada para aliviar os sintomas e proporcionar maior bem-estar para o paciente após o transplante.
Os movimentos peristálticos são muito importantes para o processo digestivo, pois eles “direcionam” os alimentos consumidos para cada órgão do sistema digestório até que ele se torne um bolo fecal e seja eliminado.
No entanto, esses movimentos podem ficar acelerados fazendo com que as evacuações sejam mais frequentes. Essa alteração pode ser diminuída por meio de uma alimentação obstipante.
O aumento do peristaltismo pode ser considerado sintoma de outras doenças como as inflamatórias intestinais (DII). Por isso é necessário procurar uma avaliação médica.
As doenças inflamatórias intestinais são enfermidades crônicas não contagiosas que atingem algumas partes do intestino. As mais comuns são:
A doença de Crohn é uma inflamação que atinge principalmente a parte interior do intestino delgado, chamada de íleo, e também do intestino grosso (cólon).
Ela é considerada um doença grave do intestino, e o tratamento deve ser iniciado assim que surgirem os primeiros sintomas.
E como parte desse tratamento, a dieta obstipante pode ser prescrita para evitar alguns sintomas que afetam o bem-estar do(a) paciente.
Essa inflamação atinge a região do cólon (intestino grosso), normalmente sua parte final.
Ela acaba provocando — além de diarreias frequentes — dores abdominais, úlceras e fezes com sangramento.
Sendo assim, a alimentação obstipante pode ser aconselhada por um(a) nutricionista como método terapêutico para aliviar as crises.
A realização de exames gastrointestinais é uma situação bem específica em que a rotina alimentar obstipante pode ser indicada.
Em geral, a dieta será prescrita para no máximo 3 dias que antecedem a aplicação dos exames.
As duas avaliações mais comuns de serem recomendadas uma alimentação obstipante são:
Com auxílio de um cabo (endoscópio) introduzido no ânus do(a) paciente, o médico ou médica irá verificar o interior do intestino grosso e também do intestino delgado.
Essa avaliação permite diagnosticar doenças intestinais que podem estar localizadas em determinadas partes do sistema digestivo (reto, cólon terminal e íleo).
O exame exige que seja feita uma dieta específica, com alimentos que produzem poucos resíduos ao final do processo digestivo.
A endoscopia é feita de maneira semelhante ao exame de colonoscopia (com auxílio de um cabo endoscópio), a diferença é que nesse caso o tubo é introduzido pela boca do(a) paciente.
As imagens captadas pelo endoscópio são transmitidas para um aparelho onde é possível identificar alterações na mucosa do esôfago, estômago e duodeno (primeira parte do intestino delgado).
A dieta obstipante pode ser prescrita de modo que somente sejam consumidos alimentos leves que sejam de fácil digestão.
Em casos de cirurgias gastrointestinais, a dieta obstipante pode ser indicada com intuito de preparar o(a) paciente para uma cirurgia. Ela também pode auxiliar na recuperação e cicatrização após o procedimento.
Ademais, a rotina alimentar adequada ajuda na redução de possíveis complicações que podem surgir devido à cirurgia, como inflamações e infecções no organismo.
Durante o tratamento de doenças graves como o câncer (independente do tipo), o consumo adequado de alimentos é fundamental.
Pois a alimentação é fonte de nutrientes essenciais para a manutenção do organismo (principalmente do sistema imunológico) ao longo desse processo tão delicado.
Em especial, nessas duas formas de tratamento:
A quimioterapia é um método que utiliza substâncias anticancerígenas para destruir células doentes.
Algumas das substâncias prescritas podem causar diarreias frequentes, favorecendo a desidratação e perda de nutrientes, como sais minerais e vitaminas.
Nessa ocasião, a rotina alimentar obstipante pode auxiliar para regular o intestino e evitar a perda de peso — o que é extremamente prejudicial durante o tratamento.
A radioterapia é uma forma de tratamento por meio de raios ionizantes.
Semelhante à quimioterapia, pode ocorrer a perda de peso devido às crises frequentes de diarreia, afetando o quadro geral do(a) paciente e dificultando o tratamento.
Por isso a alimentação obstipante pode ser benéfica nesse caso.
Segundo o manual de dietoterapia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, os alimentos permitidos na dieta obstipante são aqueles pobres em fibras.
Pois a intenção é que se produza o mínimo de resíduos possíveis após o processo de digestão.
Porém, isso não significa que a rotina alimentar estabelecida por um(a) especialista será a mesma para todos os casos. Por isso, cada caso é analisado individualmente por profissionais.
Há inúmeros problemas que podem desregular o sistema gastrointestinal e provocar quadros frequentes de diarreia.
Sendo assim, para cada paciente será determinada uma alimentação que seja adequada à sua situação.
Seja ela uma doença inflamatória grave, irritação ou alergia, como também ocasiões mais específicas como a realização de exames e cirurgias (pré e pós).
No entanto, de modo geral, os alimentos permitidos durante a dieta obstipante são:
As frutas que podem ser incluídas são a maçã e a banana, pois ambas têm menos fibras solúveis, resultando na “prisão” do intestino — o que é benéfico para diminuir a diarreia.
Elas devem ser ingeridas bem cozidas ou assadas, preferencialmente sem casca e sementes.
Também se pode priorizar os sucos, já que, se forem coados, têm a quantia de fibras reduzidas consideravelmente.
Batata, cenoura, chuchu, mandioquinha e cará são legumes permitidos durante a alimentação obstipante.
Todos devem estar descascados, sem sementes e bem cozidos antes de serem consumidos.
As carnes permitidas são as consideradas magras, devido ao baixo índice de gordura presente nelas. Alguns exemplos são patinho, maminha, lagarto, filé mignon, coxão mole e coxão duro.
Além disso, frango (sem pele) e peixe podem ser incluídos. Independente do tipo de carne escolhida, é necessário cozinhar, assar ou grelhar antes de comê-las.
Os alimentos à base de cereais que podem ser incluídos nas refeições obstipantes são aqueles que apresentam menor índice de fibras.
Dessa forma, torradas, bolacha água e sal, pão branco de forma, pão francês, por exemplo. Também é possível consumir outras fontes de carboidratos como arroz branco e macarrão.
As bebidas recomendadas são sucos naturais (limão, maracujá, maçã e caju, pera e goiaba) bem coados.
Além disso, leite de soja ou com baixa lactose e chás de ervas claras (erva doce, camomila, cidreira) são indicados.
Para adoçar, devem ser utilizados adoçantes em sachê. E caso deseje comer uma sobremesa, a gelatina diet é uma boa opção.
Os alimentos que devem ser evitados na rotina alimentar obstipante são os que contêm quantidade elevada de fibras (que “soltam” o intestino).
Além disso, aqueles que são considerados pesados para o organismo e que podem causar irritação no organismo também são proibidos.
Dessa forma, alguns exemplos são:
Alimentos que são fontes de gorduras como a gema do ovo, banha, manteiga, carnes gordas e frituras devem ficar fora das refeições obstipantes.
Pois, ao serem consumidas podem fazer com que o intestino fique “solto”, provocando diarreias.
Exceto os leites vegetais, os demais tipos e derivados como queijos, requeijão, creme de leite e leite condensado são retirados da dieta.
O principal motivo é que esses alimentos contém lactose (principal açúcar do leite), que em alguns casos o organismo não consegue fazer a digestão completa.
Verduras têm uma quantidade considerável de fibras, com poucos carboidratos e proteínas. Dessa forma, tendem a auxiliar o movimento intestinal. Dessa forma, devem ser evitadas as verduras, sobretudo se forem cruas.
Semelhante às verduras, alimentos à base de grãos e cereais integrais são proibidos na dieta obstipante por serem fontes de fibras.
As fibras por sua vez, podem aumentar a velocidade de formação de fezes, fazendo com que as idas ao banheiro sejam maiores.
Doces, salgadinhos, pizzas, condimentos, refrigerantes são alimentos considerados “pesados” para o organismo, por isso devem ser evitados.
Eles tendem a provocar irritação no sistema gastrointestinal, fazendo com que as evacuações tornem-se mais rápidas e frequentes (diarreia).
Para fazer uma dieta obstipante é necessário passar por uma avaliação com profissionais que irão prescrever a rotina alimentar ideal para o seu caso.
Com a rotina estabelecida, o próximo passo é seguir à risca todas as recomendações, desde dos alimentos selecionados até o modo de preparo e consumo deles.
Caso contrário, a alimentação não irá surtir o efeito desejado, seja para reduzir sintomas como a diarreia ou para a realização de exames e cirurgias.
Além disso, é importante comer os alimentos na quantidade certa e nos horários prescritos.
Para ilustrar uma rotina alimentar obstipante, o manual de dietoterapia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo disponibilizou um exemplo:
Café da manhã | Porção |
Leite baixa lactose | 200mL |
Adoçante sachê | 0,16g |
Geleia diet sachê | 30g |
Pão francês/pão bisnaga/pão de forma | 50g ou 2 fatias |
Suco de caixa diet | 200mL |
Fruta cozida | 100g ou 1 und |
Almoço | Porção |
Sopa de legumes, cereais e carne | 200mL |
Arroz | 100g |
Carne bovina/ave/peixe | 120g a 150g / 150g a 180g |
Legumes sem casca e sem sementes | 100g |
Sobremesa diet ou fruta cozida | 80g/100g ou 1 unid |
Suco de caixa diet | 200mL |
Lanche da tarde | Porção |
Suco de caixa diet/ água de coco | 200mL |
Pão bisnaga/biscoito/pão de forma | 50g/24g/2 fatias |
Geleia diet sachê | 15g |
Fruta cozida | 100g ou 1 und |
Lanche da noite | Porção |
Chá | 200mL |
Adoçante sachê | 0,16g |
Torrada sachê | 15g |
Geleia diet sachê | 15g |
A diarreia costuma ser comum em bebês devido a alguma infecção ocasionada por vírus ou bactéria, que em geral são facilmente tratáveis.
Ademais, a diarreia também pode ocorrer durante a introdução de alimentos além do leite materno no cardápio do bebê.
Pois essa fase é considerada por especialistas um período de descoberta da criança tanto dos sabores quanto das reações que cada alimento provoca em seu organismo.
Porém, é necessário estar atento(a) se o quadro de diarreia durar mais de 14 dias. Pois, isso pode indicar situações mais graves e que necessitam de investigação médica.
Por isso, é importante marcar uma consulta com um(a) pediatra, para que ele(a) identifique o fator que está motivando a diarreia e iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Em relação à dieta obstipante que pode ser estabelecida para bebês, ela não costuma ser diferente da recomendada para adultos.
Dessa forma, alguns alimentos que podem ser indicadas por um(a) pediatra são:
No entanto, alguns alimentos podem ser retirados ou permitidos dependendo do caso e também da tolerância do organismo da criança.
Além da dieta e alguns medicamentos que podem ser utilizados no tratamento, também pode ser indicado a utilização de soro caseiro, para evitar a desidratação do bebê durante esse período.
Manter uma rotina alimentar adequada e saudável é essencial durante toda a vida, porém há casos em que o cuidado deve ser ainda maior.
Se você gostou de saber o propósito da dieta obstipante, que tal conhecer mais sobre outras dietas? O Minuto Saudável tem vários artigos sobre!
Rafaela Sarturi Sitiniki
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