Provavelmente você já ouviu falar nesta doença, seja pelo nome ascaridíase ou por lombriga, como é popularmente conhecida pela maioria das pessoas.
Em torno de doenças como essas, causadas por vermes, muitos mitos surgem, tais como a ideia de que a doença provoque desejo na criança de comer doces e outras guloseimas.
Para se ter uma ideia da incidência da doença, em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou mais de 980 milhões de casos de pessoas infectadas pelo parasita no mundo, sendo as crianças em idade escolar as mais afetadas.
No texto a seguir, nós explicamos o que a ascaridíase realmente provoca e como se prevenir. Continue lendo para saber mais!
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
A ascaridíase, conhecida popularmente por lombriga, é uma verminose causada pelo parasita Ascaris lumbricoides. É uma das infecções mais comuns transmitida através do contato com ovos do verme, que são excretados nas fezes do paciente.
Essa é uma transmissão considerada fecal-oral, pois as outras pessoas só contraem a doença em contato com os ovos, ou seja, das fezes.
Dessa forma, em regiões em que não há saneamento básico, onde fezes são usadas como esterco ou quando a pessoa possui uma higiene pessoal precária, os alimentos e a água podem ficar contaminados e a doença é transmitida.
Ao entrar em contato com o organismo, os ovos são liberados no estômago do paciente e ali começa o ciclo da doença, em que, ao entrarem na corrente sanguínea, as larvas passam pelos pulmões e depois retornam para o intestino delgado, onde chegam até a fase adulta.
Lá, as fêmeas produzem cerca de até 200 mil ovos, que são liberados nas fezes humanas.
Em muitos pacientes, a doença não provoca sintomas. No entanto, pode causar dor na região abdominal, náuseas, vômito, obstrução intestinal e inchaço. Em casos não tratados, pode provocar complicações.
A melhor forma de se prevenir contra essa doença é através de medidas de higiene pessoal.
Na Classificação Internacional de Doenças, CID-10, a ascaridíase é encontrada pelo código B77 e nas segmentações:
Assim como a ascaridíase, a ancilostomose (conhecida também por ancilostomíase ou amarelão) também é uma doença provocada por parasitas que se instalam no intestino humano. É mais uma verminose entre outras como a esquistossomose, filariose, amebíase, teníase, bicho geográfico, giardíase e oxiurose.
Diferente da ascaridíase, que é provocada pelo Ascaris lumbricoides, a ancilostomose é causada pelo Ancylostoma duodenale ou Necator americanus.
Esses vermes podem entrar no organismo da pessoa penetrando a pele, quando ela anda descalça no solo contaminado, por exemplo.
Por isso, tem como sintomas irritação na pele, dor de barriga, diarreia e anemia, sendo esse último um dos mais característicos da doença.
A anemia provocada pelos vermes no intestino deixa o paciente com um tom mais amarelado na pele ou com palidez.
A causa da ascaridíase é a infecção pelo Ascaris lumbricoides, um verme parasitário conhecido popularmente como lombriga. Esses são vermes considerados macroparasitários, pois podem ser vistos a olho nu e que normalmente se alojam no intestino do paciente.
Quando adultos, esses vermes podem chegar em um tamanho entre 15 e 35 centímetros. De diâmetro, essas lombrigas possuem de 0,25cm a 0,5cm. Nos hospedeiros (nesse caso, os humanos), elas podem viver entre 1 e 2 anos.
Ao chegar no intestino, as larvas passam por um processo de maturação até chegar a esse tamanho, o que pode levar de 2 a 3 meses.
Quando adultas, as fêmeas produzem ovos em uma quantidade abundante, podendo chegar até a 200 mil ovos ao dia. Eles são excretados nas fezes e são um risco de infecção para outras pessoas quando entram em contato com o solo, água ou alimentos.
A ascaridíase não é uma doença transmitida diretamente de uma pessoa para a outra, sendo adquirida através da ingestão de água e alimentos contaminados que possam ter entrado em contato com o solo ou com fezes humanas, onde há os ovos dos vermes.
Por isso, é mais comum em áreas com saneamento básico precário. No solo, os ovos podem sobreviver por anos, especialmente em superfícies úmidas e com a temperatura adequada.
Por esse motivo, as crianças costumam ser as mais afetadas, pelo risco de brincarem no solo contaminado ou de levarem objetos infectados à boca.
O parasita responsável por causar essa doença, o Ascaris lumbricoides, possui um ciclo de vida, em que é possível entender melhor como acontece a infecção e de que forma é possível prevenir-se para diminuir o número de casos da doença.
Esse ciclo parte do ponto em que o único hospedeiro do parasita é o homem. No organismo humano, vivem, normalmente, no intestino delgado. Nessa região, as fêmeas produzem os ovos que serão excretados pelas fezes. A quantidade de ovos produzidos por dia é alta, cerca de 200 mil ovos.
Os ovos liberados nas fezes da pessoa infectada, quando em contato com o solo, são fertilizados e se desenvolvem ali.
É nesse momento em que o risco de infecção acontece. Em contato com esses ovos, muitas vezes presente na água ou alimentos que tiveram contato com as fezes, é que uma nova infecção pode ocorrer, por transmissão fecal-oral.
Através do sistema digestivo, portanto, os ovos entram em contato com o organismo e as larvas do parasita presentes nos ovos eclodem no intestino.
As larvas invadem a corrente sanguínea ao atravessar a parede intestinal e, consequentemente, chegam até o coração e o pulmão. Quando isso acontece, chama-se ciclo pulmonar.
Nessa fase, podem provocar sintomas parecidos com um quadro de pneumonia. Posteriormente, passam pelos alvéolos (estruturas pulmonares responsáveis pela troca gasosa) e se deslocam ao aparelho respiratório e pela garganta, onde são engolidas e vão até o intestino.
No intestino, as larvas se desenvolvem e crescem. Podem chegar em um comprimento que varia de 15 a 35 centímetros quando adultos. Geralmente, os parasitas machos são menores que as fêmeas.
Uma pessoa pode apresentar um número muito alto de parasitas no intestino delgado, mas eles não são capazes de provocar a infecção, somente os ovos.
Sabe-se ainda que os Ascaris, quando adultos, não se multiplicam dentro do intestino. Assim, para que uma pessoa tenha um número cada vez maior de vermes no intestino é preciso que ela ingira novos ovos do parasita.
Quando isso não acontece, os vermes presentes na pessoa infectada tendem a morrer dentro de 2 anos e, assim, a pessoa deixa de estar contaminada.
Porém, não é o comum de acontecer devido à exposição constante aos fatores de risco. Ou seja, geralmente a pessoa continua em contato com solo ou ambientes infectados, prolongando o ciclo.
Os grupos mais vulneráveis à infecção provocada pela Ascaris lumbricoides são aqueles que habitam regiões com saneamento básico precário, que possuem uma higiene pessoal inadequada ou que moram em locais onde as fezes humanas possam ser usadas como fertilizante.
Outros fatores que estão associados à doença são o calor e a umidade. Por isso, regiões que se encaixem dentro desse perfil são também consideradas de maior risco para a doença.
As crianças também são consideradas um grupo de risco, pelo alto índice de infecção devido à falta de incentivo à higiene pessoal.
A manifestação de sintomas pode variar para cada paciente e depende do estágio da doença. Algumas pessoas são assintomáticas, outras apresentam sinais característicos da infecção. Quando as larvas entram na circulação sanguínea e chegam ao pulmão, os sintomas são semelhantes a um quadro de pneumonia.
Nesse momento, quando os parasitas chegam até os pulmões através da corrente sanguínea, o paciente com ascaridíase pode ter febre, tosse, escarro (com presença de sangue em alguns casos) e respiração dificultosa.
Dentro do ciclo da doença, após a infecção pulmonar, as lombrigas se alojam no intestino. É comum que os pacientes sintam desconforto na região abdominal e inchaço por conta da presença dos parasitas.
É comum nos quadros de ascaridíase que as pessoas sintam enjoo e tenham vômitos pela presença dos parasitas.
Quando há uma quantidade muito grande de parasitas no intestino do paciente, pode ocorrer a formação de uma espécie de novelo que causa obstrução intestinal.
Essa condição gera bastante dor e inchaço no paciente, além de prejudicar a digestão e absorção de nutrientes.
Um sinal mais visível da doença que pode ocorrer também é a presença de ovos e vermes nas fezes.
Em alguns casos, os parasitas já na fase adulta migram para a região do nariz e boca do paciente, em uma situação bastante desconfortável e agoniante. As crianças infectadas podem não crescer ou ganhar peso normalmente.
O diagnóstico da ascaridíase pode ser realizado por um médico clínico geral, mas também por infectologistas ou gastroenterologistas. Para confirmar a doença, além do médico analisar os sintomas, ele pode solicitar um exame de fezes para ver se há presença de ovos de Ascaris lumbricoides.
Uma das desvantagens do diagnóstico feito através do exame de fezes é que os ovos só estão presentes cerca de 40 dias após a contaminação do paciente.
Por isso, diagnosticar a doença ainda no seu início é mais difícil.
No entanto, em estágio mais evoluído, é possível detectar os ovos dessa verminose.
Pode ocorrer, em alguns casos, a eliminação dos vermes pela boca e pelas fezes também. Nesses casos, é importante que o paciente recolha o verme para levar até o médico, para um exame laboratorial.
Sim, mas pode retornar. Mesmo após medicação para eliminar a infecção, os vermes e os ovos, pode ser que o paciente volte a ter a doença por resistência de algum dos ovos ou por reinfecção, já que o ambiente em que a pessoa mora é um dos fatores de risco.
O tratamento da ascaridíase é feito através da orientação do uso de medicamentos vermicidas, com os princípios ativos Mebendazol, Ivermectina ou Albendazol.
Em algumas condições, esses medicamentos são contraindicados, pelo risco de complicações ou efeitos colaterais que podem provocar. É o caso das gestantes, que não devem tomar quando o médico entende que há risco de provocar complicações no feto.
Pode acontecer em alguns pacientes com ascaridíase a obstrução intestinal, provocada pelos vermes.
Em casos não tão graves, o tratamento é feito com medicamento, mas quando a quantidade de parasitas provoca uma obstrução mais severa, pode ser necessária cirurgia ou endoscopia para remoção.
É importante que após o diagnóstico da doença, os familiares do paciente também realizem exames para confirmar se também foram infectados. Além disso, é recomendado a realização de novos exames de fezes após 3 meses do tratamento.
O Albendazol é um medicamento de dose única destinado à adultos na dosagem de 400g/dia. Para crianças, a recomendação é de que seja de 100mg/dia. Pode ser tomado de 1 a 3 dias consecutivos.
O Mebendazol, no entanto, é um medicamento usado de 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. A dosagem é de 100mg independente da idade do paciente ou peso corporal.
Os medicamentos que possuem Ivermectina, por outro lado, consideram o peso e idade do paciente para determinar a dosagem adequada ao tratamento. Por isso eles devem ser tomados de acordo com a orientação médica.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
O prognóstico da ascaridíase, quando há diagnóstico precoce e tratamento adequado, é positivo. No entanto, quando a doença evolui ao ponto de ter um número muito alto de vermes no organismo, o prognóstico pode não ser tão bom, pois o risco de complicações é maior.
A produção de novos ovos é muito alta, o que é um risco para a pessoa infectada. Além disso, os parasitas podem chegar a um comprimento grande e se reproduzirem ao ponto de causar uma obstrução intestinal.
Na maior parte das pessoas infectadas, a ascaridíase não provoca complicações e, em alguns casos, nem mesmo manifesta sintomas.
Contudo, algumas pessoas podem ter um quadro mais agravado por conta desses parasitas, especialmente quando eles se reproduzem em grande quantidade no organismo do paciente.
As principais complicações dessa doença incluem:
Quando ocorre a proliferação dos vermes, eles formam uma espécie de novelo no intestino do paciente. Assim, a passagem dos alimentos e líquidos pela região é prejudicada, causando também constipação, inchaço e desconforto.
Em casos mais graves, quando o paciente não recebe tratamento, esse bloqueio do intestino pode provocar uma necrose na região obstruída, causando problemas mais graves de saúde.
Além da obstrução intestinal, os pacientes com ascaridíase podem sofrer com bloqueios na garganta, uma vez que as larvas passam pelo pulmão durante o ciclo no organismo. Nessa situação, o paciente pode ter uma asfixia.
As lombrigas podem causar buracos no intestino, acarretando em uma dor constante e hemorragias.
É uma inflamação que acomete a vesícula biliar, órgão em que a bile (fluido produzido no fígado) fica armazenada.
Essa doença normalmente é causada por pedras que causam obstrução no tubo que liga essa vesícula ao intestino delgado.
No caso dos pacientes com ascaridíase, a inflamação acontece pela presença dos parasitas na região. Nesse tipo de complicação, o paciente apresenta dor intensa e inchaço na parte superior direita da barriga, sendo necessário cirurgia para remover os vermes.
A pancreatite aguda é uma inflamação no pâncreas. É uma complicação da ascaridíase quando os parasitas se espalham pelo organismo, atingindo essa glândula.
Boa parte dos nutrientes que adquirimos através da alimentação são absorvidos no intestino delgado. Na ascaridíase, a presença dos vermes pode causar um prejuízo nessa absorção, deixando o paciente carente de ferro e vitaminas, por exemplo.
A prevenção contra essa doença é simples, mas nem sempre todas as medidas são de responsabilidade do paciente, como ter um sistema de saneamento básico de qualidade. Felizmente, há vários outros hábitos que ajudam a reduzir o risco de infecção que as pessoas devem adotar.
Os principais são:
Uma das principais formas de prevenção é manter o hábito de lavar muito bem as mãos com água e sabão, especialmente antes de preparar os alimentos, após ir ao banheiro ou ao ter contato com animais.
Morando em áreas de risco ou não, esse costume ajuda a prevenir essa e outras doenças infecciosas.
É importante lavar e cozinhar muito bem os alimentos.
Se possível, evitar os produtos que possam ter entrado em contato com o solo contaminado, como os plantados regiões em que se utilizam fezes de suínos ou de humanos como esterco.
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Por serem um dos grupos mais afetados, é fundamental ensinar e estimular nas crianças o hábito de lavar sempre as mãos e não colocá-las na boca, para evitar essa e outras doenças.
Crianças que moram em regiões rurais e que estão em contato com animais, como os suínos, devem ser supervisionadas para que evitem colocar a mão na boca.
No diagnóstico primário, um médico clínico geral pode orientar o paciente ao tratamento. No entanto, em casos de complicações, outros especialistas podem acompanhar o quadro, como médicos infectologistas, pneumologistas e gastroenterologistas.
Enquanto os parasitas estiverem produzindo ovos e eles forem liberados nas fezes, a doença poderá ser transmitida. Por isso, esse período é longo quando o paciente não recebe tratamento.
Considerando o fato das fêmeas dos parasitas produzirem cerca de 200 mil ovos por dia e a duração média de vida dos vermes ser de 12 meses, sabe-se que a transmissibilidade da doença é longa.
Além disso, nas condições favoráveis, esses parasitas podem viver por anos no solo.
Fora do hospedeiro, o período de incubação dos ovos de Ascaris lumbricoides até o desenvolvimento das larvas é de cerca de 20 dias. No organismo da pessoa infectada, o tempo da infecção com os ovos embrionados até a presença das larvas nas fezes pode variar de 60 a 75 dias.
O contágio acontece quando uma pessoa entra em contato com os ovos do parasita, que são eliminados nas fezes humanas. É uma doença resultado da transmissão fecal-oral, associada à ingestão de alimentos e água contaminados com os ovos, muitas vezes eliminados no solo (plantio).
A ascaridíase, ou lombriga, é uma das infecções mais comuns que acometem a região intestinal. Apesar de ser facilmente prevenida com medidas de higiene pessoal e ser rara em lugares com saneamento básico de qualidade, ainda é um risco para muitas pessoas que vivem em locais com condições precárias de higiene ou que usam fezes como fertilizante.
Por isso, é importante reforçar os riscos que a doença pode trazer e como é possível se prevenir. Obrigada pela leitura até aqui e compartilhe essas informações com mais pessoas!Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 15/04/2018
Rafaela Sarturi Sitiniki
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