Saúde

Bicho geográfico: como é a transmissão e qual o tratamento?

Publicado em: 23/07/2020Última atualização: 02/09/2020
Publicado em: 23/07/2020Última atualização: 02/09/2020
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A pele é um órgão formado por diversas camadas que, juntas, revestem todo o corpo humano. Assim como outras partes do organismo, ela pode ser afetada por doenças, como micoses, por exemplo.

Nesses casos, manifestações como a coceira são sintomas típicos e comuns desses problemas. 

Entretanto, caso o prurido seja acompanhado de vermelhidão, bolhas e lesões, pode ser um sinal de infecção pelo bicho geográfico, um parasita da pele.

Quer saber mais sobre o assunto? Continue lendo!

O que é bicho geográfico? 

O bicho geográfico, também chamado de Larva migrans cutânea, é uma dermatite provocada por larvas de parasitas que habitam o intestino de cães e gatos.

Quando entram em contato com humanos, essas larvas perfuram a pele e vagam pelas camadas subcutâneas, se alimentando desses tecidos. 

Ao se locomoverem por dentro da pele, elas deixam marcas vermelhas visíveis por onde passam, formando uma imagem semelhante à um mapa e, por isso, recebem o nome de bicho geográfico. 

De maneira geral, os tipos mais comuns de parasitas são o Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, e provocam sintomas como coceira intensa, inchaço e bolhas no local.

Antes de adentrarem ao corpo humano, os parasitas na forma adulta infectam animais como cães ou gatos por meio de água e alimentos contaminados, e se desenvolvem em seu intestino. Depois, liberam ovos, que saem nas fezes dos bichinhos.

Se as fezes forem deixadas em solos úmidos e quentes, os quais são ideais para a eclosão e desenvolvimento das larvas (como a areia da praia ou terra), e houver o contato entre elas e a pele humana, pode ocorrer a contaminação.

Em pessoas que estejam com ferimentos na pele a infecção é ainda mais propensa, uma vez que a as larvas podem se aproveitar de ferimentos para entrar com maior facilidade ao corpo humano. 

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É contagioso? Como ocorre a transmissão?

Não. O bicho geográfico não passa de uma pessoa para a outra e, dessa forma, não é uma doença contagiosa.

A transmissão ocorre por meio do contato direto da pessoa com locais infectados pelas larvas parasitas. 

De maneira geral, o ciclo completo do bicho geográfico é composto de 2 etapas: o primeiro ciclo, que ocorre nos animais, e o segundo ciclo, que ocorre nos humanos. Especificamente, eles são:

Primeiro ciclo

O primeiro ciclo do bicho geográfico ocorre quando há a infecção de cães e gatos. Por meio da própria pele ou alimentos e água contaminados, os animais entram em contato com o parasita na forma já adulta, que passa a se alocar em seus intestinos.

Esses parasitas produzem ovos, que em algum momento são eliminados nas fezes do animal. Após um tempo, esses ovos eclodem e novas larvas surgem.

Como é comum que os pets realizem as necessidades em locais muitas vezes inapropriados e de comum acesso, como a areia da praia e parquinho infantil, esses locais podem ficar infectados.

Quando as pessoas tocam ou entram em contato com essas superfícies ou solos contaminados, há a possibilidade de o parasita penetrar na pele do humano, o que posteriormente irá causar o conhecido bicho geográfico. 

Segundo ciclo

O segundo ciclo de vida do bicho geográfico é dentro do corpo humano. Após a pessoa entrar em contato com locais contaminados, as larvas perfuram sua pele e geralmente demoram de 3 a 7 dias até que comecem a mover-se e desencadear os primeiros sintomas.

Assim que iniciam os movimentos abaixo da pele, elas provocam rastros vermelhos pela pele e coceira intensa.

De maneira geral, elas sobrevivem entre 4 a 8 semanas no corpo e são eliminadas de forma espontânea após esse tempo.

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O que o bicho geográfico pode causar?

De forma geral, o bicho geográfico não é de grande risco para quem se contamina. Por penetrar apenas de forma superficial, geralmente não há grandes evoluções no problema.

As larvas não conseguem completar seu ciclo de reprodução e chegar ao intestino dos humanos, o que pode apenas ser feito em hospedeiros animais. Dessa forma, elas vagam pela pele da pessoa até que não sobrevivam mais.

Nesse caso, ocorrem apenas incômodos como coceira intensa, inchaço, formação de bolhas e lesões vermelhas por onde a larva passa. 

Entretanto, em alguns casos, há possibilidade de infecções secundárias no organismo, com a contaminação de bactérias nas lesões causadas pela larva. 

Com a infecção, há a chances do aparecimento de celulites infecciosas — quando as bactérias entram na pele e provocam sintomas como dor, inchaço e vermelhidão intensa no local.

Sintomas: como saber se estou com bicho geográfico?

Os sintomas do bicho geográfico são, em geral, bem característicos. Durante os primeiros dias da infecção, é comum o aparecimento de um ponto avermelhado na região afetada.

Locais como os pés e pernas são os mais comuns de ocorrer o problema, já que estão mais facilmente em contato com o solo. Porém, as costas, braços, coxas e glúteos também podem ser afetados pelo parasita.

Após a vermelhidão, os sintomas que podem se manifestar são: 

  • Coceira intensa;
  • Inchaço na região;
  • Linhas vermelhas pela pele;
  • Sensação de movimento nos tecidos subcutâneos;
  • Aparecimento de bolhas.

É comum que a coceira se intensifique durante o período da noite, horário em que as larvas tendem a movimentar-se de maneira mais intensa.

Vale ressaltar também que, apesar de haver a possibilidade de cura espontânea, é importante consultar um(a) médico(a), que indicará a melhor forma de tratar o problema.

Isso, pois não há um padrão de desaparecimento da doença, podendo durar apenas alguns dias ou até mesmo meses. Há também a chance da manifestação de infecções secundárias, as quais devem ser tratadas de maneira correta por um(a) profissional. 

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Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do bicho geográfico é clínico e baseado nos sinais visíveis e sintomas relatados pelo(a) paciente. Seu histórico também é levado em consideração para confirmar se houve contato com locais com um possível surto da doença.

Em alguns casos, podem ser utilizados mecanismos como a dermatoscopia e a ultrassonografia. 

A dermatoscopia é um exame feito com o auxílio de um instrumento chamado dermatoscópio, que atua como uma lente de aumento e melhora a visualização das camadas da pele, permitindo uma inspeção mais profunda.

Já a ultrassonografia consiste em um exame que possibilita visualizar o interior do organismo e, nesse caso, tem como objetivo ver as estruturas internas da pele. Com isso, é possível verificar a presença de larvas e seus fragmentos.

Bicho geográfico na gravidez: quais os perigos?

De maneira geral, não há maiores riscos ou predisposição da doença para mulheres grávidas. Entretanto, é muito importante informar ao médico ou médica caso ocorra algum sintoma do problema.

Isso, pois é preciso fazer uso de medicamentos para combater a infecção, o que pode, em alguns casos, trazer riscos à gestação.

Pode estourar a bolha do bicho geográfico?

Não é indicado estourar as bolhas formadas na pele pelo bicho geográfico. Isso, pois há o risco de infecções secundárias, com a proliferação de bactérias no local, logo que com a bolha estourada, a pele estará ainda mais exposta a esses microorganismos.

Outro ponto é que, ao mexer na bolha, provavelmente irá lesionar ainda mais a pele que já está sensibilizada, podendo provocar machucados e cicatrizes duradouras. 

Como tratar bicho geográfico?

O tratamento do bicho geográfico geralmente é feito com medicamentos antiparasitários em forma de pomadas ou comprimidos.

Em geral, esse tipo de medicação atua inibindo a energia das larvas e ovos, provocando seu enfraquecimento e eliminação. Sintomas, como a coceira, também podem ser minimizados com o uso do fármaco.

Nos casos em que ocorra a infecção das lesões, pode ser indicado também o uso de anti-inflamatórios. Após 3 a 4 dias de tratamento geralmente o(a) paciente percebe os primeiros sinais de melhora.

Existe tratamento caseiro?

O tratamento ideal e seguro para o bicho geográfico é utilizar medicamentos específicos para a eliminação de parasitas. Porém, existe uma terapia alternativa que pode auxiliar no combate do problema.

Acredita-se que o contato das larvas com baixas temperaturas pode ajudar em sua eliminação, já que sua condição de vida ideal é em climas tropicais. 

Dessa maneira, a aplicação de compressas de gelo no local afetado algumas vezes por dia pode ajudar no combate às larvas.

Quais os remédios para bicho geográfico?

Para eliminar o bicho geográfico, os remédios consistem em antiparasitários e anti-helmínticos, que atuam combatendo parasitas.

Existem 2 medicamentos mais indicados para o tratamento: Tiabendazol e o Albendazol. Ambas as medicações atuam na eliminação de diferentes parasitas e, entre eles, a Larva migrans cutânea.

O Tiabendazol é recomendado em forma de pomada, para ser aplicado diretamente sob a pele. Já o Albendazol geralmente é prescrito em casos mais avançados, sendo de uso oral em forma de comprimidos.

Como prevenir?

O bicho geográfico é um problema transmitido por meio do contato direto com locais contaminados. Por isso, para evitar a infecção pelas larvas do parasita, existem alguns cuidados que podem ser tomados.

Ações simples como andar apenas de chinelos em locais em que não se sabe o nível de higienização, usar canga ou esteira ao deitar na areia da praia e recolher as fezes de animais podem prevenir de forma eficaz o problema.

Especificamente, alguns cuidados que podem ser tomados para cuidar de si e das outras pessoas são:

Não levar cães e gatos para a praia

É normal que um bichinho de estimação faça parte da família e seus tutores queiram levá-lo à praia. Entretanto, a presença de cães e gatos na areia pode ser um problema, pois há o risco de contaminação.

Não há como controlar em qual momento o pet irá precisar evacuar, por exemplo. Caso isso ocorra em locais com solos propícios para o desenvolvimento dos ovos do bicho geográfico, como a areia, e o animal esteja infectado, há riscos de humanos se contaminarem posteriormente.

Recolher as fezes de animais

Tanto na praia quanto em qualquer outro lugar, caso o pet evacue é de extrema importância que seu tutor ou tutora recolha as fezes logo em seguida.

Se o animal estiver infectado, retirar as fezes do solo evita que os ovos do bicho geográfico se desenvolvam, prevenindo a proliferação de larvas no local.

Ao deitar na areia, usar canga ou esteira

Ao visitar a praia, muitas pessoas costumam deitar na areia para se bronzearem, por exemplo. 

Não há problema nisso, entretanto, é importante que seja utilizada uma canga ou esteira, para que não haja o contato direto da pele com a areia.

Isso, pois podem haver larvas de bicho geográfico no local, de forma que, caso a pessoa deite em cima, provocará uma infecção. 

Evitar andar descalço na areia

O cuidado com os pés é de grande importância na prevenção do bicho geográfico, já que esse é geralmente o local do corpo em que há maior facilidade para que as larvas penetrem na pele.

Por isso, em locais abertos e que não há como ter certeza sobre a higienização, como em praias, vale ficar atento(a). Fazer o uso de chinelos em vez de caminhar com os pés descalços pode ser o suficiente para prevenir contra uma contaminação.

Entretanto, caso aconteça de a pessoa andar descalça, é importante lavar os pés de maneira cuidadosa logo em seguida, para evitar a possível contaminação.


É comum as pessoas irem à praia durante o verão. Porém, é importante tomar cuidado com os possíveis problemas que podem ocorrer ao visitar o local.

Infecções como o bicho geográfico são geralmente adquiridas na beira-mar e podem causar grande desconforto. 

Atitudes como andar com um calçado e não deitar diretamente na areia podem ser de grande ajuda na prevenção do problema.

Quer saber mais sobre problemas de pele e saúde em geral? O Minuto Saudável tem outros conteúdos completos para você! Leia mais e continue informado(a).

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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