A prisão de ventre, ou intestino preso, como é chamada popularmente a constipação intestinal (CID 10 K59), é caracterizada pela dificuldade em defecar. A doença é percebida quando acontece duas ou menos evacuações por semana, utilizando mais força que o necessário ou quando é escassa.
A população feminina é a mais afetada: 2 a cada 3 mulheres sofrem com o problema. Durante a gravidez, é comum as futuras mamães ter o distúrbio intestinal. Isto se deve pelas alterações dos hormônios sexuais e pelo aumento do útero, que contribuem para que o intestino funcione de forma mais lenta.
Índice – neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:
A prisão de ventre na gravidez não afeta o bebê. Contudo, além dos sintomas, se a mulher apresentar enjoo, dor de forma acentuada na região do abdômen ou em um dos lados, o obstetra deve ser consultado.
Na gravidez, com o crescimento do útero para acomodar o bebê, o estômago e o intestino são espremidos, afetando seu desempenho. O intestino preso pode piorar a partir do quarto mês de gestação, já que o feto estará maior e, consequentemente, restringindo ainda mais o espaço do intestino.
Por sua vez, o aumento do hormônio sexual progesterona na gravidez — responsável pelo progresso das glândulas mamárias, do útero no período da puberdade, além de impulsionar o surgimento do revestimento uterino durante o ciclo menstrual — agrava o aparecimento de gases no organismo, deixando o intestino mais preguiçoso.
Quando não há ferro suficiente no organismo da mulher durante a gestação, é comum o obstetra receitar suplementos para corrigir o problema. O ferro é um mineral que auxilia na produção de hemoglobina (proteína do sangue encarregada de transportar oxigênio para as células) e garante o bom funcionamento do sistema imunológico.
Na gravidez, ter a quantidade certa do mineral no corpo humano é indispensável, pois o sangue é mais abundante neste período, portanto, necessitando de mais hemoglobina. O ferro também é usado pelo bebê em crescimento e pela placenta até os três primeiros meses. Apesar dos benefícios, a utilização de suplementos pode afetar o relógio biológico do organismo.
Maus hábitos e condições físicas contribuem para o surgimento do problema. São eles:
Geralmente, mulheres em geral preferem não usar banheiros públicos pela falta de higiene do local. Esta prática, no entanto, obstrui o intestino, também alterando o funcionamento do horário biológico.
Uma dica para voltar a utilizar os banheiros públicos é limpar a tampa do vaso com álcool em gel ou cobrir com papel higiênico.
Ser uma pessoa sedentária e não ter uma alimentação saudável contribui para o intestino preso. Por isso, é importante praticar atividade física, ingerir bastante água e comer alimentos ricos em fibras.
Medicamentos usados para diversos fins — antidepressivos, antitussígenos (tratamento para tosse), analgésicos opiáceos (associado à morfina), anti-hipertensivos e antiácidos que contenham alumínio e à base de cálcio — contribuem para o aparecimento da constipação.
Certas doenças, como hipotireoidismo, diabetes e insuficiência renal crônica, provocam alterações nos hormônios ou prejudicam o aproveitamento e a expulsão de substâncias, facilitando o surgimento da constipação.
Danos na medula espinhal e esclerose múltipla prejudicam o relaxamento perineal ao expelir as fezes.
Situações que desencadeiam traumas e alterações de comportamento, como abuso sexual, depressão e demência, atrapalham o desempenho do intestino. Estresse e ansiedade também reduzem os movimentos peristálticos, que são involuntários e responsáveis por esvaziar o intestino.
Os sintomas mais comuns são:
Normalmente, a maioria das mulheres não sente a necessidade de diagnosticar a constipação. Contudo, em casos com sintomas mais sérios deve-se procurar auxílio médico.
Para acabar com o intestino preso, é feito uma investigação do histórico do paciente, bem como um exame clínico detalhado. A partir daí, é possível descobrir a causa do problema e receber o tratamento adequado. São eles:
Por meio da inspeção e palpação anal, é averiguado a aparência da pele anal, existência de cicatrizes e condição das secreções. No exame, também pode ser apurado se há presença de restos fecais bem como o funcionamento da abertura e fechamento do ânus. A pele do ânus pode ser separada com o intuito de ver melhor seu interior. Caso haja uma fissura anal, por exemplo, ela poderá ser percebida.
O exame é feito através da inserção do dedo indicador (lubrificado com luva) no orifício anal, buscando o relaxamento muscular. A finalidade deste procedimento é detectar possíveis infecções retais, presença de sangue ou de tumores.
No ânus, é introduzido um instrumento chamado anuscópio, que investiga complicações na região anal. Observa-se o material coletado, seja fezes, pus ou sangue, além de diagnosticar úlceras e fissuras anais.
Exame feito por meio da inserção de um dispositivo no ânus que visualiza segmentos intestinais, do reto e cólon. Se detectada uma lesão, a análise se dará através de uma biópsia, que consiste na retirada do material por meio de uma pinça.
Na maioria dos casos, ter uma readequação alimentar, beber água e praticar atividades físicas é o suficiente. Alimentos que ajudam no funcionamento intestinal, abundantes em fibras, devem ser ingeridos diariamente. Ir ao banheiro no mesmo horário também melhora o fluxo intestinal.
Se, mesmo assim, o problema não desaparecer, consulte um médico.
O obstetra poderá receitar laxantes e supositórios nestes casos ou em situações mais graves. O remédio receitado deve ser ingerido poucas vezes, para que o organismo não se habitue e seja usado de forma contínua. O supositório, por sua vez, deve ser de glicerina, que faz com que as fezes fiquem umedecidas, facilitando a excreção.
Leia mais: Supositório: como usar?
Alimentos que são ricos em vitaminas, cálcio, ferro e características laxativas ajudam no bom funcionamento do intestino e a amenizar os sintomas causados pela prisão de ventre. Contudo, a eficácia de receitas caseiras não é comprovada.
Vale salientar que até mesmo suplementos vitamínicos e laxantes naturais devem ser administrados sob autorização médica, pois alguns componentes podem promover contrações uterinas, devendo ser banidos na gestação. Além disso, a eficácia de receitas caseiras não é comprovada. Sempre siga a recomendação de seu médico.
No liquidificador, bata o mamão, as ameixas e o suco de laranja. Depois, coloque a linhaça e mexa bem. O suco deve ser tomado pela manhã, ainda em jejum.
Bata todos os itens no liquidificador. Beba um copo por dia no período matutino.
Deixe as ameixas em molho na água por 3 horas. Remova as ameixas e as amasse. Devolva-as na água e adicione o mel. Misture bem e ingira 3 colheres (de sopa) ao dia.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
No geral, mudar alguns hábitos na alimentação e estilo de vida já são o suficiente para tratar a prisão de ventre. Veja as recomendações:
Se acostume a evacuar no período matutino, assim que acordar ou após o café da manhã, pois o intestino trabalha melhor nestas condições. Além disso, fazer cocô neste horário possibilita maior tranquilidade e diminuição do tamanho do abdômen, facilitando as atividades diárias. Portanto, adeque seu mecanismo intestinal e espere o tempo que for preciso no banheiro até conseguir fazer cocô.
Quando sentamos nos vasos sanitários, normalmente deixamos nossos pés apoiados no chão. No entanto, esta prática é considerada errada, pois a posição comprime o reto e as fezes não se movimentam corretamente, podendo ocasionar problemas como hemorroidas e hérnias.
O indicado é fazer a evacuação na posição cócoras, ou seja, os pés são levantados por meio de um banquinho. Deste modo, o reto é alongado, facilitando a eliminação das fezes. Esta postura também garante que não haja resquício de fezes, comum quando se está sentado, o que contribui para a expulsão de bactérias e toxinas do organismo.
Uma alimentação saudável melhora o condicionamento do nosso corpo em si.
Grãos integrais, cereais, frutas e verduras devem ser ingeridos diariamente. Invista em cereais All Bran (à base de farelo de trigo), ameixa seca, maracujá, amêndoa com casca, repolho, gergelim, ervilha, maçã, pera com casca e tangerina. Há a opção de produtos que são abundantes em fibras solúveis, entretanto, o obstetra deve ser consultado antes de usá-los.
Melancia, morango, melão, rabanete, tomate, nabo são alguns dos alimentos que são fartos em água.
Em caso de inchaço, evite alimentos que possam fermentar, como o feijão, repolho ou lentilhas. Diminuir doces e frituras também fazem bem ao organismo.
Algumas alternativas de cardápio ajudam na melhora gradual da prisão de ventre. O ideal é manter uma alimentação diversificada e saudável, que contenha todos os nutrientes que o organismo necessita:
Coma alimentos ricos em vitaminas e minerais (como cálcio, ferro e potássio). Entre as opções, está o pão integral, queijo branco e suco natural de laranja.
Leite fermentado é uma ótima pedida, pois impossibilita o aumento de bactérias que prejudicam o intestino.
Dê preferência a alimentos que contenham vitaminas, fibras, ferro e antioxidantes. Saladas (rúcula, cenoura, tomate, brócolis, couve), arroz integral e carnes, como frango ou peixe, garantem uma refeição equilibrada.
No período vespertino, aposte no kiwi, que possui função laxativa. Iogurtes e vitaminas também auxiliam no funcionamento intestinal.
Mais ingestão de fibras e vitaminas para evitar a vontade de comer na madrugada. Entre as opções, estão as saladas (alface, chuchu, beterraba e tomate), purê, sopas, feijão e arroz integral.
Chás, como de erva-doce e de camomila, contribuem para o bem-estar e fluxo do intestino. Iogurtes desnatados em conjunto com frutas, além de possuírem pouca gordura, são fontes de cálcio e fibra.
O mau funcionamento do intestino está associado à falta de água. Por isso, ingira 1,5 a 2 litros de água por dia. Para facilitar a controle de consumo, coloque a água numa garrafa pet e beba durante o dia. Para aquelas que não conseguem beber água em seu estado puro, uma maneira é aromatiza-la com frutas.
A atividade física para gestantes deve ser moderada. Faça caminhadas leves, movimentos de alongamentos, ioga e hidroginástica. Os exercícios ajudam a controlar a massa corporal e a diminuir a compressão exercida pelo feto no intestino. A prática é recomendada para todas as mulheres, pois contribui para o bom funcionamento da motilidade intestinal.
O intestino preso pode evoluir para a hemorroida justamente pela disfunção do sistema intestinal. Devido a falta de fibras no organismo, as fezes ficam endurecidas, exigindo um maior esforço na hora de evacuar.
Como consequência, há pressão e anormalidade nas veias no reto e no ânus, causando a hemorroida. A doença apresenta sintomas como desconforto, sangramento, ardência e coceira.
O diagnóstico realizado na fase inicial possibilita que o tratamento reduza os sintomas e que estabilize a patologia. Contudo, a cura é feita somente através de cirurgia.
A fissura anal pode ser confundida com as hemorroidas, pois apresentam sintomas parecidos, como dor e sangramento no momento da evacuação.
Entretanto, neste caso, há um “rasgo” no interior do ânus, causado pela prisão de ventre. Isto acontece porque as fezes mais rígidas ou muito grandes na evacuação podem lesionar a mucosa do ânus, surgindo a fissura anal.
O tratamento adequado varia para cada paciente. Ele consiste em cremes anestésicos, e em alguns casos, laxantes, conforme orientação médica.
O prolapso retal é quando uma parte do intestino grosso fica exposto fora do ânus. Isto acontece pela força realizada no momento da evacuação, ocasionado, na maioria das vezes, pela prisão de ventre.
Os sintomas incluem dor abdominal, dificuldade para defecar e ardência na região anal. Para se livrar do incômodo, é preciso fazer uma cirurgia que retira esta parte visível ou a fixação da mesma ao osso sacro através do períneo ou abdômen.
Além de uma dieta equilibrada e exercitar seu corpo para melhorar o funcionamento do intestino, apostar em exercícios que auxiliam na evacuação também diminuem o risco de ter a doença:
A prisão de ventre na gravidez é uma doença incômoda mas que não prejudica o bebê. Ter uma rotina saudável previne e trata o problema.
Por isso, fique atenta às informações contidas no post. Compartilhe com suas amigas e futuras mamães!
Referências
Arruda Alves, P., Feminas Vieira, M., & Habr-Gama, A. (1987). Exame Proctológico - Técnica. Revista Médica, 67 (19-22).
http://pt.mymedinform.com/proctology/anal-fissure-during-pregnancy.html
Rafaela Sarturi Sitiniki
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.