O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre a população brasileira, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Contudo, o câncer que atinge a região da mama é o que mais registra mortes em quase todo o território brasileiro.
A estimativa para 2022 é que a doença, que acomete mulheres e homens, registre mais de 66 mil casos apenas no Brasil.
Para saber o que causa, fatores de risco e como prevenir o câncer de mama, continue acompanhando o artigo!
Índice – neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:
O câncer é uma doença causada pela perda da capacidade de regulação das células do corpo, facilitando assim sua multiplicação desordenada e adquirindo capacidade de invadir e atingir outros órgãos.
O câncer de mama, que possui maior incidência entre as mulheres no Brasil, é considerado primário, pois se origina na mama. Apesar de rara, a doença também acomete homens — representando cerca de 1% do total de casos, segundo o Ministério da Saúde.
Somente 10% dos diagnósticos estão associados a alterações nos genes que levam ao favorecimento do desenvolvimento da doença. Geralmente, são os genes de reparo (controle) em nosso DNA que são inativados e desencadeiam essa maior suscetibilidade
Por outro lado, nos outros 90% dos casos não existe uma única causa conhecida, mas sabe-se que a influência de vários fatores desencadeia o início da doença, como:
Além de alguns hábitos nada saudáveis, há algumas condições que independem das pacientes e que contribuem para o surgimento da doença, tais como:
Ser mulher é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama. Além disso, com o avançar da idade, as chances de desenvolvimento de câncer de mama aumentam.
Cerca de 5 a 10% dos casos de câncer de mama são hereditários. A causa mais comum de câncer de mama hereditário é uma mutação (falha) herdada nos genes BRCA1 e BRCA2.
Mutações em outros genes, embora menos frequentes, também podem levar ao câncer de mama hereditário, como, por exemplo, ATM, TP53, CHEK2 (síndrome de Li-Fraumeni), PTEN (doença de Cowden), CDH1, e STK11 (síndrome de Peutz-Jeghers), entre outros.
O risco de câncer de mama é maior entre as mulheres com parentes em primeiro grau (mãe, irmã ou filha) que tiveram a doença. Nesses casos, o risco da doença praticamente dobra.
Contudo, ter dois parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença aumenta a possibilidade em cerca de 3 vezes.
Vale lembrar que esse risco é diferente para cada família e possui outras influências, como a idade em que o familiar desenvolveu o câncer. Quanto mais precoce a idade, maior o risco familiar.
Pacientes que já tiveram câncer de mama têm risco maior de desenvolver um novo câncer de mama, mas não especificamente a volta do mesmo tumor (recidiva).
As mulheres brancas são ligeiramente mais propensas a desenvolver câncer de mama do que as de outras raças.
Os dados de raça conhecidos na literatura são relacionados a estudos feitos em locais como EUA e Europa ocidental. Como moramos em um país com histórico de colonização diversificada e extensa miscigenação racial, é mais difícil estabelecer uma relação.
Densidade mamária é um dado obtido através do exame de mamografia e está relacionada à proporção entre o tecido mamário da mulher (responsável pela produção do leite) e o tecido adiposo (gordura). Considera-se que uma mama é densa quando ela possui maior quantidade de tecido mamário em relação ao tecido adiposo.
Mulheres com mamas densas têm um risco aumentado de câncer de mama em relação àquelas com mamas menos densas.
Diversos fatores podem afetar a densidade da mama, como idade, estado menopausal, uso de medicamentos, gravidez e genética.
Mulheres diagnosticadas com determinadas condições benignas da mama podem ter um risco aumentado de câncer de mama.
Destacam-se entre elas as hiperplasias ductal e lobular atípicas, que conferem uma chance de 3 a 5 vezes de desenvolver a doença, e o carcinoma ductal e lobular in situ de mama, que resulta em um risco 10 vezes maior.
Embora possua o nome carcinoma, ele é considerado uma lesão precursora porque ainda não adquiriu a capacidade de invadir e enviar células para outros órgãos (metástases).
Contudo, atualmente existem medicamento profiláticos (preventivos) para que mulheres, uma vez diagnosticadas com estas lesões, não mais fiquem expostas a este risco
As mulheres que tiveram menarca precoce (antes dos 12 anos) ou tiveram a menopausa após os 55 anos têm um risco levemente aumentado de câncer de mama.
O aumento do risco pode ser devido a uma exposição mais longa a hormônios femininos.
As mulheres que fizeram radioterapia na região do tórax até os 20 anos de vida como parte do tratamento para linfoma (um tipo de câncer que atinge o sistema linfático) têm um risco aumentado de câncer de mama.
Algumas condições e comportamentos são observados como ligados ao maior risco de câncer de mama, como:
Dentre os tipos de câncer destacam-se o carcinoma ductal, que tem origem nos ductos mamários, e o lobular, que surge nos lóbulos mamários (ambas estruturas das mamas). Ambos representam mais de 90% dos casos de câncer de mama.
Outros tipos menos comuns são os carcinomas medulares, adenóide císticos, papilíferos, cribiformes e secretores e todos se originam do tecido mamário. Por fim, apesar de raros, sarcomas (tumores originados dos tecidos de sustentação da mama), linfomas e também metástases de cânceres originados em outros órgãos também são possíveis.
Carcinoma inflamatório, ou câncer inflamatório, é o mesmo carcinoma ductal ou lobular de mama, mas que se manifesta clinicamente de uma maneira diferente.
Ao passo que a maioria dos casos são diagnosticados pela palpação de um nódulo indolor na mama, esse tipo surge simulando um processo inflamatório com dor, aumento de volume e vermelhidão na mama.
Devido a sua aparência, muitas vezes é confundido com um quadro de mastite (infecção da mama), o que pode atrasar o seu diagnóstico.
Possui evolução (crescimento) mais rápido e, invariavelmente, está relacionado a um pior prognóstico.
Felizmente, o carcinoma inflamatório corresponde a menos de 1% de todos os casos de câncer de mama.
Esse tipo de câncer tem início nos ductos da mama, possui evolução bastante lenta e, conforme cresce, afeta a pele, a aréola e o mamilo. Muitas vezes, é confundido com processos alérgicos que acometem a aréola e o mamilo.
A doença de Paget pode acontecer de forma isolada ou concomitante a outros cânceres na mama.
O câncer de mama, quando diagnosticado, é classificado em estágios de acordo com seu tamanho na mama, comprometimento de linfonodos (ínguas) axilares e presença ou não de metástases à distância (em outros órgãos). A classificação é útil para o (a) médico (a) definir o tratamento mais adequado.
Estes estágios variam de 0 (carcinomas in situ de mama, que ainda são lesões precursoras) até o IV (onde já há evidências de metástases à distância)
Os estágios I, II e III ainda possuem várias subdivisões de acordo com o tamanho do tumor na mama e a presença de linfonodos axilares comprometidos.
Quando o câncer de mama se dissemina para outras partes do corpo, é chamado de câncer metastático. Nesses casos, a doença tem poucas possibilidades de cura, mas pode ser controlada e garantir uma vida confortável às pacientes.
O que se deseja ao tratar uma paciente com metástase de câncer de mama é estabilizar a doença através do uso de medicamentos quimioterápicos, bloqueadores hormonais, terapias alvos e imunoterapias.
Eles possibilitam um controle da doença e, principalmente, a manutenção de uma qualidade de vida.
O sintoma mais comum do câncer de mama é o nódulo na mama que, na maioria das vezes, é indolor. Contudo, outras modificações menos perceptíveis também são importantes e merecem atenção, como:
A dor mamária, conhecida como mastalgia, é um sintoma frequente e pouquíssimo associado ao câncer de mama. Dificilmente uma mulher que apresenta só dor na mama terá qualquer relação com câncer.
Na maioria das vezes, a dor mamária é causada por modificações hormonais e são mais observadas nos dias que antecedem a menstruação ou estão associadas ao uso de alguns contraceptivos hormonais.
Contudo, mesmo não tendo uma associação comum com câncer de mama, na presença de um episódio de dor mamária, a mulher deve procurar um profissional da saúde para que seja avaliada e orientada.
Felizmente, a maioria dos casos de câncer de mama possuem chances de cura sim. Porém, para que isso seja possível, é preciso que a doença seja diagnosticada precocemente e o tratamento seja iniciado o quanto antes.
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Geralmente, o diagnóstico começa quando a (o) paciente ou a (o) médica (o) percebe uma ou várias alterações mamárias no auto exame ou exame clínico. Em alguns casos, é na própria mamografia de rotina que se levanta a suspeita.
Com isso, uma série de exames são solicitados para investigar e caracterizar o nódulo como maligno ou benigno. Entre os procedimentos indicados estão:
O exame faz parte dos procedimentos que, após os 40 anos, devem virar rotina. Ele consiste em uma espécie de raio-X das mamas, permitindo uma boa visualização dos tecidos mamários.
Vale lembrar que a mamografia é o único exame capaz de diagnosticar o câncer de mama em seu estágio inicial, pois os nódulos com menos de 1cm ainda não podem ser apalpados ou sentidos.
Por conta disso, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que mulheres façam uma mamografia anual a partir dos 40 anos de idade.
Indolor e não invasiva, a ultrassonografia é um método auxiliar à mamografia que ajuda no diagnóstico. É com auxílio da ultrassonografia que são realizadas a maioria das biópsias de mama.
O exame pode ser solicitado de acordo com a orientação médica, não sendo necessária a todas as pacientes. Portanto, se trata de um exame complementar aos demais.
A biópsia consiste na retirada de uma parte ou amostra do tecido, que é enviada ao laboratório para análise e confirmação do diagnóstico. Em geral, é utilizada uma agulha, com anestesia local.
Pode, ainda, ser feita a biópsia cirúrgica, quando o uso da agulha não permite a coleta da amostra. Nesse caso, pode ser removida uma parte ou todo o nódulo.
Para tratar um câncer de mama, é preciso avaliar o tipo e o estágio em que se encontra a doença. Feito isso, a definição terapêutica pode ser determinada de forma individualizada, a fim de reduzir os impactos dela no organismo.
O tratamento é sempre composto por um conjunto de terapias que, de forma agregada, trazem ao paciente a melhor perspectiva de sucesso aliado à manutenção da sua qualidade de vida
Acompanhamento psicológico, o apoio dos amigos e familiares, além da prática de atividades de lazer são fundamentais para promover uma melhor sucesso terapêutico.
Com base nisso, os tratamentos da doença podem ser classificados de duas maneiras, com terapia local ou sistêmica. A seguir, você confere quais abordagens são indicadas em cada caso:
Esse tipo de terapia visa tratar o tumor no local onde se encontra e pode ser realizado de duas formas:
Modalidade de tratamento mais antiga, a cirurgia é realizada quando o tumor encontra-se em seu estágio inicial e em condições favoráveis para sua retirada. Pode ser utilizada como método inicial de tratamento ou após o uso de quimioterapia ou bloqueadores hormonais.
Ainda hoje, para a maioria dos cânceres de mama, a cirurgia é o principal método terapêutico.
Muito utilizada em tumores localizados, a radioterapia é feita através do uso de radiação ionizante.
Ela é recomendada tanto nos casos em que a mulher foi submetida a uma cirurgia conservadora (preservando a maior parte da mama), quanto em alguns casos onde a paciente foi submetida a uma mastectomia (retirada total da mama).
A radioterapia funciona como um aditivo à cirurgia no controle local, reduzindo o risco de uma recidiva do câncer de mama.
Nesse tipo de tratamento, são utilizados medicamentos, a fim de atingir as células cancerosas em qualquer parte do corpo. A terapia sistêmica pode ser feita de quatro maneiras:
Consiste na utilização de medicamentos orais ou intravenosos e tem o objetivo de destruir, controlar ou impedir que as células cancerosas se multipliquem.
Impede a ação dos hormônios nas células do câncer, levando à morte celular. Assim, age bloqueando os efeitos desses hormônios.
É realizada através de drogas que agem bloqueando sítios (ou seja, locais) específicos nas células do câncer, levando à morte dessas células.
Modalidade nova de tratamento que ainda é utilizada para poucos casos, porém que provavelmente terá seu uso muito expandido nos próximos anos. Consiste em medicamentos que agem em alvos imunológicos do tumor, causando o enfraquecimento e morte das células tumorais
Os tratamentos para câncer de mama podem provocar diversos efeitos colaterais que podem afetar a rotina do paciente. Saiba quais são eles e como minimizá-los:
A manifestação dos efeitos colaterais da quimioterapia varia para cada pessoa e é possível que eles sejam intensos ou não para alguns pacientes.
A queda de cabelo, feridas cutâneas, náuseas, vômitos e dor são os mais comuns e ocorrem, em sua maioria, devido ao fato que a quimioterapia afeta células saudáveis do nosso corpo da mesma maneira que as células do tumor.
Também são efeitos colaterais dos quimioterápicos:
É importante que o (a) paciente relate os sintomas à equipe médica, para que as orientações específicas sejam repassadas.
Entre as opções indicadas para reduzir esses efeito adversos estão:
O efeito colateral mais comum da radioterapia de mama são as reações cutâneas, como vermelhidão, ressecamento da pele e aumento da sensibilidade. Algumas mulheres também podem sentir fadiga e dor de garganta ao longo do tratamento.
Durante o período de radioterapia é fundamental que a paciente siga as orientações do (a) radioterapeuta e só aplique produtos na mama com a indicação do (a) profissional.
Às vezes, os efeitos adversos são rapidamente amenizados após o término do tratamento, mas é possível que, em alguns casos, eles ainda demorem algum tempo para melhorar.
Por isso, adotar algumas medidas desde o início da terapia pode ajudar a minimizar o surgimento e intensidade deles são importantes, como:
O câncer de mama afeta a rotina do (a) paciente de diversas maneiras. Seja decorrente do tratamento ou mesmo no impacto psicológico que a doença traz, de forma geral, pacientes familiares e amigos podem ter suas rotinas alteradas no seu dia a dia. Portanto, algumas sugestões que ajudam a minimizar o impacto são:
Uma das principais complicações do câncer de mama é a recidiva, isto é, a volta de um tumor que já foi tratado. Entre algumas possíveis complicações decorrentes do tratamento da doença:
O linfedema é o acúmulo de drenagem linfática decorrente dos tratamentos cirúrgico e radioterápicos nos gânglios da axila. A retirada total dos gânglios axilares e a radioterapia de axila são os responsáveis pelos linfedemas associados ao tratamento do câncer de mama.
Ele se manifesta com aumento de tamanho do braço, bem como espessamento da pele e dor local. Técnicas cirúrgicas mais modernas, como a do linfonodo sentinela, evitam que as mulheres tenham risco de linfedema.
A dor pode ocorrer devido às alterações de sensibilidade local, podendo estar relacionada a o procedimento cirúrgico ou a radioterapia.
Em pacientes submetidas à mastectomia, pode ocorrer redução da amplitude dos movimentos. Isso faz com que os ombros tenham limitações que afetam os braços e, portanto, a autonomia da paciente.
Assim como os tratamentos podem afetar a movimentação articular, é possível ocorrer comprometimentos da força muscular. Isso reduz a capacidade de contração das fibras dos músculos, podendo comprometer as habilidades motoras.
Embora as causas de um câncer de mama ainda não sejam totalmente elucidadas, tomar medidas preventivas auxilia na redução dos riscos de seu desenvolvimento. Elas não apenas ajudam a reduzir o câncer de mama, mas também permitem a prevenção de uma série de outras doenças.
Entre as medidas preventivas, destacam-se:
Não, a ectasia ductal é uma doença benigna, que provoca secreções devido ao alargamento ou dilatação dos ductos mamários (canais que passam o leite). É importante consultar o (a) especialista e avaliar o quadro, mas a ectasia não é câncer e nem provoca maiores riscos à doença.
O tratamento de um carcinoma lobular invasor pode necessitar de quimioterapia. É o (a) médico (a) que vai definir a estratégia de tratamento de forma individualizada.
O câncer de mama tem boas chances de cura quando descoberto em estágios iniciais e tratado da maneira adequada. Realizar visitas regulares ao médico ajuda no diagnóstico precoce.
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Dr. Cleverton Spautz
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