O alcoolismo, também conhecido como etilismo, é um termo usado para descrever a dependência do álcool. Pessoas que sofrem desse mal costumam ter compulsão por bebidas alcoólicas, dificuldade em parar de beber e acabam por desenvolver tolerância aos efeitos da substância.
Trata-se de uma doença psiquiátrica, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “doença com componentes físicos e mentais”. Isso porque a dependência, muitas vezes, é puramente psíquica, mas há também componentes fisiológicos envolvidos. A maior parte das pessoas, aliás, consegue beber esporadicamente sem ter maiores problemas.
O alcoolismo é mais comum em homens do que em mulheres, mas elas não estão a salvo do problema: 30% dos alcoolistas são do sexo feminino, e o número vem crescendo cada vez mais. A causa disso provavelmente está relacionada à maior liberdade que as mulheres conquistaram nos tempos modernos, podendo fazer o consumo de bebidas alcoólicas sem serem julgadas como seriam algumas décadas atrás.
Ainda que a saúde seja o principal fator que está em jogo com o consumo excessivo de álcool, as relações afetivas e os papéis sociais também são afetados por ele. Vale lembrar, porém, que a dependência do álcool pode ser tratada e controlada. Existem diversos programas e profissionais habilitados para ajudar nesse desafio, sendo que o grupo mais conhecido é o Alcoólicos Anônimos.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
Durante muitos anos, o termo “alcoólatra” foi difundido como sinônimo para dependente do álcool. Nos últimos tempos, entretanto, muitos pesquisadores acreditam que essa nomenclatura é inadequada.
Se formos olhar a etimologia da palavra, veremos que alcoólatra significa, literalmente, adorador do álcool. Essa nomenclatura leva a entender que o indivíduo ama o álcool e escolhe continuar bebendo por gostar tanto, quando, na realidade, há uma dependência química da substância.
Pessoas que sofrem com a dependência já são mal faladas, chamadas de “sem vergonha”, e o termo alcoólatra só piora a situação. Por isso, a palavra é considerada estigmatizante e deve ser evitada ao se referir a uma pessoa que tem problemas com bebidas alcoólicas.
Já o termo alcoolista tem a conotação de distúrbio, deixando claro que o indivíduo não é o responsável por sua doença, e sim o álcool. Popularmente, o termo ainda é estranho e pouco conhecido, mas pesquisadores e profissionais da saúde buscam difundí-lo cada vez mais.
Por conta da maior difusão, este texto adota o termo “alcoólatra” como correto também.
O álcool é uma droga depressora do sistema nervoso e, embora sempre tenha aqueles amigos que ficam tristes nas festinhas, isso não quer dizer que ele causa tristeza. Na verdade, isso significa que ele desacelera funções vitais.
Já percebeu como aquele amigo bêbado não fala nada com nada, tem dificuldade para se equilibrar, demora para reagir às situações e ainda por cima reclama que está vendo em dobro? Pois é isso mesmo que o álcool faz ao deprimir o sistema nervoso.
Para entender melhor, devemos ter em mente que o sistema nervoso central é formado por neurônios, células que conduzem energia elétrica e passam “mensagens” umas para as outras por meio de substâncias químicas, chamadas neurotransmissores. Cada neurotransmissor tem um efeito no organismo, sendo alguns relacionados ao prazer, outros ao medo etc.
São essas mensagens — parte elétricas, parte químicas — que fazem com que o nosso cérebro mantenha o nosso corpo funcionando. Tenha certeza que qualquer movimento que você realizar e qualquer pensamento que você tem em sua cabeça é graças ao funcionamento desse sistema!
Enfim, vamos ao que interessa: como o álcool altera essa brincadeira toda?
Ao adentrar o corpo, o etanol (tipo de álcool utilizado nas bebidas alcoólicas) chega rapidamente ao cérebro. Lá, ele estimula a liberação de neurotransmissores excitatórios como a serotonina, dopamina e endorfinas, responsáveis pelas sensações de prazer e bem-estar. É nesse momento que as pessoas no bar começam a ficar animadas com a festa!
Logo após isso, acontece exatamente o efeito contrário: o álcool estimula o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, o ácido gama-aminobutírico, mais conhecido como GABA. Esse neurotransmissor se conecta aos neurônios e os tornam mais chatões, fazendo com que eles sejam menos receptivos às novas mensagens vindas de outros neurônios. Desse jeito, a comunicação entre um neurônio e outro é dificultada.
Entende agora porque se trata de uma droga “depressora” do sistema nervoso? Justamente porque ela torna o cérebro menos ativo! E é isso que faz com que os sintomas da embriaguez apareçam: a fala arrastada, falta de coordenação motora, dificuldades com equilíbrio, confusão mental e alterações na percepção são bem comuns.
Você com certeza já ouviu histórias de conhecidos que fizeram muitas besteiras enquanto estavam bêbados. Situações como tentar pular de lugares altos demais, dar em cima de uma pessoa claramente comprometida (na frente do namorado!) ou ficar com alguém que não seria tão interessante caso o indivíduo estivesse sóbrio são bem comuns. Mas por que será que isso acontece?
Estudos mostram que a atividade depressora do álcool tem um efeito bastante potente no córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelo julgamento de valores e tomada de decisões. Com a atividade defasada nessa região, nossa capacidade de avaliar os riscos é prejudicada e acabamos ficando otimistas demais.
Por isso, da próxima vez, não julgue aquela amiga que bebeu demais e saiu pagando micão: ela simplesmente não se ligava que estava fazendo besteira!
A maior parte do álcool é metabolizado pelo fígado, e o resto é eliminado pelos rins, pele e pulmão. É por isso que, mesmo após ter parado de beber, a pessoa continua com bafo de álcool por algumas horas.
Durante o metabolismo, cada grama de álcool produz 7,1 kcal, pouco menos que 1 grama de gordura (8 kcal). Sendo assim, pessoas que desejam emagrecer devem se manter longe do álcool.
Por fim, pessoas que bebem álcool com frequência conseguem 50% das calorias necessárias diariamente por meio da bebida e, assim, acabam tendo problemas nutricionais como deficiência de proteínas e vitaminas com complexo B.
O que leva uma pessoa a beber? Ou pior: o que leva uma pessoa a continuar bebendo, mesmo que isso já tenha afetado sua saúde, carreira e relacionamentos? Eis uma questão bastante complexa que não tem uma resposta clara. O fato é que se trata de uma doença — e não de uma escolha — com causas obscuras, mas fatores de risco bem definidos:
Um dos maiores fatores de risco para o alcoolismo é, obviamente, a facilidade de acesso. Por estarmos inseridos numa sociedade na qual o consumo do álcool é visto como algo positivo e divertido, não é de se espantar ao ver como a droga é acessível.
Vale ressaltar que pessoas que nunca beberam álcool não podem virar alcoolistas, pois o alcoolismo acontece com o uso crônico da bebida que, por sua vez, é favorecido e encorajado em nossa cultura.
O consumo de bebidas alcoólicas é, muitas vezes, associado a diversos rituais sociais modernos: festas, bares, baladas, noites de diversão, entre outros.
Quanto mais pessoas bebem ao redor do indivíduo, maior a possibilidade de ele passar a beber também. Isso porque somos seres sociais e precisamos fazer parte de grupos com os quais temos algo em comum.
Ao frequentar esses lugares e participar de situações assim, o indivíduo se expõe cada vez mais à droga, aumentando as chances de desenvolver uma tolerância e dependência.
No entanto, beber socialmente não significa que você se tornará alcoolista, mas fazer isso com frequência certamente é um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
Existem evidências de que há um fator genético envolvido no alcoolismo, que podem ser buscadas ao analisar o histórico familiar de diversos pacientes dependentes do álcool.
Filhos de pais alcoolistas têm maiores chances de desenvolver a doença. Quando um gêmeo univitelino (igual) manifesta a dependência, muito provavelmente o outro manifestará também.
Por conta de necessidades de escapismo, impulsos e dificuldades em lidar com o que se sente e pensa, pessoas com distúrbios mentais têm maiores chances de se tornarem dependentes do álcool e de outras drogas, inclusive ilícitas.
Diversas teorias da psicologia acreditam, também, que o hábito de beber está associado a experiências ruins na infância, em especial durante a amamentação, quando o prazer da criança se dava em relação às sensações recebidas em sua boca. Esses traumas repercutem, também, em diversos traços da personalidade do indivíduo e, muitas vezes, o alcoolismo acaba sendo só uma consequência.
O alcoolismo, assim como diversas doenças, possui fases. A primeira delas é a mais tranquila, e muitos de nós já passamos. Começa a complicar quando vamos para a segunda. Entenda:
Logo após o primeiro contato com a bebida alcoólica, ocorre a fase de adaptação. É nela que se começa a beber para socializar, fazer parte da galera, enfim, usar a bebida como uma muleta para ter uma vida social.
Muitos adolescentes aproveitam bastante essa fase por conta dos efeitos inibitórios do álcool, que os ajudam a aliviar a ansiedade e angústias dessa fase da vida.
Quando o sistema nervoso central se adapta ao álcool, o indivíduo passa a não sentir muito seus efeitos. É o caso daquele cara que sempre enche a cara e nunca fica bêbado, além de se gabar que não é derrubado pela bebida.
Pois é bem nessa fase que surgem os apagamentos, ou síndrome de blackout, caracterizada por uma amnésia dos momentos em que esteve sob efeito do álcool.
Nessa fase, há sintomas físicos de abstinência ao se passar muito tempo sem beber. Assim, o indivíduo continua bebendo para se livrar desses sintomas, sendo um verdadeiro dependente da droga. É nessa fase que começa a deterioração física, mental e social de maneira mais visível.
Em geral, é nessa fase que começam a aparecer os problemas de saúde relacionados ao consumo excessivo de álcool.
Assim como qualquer doença, o alcoolismo também traz consigo sintomas. Muitas vezes, esses sintomas só são notados pelas pessoas que convivem com o dependente, pois este tende a negar sua necessidade.
Em geral, os alcoolistas:
Caso tenha percebido algum desses comportamentos em algum amigo, familiar ou conhecido, tente conversar abertamente, sem repressão, sobre esse problema. Ofereça ajuda, mas não force-o a nada.
Bebedores crônicos sofrem com sintomas graves se ficarem muito tempo sem beber. Isso acontece porque, para compensar o efeito depressor do álcool, o cérebro aumenta a atividade em circuitos excitatórios.
Ao passar muito tempo sem beber, o cérebro se sobrecarrega com a atividade excitatória desses circuitos, que não encontram a resistência da ação depressora do álcool, podendo causar inúmeros sintomas. São eles:
Delirium tremens é o nome que se dá a uma espécie de episódio psicótico causado pela abstinência do álcool em pacientes alcoolistas. Ocorre, em geral, cerca de 3 dias após os primeiros sintomas de abstinência, e o episódio pode durar vários dias.
O principal sintoma do delirium tremens, que o difere da crise de abstinência comum, é a confusão mental. Nesses casos, o alcoolista pode apresentar:
Quando um paciente se encontra nesse estado, ele deve ser levado a um hospital para receber acompanhamento médico. Muitas vezes, ele é tratado com medicamentos ansiolíticos com propriedades anticonvulsivantes, como os benzodiazepínicos e barbitúricos, e por anticonvulsivos.
Esse episódio é observado mais frequentemente em pessoas que fazem abstinência após terem consumido grandes quantidades de álcool por mais de um mês.
A mortalidade durante o estado de delirium tremens varia de 15% a 40%. Na maioria dos casos, isso ocorre por conta das convulsões, que podem ser muito violentas.
De acordo com a velocidade em que a pessoa bebe e a quantidade de álcool consumido, ele se acumula na corrente sanguínea, dando início ao processo de embriaguez. Na realidade, o nome real da embriaguez é “intoxicação por álcool”. Ou seja, toda vez que você sai com os amigos pra beber e “ficar louco”, você está saindo para intoxicar seu organismo com uma droga. Não soa tão legal, né?
A intoxicação ocorre quando os níveis de etanol no organismo passam de um determinado ponto, o que gera seus efeitos. Os sintomas dependem muito da quantidade de álcool ingerida, mas os mais comuns são:
Após uma longa noite de bebedeira, seus amigos não param de falar das coisas que você fez ontem à noite, e você simplesmente não se lembra de nada. Soa familiar?
Trata-se da síndrome de blackout, uma espécie de amnésia causada pela intoxicação alcoólica. Isso acontece porque a substância interfere justamente nos circuitos de neurônios responsáveis pelo armazenamento de novas informações. Basicamente, o cérebro para de registrar o que acontece.
Diversos efeitos do etanol dependem da concentração da substância no sangue. Quanto mais álcool, mais perigosas são suas consequências. Abaixo, há uma explicação do estágio de embriaguez e suas consequências.
Vale lembrar que algumas pessoas precisam de menos e outras mais para atingir determinado estágio.
Quando há entre 0,1 e 0,3g/L de álcool no sangue, o indivíduo apresenta um quadro subclínico — sem consequências para a saúde — e comportamento normal.
Ocorre quando a concentração de álcool no sangue é de 0,3 e 0,9g/L. Nesse estágio, o indivíduo apresenta uma leve euforia, torna-se mais falante e sociável.
Há um aumento da autoconfiança, desinibição, diminuição da atenção, da capacidade de julgamento e um pouco do controle sobre si mesmo. Aqui começa o prejuízo na coordenação motora, dando aquela leve sensação de tontura.
O pico da atividade excitatória após o consumo do álcool se dá numa concentração de 0,09 e 1,8g/L. Há uma atenuação da incapacidade de julgamento, além de já haver prejuízos na memória, compreensão e percepção das coisas ao redor.
O indivíduo tem menos resposta sensitiva, ou seja, sente menos as sensações físicas, e as respostas reativas (capacidade de reagir a algum acontecimento) ficam mais lentas. A visão periférica é menor e a pessoa tende a enxergar borrado ou duplo.
Equilíbrio e coordenação motora são afetados, há maior dificuldades para manter-se em pé e realizar movimentos precisos. No final desse estágio, a sonolência passa a dar as caras.
O período de confusão se dá entre 1,8 e 2,7g/L de álcool no sangue. Ele é caracterizado por desorientação, confusão mental e, algumas vezes, adormecimento. As emoções ficam exageradas, a percepção visual de forma, cor e dimensão é prejudicada, além de haver uma piora na coordenação motora.
A fala é arrastada e se torna difícil entender o que o indivíduo está dizendo. Além disso, ele pode apresentar apatia e letargia.
Esse estágio se aproxima à perda da consciência, com as funções motoras extremamente prejudicadas. Pode haver vômitos, incontinência urinária e fecal, além de pouca resposta à estímulos. Muitas vezes, o indivíduo não consegue nem mesmo se manter em pé, quem dirá andar. O estupor acontece em concentrações entre 2,7 e 4,0g/L.
Caracterizado pela perda da consciência, o coma ocorre em concentrações de 4,0 e 5,0g/L no sangue. Os reflexos são tão poucos que parecem não existir, a temperatura corporal fica abaixo do normal, há incontinência e prejuízo da respiração e circulação sanguínea.
É o último estágio antes da morte.
Em concentrações acima de 5,0g/L, a morte acontece por bloqueio respiratório central: o cérebro deixa de mandar mensagens para o pulmão respirar.
Sabemos que é muito difícil diagnosticar o alcoolista, não porque os sintomas não são claros, mas porque eles são muito relutantes em admitir que tem um problema e procurar ajuda. Infelizmente, algumas pessoas precisam que ocorra uma complicação antes de correr atrás de sua saúde. É o caso de muitos alcoolistas.
Não existe exame laboratorial ou de imagem que seja capaz de diagnosticar a doença. Ao invés disso, muitos psiquiatras usam questionários e se baseiam nos critérios diagnósticos do Código Internacional de Doenças (CID).
De acordo com a décima edição do CID, o diagnóstico da dependência alcoólica é dado quando o indivíduo, nos últimos 12 meses, sentiu ou exibiu pelo menos 3 das seguintes condições:
Um dos questionários para diagnosticar o alcoolismo é o CAGE, desenvolvido por Mayfield e colaboradores. A sigla CAGE está relacionada às palavras chaves de cada pergunta. Ao todo, são 4 perguntas:
Caso haja respostas positivas, por mais que seja apenas uma, há indícios de que se pode ter problemas com álcool. Quanto mais respostas positivas, maiores as chances de se tratar de alcoolismo.
Desenvolvido por Pokorny e colaboradores, a versão breve do Teste de Detecção de Alcoolismo de Michigan consiste em 10 perguntas que podem ser respondidas com “sim” ou “não” e que recebem uma pontuação. Confira abaixo:
Você se considera uma pessoa que bebe de modo normal?Se, ao responder todas essas perguntas, a somatória for menor ou igual a 3, não há porque se preocupar. Caso a somatória seja 4, há indícios de problemas com álcool — mas não ainda alcoolismo — e, acima de 5, pode-se pensar em alcoolismo.
Infelizmente, o alcoolismo não tem cura. Existe apenas a remissão dos sintomas, mas o alcoolista nunca mais poderá tomar um gole sequer de álcool. O processo de tratamento é complexo e demorado, mas pode ser feito com segurança quando acompanhado por profissionais capacitados. Saiba mais:
A primeira etapa do tratamento é a desintoxicação, na qual o paciente entra em um período de abstinência do álcool. Ele deve ser feito com o acompanhamento de um psiquiatra e pode ser necessário internação.
Durante esse período, avalia-se os danos físicos e mentais do consumo de álcool em grande quantidade e por tanto tempo.
Algumas vezes, o médico pode receitar medicamentos para auxiliar na desintoxicação. Eles trabalham controlando a impulsividade e dando sensações desagradáveis ao consumir álcool, por exemplo.
Após a desintoxicação, a psicoterapia é a próxima etapa para a remissão dos sintomas. A abordagem mais utilizada nesses casos é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que envolve a aprendizagem de técnicas para evitar recaídas, além de auxiliar na mudança de hábitos e pensamentos que podem servir de gatilho para a bebedeira.
Outras abordagens psicoterápicas como a psicanálise e a gestalt-terapia também podem ajudar, especialmente se o hábito de beber está associado a outros transtornos mentais.
Embora a psicoterapia individual auxilie, alguns estudos mostram que a terapia de grupo é mais eficaz na prevenção de recaídas, mudança de hábitos e situações sociais. Existem muitas clínicas e programas especializados na recuperação de alcoolistas.
Talvez a maior organização voltada à recuperação de alcoolistas do mundo, a Alcoólicos Anônimos (AA) é uma comunidade de caráter voluntário que promove reuniões de alcoolistas em abstinência para alcançar e manter a sobriedade.
Nascida nos Estados Unidos, a AA é facilmente encontrada em diversas cidades ao redor do mundo, sob a premissa de manter a sobriedade e o anonimato. A instituição é mantida por meio de doações dos próprios membros e não aceita financiamento de qualquer outra fonte.
Para ajudar na fase de desintoxicação, o médico pode recomendar alguns medicamentos. São eles:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
O álcool é um grande fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças, sendo muitas delas bem graves. Atente-se sempre à saúde daquela pessoa querida que teve ou tem problemas com o álcool, pois muitas doenças podem levar à morte.
Algumas das principais consequências são:
O consumo exagerado de álcool está relacionado a danos tanto no sistema nervoso central quanto periférico. Quando se trata do SNC, o abuso da substância pode levar à demência, enquanto, no periférico, há possibilidade de diminuição de sensibilidade e força muscular das pernas.
Não raramente, o álcool leva à erosão das paredes do estômago, desencadeando uma inflamação da mucosa estomacal (gastrite), assim como úlceras gástricas, feridas que podem se desenvolver no estômago, esôfago ou intestino.
O fígado é, definitivamente, o órgão que mais sofre com as agressões do álcool.
Começa com um simples acúmulo de gordura no fígado, que logo evolui para hepatite (inflamação) e fibrose, por uma tentativa de defesa do fígado. Aos poucos, a situação piora, até chegar na cirrose, doença caracterizada por cicatrizes e insuficiência hepática.
A agressão do álcool pelo trato digestivo também pode causar inflamação no pâncreas. Essa inflamação pode levar a destruição de tecido pancreático, juntamente com as células produtoras de insulina. Desse modo, pode-se desenvolver também diabetes.
Como o álcool afeta a absorção de alguns nutrientes, é comum que alcoolistas sofram também com a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Essa doença é caracterizada pela falta de vitamina B1 (tiamina), causando paralisia de alguns músculos, problemas oftalmológicos e distúrbios de estado mental.
O álcool também promove alterações na circulação sanguínea, podendo levar a doenças como hipertensão (pressão alta) e aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
Por alterar o funcionamento do fígado, o abuso do álcool prejudica os níveis de colesterol na corrente sanguínea. Dessa forma, o colesterol pode se acumular nas paredes das artérias, levando ao endurecimento e estreitamento das mesmas. Essa condição é chamada de aterosclerose.
O consumo frequente de álcool é um grande fator de risco para o desenvolvimento de câncer, especialmente no aparelho digestivo, que envolve a boca, esôfago, estômago, intestinos e fígado. No entanto, os riscos de câncer não se limitam à esse trajeto, podendo aumentar em outros órgãos também.
Mulheres alcoólatras em idade fértil devem tomar muito cuidado para não engravidar enquanto não conseguirem ficar em abstinência total. Isso porque o consumo de álcool enquanto grávida, independente de quantidade, causa danos ao feto, levando a malformações congênitas.
O alcoólatra também pode sofrer com muitos problemas sociais ao não se tratar.
Não raramente, o dependente acaba faltando no trabalho, escola, faculdade ou outras ocupações, por serem locais nos quais não pode beber, ou por conta dos sintomas da ressaca. Isso pode levá-lo ao desemprego.
As relações interpessoais ficam em segundo plano e muitas acabam sendo desfeitas. O alcoolista pode acabar ficando violento, tanto quando bebe quanto quando está em abstinência. A família e os amigos podem abandoná-lo, ou ele mesmo pode acabar saindo de casa para se entregar inteiramente à bebida, indo morar na rua.
Tanto pela intoxicação aguda quanto pelas complicações, o álcool leva à morte. Enquanto o acúmulo acima de 5g de álcool por litro de sangue pode levar à parada respiratória, diversas doenças causadas pelo álcool facilmente levam ao óbito.
Após alguns meses ou anos sem beber qualquer coisa, vem a notícia: o alcoolista em remissão voltou a beber. É uma situação horrível, na qual o próprio indivíduo se sente uma falha e as pessoas ao seu redor podem acabar decepcionados ao invés de compreender.
Algumas dicas do que fazer quando isso acontecer são:
Levando em conta que a dependência do álcool é desencadeada, principalmente, pelo seu uso crônico, a melhor maneira de prevenir o problema é manter-se longe de bebidas sempre.
Não importa se é em uma festa, ou só uma vez na semana: indivíduos predispostos ao problema devem evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
Se você não tem histórico familiar de alcoolismo na família, isso não significa estar livre para beber o quanto quiser. Caso você beba, o ideal é manter-se dentro do nível saudável estipulado pela OMS de, no máximo, 1 drink por dia para as mulheres e, para os homens, 2 drinks.
Por mais que a pessoa negue, um diagnóstico de alcoolismo é uma coisa séria. Muitas vezes, o indivíduo demora muito para procurar ajuda porque simplesmente nega ter qualquer problema com álcool.
Se você conhece alguém que não consegue parar de beber, ou se você mesmo se identifica com esses sintomas, procure ajuda! O tratamento pode melhorar muito sua qualidade de vida e aspectos sociais.
Compartilhe esse texto com seus amigos e familiares para que mais pessoas saibam identificar e ajudar um alcoólatra! Qualquer dúvida, pode perguntar que responderemos com prazer.
Dr. Emerson Rodrigues Barbosa (CRM/PR 25901), graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Sexualidade Humana e em Estimulação Magnética Transcraniana, ambas pela USP. Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Diretor clínico do Instituto de Psiquiatria do Paraná (IPP)
Dr. Emerson Barbosa
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.