Saúde

Síndrome do Choque Tóxico (SCT): o que é? Como prevenir?

Publicado em: 30/06/2017Última atualização: 22/09/2020
Publicado em: 30/06/2017Última atualização: 22/09/2020
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O que é síndrome do choque tóxico?

A síndrome do choque tóxico (SCT) é uma doença fatal causada por exotoxinas liberadas pelas bactérias Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. Os principais sintomas são febre, hipotensão, descamação na pele, mialgia, vômito, diarreia e dores de cabeça.

Trata-se de uma doença muito rara, com incidência de 15 a 52 casos a cada milhão de habitantes, não contagiosa e que pode ser recorrente caso o paciente não tome os cuidados necessários. Mais de um terço dos casos envolvem mulheres menores de 19 anos de idade e até 30% das mulheres que já tiveram a doença vão contraí-la novamente. Pode afetar também homens e crianças de todas as idades, e deve ser tratada com urgência ao ser diagnosticada.

A doença ganhou o nome de Síndrome do Choque Tóxico em 1978, quando o Dr. James Todd a descreveu baseando-se em um estudo de casos clínicos de 7 crianças. Na época, já haviam casos idênticos documentados na literatura médica, muito antes da introdução dos produtos industriais de higiene íntima.

Entretanto, foi na década de 80 que a SCT ficou conhecida por afetar muitas mulheres durante a idade fértil, devido ao uso de tampões (absorventes internos).

Naquela época, os absorventes eram feitos com um material sintético que favorecia a proliferação de bactérias. Hoje em dia, porém, os absorventes são feitos com materiais naturais que dificultam o desenvolvimento das bactérias e, portanto, mais de 50% dos casos não são relacionados ao uso do produto.

Índice — neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:

  1. O que é síndrome do choque tóxico?
  2. Tipos
  3. Causas e fatores de risco
  4. Sintomas
  5. Diagnóstico
  6. Síndrome do choque tóxico tem cura? Qual o tratamento?
  7. Medicamentos para síndrome do choque tóxico
  8. Complicações
  9. Como prevenir a síndrome do choque tóxico?
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Tipos

A SCT pode ser dividida em tipos de acordo com a bactéria que libera as exotoxinas. Existem dois tipos:

Síndrome do choque tóxico estafilocócico

Causada pela Staphylococcus aureus, é a mais comum nos casos de mulheres em idade fértil. Apresenta sintomas de envolvimento dos sistemas gastrointestinal e muscular.

Síndrome do choque tóxico estreptocócico

Esse tipo é causado pela Streptococcus pyogenes, apresenta sintomas como o do tipo estafilocócico, porém favorece o surgimento de necroses, como fasciíte necrosante e gangrena.

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Causas e fatores de risco

As bactérias causadoras do SCT existem naturalmente na pele e, em geral, não apresentam riscos para a saúde humana. Os problemas surgem, na verdade, quando as bactérias entram no corpo e liberam suas toxinas na corrente sanguínea.

A maior parte das pessoas possuem anticorpos que agem contra essas toxinas e, por isso, dificilmente a doença é desenvolvida. Entretanto, ela ainda pode ocorrer quando há proliferação anormal das bactérias, que entram no corpo através de uma ferida aberta ou queimadura. Nesses casos, é possível que os anticorpos não deem conta das toxinas, dando origem à síndrome.

Alguns fatores de risco são:

Absorventes internos

Tampões cheios de sangue são propícios para a proliferação de bactérias, especialmente os feitos de materiais sintéticos. Felizmente, a maior parte dos absorventes produzidos hoje em dia utilizam algodão ou outros materiais que dificultam o desenvolvimento das bactérias.

Entretanto, ainda há a possibilidade de contrair a síndrome pelo uso incorreto desses tampões. A má colocação é um fator de risco, pois um absorvente mal alojado pode abrir feridas nas paredes vaginais, por onde a bactéria pode entrar. Outros fatores de risco são a utilização de um tampão maior do que o necessário e passar de 8 horas com o mesmo absorvente.

Contraceptivos intravaginais

A colocação de contraceptivos intravaginais, como o anel vaginal, diafragma ou capuz cervical, pode causar ferimentos, assim como os absorventes internos. A possibilidade de proliferação das bactérias é menor do que com os tampões, mas a vagina é uma área naturalmente propícia a tais eventos e, por isso, há o risco de infecção.

Pós-cirúrgico

Os cortes deixados por procedimentos cirúrgicos são um meio de entrada das bactérias. Embora isso aconteça raramente, essa é a principal causa de contração da SCT atualmente.

O risco é ainda maior em pacientes com diabetes, por conta do tempo estendido para a cicatrização.

Pós-parto

Juntando os ferimentos do pós-cirúrgico com a propensão natural da vagina em auxiliar a proliferação das bactérias, também é comum a contração da doença durante o pós-parto.

Ferimentos e queimaduras na pele

Ferimentos simples e queimaduras também podem ser um meio de entrada das bactérias. É a causa mais comum da doença em crianças, quando se machucam e não tomam providências, como a assepsia (esterilização) do local da ferida.

Outros tampões

Da mesma forma que os absorventes internos, outros tipos de tampões, como os nasais, podem ajudar no desenvolvimento das bactérias.

Outros fatores de risco

Não se sabe exatamente o porquê, mas alguns outros fatores de risco para a contração da doença são:

  • Diabetes;
  • Alcoolismo;
  • Infecções virais como gripe e catapora (varicela).

Sintomas

Os sintomas da SCT podem variar de pessoa para pessoa, e também de acordo com a bactéria responsável pelas exotoxinas. Entretanto, existem alguns sintomas mais comuns.

São eles:

  • Febre súbita, podendo ultrapassar 39 ºC;
  • Pressão baixa, podendo causar desmaios;
  • Dor de cabeça;
  • Mialgia (dor nos músculos);
  • Confusão mental;
  • Diarreia;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Erupções cutâneas, como descamações das palmas das mãos e solas dos pés;
  • Vermelhidão nos olhos, boca e garganta.

O corpo pode entrar em estado de choque após 48 horas da aparição dos primeiros sintomas. A pele das mãos e da planta dos pés passa a se soltar entre o terceiro e o sétimo dia. É também durante esse período que a SCT pode provocar lesões nos rins, fígado e músculos, além de provocar anemia.

Muitas vezes, ferimentos podem apresentar características de infecção, porém isso não é uma regra e a lesão que serviu de abertura para a bactéria pode não demonstrar nada.

Em caso de choque estreptocócico, é comum a aparição de lesões na pele que podem evoluir para necroses e gangrena.

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Diagnóstico

Para realizar o diagnóstico de SCT, o médico precisa ter as competências certas. Os profissionais aptos para diagnosticar e tratar a doença são clínicos gerais, infectologistas e médicos de cuidados críticos.

Não existe um exame específico para diagnosticar a síndrome e pode ser necessária uma bateria de exames para tal. Alguns exames que o médico pode pedir são:

Amostras de sangue, urina e outras secreções

O sangue, urina e secreções da garganta ou da vagina podem ajudar o médico a verificar se existe a presença de uma infecção por bactéria.

Outros exames

Para verificar o progresso da doença, o médico pode pedir outros exames como, por exemplo, tomografia computadorizada, punção lombar para retirada de fluido cerebrospinal ou raio-X do peito.

Síndrome do choque tóxico tem cura? Qual o tratamento?

Felizmente, a SCT possui cura, porém mulheres que já tiveram a condição antes não devem fazer o uso de absorventes internos ou contraceptivos intravaginais, uma vez que a doença pode retornar.

Trata-se de uma emergência médica e seu tratamento deve ser feito o quanto antes. É comum que, logo após o diagnóstico, o paciente seja levado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para monitoramento constante.

Alguns tratamentos recebidos pelos pacientes na UTI são:

Tratamento antibiótico

Esse tipo de tratamento busca matar ou frear o desenvolvimento das bactérias. Sua administração costuma ser intravenosa, por garantir mais resultados em menos tempo, além da dificuldade de absorção de alguns antibióticos por via oral.

O tratamento com antibióticos dura de 10 a 14 dias se não houver complicações.

Líquidos

Para tratar a desidratação, podem ser administradas soluções líquidas por vias intravenosas.

Cirurgia

Os procedimentos cirúrgicos para tratar SCT são a remoção de tecidos mortos (necrosados) e, em casos extremos, pode-se realizar a amputação da área afetada.

Imunoglobulina intravenosa

Em alguns casos, pode ser necessária uma injeção de imunoglobulina, uma mistura de anticorpos feita a partir do plasma humano, retirado do sangue doado em hemobancos. Essa medicação auxilia o sistema imunológico, aumentando a resistência contra as bactérias.

Outros tratamentos

Por causa da variedade de sintomas e complicações que a síndrome pode causar, são ofertados outros tratamentos, como:

  • Remédios para estabilizar a pressão;
  • Anti-inflamatórios para aliviar inflamações e dores;
  • Diálise, em caso de insuficiência renal.

Medicamentos para síndrome do choque tóxico

Antibióticos

Os médicos costumam receitar clindamicina em conjunto com penicilina G (benzetacil).

Pressão arterial

Alguns medicamentos que podem ajudar a estabilizar a pressão arterial em caso de hipotensão são:

Anti-inflamatórios

Para aliviar possíveis inflamações e dores, são recomendados anti-inflamatórios não esteroides, como:

Devido a possibilidade da SCT afetar o funcionamento dos rins, muitas vezes o tratamento com esses medicamentos não é recomendado. Entretanto, fica a critério do médico a prescrição dessas substâncias.

Complicações

Caso não seja tratada rapidamente, a síndrome do choque tóxico pode proporcionar diversas complicações, pois afeta diversos órgãos vitais e pode desencadear condições delicadas, como insuficiências. A taxa de mortalidade do tipo estafilocócico é de 3%, enquanto no tipo estreptocócico essa taxa sobe para 30%.

Algumas complicações são:

Choque hipovolêmico

Acontece quando o coração e os vasos sanguíneos são incapazes de irrigar todos os tecidos do corpo por conta do baixo volume de sangue, o que causa hipóxia nas células (falta de oxigênio). Essa condição pode rapidamente levar as células à morte e, muitas vezes, é fatal para o indivíduo.

Insuficiência renal

Os rins são os filtros do corpo e é através deles que os fluidos e substâncias indesejáveis são expulsos. Entretanto, caso a SCT ataque esses órgãos, é possível que sua capacidade de filtrar seja alterada, causando o que é chamado insuficiência renal. Os principais sintomas são distúrbios urinários, náusea, inchaço nos pés e tornozelos, dores no peito, entre outros.

Em 70% dos casos, essa insuficiência é reversível, e o funcionamento normal do rim é restaurado. Porém, em outros 10%, os pacientes acabam por desenvolver insuficiência renal crônica.

Insuficiência hepática

Relacionada à saúde do fígado, a insuficiência hepática acontece quando o órgão não é mais capaz de realizar suas funções normais, como regular a glicose, sintetizar e metabolizar proteínas, entre outros. Sendo uma das principais glândulas do corpo humano, o organismo fica completamente desregulado em caso de insuficiência.

Alguns sintomas dessa condição são pele e olhos amarelados (icterícia), dores, náusea e dificuldade de concentração.

Insuficiência cardíaca

Quando o coração não consegue mais bombear o sangue para os órgãos e tecidos, chama-se insuficiência cardíaca. Alguns sintomas são palpitações, dores no peito, chiado, tosse, fadiga e fraqueza.

Atenção! 

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Como prevenir a síndrome do choque tóxico?

A SCT é facilmente prevenida através de medidas simples, que, inclusive, protegem contra outras doenças. Algumas dicas são:

  • Lave as mãos antes de lidar com ferimentos ou antes de inserir um absorvente interno;
  • Troque os curativos e limpe os ferimentos pós-cirúrgicos com frequência;
  • Ao perceber pequenos cortes ou arranhões, limpe-os com antisséptico para evitar infecções;
  • Se houverem sinais de infecção, consulte um médico urgentemente.

Para mulheres em idade fértil, algumas dicas relacionados ao ciclo menstrual podem ajudar:

  • Troque o absorvente interno de 4 em 4 horas, de preferência, e jamais ultrapasse 8 horas com o mesmo;
  • Use absorventes próprios para o fluxo não há necessidade de usar um superabsorvente quando se tem fluxo normal ou fraco;
  • Use absorventes externos quando for dormir;
  • Coletores menstruais podem ser uma boa alternativa aos absorventes internos, pois seu material dificulta a proliferação de bactérias;
  • Não esqueça de tirar o tampão antes de inserir outro, assim como removê-lo no final da menstruação;
  • Ao utilizar contraceptivos intravaginais, sempre siga as instruções dos fabricantes e obedeça o tempo máximo em que o produto pode ficar na vagina.

A SCT é uma emergência médica que deve ser tratada o mais rápido possível. Ainda assim, poucas pessoas sabem da sua existência e de suas causas, podendo ignorar os primeiros sintomas e deixar o quadro evoluir sem saber da gravidade.

Se você sente que esse texto pode ajudar outras pessoas, compartilhe! Em caso de dúvidas, entre em contato conosco que responderemos.

Referências

http://emedicine.medscape.com/article/169177-overviewhttp://www.nhs.uk/conditions/toxic-shock-syndrome/pages/introduction.aspxhttp://www.webmd.com/women/guide/understanding-toxic-shock-syndrome-basics#1http://www.webmd.com/women/tc/toxic-shock-syndrome-bacteria-topic-overviewhttp://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/toxic-shock-syndrome/basics/definition/con-20021326http://www.healthline.com/health/toxic-shock-syndromehttp://kidshealth.org/en/parents/toxic-shock.html

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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