A escoliose é uma condição caracterizada por uma notável alteração no padrão da coluna vertebral, que acontece quando essa estrutura se curva para o lado e as vértebras giram. Popularmente entendida como uma situação em que a coluna está torta, esta é uma condição que pode ter diversas causas, incluindo maus hábitos como a má postura.
É importante lembrar, no entanto, que essa condição pode envolver outros problemas de coluna. Não é incomum que os pacientes apresentem também sinais de cifose (curvatura para frente) ou lordose (curvatura para trás), indicando que a escoliose envolve alterações tridimensionais da coluna, não podendo ser reduzida a apenas um tipo de alteração da estrutura óssea.
Continue a leitura do artigo para saber mais sobre as características da escoliose, além de alguns dos tratamentos utilizados na correção da postura.
Índice — Neste artigo, você irá encontrar:
A escoliose é definida como um desvio tridimensional da coluna, com rotação da vértebra em seu eixo, e que pode ter diversas causas, fazendo com que a linha da coluna apresente algum desvio para a esquerda ou direita.
Para entender bem esse processo, é preciso saber que a coluna possui curvaturas normais, que garantem estabilidade ao corpo, e são chamadas de lordose e cifose. Essas curvaturas são resultado da adaptação do segmento vertebral às diferentes posturas que os seres humanos adotaram evolutivamente e no cotidiano.
Há, no entanto, alguns tipos de curvaturas que são considerados desvios incorretos e que podem causar dores ou desconforto. Em geral, a doença causa desnivelamento da pelve (ossos da bacia) e dos ombros, podendo prejudicar a locomoção e o acomodamento dos órgãos.
No CID-10, a escoliose se encontra no código M41, e pode ser subclassificada como:
Como a escoliose pode ser observada também a olho nu, esta é uma condição que pode ser reconhecida por diversos especialistas, como médicos ortopedistas, cirurgiões de coluna e fisioterapeutas com experiência em ortopedia, além de quiropraxistas e osteopatas.
É mais comum, no entanto, que as pessoas procurem especialistas da medicina para que um diagnóstico mais preciso e profundo possa ser realizado por meio da análise de exames, que podem revelar também o grau e as causas do problema.
É normal que, na primeira consulta com o ortopedista, seja realizada uma anamnese (entrevista) e análise física do(a) paciente. Parcialmente despida e descalça, a pessoa terá as linhas de postura avaliadas em diferentes posições e ângulos, incluindo análises com a pessoa de pé e sentada, avaliando o corpo de modo geral e não apenas a coluna.
Além da observação da estrutura esquelética como um todo, o(a) profissional também irá observar o corpo em busca de sinais como traumas, cicatrizes, bolhas, eritema, contusões, inchaço, manchas, acúmulos de gordura e outras marcas. Após avaliação clínica, exames poderão ser solicitados para detalhar e definir o diagnóstico.
É bastante provável que também sejam solicitados exames de imagem, como radiografias de toda a coluna vertebral, para analisar o posicionamento das vértebras desde a base do crânio até a pelve.
Os sintomas de escoliose podem ser diversos e nem sempre são imediatamente reconhecidos como um problema de coluna. Alguns sinais, como assimetria facial ou dos ombros, por exemplo, são sinais de escoliose, mas somente um exame mais profundo poderá confirmar a associação entre essas causas e efeitos.
Anatomicamente, a escoliose causa assimetria, como um ombro mais alto que o outro, e alterações nas linhas no tórax. A correção e flexibilidade da curvatura da coluna pode ser avaliada com auxílio do teste de inclinação de Adams, que permite observar a persistência da escoliose quando o(a) paciente curva o corpo para a frente.
O modo de classificar a escoliose é bastante diverso, e pode ser feito conforme a região vertebral acometida, o grau de curvatura ou, ainda, quanto à origem.
No que se refere à forma, a curva pode apresentar uma forma de "C", sendo chamada de curva simples, pois há somente uma acentuação do desvio. Já na curva dupla, a coluna apresenta uma escoliose em forma de "S", com uma curva primária e uma secundária formadas por mecanismos de compensação postural.
Com relação à causa, a escoliose pode ser classificada da seguinte forma:
Não-estrutural ou funcional: a coluna apresenta uma curvatura temporária e causada por fatores externos, tais como má postura, contratura muscular, lesões ou inflamações nos nervos, entre outros. Nesses casos, o tratamento da causa é o suficiente para corrigir a escoliose;
Estrutural: a curvatura é permanente e ocorre devido a alterações anatômicas mais profundas, como quando o(a) paciente apresenta vértebras em forma de cunha ou hemivértebras, que propiciam o desvio estrutural da coluna. Dependendo do grau, esses quadros podem demandar tratamento cirúrgico.
Congênita: há casos em que a pessoa pode já nascer com a escoliose, que surge como consequência de alguma falha na formação ou segmentação das vértebras durante o desenvolvimento do feto.
Idiopática: mais comum em adolescentes, são classificados assim os casos de escoliose que não têm causa definida.
A doença pode ser classificada também conforme o local afetado, sendo chamada de escoliose lombar quando o desvio das vértebras está concentrado na parte inferior da coluna. Se o desvio é identificado na parte superior, afetando também o alinhamento de ossos como os da costela, podemos estar diante de uma escoliose torácica.
O grau de curvatura pode ser classificado em 5 níveis:
Esta classificação, no entanto, serve apenas como um guia básico, uma vez que o tratamento pode variar conforme a idade do paciente, maturidade esquelética, sintomas associados e outros fatores.
Confira também outros tipos de escoliose:
Não, mas há tratamento. O desvio na coluna, quando não é muito acentuado, pode dispensar a cirurgia, mas ainda assim causar dores na vida adulta do paciente. Nesses casos, a terapia paliativa não resolve o desvio, mas ameniza os sintomas.
Quando a escoliose é secundária, originada por uma doença neuromotora, por exemplo, o tratamento é feito a fim de amenizar as consequências da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.
A decisão acerca do tratamento depende de diversos fatores e devem ser consideradas características como o grau de curvatura da coluna, velocidade de progressão, maturidade esquelética e o que mais o(a) profissional considerar pertinente a partir dos exames e das observações feitas na avaliação clínica.
Quando as curvaturas apresentam ângulos inferiores a 15°, o quadro é considerado mais leve e a pessoa precisa ser acompanhada, observando se a curvatura irá evoluir ou não. Já as curvaturas de 15 a 30° terão seus tratamentos definidos com base na progressão e na idade esquelética da pessoa. As curvaturas superiores a 30°, no entanto, podem demandar tratamentos mais invasivos, como cirurgias.
Existem diversos modelos de coletes ortopédicos e eles podem auxiliar no controle da escoliose em alguns casos específicos. Projetado para aplicar pressão em áreas específicas da coluna, ele ajuda a corrigir a postura, mas não consegue reverter uma curva já estabelecida.
Nos casos de escoliose com curvaturas entre de 15 a 40°, poderá ser recomendado o uso de colete ortopédico para controlar a progressão da curva durante o período de crescimento. O colete ortopédico é considerado mais eficaz quando o tratamento é iniciado precocemente, durante o desenvolvimento esquelético.
A fisioterapia é uma das formas de tratamento, sendo pós-cirúrgico ou não. No tratamento fisioterapêutico, são utilizadas diversas técnicas e exercícios que auxiliam na melhora da amplitude de movimento, redução da dor e até mesmo da curva escoliótica. Dentre as modalidades muito utilizadas estão o pilates, cinesioterapia, RPG e as técnicas manuais como a osteopatia e a quiropraxia.
Dependendo do quadro, curvaturas acima de 30° podem necessitar de tratamento cirúrgico, sobretudo nos casos em que há rápida progressão da escoliose.
A chamada cirurgia de fusão espinhal é uma de3as técnicas utilizadas e consiste na união (fusão) das vértebras com o intuito de que elas não retornem para a posição de curvatura, mantendo a coluna reta.
A escoliose é um problema que envolve desvios no padrão esperado da coluna vertebral, podendo causar dores ou até mesmo afetar a locomoção e o bem-estar do(a) paciente. Os tratamentos e prognósticos variam de acordo com a gravidade e as causas envolvidas, variáveis que ajudarão a definir o tratamento, que pode ou não ser invasivo.
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Esp. Renata Alcantara
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