Saúde

Diverticulite: o que é, sintomas e tratamento. Tem cura?

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 17/10/2018Última atualização: 03/09/2020
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 17/10/2018Última atualização: 03/09/2020
Foto de capa do artigo
Em 1985, no dia 21 de abril (mesma data da morte de Tiradentes), Tancredo Neves, o presidente nunca empossado, teve seu falecimento por complicações de uma doença chamada diverticulite.Quem viveu esse momento, lembra que os grandes veículos de comunicação tiveram de fazer enormes reportagens explicando o que era a diverticulite e a infecção generalizada que tirou a vida do então presidente.Não é só para refrescar a memória de quem viveu na época nem para apresentar a doença para os mais novos que precisamos falar sobre a diverticulite. Trata-se de uma condição que pode ter complicações graves e levar à morte, como foi o caso de Tancredo Neves.Saiba mais sobre ela no texto a seguir!Índice – neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:
  1. O que é diverticulite?
  2. Doença diverticular
  3. Tipos
  4. Causas
  5. Fatores de risco
  6. Sintomas
  7. Como é feito o diagnóstico
  8. Diagnóstico diferencial
  9. Tem cura?
  10. Qual o tratamento?
  11. Medicamentos
  12. Convivendo
  13. Prognóstico
  14. Complicações
  15. Prevenção
  16. Dieta para diverticulite
  17. Perguntas frequentes
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O que é diverticulite?

A diverticulite é a infecção do divertículo, uma condição intestinal chamada de doença diverticular ou diverticulose.Os divertículos são bolsões que se formam no intestino (delgado ou grosso). É como se uma parte do intestino crescesse para fora, formando uma espécie de balão, que pode ser pequeno ou até atingir tamanhos consideráveis, como 10cm, 15cm.Aproximadamente 30% das pessoas acima de 50 anos desenvolvem a diverticulose, sendo que esse número chega a 70% entre os pacientes em 80 e 90 anos.Quando os divertículos se inflamam, sintomas como dor no abdômen, náuseas, vômitos, febre, prisão de ventre ou diarreia podem aparecer. Se não for tratada corretamente, pode causar sangramentos, perfuração do intestino e infecção generalizada.Mas, para entender completamente o que é a diverticulite, precisamos saber mais sobre o divertículo e o que é a doença diverticular.Ela pode ser encontrada no CID-10 através do código K57.
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Doença diverticular

A doença diverticular acontece quando surgem pequenas bolsas em forma de balão, os famosos divertículos, geralmente no intestino grosso — porém podem acontecer mais raramente no esôfago e no estômago.Quando acontece no intestino, esse quadro recebe o nome de diverticulose, sendo que ele costuma se desenvolver durante a meia idade. Quando se chega aos 50 anos, a parede intestinal começa a ficar mais frágil e acaba cedendo, fazendo os divertículos geralmente aparecerem.Eles não costumam causar muitos problemas e são formados por conta do enfraquecimento natural dos tecidos do intestino devido à idade, predisposição genética e dietas com falta de fibra.Ao contrário do que muitos acreditam, não existe comprovação científica de que sementes ou outros alimentos induzem a formação de divertículos ou até param nos divertículos causando inflamações.Entretanto, pacientes que já foram diagnosticados com divertículos ao longo do intestino têm predisposição para a diverticulite e devem buscar uma alimentação especial, rica em fibras, mas sempre com a consulta e o aval de um nutricionista, pois eles podem se agravar para casos de diverticulite ou hemorragia digestiva baixa.
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Tipos

A diverticulite pode ser dividida de acordo com o tamanho e incidência de divertículos no intestino —  diverticulite hipertônica e hipotônica — e  gravidade da infecção —  diverticulite aguda e grave.Entenda a diferença:

Classificação conforme o tamanho e incidência

Uma das classificações da diverticulite se dá por conta do tamanho dos divertículos e pela incidência deles no intestino, ou seja, o número de divertículos. Confira:

Diverticulite hipertônica

Os divertículos são muito pequenos e presentes no lado esquerdo (cólon descendente). Afetam pessoas mais jovens, especialmente aquelas entre 40 e 60 anos, trazendo manifestação sintomática forte e, como complicação, a perfuração do intestino.Dentre os sintomas, os pacientes sentem constipação e evacuam em pedaços separados e duros;

Diverticulite hipotônica

É caracterizada por divertículos largos, em grande quantidade e presentes na maior parte dos segmentos do intestino grosso. O tipo é mais comum em pacientes idosos e, em geral, é assintomáticas.A função intestinal é normal ou apresenta constipação, tendo como complicação comum a hemorragia.

Classificação conforme a gravidade

A diverticulite também pode ser classificada de acordo com a gravidade dos sintomas e possibilidades de complicações. Entenda:
  • Diverticulite aguda: também chamada de diverticulite não complicada, essa variação atinge mais ou menos 70% a 80% dos pacientes com diverticulose, causando sintomas leves, como dor, náuseas, constipação ou diarreia;
  • Diverticulite grave: normalmente vem acompanhada de febre alta, dor abdominal intensa e incapacidade do paciente se alimentar. Nesses casos, é comum ocorrer a hospitalização, pois pode ocorrer o desenvolvimento de complicações como fístulas (perfurações no intestino).

O que causa a diverticulite?

Os divertículos surgem por conta da pressão do bolo fecal sobre a parede intestinal. Com o tempo, o tecido desse órgão sede, causando a formação das bolsas.Especula-se que um dos fatores para o desenvolvimento da diverticulite seja uma dieta rica em gordura animal e pobre em fibras, o que aumentaria a pressão dentro do intestino. Além disso, conforme a idade vai passando, as paredes do órgão vão ficando menos flexíveis, favorecendo o surgimento de divertículos.A diverticulite, por outro lado, acontece quando fezes entram no divertículo causando inflamação. Se não tratada, ela pode facilmente se tornar uma infecção e levar a todas as complicações comuns da doença devido à proliferação de bactérias.
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Fatores de risco

Existem diversos fatores de risco que podem aumentar as chances de se desenvolver a diverticulite. São eles:

Obesidade

O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento da diverticulite na medida em que o sistema digestório de pacientes obesos não está regulado, o que leva, consequentemente, a uma maior incidência de diverticulose (formação de divertículos), fator essencial para o desenvolvimento da diverticulite.Além disso, em pessoas com obesidade, ocorre o acúmulo maior de gordura nos vasos que penetram a parede intestinal. Como as formações de gordura exercem pressão sobre a parede intestinal, essa pode ser uma das razões para a formação dos divertículos.

Sedentarismo

Pessoas que não se exercitam têm mais chances de desenvolver a diverticulite, pois a falta de exercício físico diminui o tempo de trânsito intestinal. Isso faz com que as fezes fiquem mais tempo exercendo pressão sobre o intestino, o que pode levar ao aparecimento dos divertículos.

Tabagismo

Outro fator de risco para o surgimento da diverticulite é o tabagismo. Quando se fuma, todo o organismo fica comprometido e, por conta da ação da nicotina e das outras substâncias no sistema digestivo, há maiores riscos à formação de divertículos.

Má alimentação

Não se alimentar corretamente, preferindo alimentos que podem aumentar a pressão intestinal, como gordura animal, e deixando de lado as fibras contidas em frutas e vegetais faz com que a formação de divertículos se dê mais facilmente, o que aumenta as chances do desenvolvimento da diverticulite.

Envelhecimento

O passar do tempo faz com que as paredes do intestino, naturalmente, percam a elasticidade que tinham no passado. Por essa razão, pessoas com mais de 50 anos estão mais em risco para a diverticulite, tornando a formação de divertículos mais provável.

Sintomas

A diverticulite pode acontecer em episódios, o que significa dizer que o paciente pode sofrer dela mais de uma vez ao longo da vida. De acordo com um estudo da Universidade de Helsinki, na Finlândia, aproximadamente 39% das pessoas que já tiveram um episódio de diverticulite terão outro no futuro.Esse mesmo estudo também mostrou que o primeiro episódio normalmente é o pior em relação aos sintomas, especialmente porque o paciente não sabe direito o que o está afetando.Outra explicação para esse fenômeno é que o divertículo se cicatriza após o primeiro episódio, o que ajuda a prevenir inflamações e perfurações futuras. Então, especialmente em casos leves, as chances da doença retornar são mais baixas.Contudo, enquanto para alguns a diverticulite não passa de um episódio pontual, para outros o problema pode se tornar crônico. Nesses casos, pode ser necessário inclusive a cirurgia, em que se realiza a remoção de uma parte do intestino.A dor e sensibilidade no abdômen podem ser constantes e persistir por vários dias. Normalmente, as ocorrem do lado esquerdo do abdômen, mas podem acontecer do lado direito também, especialmente em pessoas de descendência asiática.Além do incômodo e desconforto na região, outros sintomas incluem:
  • Inchaço;
  • Náusea;
  • Vômitos;
  • Constipação;
  • Diarreia (menos comum);
  • Febre;
  • Urgência para urinar;
  • Ter de ir ao banheiro mais vezes para urinar;
  • Queimação ao urinar;
  • Fezes com sangue.

Como é feito o diagnóstico?

Existem diversas outras condições que podem causar sintomas muito similares aos da diverticulite, portanto, quando você for no médico buscando um diagnóstico, pode ser que ele te passe uma série de exames para eliminar outras possíveis causas.O médico responsável por fazer o diagnóstico e acompanhamento da diverticulite é o gastroenterologista, cirurgião do aparelho digestivo ou coloproctologista. Na consulta, ele vai te perguntar sobre os sintomas, seu histórico médico e quais medicações você usa. Também será feito um exame físico para verificar a sensibilidade do abdômen.Ainda assim, como diagnosticar a diverticulite somente através da avaliação física não é possível, o médico vai pedir alguns exames, dentre eles:

Exame de toque retal

O exame de toque retal é feito para checar a saúde da porção final do intestino. Nele, o médico introduz um dedo na cavidade anal e busca, através do tato, por alterações na região.Esse exame é envolto por diversos tabus por parte dos homens, mas é uma das formas mais práticas de identificar problemas graves, como o câncer de próstata, e deve ser feito ao menos uma vez ao ano por homens geralmente a partir dos 40 anos.Saiba mais: O que é o exame de toque retal? Como é feito?

Exames de sangue

Os exames de sangue, como o hemograma e o PCR (Proteína C Reativa) buscam descartar a possibilidade de inflamações, anemia e problemas nos rins ou fígado.Quando há alguma inflamação ou infecção, os exames costumam estar elevados.

Testes de imagem

O ultrassom abdominal e a tomografia computadorizada são normalmente os exames escolhidos para que o médico possa analisar as estruturas gastrointestinais e verificar se há a presença de divertículos, obstruções ou dilatações do intestino.Também entram nessa categoria os exames de raio-X simples do abdômen (para casos onde há perfuração) e a ressonância magnética.

Teste de urina

É importante fazer testes de urina para descartar a possibilidade de infecção por algum outro agente.O teste é simples, sendo feito com a coleta da primeira urina do dia. Em seguida, a amostra é enviada ao laboratório.

Teste de fezes

O teste de fezes é feito para checar se há ou não a presença de infecções gastrointestinais como infecção por Clostridium difficile, responsável pela colite, por exemplo.

Exame pélvico

No exame pélvico comum, o ginecologista vai avaliar toda a região genital da mulher, primeiro observando a parte externa. Depois, ele faz uso de um espéculo (instrumento de metal ginecológico) para poder visualizar melhor as partes internas da vagina.Em seguida, ele vai inserir um ou dois dedos na vagina para avaliar a situação das trompas, ovários e útero. No caso da diverticulite, o médico ainda introduz o dedo no ânus da paciente para verificar a integridade da porção final do intestino.Junto a esse procedimento, também se recomenda um teste de gravidez para descartar a possibilidade de gravidez.

Colonoscopia

A colonoscopia se utiliza de um tubo com uma câmera que é inserido no ânus do paciente sedado. A diverticulose muitas vezes é descoberta através desse exame, o que pode já servir de alerta para o paciente tomar mais cuidado com a alimentação.

Enema opaco

Esse exame é feito através da inserção de contraste no intestino. Em seguida, o paciente é submetido ao raio-X. Através das imagens geradas, é possível ver se há a formação de divertículos e inflamação.

Diagnóstico diferencial

É importante fazer o diagnóstico diferencial para outras doenças, logo que a diverticulite pode apresentar sintomas bastante brandos e que, algumas vezes, podem ser confundidos. Dentre as suspeitas que o médico pode ter estão:
  • Carcinoma intestinal;
  • Apendicite;
  • Colite isquêmica;
  • Síndrome do intestino irritável;
  • Doença inflamatória pélvica;
  • Câncer colorretal;
  • Gastrenterite;
  • Constipação intestinal;
  • Torção de um cisto no ovário esquerdo.

Tem cura?

Sim! Mas é importante ressaltar que é a diverticulite (inflamação dos divertículos) que tem cura, e não a diverticulose (formação de divertículos no intestino). Esta última, apesar de não ser curável, pode ser controlada.Normalmente, a cura se dá através do uso de medicamentos antibióticos e mudanças temporárias e permanentes na dieta para que o intestino se recupere bem.

Qual o tratamento?

O tratamento para diverticulite depende da intensidade dos sintomas, da presença ou ausência de complicações, como perfurações, e se é a primeira crise ou se já houve anteriores. Entenda:

Antibióticos

O tratamento medicamentoso é feito primariamente com antibióticos, pois quer-se evitar que a inflamação e possível infecção do divertículo se complique, causando uma infecção generalizada.O médico ainda pode receitar alguns medicamentos para aliviar a dor que o paciente está sentindo.

Dieta de líquidos

Por alguns dias, especialmente durante o início do tratamento, o médico pode receitar uma dieta de líquidos, para que o intestino descanse e se recupere melhor.

Dieta pobre em fibras

Conforme os sintomas vão melhorando, o médico pode recomendar que você faça uma dieta pobre em fibras para recuperar o seu sistema gastrointestinal. Pode parecer contraintuitivo, mas acontece que as fibras podem ajudar o divertículo a reter fezes, então, por alguns dias, é melhor evitá-las para posteriormente reinseri-las na dieta.

Acompanhamento

É recomendado à todos os pacientes que se faça um acompanhamento médico com uma colonoscopia depois de 6 ou 8 semanas. Esse acompanhamento é necessário para confirmar que o episódio de diverticulite não esteve relacionado com outros problemas.

Cirurgia

Em último caso, há a possibilidade de se fazer uma cirurgia para remoção da porção do intestino que está com o divertículo inflamado. Diferente de antigamente, a cirurgia hoje praticamente não deixa cicatrizes, pois é feita através de laparoscopia, um processo realizado através de pequenos furos, que o tornam menos invasivo.Ainda assim, trata-se de um procedimento invasivo e que deve ser feito somente em casos crônicos ou quando houve alguma complicação como perfuração da parede intestinal, que faz com que fezes se espalhem para outras partes do corpo.Confira agora alguns motivos para que o médico considere a cirurgia como medida terapêutica:
  • Quando se teve 3 ou mais crises de diverticulite, ou quando uma crise acontece em alguém com menos de 50 anos, pois os riscos de complicações graves são maiores;
  • Quando há estreitamento da parte inferior do intestino grosso devido à formação de cicatrizes, pois elas podem causar complicações graves;
  • Quando há uma massa sensível e persistente no abdômen, pois pode ser um câncer;
  • Quando a endoscopia ou radiografia mostram alterações na parte inferior do intestino grosso, pois pode ser um câncer;
  • Quando há dor ao urinar ou presença de ar na urina, pois isso pode ser indicativo da formação de uma fístula (abertura) entre o intestino e a bexiga;
  • Quando há dor abdominal súbita em pessoas tomando corticosteróides, pois o intestino grosso pode ter se rompido dentro da cavidade abdominal.

Medicamentos

A principal forma de tratamento para a diverticulite se dá através do uso de antibióticos. O tratamento com esses medicamentos deve ser mantido por um período de 7 a 10 dias, sendo que a melhora dos sintomas deve acontecer entre 2 e 3 dias após o início do tratamento.Os principais antibióticos utilizados no tratamento da diverticulite são:

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Convivendo

Conviver com a diverticulite, especialmente se ela for crônica, pode ser um processo bem ingrato. Não somente por causa das dores inescapáveis das crises, mas também porque, a partir do momento em que se é diagnosticado a diverticulose, é necessário fazer algumas mudanças de vida.Embora para algumas pessoas essas mudanças possam ser radicais, difíceis de serem feitas ou até mesmo indesejadas, no fim das contas elas contribuem para saúde do indivíduo com diverticulose da mesma maneira que contribuiriam para a saúde de uma pessoa que não tem o problema.Portanto, olhe pelo lado bom: apesar de você ter um problema como a diverticulose, agora não tem mais desculpa, você está obrigado a levar uma vida mais saudável!O tratamento para a condição pode ser relativamente simples, a depender da gravidade da infecção e inflamação, então, conviver com a doença exige algumas mudanças comportamentais, como comer mais fibras, melhorar a alimentação e praticar atividade física.Aliado a isso, é muito importante manter a frequência médica, realizar os exames com periodicidade, pois deve-se tentar ao máximo evitar uma segunda crise.

Prognóstico

O prognóstico da diverticulite varia bastante de acordo com os graus de infecção e inflamação causados pela doença.Nos casos em que ela foi grave e houve perfuração do intestino, por exemplo, o prognóstico não é nada bom, pois o paciente corre risco de infecção generalizada.Nos casos em que é crônica, também o prognóstico é ruim, pois pode ser necessário que o paciente faça uma cirurgia para remover a parte o intestino que apresenta os divertículos inflamados, o que faz com que, muitas vezes, seja necessário até mesmo o uma colostomia (exteriorização do intestino).Apesar disso, quando os casos não são tão graves, o prognóstico é bom e, com o tratamento, o paciente se cura da inflamação e/ou infecção, embora tenha de adotar uma série de mudanças comportamentais para impedir que a doença se manifeste novamente.

Complicações

Se não tratada, a diverticulite pode trazer algumas complicações para o organismo, como:

Sangramento

Pode acontecer sangramentos dentro do intestino mesmo que não haja a inflamação do divertículo em si. Esse processo é chamado de sangramento diverticular e pode ser identificado pela presença de sangue nas fezes.Para tratar esse problema, normalmente é necessário fazer uma colonoscopia para determinar o local do sangramento. Nos casos em que a hemorragia tem alta intensidade, pode ser necessário a realização de angiografias (exame radiográfico dos vasos sanguíneos) e até mesmo cirurgias.

Fístulas

As fístulas acontecem quando há a comunicação do intestino com outros órgãos do corpo  por conta da inflamação e do surgimento de feridas na parede do intestino, geralmente causando dor abdominal forte e presença de fezes na urina.O tratamento dessa complicação vai depender do tamanho e da localização da fístula. É feito pelo coloproctologista e pode ser necessária a realização de cirurgias.

Obstrução intestinal

A obstrução intestinal é uma complicação grave da diverticulite. Nela, a inflamação intensa no intestino impede a passagem de líquidos e fezes pelo órgão, o que causa inchaço, cólicas abdominais e vômitos.Nesses casos, é necessário a realização de uma cirurgia para correção ou retirada da parte inflamada do intestino.

Perfuração da parede do intestino

A perfuração acontece quando alguma crise de diverticulite não foi tratada ou não foi tratada corretamente. Causa uma intensa inflamação abdominal e pode haver a contaminação de outras partes do organismo pelas fezes, o que pode levar a infecções severas.Nesses casos, também é realizada uma cirurgia para corrigir ou retirar a área inflamada do intestino.

Infecção generalizada

A infecção generalizada é a complicação mais grave da diverticulite. Foi essa complicação, mais especificamente, que levou Tancredo Neves à morte.Quando há a contaminação do organismo pelas fezes, pode ser que muitas das bactérias presentes naturalmente no intestino, local onde podem ficar sem causar grandes problemas, se espalhem para o resto do corpo, causando sintomas graves.Nesses casos, especialmente se a infecção se espalhou para múltiplos órgãos, o tratamento fica mais difícil, pois pode ser de difícil controle. Pode acontecer de diversos órgãos pararem de funcionar, a conhecida falência múltipla dos órgãos, o que pode levar o paciente à morte.

Prevenção

Pacientes que têm diverticulite obrigatoriamente têm também a diverticulose. Portanto, para prevenir a diverticulite, é preciso tratar bem da diverticulose, por exemplo, através de mudanças comportamentais, para impedir que ocorra qualquer inflamação dessas partes do intestino. Entenda:

Adote uma dieta rica em fibras

O ideal é consumir entre 25g e 35g de fibras por dia. Elas são encontradas naturalmente em uma série de alimentos e facilitam a passagem das fezes, pois aumentam o seu volume. Quando as fezes não são volumosas o suficiente, o intestino precisa fazer mais força para empurrá-las para fora.

Preze pela hidratação

É muito importante se manter devidamente hidratado, pois isso tem um impacto direto no bom funcionamento do intestino. A água ajuda as fezes a se locomoverem com mais facilidade pelo intestino e evitar a formação de novos divertículos.Recomenda-se, de modo geral, que se tome aproximadamente 2 litros de água por dia e, para o paciente com diverticulose, isso não é diferente.

Pratique exercícios físicos

Exercitar-se com frequência e regularidade ajuda a manter os movimentos intestinais mais eficazes, o que te deixa menos propenso à constipação, que pode levar a quadros de diverticulite.O exercício físico ajuda a reduzir a quantidade de tempo necessário para o alimento passar pelo sistema digestivo.Faça o teste você mesmo: 30 minutos de exercício por dia, 5 vezes por semana. Seu intestino e sua saúde vão agradecer.

Evite fazer força quando vai ao banheiro

Quando ocorrer prisão de ventre, não force a saída das fezes, pois elas podem ficar presas nos divertículos, podendo eventualmente levar a um quadro de diverticulite.Se a prisão de ventre vier, o melhor a fazer é marcar uma consulta com o seu médico para, se for o caso, fazer o uso de laxantes que permitam que você vá ao banheiro sem ter de fazer força.

Dieta para diverticulite

Para evitar que as crises de diverticulite ocorram novamente, é importante ficar atento principalmente à alimentação.Já que a inflamação tende a ocorrer quando as fezes se acumulam nos divertículos, é fundamental buscar na alimentação uma maneira de ter fezes mais consistentes e que não fiquem alojadas nessas porções do intestino.Confira agora os alimentos que devem ser consumidos e evitados por quem possui a diverticulose e quer evitar crises de diverticulite no futuro!

Alimentos que devem fazer parte do prato

O melhor tipo de alimento que pode ser comido por quem quer melhorar o bolo fecal são aqueles ricos em fibras, pois eles aumentam o volume das fezes, fazendo com que o intestino precise de menos esforço para eliminá-las.Vale lembrar que a ingestão dos alimentos citados a seguir são para prevenir a diverticulite e não devem ser consumidos durante uma crise sem o aval médico, pois pode acontecer do excesso de fibras dificultar a recuperação do quadro, uma vez que o bolo fecal produzido é maior.Agora, alguns alimentos que você pode adicionar ao seu dia a dia para prevenir a diverticulite:
  • Lentilhas;
  • Feijão preto e vermelho;
  • Aveia;
  • Pera;
  • Maçã;
  • Arroz integral;
  • Banana;
  • Laranja;
  • Morango;
  • Figo seco;
  • Uvas-passas;
  • Pão integral;
  • Amêndoas;
  • Brócolis;
  • Quinoa;
  • Abacate;
  • Alcachofra;
  • Sementes de linhaça;
  • Milho;
  • Cenoura.

Alimentos que devem ser evitados

Por outro lado, existem alimentos que devem ser evitados durante as crises, pois podem piorar os sintomas e agravar a situação. São eles:
  • Pipoca;
  • Frutas secas;
  • Cascas de legumes ou frutas;
  • Ervilhas;
  • Coco;
  • Tomates;
  • Morangos;
  • Picles;
  • Pepino;
  • Café;
  • Chá;
  • Bebidas alcoólicas;
  • Beterraba;
  • Feijão;
  • Cenoura;
  • Brócolis;
  • Couve-flor;
  • Abóbora;
  • Repolho;
  • Couve.
Lembrete importante!Sempre consulte um nutricionista antes de adotar mudanças na dieta! Esse é o profissional mais capacitado para entender o organismo de cada paciente e qual tipo de dieta adotar. No caso de doenças que requerem como parte do tratamento a restrição ou adoção de certos alimentos, o nutricionista deve ser consultado.

Perguntas frequentes

Quem tem a doença diverticular não pode comer nada que contenha sementes?

Pode sim! Não existe nenhum estudo que comprove que as sementes interfiram no intestino de uma pessoa que possui divertículos.

Quem tem diverticulite precisa fazer colostomia (exteriorização do intestino)?

Não necessariamente. Só vai ser necessário fazer uma colostomia quando complicações graves, como a perfuração do intestino, acontecem. Esse procedimento é realizado para que a recuperação do quadro infeccioso se dê de maneira mais eficaz e segura.

Diverticulite pode virar câncer?

Não. Nem a diverticulite nem a diverticulose viram câncer. Essa confusão acontece porque muitos pacientes acometidos pela diverticulite também são acometidos pelo câncer do intestino. Contudo, as duas doenças não tem relação causal entre uma e outra.Na verdade, as condições se relacionam na medida em que ambas têm dois fatores de risco em comum: predominam mais entre as pessoas com 50 anos ou mais e são especialmente frequentes em quem tem alimentação pobre em fibras.Portanto, apesar de não ter relação causal, tanto o câncer de intestino como a diverticulose (e, consequentemente, a diverticulite), podem ser prevenidos através da boa alimentação.

Quem já teve diverticulite uma vez tem mais chances de ter de novo?

Esse índice varia. Segundo um estudo finlandês da Universidade de Helsinki, aproximadamente 39% dos pacientes que já tiveram um quadro de diverticulite provavelmente apresentarão outro no futuro. Contudo, não dá para saber até acontecer.

A diverticulite é mais frequente em ocidentais?

Mais ou menos. A diverticulite, na verdade, é mais frequente em países industrializados, especialmente por conta dos hábitos alimentares, que não levam em consideração a quantidade de fibras necessárias para o bom funcionamento do intestino.Contudo, a doença ocorre em pessoas orientais também, embora, nesses casos, seja mais frequente que ela aconteça do lado direito do intestino.
A diverticulite é uma inflamação e/ou infecção de partes do intestino das pessoas que têm a doença diverticular. Por isso, é muito importante manter uma dieta saudável e rica em fibras, sempre se preocupando com o bom funcionamento do intestino.Saiba mais sobre como melhorar a sua saúde e do seu intestino no Minuto Saudável!Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 17/10/2018

Fontes consultadas

Imagem do profissional Paulo Caproni
Este artigo foi escrito por:

Dr. Paulo Caproni

CRM/PR: 27679CompletarLeia mais artigos de Dr. Paulo
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