Saúde

Cinoterapia: como a terapia com cães ajuda crianças e idosos

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 16/06/2018Última atualização: 22/02/2023
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 16/06/2018Última atualização: 22/02/2023
cinoterapia-minuto-saudavel.pngcinoterapia-minuto-saudavel.png
Publicidade
Publicidade

Com origem no século XVII, na Inglaterra, a cinoterapia com pacientes psiquiátricos se mostrou eficaz no tratamento de condições psicológicas, sociais e pedagógicas após da utilização de cães e outros animais durante as sessões terapêuticas.

Essa terapia é composta por uma equipe multidisciplinar, responsável por avaliar o(a) paciente e o animal. Por isso, possibilita que seja estabelecida a comunicação recíproca entre ambos, com atividades que estimulam a criatividade e melhorem a autoestima.

Além disso, esse método proporciona sensação de bem-estar e felicidade, porque o contato com os cães estimula a liberação de substâncias como a endorfina e a adrenalina, responsáveis inibir o estresse e a irritação.

Para saber mais sobre os objetivos, benefícios, recomendações e contraindicações da cinoterapia, continue acompanhando o artigo!

Índice — Neste artigo, você encontrará:

  1. Objetivos da cinoterapia
  2. Por que cachorros?
  3. Quais os benefícios da cinoterapia?
  4. Cinoterapia com idosos
  5. Cinoterapia com crianças
  6. Quando é recomendada?
  7. Existem contraindicações?
  8. Quais os requisitos e recomendações
  9. Preparação
  10. Como fazer terapia com cães?
  11. Cinoterapia no Brasil
  12. Cães de assistência
  13. Cães e o hábito da leitura

Objetivos da cinoterapia

O objetivo da cinoterapia é ser um tratamento complementar. Com o contato entre o animal e o paciente, são desenvolvidas atividades e, a partir disso, se proporciona bem-estar e estímulo a algumas áreas, sendo elas: 

  • Funções motoras;
  • Desenvolve a fala;
  • Melhora a socialização;
  • Aumenta a confiança;
  • Fortalece a autoestima;
  • Melhora a atenção, memória e equilíbrio.
Publicidade
Publicidade

Por que os cachorros?

Os cachorros são ótimos co-terapeutas no tratamento psicológico e físico dos pacientes. Isso porque eles costumam ter facilidade de formar vínculo, são brincalhões e dóceis e, por isso, são os mais utilizados justamentepor promoverem bem-estar e alegria.

Leia maisA importância da terapia na infância: quando é necessária? 

Publicidade
Publicidade

Quais os benefícios da cinoterapia?

Os benefícios são não somente em fazer terapia com animais, mas também em proporcionar a redução do estresse, auxiliar no tratamento de doenças e proporcionar bem-estar. Outros benefícios que podemos destacar são:

  • Aumento da capacidade motora;
  • Melhora do sistema imunológico;
  • Redução dos sintomas da depressão;
  • Diminuição da ansiedade;
  • Diminuição do estresse e as taxas de cortisol, hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais com função de ajudar o organismo a reduzir o estresse;
  • Redução da pressão sanguínea;
  • Redução da necessidade do uso de medicamentos.

Em casos de tratamentos de doenças como o câncer, a cinoterapia pode ser uma dose de alívio. Os cachorros, criaturas dóceis e amigáveis, possibilitam que pacientes desviem o foco da doença por um momento.

Cinoterapia com idosos

Para os idosos, a técnica proporciona o resgate da autoestima e estimula a responsabilidade de cuidar dos animais, além de se tornar uma forma de entretenimento, lazer e recreação.

Além disso, a técnica é ótima para exercer a memória, pois os(as) pacientes acabam se atentando com os horários de visita, estimulando a memória pelo simples fato de lembrarem dos horários de visita ou do nome dos cães.

Publicidade
Publicidade

Cinoterapia com crianças

Há um ganho muito grande das crianças quando estão em contato com animais: elas conseguem estabelecer uma relação de amizade, companheirismo, respeito com a comunicação recíproca.

Diante disso, a criança pode trabalhar sua autoestima e autonomia, deixando de lado a doença e aproveitando da alegria que o animal pode proporcionar. Portanto, esse tipo de técnica é eficiente no tratamento de diversas condições, como em paralisia cerebralsíndrome de Down e autismo.

Quando é recomendada?

De modo geral, todos os pacientes podem receber visita ou realizar a cinoterapia com animais, pois ela é eficaz em diversas condições, auxilia na comunicação, proporciona momentos de bem-estar, leveza e felicidade para todos os pacientes.

Dentre essas condições, estão:

Existem contraindicações?

Apesar de ser altamente funcional, a abordagem não substitui um acompanhamento médico ou o uso de medicamentos. Somente em algumas circunstâncias a cinoterapia não pode ser aplicada, como:

  • Pacientes alérgicos;
  • Condições em que o paciente está mais vulnerável a desenvolver infecções;
  • Pós-operatório imediato;
  • Em situações onde o animal se torna fonte de rivalidade;
  • Quando pacientes demonstram comportamento possessivo com o animal;
  • Em casos em que o paciente machuca os animais;
  • Quando há risco do animal transmitir alguma doença para o paciente (zoonose);
  • Em pacientes com aversão ou medo dos animais.

Quais os requisitos e recomendações?

Existem alguns requisitos necessários que devem ser seguidos pelos pacientes, cães e equipe hospital. Veja o que é necessário:

Cães

Os cães de qualquer raça podem ser co-terapeutas, mesmo aqueles sem raça definida. Contudo, em algumas ocasiões, certas raças se sobressaem, como nos cães de assistência, que precisam de características específicas para conseguirem auxiliar o dono.

Algumas das raças mais comuns dentro dessa terapia são o Labrador e Golden-retriever, pois são considerados cães de temperamento e sociabilidade de excelência. As condições para ser um cão co-terapeuta são as seguintes:

  • Saudável;
  • Treinado;
  • Dócil;
  • Ser muito sociável e com interesse em interagir com as pessoas;
  • Não ser medroso;
  • Não ser agressivo;
  • Ser calmo;
  • Tolerante;
  •  Amigável.

Quem realiza essa avaliação dos cães é um(a) médico(a) veterinário(a) especialista em comportamento animal, que analisa questões comportamentais e clínicas do cachorro, a fim de saber como ele reage sobre estresse, diante de barulhos e outras situações adversas.

Além disso, para estar apto, o cão precisa ter a carteira de vacinação em dia e receber o laudo do veterinário responsável, afirmando não haver riscos em relação ao seu comportamento e nem a possibilidade de transmissão de doenças.

Pacientes

Os pacientes devem concordar em receber a visita dos animais. É importante explicar para eles como funciona a dinâmica da terapia e quais serão as atividades. No caso de pacientes menores de idade, os hospitais precisam de autorização dos pais ou responsáveis.

Profissionais da saúde

Existem algumas recomendações para os profissionais de saúde e para os locais que recebem a cinoterapia.

Primeiramente, as equipes são de projetos de organização sem fins lucrativos — que precisam da autorização do corpo clínico responsável pelo local ou unidade hospitalar.

Além disso, os profissionais de saúde precisam ter conhecimento sobre as orientações e contraindicações em relação à saúde do paciente e ao bem-estar do animal.

Sabendo disso, algumas orientações mais específicas incluem:

  • Limitar o acesso dos animais em algumas áreas específicas no hospital, como em ambientes de preparação de alimentos, medicação, centros de esterilização, desinfecção, lavanderias, centros cirúrgicos e salas de isolamento;
  • Certificar-se de que as visitas estão sendo feitas com a supervisão do treinador e um profissional da equipe da área da saúde;
  • Quando possível, colocar a disposição um enfermeiro para auxiliar durante a cinoterapia, pois são profissionais que ajudam na comunicação e conseguem estabelecer um relacionamento efetivo com os pacientes;
  • Deixar o paciente seguro e confiante com as visitas;
  • Orientar os pacientes em relação à higiene das mãos e evitar que tenham contato com saliva, urina ou fezes do animal.

Preparação

Antes de entrarem em contato com os pacientes, os cães passam por um processo bem rigoroso de higienização. Normalmente, acompanhados de profissionais como o(a) terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo(a) e o(a) tutor(a) do animal.

Os cuidados que esses animais recebem incluem:

  • Ida ao pet shop para tomar banho;
  • Lixar e cortas as unhas;
  • Escovação dos dentes;
  • Secagem dos pelos;
  • Limpeza das patas no hospital;
  • Borrifamento de um produto à base de álcool 70%;
  • Clorexidina para esterilização do animal.

Assim, completamente limpos, cheirosos e bem cuidados, os cães estão prontos para os pacientes. Além disso, todas as pessoas que participam da terapia devem ter as mãos bem limpas, antes e após o contato com os cachorros.

Simultaneamente, os tutores e terapeutas precisam estar atentos para que o animal não entre em contato com secreções como fezes, vômitos, urina ou feridas dos pacientes.

Leia tambémCom que frequência devo levar meu pet ao veterinário? 

Como fazer terapia com cães?

As sessões variam conforme os pacientes e os animais que fazem parte do projeto. Normalmente, a terapia acontece com a presença dos cães e, por isso, descreveremos o processo tendo como base os pets.

A terapia tem duração de 1 hora, em média, e esse tempo é definido para atender também às necessidades dos cães.

Metodologia

Existem três tipos principais de metodologias, elas são divididas conforme o(a) profissional que realiza as atividades, que podem ser semelhantes, mas com denominações diferentea. São elas:

Terapia Assistida por Animais (TAA)

É realizada por um profissional da saúde que precisa ter, pelo menos, curso básico sobre intervenções assistidas por animais.

Atividade Assistida por Animais (AAA)

Quando o(a) profissional que realiza as atividades não têm formação na área da saúde, mas possui o curso de cinoterapia.

Educação Assistida por Animais (EAA)

A educação assistida por animais se refere às atividades ministradas por profissionais da educação, como professores e pedagogos.

Atividades

As atividades variam segundo a metodologia adotada, mas envolvem ações semelhantes, tais como:

  • Acariciar o cachorro: atividade simples e pode ser praticada pela maioria dos pacientes de qualquer faixa etária;
  • Passeios: é uma atividade importante para estimular funções motoras, como trabalhar o movimento e motivar a reabilitação;
  • Escovar o pelo do animal: é uma atividade que proporciona maior estímulo dos membros, alongamento e força muscular dos braços;
  • Brincadeira com arcos e outros objetos: são exercícios que estimulam a criatividade, proporcionam bem-estar e trabalham aspectos de diferentes áreas;
  • Objetos coloridos: são utilizados para deixar a terapia mais lúdica, promovendo a percepção das cores e formas.

Folga para os pets

Assim como os pacientes, os cães precisam de cuidado e descanso. Por não serem projetos muito comuns, os grupos que os realizam, às vezes, precisam atender um número muito grande de hospitais e asilos.

Portanto, para os cães não fiquem cansados, o terapeuta deve realizar uma espécie de rodízio com os cães, fazendo com que os animais “trabalhem em escala” para conseguirem descansar.

É importante que a equipe que acompanha esses animais também saiba reconhecer seus limites. Quando completam 10 anos, os cães são “aposentados” dessa função. Isso é feito gradualmente, pois o animal também sente falta da rotina com os pacientes e pode ficar depressivo se for retirado bruscamente.

Cinoterapia no Brasil

No Brasil, a abordagem pode ser adotada por todos os hospitais. A maioria dos projetos são de Organizações Não Governamentais (ONGs), que vão até os hospitais, casas de repouso, casas de reabilitações, associações e outros que tenham interesse nesse tipo de terapia.

Antes dos hospitais receberem a visita desses coterapeutas, são necessários alguns procedimentos para avaliar a possibilidade deste serviço, como uma avaliação prévia de equipes de comissão no controle de infecção hospitalar.

Onde encontrar?

Algumas associações oferecem esse tipo de atividade para os participantes. Geralmente, são as próprias ONGs que entram em contato com os hospitais ou profissionais da área, que em seguida vão até essas organizações e proporcionam esse tipo de terapia complementar.

Como funcionam os cursos?

Para quem tem vontade de trabalhar como esse tipo de terapia, existem cursos técnicos que ensinam a dinâmica. Qualquer pessoa que tenha interesse pode realizá-lo.

Além disso, dependendo da formação acadêmica, o título do curso é diferente. Profissionais da área da saúde humana que realizam o curso, podem ser chamados de cinoterapeutas.

O curso é rápido, tendo duração de alguns dias. Alguns tópicos abordados pela terapeuta incluem:

  • Noções gerais sobre adestramento;
  • Conduta do tutor;
  • Escolha dos cachorros;
  • Bem-estar dos animais;
  • Como identificar sinais de estresse nos cães;
  • Ambiente ideal;
  • Demonstração prática;
  • Como agir em situações de estresse.

Cães de assistência

Os cães podem exercer a função de cão de assistência e, apesar de não serem duas atividades ligadas, ambas proporcionam benefícios para os pacientes. Eles são treinados para ajudar, trazendo mais autonomia e companhia para o dia a dia.

Estes cães são treinados para estarem sempre ao lado do paciente e possuem acesso a locais públicos que outros animais não têm. Além disso, seguem comandos específicos para ajudar o seu dono/paciente, além dos básicos como “deita”, “senta” e “fica”. Conheça alguns tipos de cães de assistência a seguir:

Cães ouvintes

Os cães ouvintes auxiliam as pessoas com deficiência auditiva. Eles são treinados para emitirem sinais que ajudem na percepção de alerta importantes, como o barulho de uma campainha, quando alguém bate na porta, quando o telefone toca, alarmes de incêndio ou de um bebê chorando.

Cães-guias

Os cães-guias foram os primeiros a serem treinados no país e, por isso, se tornaram mais populares. São responsáveis por auxiliar as pessoas com deficiência visual a se locomover com maior autonomia, evitando que seus donos se acidentem.

Os animais escolhidos para serem cão-guia devem ter algumas características, tais como ser forte, dócil e saudável. As raças mais comuns de cães-guia são o Golden Retriever, Pastor Alemão e Labrador.

Cães de serviço

Os cães de serviço são um tipo mais específico de cães de assistência. São preparados para atender necessidades mais particulares do paciente, como:

Cães de assistência para cadeirantes

Os cães aprendem formas de auxiliar os cadeirantes a terem maior mobilidade e autonomia no dia a dia.

Algumas das técnicas envolvem o aprendizado de acender luzes, buscar objetos, chamar o elevador, abrir portas, abrir gavetas e armários ou até ajudar a pessoa a se despedir.

Cães de assistência para pessoas com diabetes

Esses cães recebem um tratamento focado na identificação por meio do olfato para perceberem quando o paciente de diabetes tipo 1 tem uma queda de glicose no sangue.

Cães de assistência para pessoas com epilepsia

Os cães de assistência são ensinados a identificar quando uma crise começa. A partir disso, o cão sinaliza para os familiares ou pessoas próximas sobre o episódio. 

Em alguns casos de pacientes com epilepsia que adotaram o cão de assistência, percebeu-se uma redução no número de crises convulsivas.

Cães de assistência para pessoas com autismo

Os cães de assistência são verdadeiros companheiros de pessoas com autismo. Eles são treinados para ajudá-las nas atividades que apresentam dificuldade, assim como também fazem parte da família.

Além de auxiliarem os pais com as condutas de oposição e fugas da criança, eles também colaboram para regular o sono, pois fazem companhia na hora de dormir. A presença deles diminui o isolamento, desenvolve a afetividade e socialização com as outras crianças.

Cães e o hábito da leitura

Os cachorros, ocupam o espaço silencioso das bibliotecas. Dessa forma, as crianças associam o hábito da leitura a uma atividade prazerosa, o que os estimulam a ler cada vez mais.

As sessões de leitura promovidas pela ONG são curtas, em uma área tranquila. A criança escolhe um livro que gostaria de ler, se senta ao lado do cachorro e do ajudante para começar.

Assim, além da interação com os animais e todos os benefícios que esse convívio proporciona, a criança adentra ao mundo da leitura, estimulando sua imaginação e suas habilidades.


A cinoterapia é um método que visa deixar a vida dos pacientes muito mais leve e feliz. Portanto, a terapia assistida por animais é uma forma mais humanizada de encarar esse momento.

Para mais conteúdos sobre saúde mental, continue acompanhando o site e redes sociais do Minuto Saudável!


Imagem do profissional Thayna Rose
Ícone de verificação
Este artigo foi escrito por:

Esp. Thayna Rose

CRP: CRP/PR 08/28789Bacharel em Psicologia com especialização em Neuropsicologia.Leia mais artigos de Esp. Thayna
Publicidade
Publicidade

Compartilhe

Publicidade
Publicidade
Sobre o Minuto Saudável

Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.

Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.
Banner anuncie em nosso site
Banner anuncie em nosso site
Nos acompanhe nas redes sociais:
Atenção: O conteúdo do site Minuto Saudável, como textos, gráficos, imagens e outros materiais são apenas para fins informativos e não substitui o conselho médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Se você acha que pode ter uma emergência médica, ligue para o seu médico ou 192 imediatamente. Minuto Saudável não recomenda ou endossa quaisquer testes específicos, médicos (profissionais de saúde), produtos, procedimentos, opiniões, ou outras informações que podem ser mencionados no site. A confiança em qualquer informação contida no site é exclusivamente por sua conta e risco. Se persistirem os sintomas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico. Leia a bula.

Minuto Saudável © 2024 Blog de Saúde, Beleza e Bem-estar
Política de Privacidade
Publicidade
Publicidade