A Epilepsia é um distúrbio do cérebro, não transmissível, em que as atividades das células nervosas são perturbadas. Isso causa uma atividade excessiva e anormal nas células cerebrais, gerando crises epilépticas.
Quando este distúrbio ocorre, o cérebro interrompe temporariamente sua função habitual e produz manifestações involuntárias no comportamento, no controle muscular, na consciência e na sensibilidade do indivíduo.
A epilepsia se manifesta por crises repetidas e há mais de um tipo de crise epiléptica. Portanto, qualquer pessoa pode passar por uma crise epiléptica isolada, o que não significa necessariamente que esta pessoa sofra da doença.
Crises epilépticas isoladas podem ser desencadeadas por diversos motivos, alguns deles são:
A Epilepsia é mais comum e frequente do que imaginamos, já que entre cada cem pessoas, uma ou duas têm a doença. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham epilepsia ativa, indivíduos que estão em tratamento ou tenham tido crises no último ano, em todo o mundo. E no Brasil, 1,3% da população sofre da doença, sendo 50% desta porcentagem, crianças.
A maioria dos casos de epilepsia se inicia na infância ou na adolescência. Este fato favorece aos diagnósticos precoces, pois quanto mais cedo se estabelece um tratamento, mais fácil ameniza-se os sintomas.
As crises são divididas em dois tipos, as parciais e as generalizadas.
São aquelas que envolvem todo o cérebro e as mais comuns deste tipo são:
São aquelas em que o distúrbio se limita a uma área do cérebro. Ela pode ser classificada como simples e complexas.
Há casos em que o distúrbio se inicia em uma parte do cérebro e, posteriormente, atinge todo o mesmo. A esta crise dá-se a classificação de parcial com generalização secundária.
Muitas vezes não se identificam as causas originárias da epilepsia e, quando isso ocorre, ela é chamado de epilepsia idiopática.
Porém, a epilepsia pode ser, também, genética ou adquirida, também chamada de epilepsia secundária ou sintomática, e algumas possíveis causas para esses tipos são:
Um caso mais raro é a epilepsia piridoxina-dependente, que envolve convulsões desde os primeiros meses de vida ou, em alguns casos, antes mesmo do nascimento. Sua causa mais provável é uma mutação do gene ALDH4A1, o antiquitina.
A epilepsia também pode ser desencadeada por sons fortes, flashes luminosos e privação de sono. A gravidez também pode causar crises de epilepsia.
Os sintomas da epilepsia são as que compõem as crises parciais e generalizadas. Elas podem deixar o indivíduo com um medo repentino, desconforto no estômago, perda da consciência, contração dos músculos, mordida na língua, incontinência urinária, confusão mental e podem provocar alucinações fazendo com que o paciente veja ou escute de maneiras diferentes.
Após uma crise o indivíduo pode sentir-se confuso e não se lembrar do episódio.
Durante este tipo de crise podem ocorrer:
Sintomas deste tipo de crise podem ser:
Esta classificação de epilepsia é principalmente caracterizada pelos seus longos períodos de ataque epilépticpos, e pela baixa temperatura corporal (hipotermia) e baixo tônus muscular após ao nascimento. Outros sintomas são:
Leia mais: O que é Hipotermia e quais são os sintomas?
Não tente parar uma crise epiléptica, nem segurar a vítima. Para ajudá-la, siga as dicas abaixo:
Nunca coloque a mão ou qualquer objeto dentro da boca do indivíduo, pois ele pode morder os dedos ou se engasgar. Não deve se dar de comer ou beber, pois pode provocar asfixia.
Se a crise durar menos de cinco minutos e o paciente tiver histórico de epilepsia, não é necessário chamar um médico. Caso contrário, leve o paciente para um hospital ou chame uma ambulância.
Mulheres grávidas e diabéticos devem ser levados obrigatoriamente para um hospital.
O diagnóstico da epilepsia deve ser realizado por um neurologista e é feito a partir do relato detalhado do paciente ou de alguém que presenciou a crise sobre o caso. É necessário informações detalhadas sobre o ocorrido, como que parte do corpo foi afetada, quanto tempo durou a crise, em que período do dia aconteceu; todas as informações ajudam no diagnóstico e consequentemente na busca do tratamento adequado.
A partir do relato detalhado, são feitos exames complementares para buscar a classificação da epilepsia. Os exames que mais auxiliam neste caso, são:
Estes exames reconhecem a classificação da epilepsia mais facilmente quando são realizados durante ou logo após uma crise. Quando realizados fora da crise dificilmente se evidencia alguma alteração cerebral. Em 65% dos casos não se identifica nenhuma causa.
Em relação a epilepsia piridoxina-dependente, por ser uma condição rara, seu diagnóstico nem sempre é preciso.
Como já mencionado, a maioria dos casos se iniciam na infância ou adolescência e, em metade desses casos, a epilepsia desaparece com o tempo e com o amadurecimento cerebral. Porém, não há curas para a doença, mas existem tratamentos que são capazes de diminuir os sintomas em grande escala.
Pacientes que estão sem medicação há anos e não sofreram nenhuma crise nesse tempo, podem se considerar curadas.
O tratamento mais indicado é o medicamentoso, que ajuda a regular a atividade cerebral anormal. O neurologista, após identificar a classificação, receita um anticonvulsivante adequado para seu tipo específico de epilepsia. Os anticonvulsivantes são remédios que alteram o funcionamento do cérebro, ajudando na diminuição das crises epilépticas.
O tratamento medicamentoso costuma ser longo, em alguns casos dura a vida toda, e deve ser feito com acompanhamento médico. O medicamento deve ser tomado nos horários e nas quantidades prescritas e não se deve dobrar a dose caso haja esquecimento em tomar no horário anterior. Consulte o médico periodicamente, pois assim ele será capaz de ajustar as doses da medicação para a sua necessidade, além de facilitar na descoberta dos fatores que possam contribuir para o aumento das crises e verificar os efeitos colaterais do uso do remédio.
O tratamento com anticonvulsivantes é ineficaz para a epilepsia piridoxina-dependente, portanto o tratamento mais indicado neste caso é o de grandes doses diárias de Vitamina B6, a piridoxina. Porém se não tratada a tempo, a criança pode desenvolver problemas neurológicos, como atrasos no desenvolvimento, distúrbios de aprendizagem e disfunções cerebrais graves.
Dormir a quantidade suficiente, fazer suas refeições em horários regulares e não abusar de álcool são hábitos imprescindíveis, pois ajudam a controlar as crises. A acupuntura e meditação, em conjunto com a medicação, também ajudam a controlar as crises epilépticas, pois fazem com que o indivíduo relaxe e elimine a tensão.
Outro método de tratamento é a cirurgia no cérebro, utilizada nos casos mais graves em que o medicamento não ajuda a controlar as crises. Esse procedimento consiste na remoção do foco epiléptico, ou seja, a parte do cérebro afetada pela epilepsia e só pode ser realizado se o local afetado pelo problema for localizado. Além disso, ele não deve ser realizado quando os dois hemisférios do cérebro são afetados pela doença. Outro fator que proíbe a cirurgia é a necessidade do foco epiléptico ser pequeno, pois, assim, a remoção dele não afeta o funcionamento global do cérebro.
Também existem outros tratamentos como:
O tratamento medicamentoso pode causar efeitos colaterais desagradáveis para as crianças, como sonolência, ganho de peso e problemas na fala, mas podem ser feitos com aconselhamento médico.
Outro tratamento, mais utilizado nesse grupo, é a dieta cetogênica, baseada em maiores quantidades de gordura e quantidades reduzidas de açúcares e proteínas, calculadas de acordo com a idade e peso do paciente. 1% dos pacientes consegue controlar as crises a partir dessa dieta.
A dieta cetogênica deve ser indicada e controlada por um nutricionista, para que a criança receba as quantidades necessárias de gordura, vitaminas e minerais. Uma dieta mal gerida pode causar danos na nutrição da criança, além de doenças como hipoglicemia.
O tratamento medicamentoso não é recomendado para mulheres grávidas, pois os medicamentos podem causar malformações e alterações no desenvolvimento do feto.
Deve-se tentar controlar as crises epilépticas utilizando técnicas de relaxamento, para evitar o estresse, e evitar os fatores que causam a epilepsia.
As mulheres que necessitarem do medicamento para controlar as crises devem ser aconselhadas pelo médico neurologista e alterar sua medicação anticonvulsivante para medicamentos com menores efeitos colaterais no feto.
Mulheres grávidas também devem tomar 5mg de ácido fólico, antes e durante a gestação, e a vitamina K deve ser administrada no último mês de gravidez.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
O epiléptico pode encontrar diversas complicações e desafios.
Algumas complicações são derivadas do tratamento medicamentoso e podem envolver efeitos colaterais como:
Causadas pela epilepsia durante uma crise. O indivíduo pode se machucar caindo no chão ou batendo em objetos enquanto convulsiona e, às vezes, a convulsão é forte o suficiente para causar danos, como lesões musculares.
São crises prolongadas e consideradas como emergência médica grave que pode envolver riscos de vida.
São riscos maiores para portadores de epilepsia. Este fenômeno ainda não foi completamente compreendido, porém pode estar relacionado a um distúrbio cardíaco que pode ocorrer durante a convulsão. A Fundação para Epilepsia lista outras causas possíveis para este tipo de morte inexplicada, como problemas respiratórios, alteração na circulação do cérebro e alterações hormonais e metabólicas provocadas durante a consulsão.
Existem vários tipos de cirurgia para eliminar ou neutralizar a parte do cérebro afetada pela epilepsia e, como o tratamento medicamentoso, também há riscos durante a mesma.
Para mulheres grávidas, os maiores riscos envolvem:
Não se sabe se estas complicações são derivadas da doença ou do tratamento medicamentoso.
No período do aleitamento, alguns medicamentos podem causar sonolência e irritação na criança. A orientação é amamentar somente após 1 hora depois de tomada a medicação. Também é orientado amamentar sentada ou deitada, pois crises epilépticas podem ocorrer durante o aleitamento.
Além das complicações já citadas, também há complicações sociais, e algumas são ocorrentes devido ao conceito equivocado que se faz da doença.
Alguns desafios para epilépticos envolvem atividades comuns como:
A epilepsia também pode causar ansiedade e depressão.
Não é incomum que epilépticos desenvolvam problemas emocionais. Isso, na maioria das vezes, se relaciona com a dificuldade de aceitação do diagnóstico, pois, para estes indivíduos, o risco de ataques epilépticos restringe sua independência.
Normalmente, epilépticos desenvolvem a negação como desenvolvimento de defesa, após esta fase ocorre o período de conflito, ou seja, quando a pessoa tenta aceitar sua condição. Quando o indivíduo começa a assimilar a situação de seu diagnóstico, ela pode passar por um período de pressão, que é considerado normal se não for muito longo. Após este período inicia-se a fase de aceitação.
O preconceito com a doença ainda é grande, mas só ocorre por falta de informação, e a melhor forma de passar por ele é conversar com um médico, que pode lhe ajudar a entender melhor sua condição. Isso melhora a qualidade de vida e o ajustamento psicossocial do epiléptico.
Apesar de enfrentarem algumas dificuldade, pessoas com epilepsia podem levar uma vida normal, podendo trabalhar, praticar alguns esportes, ter filhos e dirigir.
Não há muitas formas de prevenir a epilepsia, porém ainda há algumas coisas que podem ser feitas, como:
A epilepsia é uma doença que pode ser tratada e o epiléptico pode desfrutar de uma vida normal, porém esses pacientes ainda sofrem muitos preconceitos pela ignorância sobre o assunto.
Compartilhe com os seus amigos esse texto e ajude a espalhar informações úteis sobre a doença, pois elas podem ajudar alguém a se inserir no meio social e evitar problemas psicológicos.
Rafaela Sarturi Sitiniki
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