A hepatite é uma inflamação do fígado, de característica aguda ou crônica, desencadeada por diversas causas como infecção viral ou bacteriana, doenças autoimunes ou hereditárias, uso constante de alguns medicamentos e o abuso de álcool ou drogas.
O tipo mais sério dessa inflamação recebe o nome de hepatite aguda grave e seus casos costumam ser raros.
Continue lendo o artigo para mais informações a respeito da hepatite fulminante, o que causa, sintomas, casos reportados em crianças, diagnóstico e tratamento.
Índice — Neste artigo, você vai encontrar:
A hepatite aguda grave, também conhecida como hepatite fulminante, é uma condição na qual o fígado fica inflamado de forma rápida, repentina e intensa. Nesses casos, o(a) paciente, anteriormente saudável, fica gravemente doente em questão de alguns dias ou poucas semanas.
Como o próprio nome sugere, a condição é a forma mais grave da hepatite e pode ser fatal para cerca da metade dos(as) pacientes diagnosticados(as). Eventualmente, surgem surtos da doença, levando principalmente crianças e adolescentes a óbito.
Em casos ainda mais graves, pode ocorrer insuficiência hepática aguda com encefalopatia, conjunto de condições que levam a um comprometimento do cérebro devido ao mau funcionamento do fígado.
A hepatite aguda grave pode ser desencadeada por diferentes fatores, incluindo doenças que afetam o fígado, uso excessivo de medicamentos como o paracetamol e substâncias hepatotóxicas, como cápsulas de chás e suplementos emagrecedores.
Os principais vírus envolvidos nas infecções são os das hepatites A, B, C, D, e E, que também podem causar o quadro mais grave de hepatite, geralmente como uma complicação da infecção padrão.
Além disso, pesquisas alertam que a hepatite aguda grave em crianças pode ser causada por algumas coinfecções, como nos casos de contaminação pelo vírus adenoassociado do tipo 2 (AAV2) e outros vírus, incluindo adenovírus humano, vírus Epstein-Barr (EBV), herpes-vírus humano (HHV) e enterovírus.
Quando desencadeada pelas hepatites A e B, que são virais, a versão fulminante da doença pode ser transmissível.
A hepatite A, causada pelo vírus HAV, é transmitida por via oral-fecal, ou seja, a infecção pode ocorrer por meio do consumo de água ou de alimentos que foram contaminados por fezes humanas. Além disso, a disseminação do vírus HAV é facilitado em locais com higiene inadequada e sem saneamento básico.
Em contrapartida, o vírus HBV, causador da hepatite B, encontra-se no sangue, no leite materno, em secreções vaginais e no sêmen, motivo pelo qual é também uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Além do contato com fluidos corporais contaminados, a transmissão também pode ocorrer por meio de:
Como mencionado anteriormente, na hepatite aguda grave, o(a) paciente previamente saudável fica seriamente doente em um curto período de tempo, fazendo com que os sintomas da condição se apresentem e piorem repentinamente. Entre eles estão:
É comum que o quadro evolua para um caso de cirrose ou, em situações mais graves, a pessoa pode apresentar sinais de insuficiência hepática aguda com encefalopatia.
Se você identificou quaisquer dos sintomas mencionados acima, procure auxílio médico imediatamente!
Leia também: Hepatomegalia: o que é? Veja sintomas, causas e prevenção
Em abril de 2022, foram reportados diversos casos de hepatite aguda grave em crianças, o que chamou a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foram reportados 200 casos de hepatite fulminante em crianças previamente saudáveis com idades entre 1 mês e 16 anos. Os casos ocorreram em cerca de 20 países ao redor do mundo, com a maioria nos países do Reino Unido.
Além disso, a maioria das crianças precisou ser hospitalizada, sendo que 17 delas foram submetidas a transplantes de fígado e uma faleceu. Mais de 200 casos da condição foram reportados em crianças até abril de 2022.
Até maio de 2022, não havia sido determinada uma causa para os casos de hepatite fulminante em crianças e investigações descartavam a hepatite viral como possível causa.
Além disso, as outras duas causas descartadas pelos pesquisadores foram a intoxicação por paracetamol e possíveis efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19, visto que as crianças que apresentaram a hepatite aguda grave não haviam recebido nenhuma dose das vacinas.
Em abril de 2023, uma nova publicação lançou luzes sobre a questão e, agora, o misterioso surto de hepatite em crianças está realmente associado à coinfecção pelo vírus adenoassociado do tipo 2 (AAV2), um tipo de agente infeccioso que necessita de outros vírus para causar as infecções.
O estudo descobriu também a presença de outros vírus, como Epstein-Barr, herpes-vírus humano e enterovírus nos casos investigados.
Em suma, pesquisadores sugerem que o confinamento e o isolamento social gerados pela pandemia podem ter deixado as crianças mais vulneráveis e suscetíveis às infecções, uma vez que a exposição a patógenos é importante para desenvolver o sistema imunológico durante essa fase da vida.
O diagnóstico da hepatite aguda grave geralmente começa pela avaliação clínica, quando o(a) médico(a) analisa sintomas como a presença (ou ausência) de icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), náuseas, dor abdominal e demais sintomas.
Em seguida, alguns exames poderão ser usados para avaliar a função hepática e identificar possíveis alterações do fígado. Estes são os principais exames hepáticos laboratoriais utilizados no diagnóstico de hepatite aguda grave:
Alguns exames adicionais podem ser solicitados para determinar a causa específica da hepatite e determinar o tratamento mais adequado. Nesses casos, o processo de diagnóstico pode envolver a solicitação exames de intoxicação por medicamentos, além de testes para identificar os vírus da hepatite (A, B ou C), da herpes e o citomegalovírus, que também podem causar hepatite.
Devido à gravidade da doença, é comum que os pacientes sejam tratados em unidades de tratamento intensivo (UTIs), geralmente com a assistência de um(a) hepatologista e uma equipe especializada em transplantes de fígado.
O tratamento costuma ser complexo e, em muitos casos, é necessário um transplante de fígado para a recuperação completa do(a) paciente, uma vez que hepatite aguda grave é caracterizada por uma rápida deterioração das funções do fígado.
Quando a hepatite aguda grave é uma consequência da infecção pelo vírus da hepatite B, medicamentos análogos de nucleosídeos, como a lamivudina, a entecavir ou o tenofovir, podem ser prescritos para diminuir a replicação do vírus e, consequentemente, reduzir a inflamação do órgão.
Se confirmada a intoxicação por paracetamol, costuma-se utilizar a N-acetilcisteína com o intuito de neutralizar os efeitos tóxicos do fármaco no fígado.
Sim. Com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível que os(as) pacientes se recuperem totalmente. No entanto, como mencionado anteriormente, para a cura da hepatite aguda grave pode ser necessário um transplante de fígado.
Leia também: Cirrose (hepática, biliar, alcóolica): o que é? Tem cura?
Mantenha-se atento(a) aos sintomas! A hepatite fulminante é uma condição rara, porém de extrema gravidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com um(a) médico(a) ou procure uma unidade de saúde.
No portal e nas redes sociais do Minuto Saudável, você encontra mais conteúdos sobre saúde, sintomas, tratamentos e prevenção!
Rafaela Sarturi Sitiniki
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.