São muitas as doenças que podem acometer os seres humanos, algumas dispõem de tratamentos rápidos e breves, enquanto outras precisam ser tratadas e/ou monitoradas durante a vida inteira — é o caso das doenças autoimunes.
Pensando na complexidade desse assunto e das muitas condições que se enquadram nesse campo, separamos algumas informações importantes sobre essas patologias e suas particularidades. Confira e entenda melhor:
Índice — neste artigo você vai encontrar:
Doença autoimune é aquela provocada por uma alteração no funcionamento do sistema de defesa do organismo, de forma que em vez de defender o corpo, passa a atacá-lo. O que pode incluir danos em tecidos (cartilaginoso, sanguíneo, ósseo), glândulas e órgãos.
Atualmente, tem-se conhecimento sobre a existência de mais de 50 tipos dessas patologias.
Entretanto, pode-se destacar algumas das mais comuns como sendo: Lúpus, Diabetes tipo 1, Tireoidite de Hashimoto, Doença de Crohn, Psoríase, Artrite reumatoide, Esclerose múltipla.
Ainda não se sabe o que realmente causa essas doenças, mas sabe-se que alguns fatores podem desencadear as reações autoimunes do organismo. Como, por exemplo, infecções virais e bacterianas, alterações hormonais e uso de alguns medicamentos.
Porém, estudos apontam que essas questões não são significativas se a pessoa não tiver predisposição genética para desenvolver o distúrbio nas células de defesa.
O diagnóstico é feito com o auxílio, principalmente, de exames de sangue em combinação com a análise clínica dos sintomas. De forma que, quando não há a manifestação sintomática, dificilmente a pessoa saberá que sofre com uma condição autoimune.
De maneira geral, essas doenças não têm cura, embora algumas possam ficar inativas por alguns períodos de tempo (longos ou não). Então, são caracterizadas como problemas crônicos, o que faz com que os(as) pacientes precisem de cuidados por toda a vida.
É importante destacar que essas condições não necessariamente vão afetar o cotidiano e impedir uma vida normal. Na maioria dos casos, apenas é preciso mudança de hábitos e cuidados específicos, a fim de evitar maiores complicações em decorrência da doença.
As doenças autoimunes podem afetar tecidos do corpo inteiro (como os vasos sanguíneos, pele, cartilagem) e diferentes órgãos — o que inclui até mesmo o coração e o cérebro, por exemplo.
Vale destacar que algumas condições são muito mais raras que outras e, além disso, diferentes tipos de doença autoimune podem atingir o mesmo órgão. Confira quais são algumas delas e em quais órgãos se manifestam:
As condições autoimunes mais conhecidas e que podem acometer o rim são: doença de Berger, Síndrome de Goodpasture e Lúpus. Sendo que, apenas a primeira acomete de forma exclusiva o rim.
Nesse sentido, a doença de Berger é uma doença que pode levar à insuficiência renal terminal, e sua causa está atrelada à imunoglobulina A (IgA) — um anticorpo cuja função é defender as mucosas do trato respiratório e gastrointestinal contra agentes infecciosos.
Então, devido ao mau funcionamento do sistema imunológico, esses anticorpos passam a se alojar nos rins e causam lesões. Sendo assim, eles não correspondem a uma célula de defesa produzida especificamente contra o rim, mas são anticorpos que por algum motivo (ainda não conhecido) atingem esse órgão.
Já a Síndrome de Goodpasture (ou síndrome de pulmão-rim) é considerada uma doença autoimune incomum. Ela causa hemorragia pulmonar e de forma progressiva leva à insuficiência da função renal.
Os sintomas mais comuns envolvem dificuldade para respirar e expectoração de sangue. Assim como ocorre com outras condições autoimunes, essa síndrome costuma se manifestar em pessoas geneticamente suscetíveis.
Por fim, o Lúpus é uma das condições mais conhecidas, embora ainda não se saiba sua real causa. Mas já se sabe que a manifestação pode ocorrer a partir de fatores genéticos, ambientais, hormonais, infecciosos, exposição à radiação e uso de algumas medicações.
Essa patologia não acomete exclusivamente os rins, onde pode afetar o volume urinário ou causar complicações como sangue na urina. Mas também afeta a pele e as articulações.
A hepatite autoimune (HAI) é condição que não tem sua causa estabelecida, mas alguns estudos e especialistas indicam que ela pode ocorrer a partir da interação entre predisposição genética e agentes externos (infecciosos, drogas ou toxinas).
Essa patologia desencadeia uma reação imunológica do próprio organismo contra as células do fígado, em especial os hepatócitos. Com isso, desenvolve-se uma inflamação crônica que progressivamente destrói esse órgão.
Mas, além dessa, outras duas condições podem comprometer o fígado: a Colangite Biliar Primária (CBP) e a Colangite Esclerosante Primária (CEP).
Ambas afetam os canais biliares, espécie de ducto que tem como função transportar a bile até a vesícula. Sendo que a CBP destrói de forma gradual esses canais, enquanto a CEP causa uma inflamação crônica nos ductos (dentro e fora do fígado), destruindo-os.
Todas as 3 condições podem desencadear ou estar associadas a outras doenças, como doença de Crohn, cirrose, fibrose, insuficiência hepática.
São quatro as doenças autoimunes mais comuns que afetam a pele. Entenda melhor sobre:
Como ocorre com outras doenças autoimunes, essas são patologias que não têm cura, mas podem ter suas complicações amenizadas a partir do diagnóstico e tratamento ideal. Porém, é preciso explicitar que os cuidados são contínuos e perduram por toda a vida.
O endométrio é o tecido que reveste a parte interna do útero. Sua espessura pode variar de acordo com as concentrações hormonais na corrente sanguínea e, especialmente, durante o ciclo menstrual.
Quando ocorre a fecundação, é essa estrutura é que possibilita o acolhimento do embrião na parede do útero, além de ser indispensável para a formação da placenta — estrutura que tem como função garantir ao feto os nutrientes e oxigenação necessária.
Uma condição autoimune que pode afetar essa região é a Endometriose. Há, ainda, algumas divergências quanto a essa classificação, mas já existem estudos e profissionais que reconhecem esse distúrbio como sendo de causa imunológica.
Basicamente, a endometriose é uma inflamação que faz com que o tecido do endométrio cresça fora do útero, podendo levar a complicações ocasionais (como o aumento de dores durante a menstruação) e permanentes (como a infertilidade).
É devido ao caráter inflamatório que a doença pode ser considerada autoimune, uma vez que é uma inflamação desencadeada pelo organismo e causando mal a ele próprio.
No geral, o tratamento consiste em cirurgia e terapias hormonais com anticoncepcionais.
A tireoide é uma glândula que se localiza na parte anterior do pescoço, ela é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina). Dessa forma, sua ação colabora para o pleno funcionamento de órgãos como o coração, cérebro, fígado e rins.
Há duas disfunções principais que atingem essa glândula: hipotireoidismo e hipertireoidismo, respectivamente, causam diminuição ou aumento da função da tireoide.
Mas, além disso, há também uma condição autoimune que pode afetar essa região. Trata-se da Tireoidite de Hashimoto, que é desencadeada por predisposição genética e/ou fatores externos (como o consumo exacerbado de iodo, por exemplo).
Nesse caso, o que ocorre é o ataque às células saudáveis da tireoide, em que os anticorpos provocam a destruição gradativa da glândula ou a redução da sua atividade. Com isso, causando o hipotireoidismo — quando há insuficiência dos hormônios T3 e T4.
São duas as condições autoimunes que comumente atingem o trato intestinal:
Ambas as patologias podem, também, desencadear complicações articulares (como a artrite) e até mesmo alterações oculares. Não raras são às vezes em que as pessoas confundem essas duas condições, considerando a semelhança na manifestação.
O tratamento pode ser feito através de imunossupressores, remédios que controlam a ação do sistema de defesa do organismo e sobretudo mudanças alimentares. Mas há, ainda, opções cirúrgicas e outras medicações.
As doenças autoimunes são desencadeadas por um “defeito” no sistema imunológico, de forma que, em vez de defender o organismo de agentes externos e corpos estranhos, ele passa a atacar as próprias estruturas teciduais e órgãos.
Nesse sentido, uma vez que não há uma cura para essa falha no sistema de defesa, podem ser necessários medicamentos que atuem minimizando tal ação. O que é feito a fim de inibir a manifestação dos sintomas e complicações da doença em questão.
É aí que se enquadram os remédios classificados como imunossupressores. A função dessas medicações é reduzir a atividade imunológica, nesse caso, com o objetivo de parar os ataques do corpo contra as próprias estruturas.
Porém, esses medicamentos também podem ser utilizados em outras circunstâncias. Como, por exemplo, para evitar a rejeição de órgãos transplantados — visto que o novo órgão pode ser entendido pelo corpo como algo estranho.
Cabe destacar que nem todas as pessoas portadoras de uma condição autoimune precisam fazer administração de imunossupressores. Uma vez que, em alguns casos, apenas algumas mudanças de hábito ou uso de outras medicações pode ser o suficiente.
As doenças autoimunes têm como característica principal o comprometimento de função do sistema de defesa do organismo, uma vez que esse passa a atacar o próprio corpo e não somente agentes infecciosos ou não identificados (corpos estranhos).
Quando uma pessoa portadora dessas condições está com a doença controlada, realizando o tratamento correto, não costuma sofrer com baixa imunidade.
Entretanto, assim como qualquer outra pessoa, quem tem essas doenças pode fortalecer seu sistema imunológico e saúde do organismo a partir de alguns hábitos. Como, por exemplo, a ingestão adequada de vitaminas, minerais e nutrientes essenciais ao corpo.
De forma que uma alimentação equilibrada, junto à prática de atividades físicas, pode ser uma aliada para prevenir outras complicações decorrentes de fatores imunológicos.
Em tópico anterior, vimos alguns órgãos que as doenças autoimunes podem afetar. Porém, são muitas as condições causadas por reações inadequadas do sistema de defesa do corpo humano. Dentre essas, pode-se destacar as mais conhecidas e estudadas pela medicina:
Além dessas, existem outras patologias relacionadas a problemas autoimunes, mas com menor incidência e/ou ainda sem estudos suficientemente satisfatórios a respeito. O que pode, inclusive, prejudicar o diagnóstico da condição em virtude da falta de informações.
Ainda não há uma explicação concreta a respeito do que causa as doenças autoimunes e faz com que o corpo ataque a ele mesmo. Porém, estudos apontam que elas são multifatoriais, incluindo aspectos genéticos, ambientais, hormonais e comportamentais.
Nesse sentido, além de haver uma predisposição genética, alguns outros fatores podem estar relacionados, de acordo com cada doença:
Entretanto, é preciso destacar que não necessariamente quem tem predisposição para uma doença (imunológica ou não), realmente irá sofrer com essa condição. Há casos em que o gene se mantém inativo e não causa nenhuma alteração no funcionamento do organismo.
O diagnóstico de uma doença autoimune deve ser sempre feito por um(a) médico(a), de preferência especialista na área afetada pelo problema. No geral, esse processo sempre inclui a análise clínica no consultório e exames clínicos.
É a partir deles que será possível detectar alguma inflamação no organismo e a presença de anticorpos estranhos. Considerando que diversos testes laboratoriais, em especial a pesquisa de auto-anticorpos (AA), favorecem o processo diagnóstico junto à análise clínica minuciosa.
Além disso, a partir de exames de sangue, analisa-se a função das células do sangue (glóbulos vermelhos e brancos), que também podem indicar processos inflamatórios.
De maneira geral, considerando que por si só os resultados dos exames não são o suficiente para comprovar a existência da doença autoimune, ocorre uma combinação de fatores.
Ou seja, o(a) médico(a) combina os resultados com os sintomas apresentados pelo(a) paciente, a fim de chegar a uma conclusão sólida a respeito do diagnóstico. Em alguns casos, pode também solicitar exames complementares para descartar outras suspeitas.
De maneira geral, as doenças autoimune não têm cura. O que ocorre, em alguns casos, é a possibilidade de tornar a condição inativa por um período — nesse sentido, um exemplo é a endometriose, que após um processo cirúrgico pode nunca mais se manifestar.
Embora existam casos desse tipo, é preciso destacar que essas patologias são crônicas e a tendência é que causem mais complicações com o passar do tempo, caso não seja feito o correto controle delas.
Por isso, é indispensável o tratamento e acompanhamento médico, a fim de prevenir complicações graves em virtude da condição autoimune. Com isso, preservando também a integridade do(a) paciente e garantindo maior expectativa de vida saudável.
O tratamento vai variar conforme a doença, uma vez que as condições autoimunes são diferentes e precisam de cuidados específicos e direcionados de acordo com o caso.
É comum o uso de medicamentos para aliviar os sintomas e complicações, como anti-inflamatórios (para casos como a endometriose, que costuma provocar dores) e opções de uso tópico (para tratar dermatite, psoríase etc).
Ou, ainda, pode ocorrer a reposição hormonal — como em casos de problemas na tireoide.
Esses (e outros) são cuidados que visam minimizar as reações que a doença autoimune desencadeia e prevenir demais comprometimentos da saúde do organismo. Porém, não visam combater a doença em si.
Também podem ser prescritos, pelo(a) médico(a), o uso de medicações imunossupressoras, que têm como função inibir ou amenizar a ação do sistema imunológico. Controlando a reação do corpo de atacar a si próprio e, consequentemente, diminuindo os sintomas.
É preciso destacar que toda medicação pode provocar efeitos colaterais, especialmente se feito o uso contínuo e prolongado, o que pode fazer com que seja necessário alterar ou interromper os ciclos de tratamento — o que será determinado pela equipe médica.
Assim, cada doença é tratada de forma única, de acordo com suas manifestações e especificidades. Por exemplo, algumas vezes pode ser necessário o uso contínuo de remédios, enquanto outros casos requerem tratamento integral (dieta, remédio, mudança de hábitos).
Alguns cuidados com a alimentação podem ser recomendados ou estritamente necessários para quem sofre com alguma doença autoimune.
Em primeiro lugar, isso é importante para cuidar da saúde como um todo. Entretanto, é ainda mais fundamental para evitar outras complicações decorrentes da dieta. Por isso, há alguns itens muito indicados, que podem ser benéficos, e outros a se evitar ao máximo.
Nesse sentido, alguns alimentos que contribuem de forma positiva são:
Esses são indicados pois contribuem para o funcionamento do sistema digestivo, são ricos em nutrientes, fornecem energia ao organismo e proporcionam a absorção de compostos como o ômega 3 e 6 (potente ação anti-inflamatória).
Mas, em contrapartida, há alguns itens que devem ser evitados e até dispensados totalmente:
A recomendação de evitar tais alimentos se dá pelo fato de que são potenciais agentes inflamatórios. Então, é comum que causem irritação ou desconforto, impactando de forma negativa no funcionamento e na saúde do organismo, sobretudo em quem sofre com doenças que afetam o intestino.
Cabe destacar, por fim, que algumas condições autoimunes por si só já impõe algumas restrições e cuidados com a alimentação. É o caso, por exemplo, da doença celíaca (a pessoa tem intolerância ao glúten) e do diabetes (é preciso controlar o açúcar).
Porém, qualquer restrição alimentar deve ser orientada pela equipe médica. Ou seja, há doenças que não têm uma relação tão estreita com a dieta, e não há necessariamente benefícios para o tratamento em modificar a alimentação.
As doenças autoimunes nem sempre se manifestam logo no início da vida. Inclusive, algumas aparecem comumente já na fase adulta, o que reforça a necessidade de um acompanhamento médico de rotina e não ignorar o aparecimento de algum sintoma.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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