Dispepsia (indigestão), muito confundida com gastrite e má digestão, é uma compilação de sintomas comuns, como eructação (arrotos), náuseas, flatulência, vômitos, sensação de queimação na “boca” do estômago e inchaço, que são sentidos na região superior do abdômen, em geral logo após o consumo de alimentos.
Está relacionada a problemas no peristaltismo, que são contrações involuntárias do sistema digestivo para auxiliar a comida no seu trajeto correto. Não se trata de uma condição grave, mas pode trazer consequências quando não tratada.
A dispepsia é muito comum, cerca de 20% da população já sentiu algum sintoma. Já no Brasil, a incidência é de 40%.
Dores no estômago ou dor nas costas não são sintomas de dispepsia. É necessário verificar se não consiste em constipação em vez de indigestão. Dispepsia é muito confundido com gastrite, que é uma inflamação no estômago, que pode ou não causar sintomas parecidos.
A azia pode ser um sintoma da dispepsia, porém a azia é associada a doença de refluxo ácido, que consiste na regurgitação do conteúdo do estômago (pode ser logo após comer ou horas depois) ou ácido no esofago.
Os tipos da dispepsia está relacionado a suas causas. Entenda:
Causadas por doenças orgânicas encontradas no trato digestório como:
A dispepsia está relacionada a diversos hábitos alimentares como o consumo excessivo de álcool e cigarro, comer rápido e em demasia, ingerir muitos alimentos com pimenta e cafeína. No entanto existem condições médicas que podem causar a indigestão:
Outras causas podem ser o uso de medicamentos como antibióticos, esteróides, digoxina, antidiabéticos, corticosteróides, anti-inflamatórios, opióides, antidepressivos, e antipsicóticos.
Pessoas com mais de 45 anos e obesas têm mais chances de sentir os sintomas da indigestão.
Os sintomas podem ser confundidos com outras doenças. Por isso, antes do autodiagnóstico, é recomendado procurar orientação médica.
Os sintomas mais comuns são:
Além desses, existem alguns sintomas mais graves aos quais o paciente precisa ficar alerta. São eles:
Na gravidez pode ocorrer sintomas de dispepsia, porém são causados por mudanças hormonais ou pela pressão no estômago devido ao aumento do útero. 8 a cada 10 mães sentiram pelo menos um sintoma de indigestão em algum momento da gravidez.
Em casos de obesidade a indigestão pode ser mais comum, fazendo surgir mais sintomas, pois tem uma maior pressão dentro do estômago, principalmente depois de uma refeição. Pode causar refluxo também.
Depois de detectados os sintomas, é necessária intervenção médica. Um clínico geral ou gastroenterologista podem diagnosticar dispepsia. O diagnóstico é feito, preferencialmente, pela exclusão, e só pode ser estabelecido depois de serem descartadas outras doenças gastrointestinais. O paciente não pode ter nenhuma doença que justifique sua dor, como problemas no pâncreas ou vesícula.
O Consenso de Roma é a sistematização e atualização dos critérios clínicos para o tratamento e diagnóstico de doenças gastrointestinais. O Consenso de Roma III, uma de suas atualizações, classifica a dispepsia em:
A partir de exames, coletam-se dados clínicos. Quando estes não revelam nenhuma lesão nas paredes do estômago ou duodeno (que podem trazer sintomas parecidos), então dispepsia é diagnosticada.
Se o paciente tiver sintomas de anemia, pode ser realizado um exame de sangue para diagnosticar a dispepsia.
Uma endoscopia pode ser pedida pelo médico. O exame é indolor e consiste na inserção de um tubo fino com um endoscópio (câmera) na ponta pela garganta do paciente, para verificar possíveis lesões que estejam causando os sintomas. Se, por acaso, não haja nada, pode-se diagnosticar a dispepsia.
Caso o médico suspeite de cálculo biliar, pode ser realizado um exame de sangue para verificar o funcionamento do fígado.
Ondas sonoras de alta frequência mostram o movimento, a estrutura e o fluxo sanguíneo durante a digestão. Um gel é aplicado no abdômen do paciente e um pequeno dispositivo que emite as ondas sonoras é pressionado contra a pele. A partir disso, uma imagem é projetada na tela de visualização e o médico pode ver o interior do abdômen com detalhes.
O ultrassom é um exame muito utilizado por mulheres grávidas para verificar a saúde do feto.
A tomografia computadorizada envolve uma injeção de corante e em seguida tirada uma série de raios X para produzir imagens do abdômen do paciente.
Em caso de suspeita de vermes no intestino, pode ser realizado o exame de fezes para detectá-los.
Para melhores resultados desse exame, é recomendado recolher as primeiras fezes do dia, logo pela manhã.
Helicobacter pylori é uma bactéria que pode causar uma infecção no estômago, ou úlceras, que provocam os sintomas da dispepsia. Porém, para se detectar essa bactéria, são necessários exames de sangue. O tratamento dessa infecção é feito com antibióticos.
Por não ser uma doença, e sim um conjunto de sintomas, dispepsia pode ser tratada e seus sintomas podem ser diminuídos, porém o paciente pode usar de alguns tratamentos caseiros que ajudam na diminuição dos sintomas.
Depois de diagnosticada, o tratamento depende muito da gravidade dos sintomas. A dispepsia pode ser tratada de duas formas:
Uma grande diversidade de medicamentos podem ajudar nos sintomas da dispepsia. Antiácidos são usados para diminuir a sensação de queimação no estômago e antigases para diminuição da flatulência.
Se a dispepsia é causada por Helicobacter pylori, utilizam-se antibióticos para deter essa bactéria. Antidepressivos podem ser usados para tratar a indigestão, quando causada por doenças psíquicas ou depressão.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
O tratamento natural busca a amenização dos sintomas, mas não existem evidências de sua eficácia e segurança. Algumas dicas são:
O gengibre tem sido muito usado para diminuir os sintomas de dispepsia, pois relaxa o músculo intestinal e ajuda a mover os alimentos ingeridos ao longo do sistema digestivo.
Para usar o gengibre, coloque cerca de 1 centímetro de raiz de gengibre descascada em uma xícara de água fervente. Depois de morno, coe e beba.
O estresse tem muita influência nos sintomas da dispepsia, por isso relaxar é muito eficaz nesses casos. Existem diversos modos de relaxar e o método mais eficaz pode mudar de paciente para paciente. Algumas atividades bastante praticadas são yoga, massagem, exercício físico, passar um tempo em contato com a natureza, entre outras.
A alimentação influencia diretamente no funcionamento do intestino. Para diminuir os sintomas de dispepsia, é recomendado evitar alimentos picantes, processados, que contenham lactose, adoçantes artificiais, alimentos ácidos (como molho de tomate) ou que podem dar gases, como feijão, brócolis, couve de bruxelas ou couve flor.
Pode-se mudar alguns hábitos no momento da alimentação, como:
Alguns hábitos podem ajudar a diminuir os sintomas da indigestão:
Por conter muitos nutrientes, sucos de algumas frutas podem auxiliar no funcionamento do intestino. Recomenda-se sucos de frutas como laranja, abacaxi, limão e uva, além de infusões de cominho e erva doce.
Depois do tratamento, tanto medicamentoso quanto natural, os sintomas podem diminuir a ponto de não atrapalhar nas atividades cotidianas. Isso torna a dispepsia muito fácil de conviver.
Lembre-se de não se automedicar, se perceber os sintomas consulte um médico para obter orientações.
Pacientes com dispepsia podem procurar apoio psicológico para tratar questões emocionais e fazer o paciente se sentir melhor. Isso pode também aliviar sintomas como estresse. Se nenhuma medida terapêutica der resultado, o tratamento com antidepressivos pode ser mais eficaz.
A dispepsia raramente causa complicações, mas elas podem trazer consequências graves, como:
O refluxo é a volta do ácido do estômago para o esôfago. A longo prazo, essa volta constante irrita a mucosa, provocando um estreitamento do canal, chamado estenose esofágica. Isso faz com que a pessoa tenha dificuldade de deglutição, entre outros. A comida pode ficar presa na garganta, o que causa dor no peito. Para resolver esse aspecto existem cirurgias de ampliação do esôfago.
Quando ocorre o contrário do refluxo, ou seja, o ácido do estômago vai para o intestino, a passagem entre esses dois órgãos, denominada píloro, pode ficar estreita e cicatrizada. Cirurgias também podem ser realizadas para a ampliação do píloro.
O peritônio é a camada de tecido que reveste a parede do abdômen. Por conta da dispepsia, pode haver inflamação deste tecido, o que causa desconforto e dor.
Nesse caso, uma cirurgia pode ajudar reparando os danos causados pela inflamação. Caso ela não seja eficaz, antibióticos podem ser administrados para ajudar.
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Referências
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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