Saúde

Clamídia: tem sintomas? Saiba como prevenir e o tratamento

Publicado em: 03/01/2018Última atualização: 05/01/2023
Publicado em: 03/01/2018Última atualização: 05/01/2023
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Há uma série de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) que podem acometer as pessoas. Entre elas, está a clamídia, com uma das mais elevadas taxas de prevalência em todo o mundo. 

A condição é causada por uma bactéria, podendo afetar homens e mulheres. Apesar de ter tratamento, a melhor maneira de cuidar de si e de outras pessoas é apostar na prevenção.

Continue a leitura para saber como funciona essa doença, reconhecer os sintomas e saber como funciona a prevenção e o tratamento.

Índice — Neste artigo, você vai encontrar:

  1. O que é clamídia?
  2. Quais os tipos da clamídia?
  3. Qual a causa da doença Clamídia?
  4. Como ocorre a transmissão?
  5. Grupos de risco
  6. Quais os sintomas da clamídia?
  7. Como é feito o diagnóstico da clamídia?
  8. Linfogranuloma venéreo
  9. Clamídia tem cura?
  10. Qual o tratamento?
  11. Clamídia não tratada: quais os riscos?
  12. Coalas e a clamídia
  13. Medicamentos para clamídia
  14. Prognóstico
  15. Clamídia pode voltar depois do tratamento?
  16. Complicações
  17. Clamídia na gravidez
  18. Como prevenir a clamídia?

O que é clamídia?

Clamídia é o nome dado à infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo. Na maioria das vezes ela é assintomática, o que ajuda em sua propagação, já que não precisa de sintomas para ser transmitida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 129 milhões de pessoas são contaminadas com a bactéria por ano. Apesar de ser uma doença de fácil tratamento, pode trazer consequências graves, como a infertilidade, caso não tratada.

Pela falta de sintomas, a clamídia passa facilmente despercebida. Por isso, caso tenha tido relações sexuais sem preservativo, é importante fazer os exames para descobrir se a pessoa está contaminada.

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Quais os tipos da clamídia?

Ao falar em tipos, o que se pretende é mencionar que há outras bactérias da família Chlamydiaceae que podem ser transmitidas para humanos, desencadeando a IST: 

Chlamydia pneumoniae

Responsável por diversas doenças respiratórias, entre elas uma pneumonia bacteriana atípica, a clamydia pneumoniae é responsável por uma pneumonia que não é causada pelos agentes mais comuns da doença. A infecção aguda desta bactéria costuma ser confundida com a asma.

Chlamydia psittaci

Causa a psitacose ou febre do papagaio, que é uma doença respiratória. A transmissão se dá por meio de aves como periquitos, papagaios e araras que possuem a bactéria em sua flora intestinal.

Apesar de outras doenças causadas por bactérias da família Chlamydiaceae existirem, a clamídia é causada apenas pela Chlamydia trachomatis, que é uma bactéria exclusivamente humana.

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Qual a causa da doença Clamídia?

A causa da infecção sexualmente transmissível é a bactéria Chlamydia trachomatis. Esse microrganismo infecta a área genital humana, podendo ficar inativo por até 15 dias, período em que ainda não desencadeia os sintomas. 

Em alguns casos, é possível que nenhum sintoma surja, fazendo com que a pessoa não descubra que está infectada e se torne uma fonte de transmissão. Dessa forma, caso ocorra relação sexual desprotegida, a bactéria pode ser transmitida a outras pessoas, o que torna a clamídia uma das ISTs mais comuns do mundo.

Leia mais: Gonorreia (masculina, feminina): veja o que é e como tratar

Como ocorre a transmissão?

Como ocorre nas infecções sexualmente transmissíveis, a clamídia é transmitida por meio de relação sexual sem proteção. No caso do sexo oral, a transmissão pode causar faringite bacteriana.

Se a(o) paciente de clamídia estiver grávida(o) e realizar parto normal, é possível que a doença seja transmitida para o bebê. Isso é problemático, pois a criança pode sofrer consequências graves dessa infecção, como cegueira.

Olhos

Chamada de tracoma, a infecção por clamídia nos olhos pode ser transmitida de diversas maneiras, como, por exemplo, pelo contato com as mãos contaminadas por secreções genitais.

Toalhas de banho

Toalhas de banho não são consideradas potenciais transmissoras de clamídia, apesar de ser tecnicamente possível a infecção por meio uma toalha contaminada, que logo é usada por outra pessoa.

Na prática, o contato com a bactéria na região genital, por meio de uma toalha, é dificultado e é pouco provável que uma transmissão ocorra nessas condições.

C. trachomatis não vive muito tempo sem um hospedeiro e o simples contato com a pele não é o suficiente para causar a doença. É justamente por esse fator que a contaminação por toalhas não é comprovada.

DIU

Apesar de muito raro, é possível que uma clamídia já ativa se agrave através da colocação do DIU. Caso a mulher esteja com a contaminação ativa e o DIU entre em contato com as bactérias, ele pode levá-las ainda mais para dentro do sistema reprodutivo da mulher, o que é perigoso.

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Grupos de risco

Estão no grupo de risco as seguintes pessoas:

  • Com diversos parceiros sexuais;
  • Sexualmente ativas que não usam algum tipo de proteção contra IST, como preservativo;
  • Bebês nascidos de uma pessoa gestante que possui clamídia.

Quais os sintomas da clamídia?

Frequentemente, entre 70% e 80% dos casos, a clamídia não exibe sintomas e pode passar despercebida pelo corpo. Porém, quando se manifestam, os sintomas aparecem entre uma e três semanas após a contaminação.

Em pessoas que possuem o sexo masculino, os sintomas são:

  • Corrimento de pus pela uretra;
  • Ardência ou dor ao urinar;
  • Testículos doloridos e inchaço no saco escrotal;

Já em pessoas que possuem o sexo feminino, os sintomas mais comuns são:

Caso a infecção seja anal, é possível que haja proctite, uma inflamação do reto causada pela bactéria e que pode surgir em ambos sexos.

Como é o corrimento da Clamídia? 

Por vezes, a clamídia pode desencadear corrimento. Ele tende a ser amarelado, podendo variar de mais claro a mais intenso, e pode ser acometer pessoas de ambos os sexos.

Como é feito o diagnóstico da clamídia?

Como a maioria das pessoas não busca tratamento quando não existem sintomas, é difícil que haja o diagnóstico precoce da doença. É justamente por isso que, caso haja sexo sem proteção, especialmente com desconhecidos, os exames de check up devem ser realizados.

Para diagnosticar a clamídia, recomenda-se a consulta com um(a) clínico(a) geral ou com especialistas (ginecologistaobstetraurologista ou pediatra, no caso dos bebês).

A simples análise do conjunto de sintomas não é suficiente para fazer o diagnóstico da infecção. A sintomatologia da clamídia é bastante parecida com a da gonorreia, de modo que são necessários outros exames para determinação do patógeno (causador da doença).

Estes são os exames mais comumente solicitados:

Exame de urina

O exame de urina é eficiente na detecção da clamídia. Uma cultura bacteriana pode ser realizada para identificar a bactéria presente na urina.

Exame da secreção uretral

O material purulento que sai da uretra, quando há este sintoma, deve ser examinado para a identificação da bactéria.

Esfregaço da uretra e útero

Utiliza-se uma ferramenta, geralmente um cotonete, para recolher o material expelido através da uretra, do canal vaginal e/ou do reto. A secreção, então, é analisada em um laboratório para verificar a presença de bactérias.

Dependendo do método aplicado, alguns laboratórios poderão entregar os resultados do exame no dia seguinte à coleta. No entanto, também é possível que demore até 10 dias para que uma avaliação possa ser feita.

Busca por anticorpos

Um exame que pode ser realizado para o diagnóstico da clamídia é a busca por anticorpos IgM e IgG. Este, porém, é considerado um exame falho e desatualizado, fazendo com que o PCR seja mais recomendado para este diagnóstico.

PCR

PCR é a sigla para Polymerase Chain Reaction, do inglês, “reação em cadeia da polimerase”. É um exame feito para identificar o DNA da clamídia nas secreções ou na urina.

Além de poder dispensar o esfregaço da uretra, o PCR é considerado um método com sensibilidade superior à cultura e imunofluorescência direta.

Linfogranuloma venéreo

Alguns pacientes podem desenvolver o linfogranuloma venéreo, caracterizado pelo aparecimento de uma ferida, inchaço ou elevação da pele causada pela bactéria C. trachomatis.

Esse sintoma dura de 3 a 5 dias e pode passar despercebido. Depois de algumas semanas, um dos gânglios da virilha fica dolorido e inchado. Se não tratado, ele evolui para o rompimento e dreno de pus.

Pela falta de drenagem linfática causada por esse rompimento, pode haver elefantíase dos órgãos genitais, estreitamento do reto e proctite crônica. Antibióticos podem ser usados para tratar a doença, mas não para reverter a elefantíase ou o estreitamento do reto.

Clamídia tem cura?

Sim, a clamídia tem cura e ela costuma ser bem simples. O tratamento com antibióticos resolve facilmente o problema quando a doença é descoberta cedo. Porém, vale mencionar que, após tratada, a pessoa pode ser infectada novamente. Por isso, o cuidado e prevenção devem ser permanentes.

Qual o tratamento?

Antibióticos são administrados para que a bactéria seja eliminada. É possível receber a medicação em uma dose única ou no decorrer de uma semana.

Como os sintomas da clamídia e da gonorreia são muito parecidos e as doenças são frequentemente associadas, é comum que o médico prescreva antibióticos com princípios ativos contra ambas as infecções.

É importante que todos os parceiros com quem o paciente teve relações desprotegidas sejam avisados e realizem o tratamento também, mesmo que não apresentem sintomas, com o intuito de evitar que a doença continue se espalhando.

Também é recomendado evitar a prática de relações sexuais até os sintomas desaparecerem e por pelo menos sete dias após o tratamento. Além disso, vale lembrar que ter contraído clamídia uma vez não gera imunidade permanente, o que significa que a pessoa pode ser infectada pela doença novamente.

Clamídia não tratada: quais os riscos?

O tratamento da clamídia é simples e eficaz. Porém, se não for tratada, a condição pode causar diversos impactos à saúde.

Há relatos de dores e incômodos na região do abdômen, além de registros de que a clamídia pode levar à doença inflamatória pélvica (DIP), desencadeando problemas de fertilidadegestação ectópica ou tubária.

Medicamentos para clamídia

Os medicamentos utilizados para a cura da clamídia são antibióticos. Essas são as principais substâncias utilizadas:

Leia também: Mau uso de antibióticos cria superbactérias que podem matar

Prognóstico

Quando diagnosticada cedo, a doença pode ser facilmente tratada e a cura é completa, sem sequelas ou possibilidade de transmissão. Algumas complicações podem ser causadas pela doença e falaremos delas mais adiante.

As complicações são frequentemente irreversíveis, portanto é preciso ter cuidado durante as relações sexuais para evitar ISTs e sempre ir ao médico em casos em que houver suspeita de infecção.

Clamídia pode voltar depois do tratamento?

Sim! Quem pegou a clamídia e fez o tratamento corretamente, ficando livre da IST, ainda pode pegá-la novamente. Isso significa que a infecção não confere imunidade e a prevenção deve ser contínua.

Complicações

Se não for tratada, a clamídia pode trazer sérias consequências ao organismo do infectado. Algumas das complicações são:

Epididimite

A bactéria pode contaminar e causar inflamação nos epidídimos, vasos microscópicos que transportam espermatozoides em maturação para fora dos testículos. A epididimite pode bloquear os vasos, levando a infertilidade masculina.

Doença inflamatória pélvica (DIP)

Quando a bactéria da clamídia sobe para as trompas uterinas, ela causa a doença inflamatória pélvica. Essa condição pode ser causada por diversas ISTs e outras bactérias além da C. trachomatis, como a bactéria da gonorreia.

A DIP causa infertilidade nas mulheres, pois a infecção nas trompas (chamada também de salpingitis) gera um bloqueio, impedindo que os espermatozoides cheguem ao óvulo, ou que este chegue ao útero.

Isso acontece devido aos abcessos tubários criados pela infecção, o que também aumenta as chances de uma gravidez ectópica, que é quando o embrião se desenvolve nas trompas e não no útero.

Orquite

orquite é a inflamação dos testículos. Pode ser ocasionada pela infecção da bactéria da clamídia e impedir a passagem de espermatozoides.

Uretrite

Uretrite é a inflamação da uretra causada por infecção bacteriana. A versão causada pela C. trachomatis é a uretrite não-gonocócica, que não é causada pela bactéria da gonorreia. Se não tratada, pode levar ao estreitamento da uretra (estenose uretral).

Tracoma

Também chamada de conjuntivite granulomatosa, a tracoma é uma doença causada pela infecção das pálpebras, conjuntiva e córneas (estruturas dos olhos), pela bactéria C. trachomatis.

A transmissão pode acontecer por acidente, como quando a pessoa passa a mão contaminada pela bactéria no olho. É tratável com antibióticos, mas, se não tratada, pode levar à cegueira.

Prostatite

prostatite é uma inflamação na próstata, que pode ser causada pela bactéria da clamídia caso ela consiga chegar até o órgão.

Bartolinite

Caracterizada por inflamação e infecção das glândulas de lubrificação vaginal, a bartolinite pode acontecer em caso de clamídia. Podem surgir abcessos cheios de pus na região.

Cervicite

A infecção do cérvix, conhecida como cervicite, pode levar a cistos, dor nas costas e corrimento vaginal.

Artrite reativa

Raramente, a bactéria C. trachomatis, ou parte dela, pode ser transportada até uma articulação, causando uma artrite reativa, que é uma doença reumática em resposta a uma infecção em outra parte do corpo.

Clamídia na gravidez

Adquirir clamídia durante a gravidez pode representar alguns riscos, tanto para a pessoa gestante quanto para o bebê. As consequências mais preocupantes são:

Leia também: Infecção urinária pode levar ao aborto

Além disso, ao passar pelo canal vaginal, o bebê pode ser contaminado pela bactéria e contrair:

As consequências para o bebê podem ser severas: a criança pode ficar cega, desenvolver asma ou outras doenças.

Como prevenir a clamídia?

Como qualquer infecção sexualmente transmissível, a prevenção se faz na hora do ato sexual. Usar o preservativo é a forma mais eficaz de evitar a clamídia, especialmente ao ter mais de um parceiro, já que o sexo sem proteção espalha a doença.

Se o sexo desprotegido acontecer, recomenda-se fazer os exames para descobrir se houve algum tipo de infecção.


A clamídia é uma doença silenciosa e de fácil tratamento, mas que pode ter sérias consequências. Ela se espalha rápido entre as pessoas e, se não for tratada, pode levar à infertilidade, além de outras infecções sérias.

Para saber mais sobre saúdedoenças e outras ISTs, continue acompanhando o portal do Minuto Saudável e nos siga nas redes sociais!


Referências

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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