Há uma série de infecções sexualmente transmissíveis (mais conhecidas como DTS, ou doenças sexualmente transmissíveis) que podem acometer as pessoas. Entre elas, está a clamídia, com uma das mais elevadas taxas de prevalência em todo o mundo. 

A condição é causada por uma bactéria, podendo afetar homens e mulheres. Apesar de ter tratamento, a melhor maneira de cuidar de si e de outras pessoas é apostar na prevenção.

Índice — neste artigo você vai encontrar:

  1. O que é clamídia?
  2. Quais os tipos da clamídia?
  3. Qual a causa da doença Clamídia?
  4. Como ocorre a transmissão?
  5. Grupos de risco
  6. Quais os sintomas da clamídia?
  7. Como é feito o diagnóstico da clamídia?
  8. Linfogranuloma venéreo
  9. Clamídia tem cura?
  10. Qual o tratamento?
  11. Clamídia não tratada: quais os riscos?
  12. Coalas e a clamídia
  13. Medicamentos para clamídia
  14. Prognóstico
  15. Clamídia pode voltar depois do tratamento?
  16. Complicações
  17. Clamídia na gravidez
  18. Como prevenir a clamídia?

O que é clamídia?

Clamídia é como é chamada a infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo. Na maioria das vezes ela é assintomática, o que ajuda em sua propagação, já que não precisa de sintomas para ser transmitida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 92 milhões de pessoas são contaminadas com a bactéria por ano. É uma doença de fácil tratamento, mas que pode trazer consequências graves como a infertilidade caso não tratada.

Pela falta de sintomas, a clamídia passa facilmente despercebida. Por isso, caso tenha tido relações sexuais sem camisinha, é importante fazer os exames para descobrir se a pessoa está contaminada. A clamídia está frequentemente associada à gonorreia.

Quais os tipos da clamídia?

Ao falar em tipos, o que se pretende é mencionar que há outras bactérias da família Chlamydiaceae que podem ser transmitidas para humanos, desencadeando assim a IST: 

Chlamydia pneumoniae

Responsável por diversas doenças respiratórias, entre elas uma pneumonia bacteriana atípica, que é uma pneumonia que não é causada pelos agentes mais comuns da doença. A infecção aguda desta bactéria costuma ser confundida com asma.


Chlamydia psittaci

Causa a psitacose ou febre do papagaio, que é uma doença respiratória. A transmissão se dá através de aves como periquitos, papagaios e araras, que possuem a bactéria em sua flora intestinal.

Apesar de outras doenças causadas por bactérias da família Chlamydiaceae existirem, a clamídia é causada apenas pela Chlamydia trachomatis, que é uma bactéria exclusivamente humana.

Qual a causa da doença Clamídia?

A causa da infecção sexualmente transmissível é a bactéria Chlamydia trachomatis. Esse microrganismo infecta a área genital humana, podendo ficar dormente por até 15 dias e não necessariamente desencadear os sintomas. 

Em alguns casos, é possível que nenhum sintoma surja, e a pessoa não descobre que está infectada e se torna uma fonte permanente de transmissão. Dessa forma, caso ocorra o sexo desprotegido, a bactéria é transmitida a outras pessoas. Esse é o motivo pelo qual a clamídia é a DST mais comum do mundo.

Como ocorre a transmissão?

Como toda doença sexualmente transmissível, a clamídia é transmitida através de sexo sem proteção. A doença pode ser transmitida pelo sexo oral, vaginal e anal, sendo os dois últimos mais fáceis. Durante o sexo oral, a transmissão pode causar faringite bacteriana.

Se a paciente de clamídia estiver grávida e realizar parto normal, é possível que a doença seja transmitida para o bebê. Isso é problemático, pois a criança pode sofrer consequências graves dessa infecção, podendo ficar cega.

Olhos

Chamada de tracoma, a infecção por clamídia nos olhos pode ser transmitida de diversas maneiras, como através de moscas ou o contato com as mãos contaminadas por secreções genitais.

Toalhas de banho

Toalhas de banho não são transmissores de clamídia. Apesar de ser tecnicamente possível que alguém infectado contamine uma toalha que logo depois é usada por outra pessoa, o contato com a bactéria na região genital é dificultado.

A C. trachomatis não vive muito tempo sem um hospedeiro e o simples contato com a pele não é capaz de causar a doença. Sendo assim, a contaminação através de toalhas não é comprovada.

DIU

Apesar de raro, é possível que uma clamídia já ativa se agrave através da colocação do DIU. Caso a mulher esteja com a contaminação ativa e o DIU entre em contato com as bactérias, ele pode levá-las ainda mais para dentro do sistema reprodutivo da mulher, o que é perigoso.

Grupos de risco

Estão no grupo de risco as seguintes pessoas:

  • Pessoas com diversos parceiros sexuais;
  • Pessoas que transam sem usar proteção contra DST;
  • Recém-nascidos cuja mãe possui clamídia.

Quais os sintomas da clamídia?

Frequentemente, a clamídia não exibe sintomas. Estimativas apontam que apenas 30% dos homens desenvolvem sintomas e os números são ainda menores nas mulheres: apenas 10% das infecções de clamídia femininas são sintomáticas. O resto costuma passar despercebido.

Porém, nos casos em que os sintomas estão presentes, eles aparecem entre uma e três semanas após a contaminação.

Nos homens, os sintomas são:

  • Corrimento de pus pela uretra;
  • Testículos doloridos;
  • Inchaço no saco escrotal;
  • Ardência ou dor ao urinar.

Já nas mulheres, os sintomas são:

  • Corrimento vaginal;
  • Dor abdominal;
  • Sangramento vaginal fora do período menstrual;
  • Dor durante o sexo;
  • Ardência ou dor ao urinar.

Caso a infecção seja anal, é possível que haja proctite, uma inflamação do reto causada pela bactéria, em ambos sexos.

Como é o corrimento da Clamídia? 

Por vezes, a clamídia pode desencadear corrimento. Ele tende a ser amarelado, podendo variar de mais claro a mais intenso, tanto em mulheres quanto homens. O corrimento ainda podem ser acompanhado por ardor ou dor ao urinar, além de dores nos testículos, no caso dos homens, ou de sangramentos espontâneos nas mulheres.

Como é feito o diagnóstico da clamídia?

Como a maioria das pessoas não busca tratamento se não existem sintomas, é difícil que haja o diagnóstico precoce da doença. É justamente por isso que, caso haja sexo sem proteção, especialmente com desconhecidos, os exames devem ser realizados.

Os especialistas que podem diagnosticar a clamídia são o clínico geral, o ginecologista, o obstetra, o urologista e o pediatra (no caso dos bebês). Porém, mesmo com os sintomas presentes, não é possível fazer o diagnóstico apenas com base neles. Estes sintomas são extremamente parecidos com os da gonorreia, portanto, é necessário que haja outros exames. São eles:

Exame de urina

O exame de urina pode detectar a clamídia. Uma cultura bacteriana pode ser realizada para identificar a bactéria presente na urina.

Exame da secreção uretral

O material purulento que sai da uretra, quando há sintoma, deve ser examinado para a identificação da bactéria.

Esfregaço da uretra e útero

Utiliza-se um cotonete para se esfregar a uretra e recolher o material dela, visando encontrar as bactérias presentes lá. O mesmo é feito no útero da mulher para que o diagnóstico da clamídia seja realizado. O resultado do exame pode sair em até 48 horas.

Busca por anticorpos

Um exame que pode ser realizado para o diagnóstico da clamídia é a busca por anticorpos IgM e IgG. O problema é que é um exame falho e desatualizado. Portanto, outras opções são mais recomendadas para este diagnóstico, como o PCR.

PCR

PCR é a sigla para Polymerase Chain Reaction, do inglês, “reação em cadeia da polimerase”. É um exame feito para identificar o DNA da clamídia nas secreções vaginais. O mesmo exame pode ser feito para detectar o DNA da bactéria na urina masculina, já que, no caso do homem, ela se manifesta com mais facilidade na uretra.

Linfogranuloma venéreo

Alguns pacientes podem desenvolver o linfogranuloma venéreo, que é uma ferida ou elevação da pele causada pela bactéria C. trachomatis. Esse sintoma dura de três a cinco dias e pode passar despercebido. Depois de algumas semanas, um dos gânglios da virilha fica dolorido e inchado. Se não tratado, ele evolui para o rompimento e dreno de pus.

Pela falta de drenagem linfática causada por esse rompimento, pode acontecer elefantíase dos órgãos genitais, estreitamento do reto e proctite crônica. Antibióticos podem ser usados para tratar a doença, mas não para reverter a elefantíase ou o estreitamento do reto.

Clamídia tem cura?

Sim, a clamídia tem cura e ela costuma ser bem simples. O tratamento com antibióticos resolve facilmente o problema quando a doença é descoberta cedo. Porém, vale mencionar que, após tratada, a pessoa pode ser infectada novamente. Por isso, o cuidado e prevenção são permanentes.

Qual o tratamento?

Antibióticos são administrados para que a bactéria seja eliminada. É possível receber a medicação em uma dose ou no decorrer de uma semana.

Como os sintomas da clamídia e da gonorreia são muito parecidos e as doenças são frequentemente associadas, é comum que o médico prescreva antibióticos específicos para ambas as infecções.

É importante que todos os parceiros com quem o paciente teve relações desprotegidas sejam avisados e realizem o tratamento também, mesmo que não apresentem sintomas, com o intuito de evitar que a doença continue se espalhando. Também é bom evitar a relação sexual por pelo menos sete dias após o tratamento e até os sintomas desaparecerem.

Lembrando que ter tido clamídia uma vez não imuniza a pessoa e ela pode contrair a doença novamente.

Clamídia não tratada: quais os riscos?

O tratamento da clamídia é simples e eficaz. porém, se não for tratada, a condição pode gerar impactos à saúde. Isso inclui dores e incômodos na região do abdômen decorrentes da infecção, podendo levar à generalização dela. Assim, a clamídia pode levar à doença inflamatória pélvica (DIP), desencadeando problemas de fertilidade, gestação ectópica ou tubária.

Coalas e a clamídia

Animal símbolo da Austrália, o Coala é conhecido por ser fofo, mas está em perigo de ser extinto por causa da clamídia. A variação da bactéria que infecta coalas é a Chlamydophila pecorum, da mesma família da clamídia humana. 

A doença dos coalas pode ser transmitida para humanos através da urina, mas isso é extremamente raro. Essa bactéria afeta principalmente ovinos, bovinos, suínos e marsupiais, como o próprio coala. Mulheres expostas a ela podem apresentar placentite e aborto espontâneo.

Mais da metade da população de coalas da Austrália — único lugar do mundo natural do animal — possui a doença e algumas comunidades deles tem até 80% de contaminação.

A versão da doença do marsupial leva diversos dos animais a cegueira e a morte. A doença é transmitida entre eles tanto através do sexo como no nascimento de novos coalas.

Medicamentos para clamídia

Os medicamentos utilizados para a cura da clamídia são antibióticos. São eles:

Bebês e grávidas:

Prognóstico

Quando diagnosticada cedo, a doença pode ser facilmente tratada e a cura é completa, sem sequelas ou possibilidade de transmissão. Apesar de não haver imunização após a primeira contaminação, o paciente tem chances extremamente elevadas de cura completa.

Algumas complicações podem ser causadas pela doença e falaremos delas mais adiante. As complicações são frequentemente irreversíveis, portanto é preciso ter cuidado durante as relações sexuais para evitar DSTs e sempre ir ao médico em casos em que houver suspeita da doença.

Clamídia pode voltar depois do tratamento?

Sim! Quem pegou a clamídia e fez o tratamento corretamente, ficando livre da IST, ainda pode pegá-la novamente. Ou seja, ela não confere imunidade e a prevenção deve ser contínua.

Complicações

Se não for tratada, a clamídia pode trazer sérias consequências ao organismo do infectado. As condições que causam infertilidade são mais comuns em mulheres do que em homens. Algumas das complicações são:

Epididimite

A bactéria pode contaminar e causar inflamação nos epidídimos, vasos microscópicos que transportam espermatozoides em maturação para fora dos testículos. Essa inflamação pode bloquear os vasos, levando a infertilidade masculina.

Doença inflamatória pélvica (DIP)

Quando a bactéria da clamídia sobe para as trompas uterinas, ela causa a doença inflamatória pélvica. Essa doença é uma DST que pode ser causada por diversas bactérias além da C. trachomatis, como a bactéria da gonorreia.

A DIP causa infertilidade nas mulheres, já que, com a infecção nas trompas, há um bloqueio (salpingitis) e os espermatozoides pode não chegar aos óvulos, ou os óvulos podem não chegar ao útero. Isso acontece por causa dos abcessos tubários criados pela infecção.

Além disso, a DIP aumenta as chances de uma gravidez ectópica, em que o embrião se desenvolve nas trompas ao invés de no útero.

Orquite

A orquite é a inflamação dos testículos. Pode ser ocasionada pela infecção da bactéria da clamídia e impedir a passagem de espermatozoides.

Uretrite

Uretrite é a inflamação da uretra, causada por infecção bacteriana. A versão causada pela C. trachomatis é a uretrite não-gonocócica, que não é causada pela bactéria da gonorreia. Se não tratada, pode levar ao estreitamento da uretra (estenose uretral).

Tracoma

Também chamada de conjuntivite granulomatosa, a tracoma é uma doença causada pela infecção das pálpebras, conjuntiva e córneas (estruturas dos olhos), pela bactéria C. trachomatis.

A transmissão pode acontecer por acidente, se o paciente tiver a mão contaminada pela bactéria e passá-la no olho. É tratável com antibióticos, mas se não tratada, pode levar à cegueira.

Prostatite

Uma inflamação na próstata pode ser causada pela bactéria da clamídia, caso ela consiga chegar até lá.

Bartolinite

Caracterizada por inflamação e infecção das glândulas de lubrificação vaginal, a bartolinite pode acontecer em caso de clamídia. Podem surgir abcessos cheios de pus na região.

Cervicite

Infecção do cérvix que pode levar a cistos, dor nas costas e corrimento vaginal.

Artrite reativa

Raramente, a bactéria C. trachomatis, ou parte dela, é capaz de ser transportada até uma articulação, causando uma artrite reativa, que é uma doença reumática em resposta a uma infecção em outra parte do corpo.

Clamídia na gravidez

Adquirir clamídia durante a gravidez pode representar alguns riscos, tanto para a mãe quanto para o bebê. Pode haver:

  • Aborto espontâneo;
  • Morte do feto;
  • Parto prematuro;
  • Baixo peso ao nascer.

Além disso, ao passar pelo canal vaginal, o bebê pode ser contaminado pela bactéria. Isso pode causar:

  • Conjuntivite;
  • Tracoma;
  • Pneumonia por clamídia;
  • Otite.

As consequências para o bebê podem ser severas: a criança pode ficar cega, desenvolver asma ou outras doenças.

Como prevenir a clamídia?

Como qualquer doença sexualmente transmissível, a prevenção se faz na hora do sexo. Usar o preservativo é o jeito mais garantido de evitar a clamídia, especialmente quando se tem mais de um parceiro, já que o sexo sem proteção espalha a doença que é de difícil detecção pela falta de sintomas.

Se o sexo desprotegido acontecer, fazer os exames para se descobrir a clamídia é recomendado, já que quando complicações começarem a aparecer, elas podem ser irreversíveis.


A clamídia é uma doença silenciosa, de fácil tratamento mas que pode ter sérias consequências. Ela se espalha rápido entre as pessoas e se não for tratada, pode levar a infertilidade, além de outras infecções sérias.

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