A sarcoidose é uma doença caracterizada pelo surgimento de granulomas inflamatórios não infecciosos em diversos órgãos, como pulmão, pele, gânglios, entre outros.
O aparecimento de manchas e erupções na pele é uma situação que irrita muitas mulheres, que prontamente vão ao dermatologista buscar um ajuda. Acontece que, algumas vezes, o problema não é necessariamente estético. É o caso da sarcoidose, doença caracterizada por granulomas em diversos órgãos — entre eles, a pele.
Granulomas são acúmulos de células inflamatórias que buscam acabar com possíveis agentes infecciosos que, no caso da sarcoidose, não existem. Além do aparecimento desses granulomas, a doença também traz sinais peculiares como o aumento do fígado e alterações no metabolismo do cálcio.
Também chamada de doença de Besnier-Boeck-Schaumman, a sarcoidose é uma doença inflamatória pouco conhecida pela medicina. Ela atinge mais mulheres do que homens e suas consequências e sintomas variam muito em severidade de caso para caso. Os órgãos mais comumente afetados são pulmão (90% dos casos), gânglios linfáticos, pele, fígado e os olhos.
Nos Estados Unidos, a doença é mais comum em mulheres negras, e as complicações da doença também são mais severas para esse grupo. No entanto, a sarcoidose acaba sendo bem comum em países escandinavos como Suécia e Finlândia, onde a população negra é minoria. Por isso, não fica claro se a etnia influencia no surgimento da doença.
Estima-se que 10 em 100.000 pessoas no Brasil sejam acometidas pela sarcoidose.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
Não se sabe bem o porquê da formação dos granulomas, mas como eles são formados não é um mistério muito grande.
Acredita-se que, por conta de uma espécie de pane no sistema imunológico, certas partes do corpo mandam respostas inflamatórias que promovem o acúmulo de macrófagos — células conjuntivas que “comem” elementos estranhos como microrganismos, são parte do mecanismo de defesa contra infecções — em determinadas partes do corpo. Esse acúmulo é o que compõe os granulomas.
Em geral, o corpo produz esses granulomas para isolar microrganismos e corpos estranhos que podem estar fazendo mal às células. O estranho é que, no caso da sarcoidose, não há qualquer elemento estranho dentro dos granulomas.
Enquanto alguns especialistas acreditam que ela seja desencadeada por antígenos exógenos, ou seja, substâncias e microrganismos fora do corpo do paciente, há também quem acredita que o problema esteja em auto-antígenos: algo que o próprio corpo produz é interpretado como uma ameaça.
O fato de que nada é encontrado sendo isolado pelos granulomas leva muitos a acreditarem que se trata de uma doença autoimune. No fim, não há consenso sobre a origem da sarcoidose.
A sarcoidose é classificada de acordo com os órgãos acometidos. Por ser uma doença sistêmica, ela pode afetar diversos tecidos e órgãos, e ter um tipo de sarcoidose não significa estar livre de outros, pois vários órgãos podem ser acometidos ao mesmo tempo. Entenda:
Quando acomete a pele, chama-se sarcoidose cutânea. As manifestações mais comuns são granulomas na pele, caracterizados por erupções avermelhadas e arroxeadas, que podem ser quentes e doloridas ao tocar.
Na maioria dos casos, o principal órgão afetado é o pulmão, e os granulomas não são visíveis sem a ajuda de exames médicos. Caracteriza-se por sintomas respiratórios como tosse e chiados ao respirar.
O coração, infelizmente, não está livre da doença. Assim como no pulmão, os granulomas só podem ser vistos por meio de exames e os principais sintomas são dores no peito, falta de ar e sensação de desmaio.
Na sarcoidose ocular, os principais afetados são os olhos. Eles apresentam vermelhidão, visão borrada e dores.
Embora a sarcoidose possa afetar qualquer pessoa, existem alguns grupos que têm maior possibilidade de sofrer com o problema. São eles:
Não tenha medo de se aproximar caso alguma pessoa de sua convivência foi diagnosticado, pois não há evidências de que a sarcoidose possa ser transmissível. Além disso, nunca foi encontrado qualquer tipo de microrganismo envolvido na doença. Só não baixe a guarda para outras doenças, viu?
Fadiga, febre, inchaço dos gânglios linfáticos e perda de peso são apenas os sintomas iniciais e inespecíficos da sarcoidose. Independente do órgão afetado, essas são as primeiras manifestações da doença, que pode ser facilmente confundida com qualquer tipo de infecção comum do dia a dia — por isso são chamados de “sintomas inespecíficos”.
A coisa vai tomando forma quando os sintomas relacionados aos órgãos vão aparecendo. No entanto, algumas vezes, a doença pode ser completamente assintomática.
Alguns sintomas mais claros são:
Ao falar sobre sarcoidose, é impossível não citar o lúpus pérnio, uma das possíveis manifestações cutâneas na doença.
Caracterizado por lesões em alto relevo com coloração vermelha que puxa para o roxo, essa condição está relacionada a prognósticos piores e pouca probabilidade de resolução total da doença.
O lúpus pérnio é mais frequentemente encontrado em partes da face como nariz, orelha, bochechas, lábios e testa.
Como um dos primeiros sintomas notados da sarcoidose são as erupções cutâneas, principalmente pelas mulheres, a maior tendência é procurar um dermatologista que, apesar de poder ajudar no diagnóstico e tratamento da doença, é apenas um dos médicos que devem ser consultados.
Outros profissionais especializados que podem ajudar nessa tarefa são reumatologista (trata doenças autoimunes), pneumologista (cuida dos pulmões) e oftalmologista (trata doenças dos olhos).
Por não haver um exame específico para esse diagnóstico, os seguintes testes devem ser realizados:
Por se tratar de uma doença que pode ser facilmente confundida com outras doenças autoimunes, o médico deverá, primeiro, procurar por sinais da doença. Assim, ele deve:
Os resultados desse exame físico podem aumentar o diminuir a suspeita de sarcoidose. Quando há muitos sinais compatíveis com a doença, o médico deve pedir uma bateria de exames extra.
A fim de verificar a presença de granulomas nos órgãos internos como pulmão e coração, além de inchaço em linfonodos que não aparecem na pele, o médico pode pedir um raio-X ou uma tomografia computadorizada.
Se há suspeita de acometimento do coração ou sistema nervoso, pode ser pedido também uma ressonância magnética, que facilita a visualização desses órgãos.
Como os granulomas no pulmão afetam a capacidade respiratória, a espirometria pode ajudar a determinar se há algo de errado com esse órgão.
A broncoscopia é um exame que insere uma microcâmera nos brônquios, a fim de poder efetivamente enxergar o caminho até o pulmão. Não raramente, um pouco do tecido é removido e enviado para análise para investigar a composição dos granulomas.
Biópsias são amostras de tecido afetado que vão para análise laboratorial, a fim de verificar a presença e a composição de granulomas. Essas biópsias podem ser da pele, no caso de manifestações cutâneas, do pulmão e dos gânglios linfáticos.
A sarcoidose é capaz de alterar o resultado de diversos exames de sangue, principalmente aqueles que medem a função dos rins e do fígado.
No hemograma completo, os valores apontam anemia (baixo número de glóbulos vermelhos), leucopenia e linfopenia (diminuição de leucócitos e linfócitos). Já no exame de cálcio urinário, que mede a função dos rins, há um aumento de cálcio na urina (hipercalcemia).
Infelizmente, não existe cura para sarcoidose. No entanto, acredita-se que é uma doença autolimitada, ou seja, que vai embora por si mesma, visto que numa grande parte dos casos, ela dura um período entre 12 e 36 meses.
Os casos em que a doença dura mais tempo que isso, como décadas, são raros. De fato, muita gente tem uma pequena “crise” de sarcoidose que se resolve sozinha e nunca nem mesmo teve a doença diagnosticada.
Embora uma grande quantidade de pacientes não precise de tratamento por conta dos sintomas brandos, outros podem acabar precisando de tratamento durante muitos anos. Estes, no entanto, são casos mais raros.
Num geral, o paciente deve tomar medidas para manter uma boa saúde geral, a fim de evitar complicações ao longo do tempo. Algumas dessas medidas são:
Em raros casos, quando o paciente sofreu lesões muito graves em órgãos como coração, pulmão e fígado, alguns médicos podem optar por um transplante de órgãos a fim de garantir melhor qualidade de vida.
Quando necessários, os medicamentos para sarcoidose são focados em diminuir os sintomas e reduzir a inflamação dos tecidos. Por isso, são usados anti-inflamatórios, especialmente os corticoides, que imitam a ação de hormônios reguladores de inflamações.
Outros medicamentos usados são imunossupressores e inibidores do fator necrose tumoral α, uma proteína responsável pela morte de células tumorais e muito ativa em doenças autoimunes.
O tratamento medicamentoso costuma durar de 1 a 2 anos, dependendo da duração da doença. No entanto, há casos em que o paciente precisa tomar remédios por décadas, pois a doença não se resolve.
Certos medicamentos são administrados por via oral, enquanto outros, especialmente no caso de sarcoidose cutânea, são em forma de creme ou pomada de uso tópico.
Alguns exemplos de medicamentos para sarcoidose são:
Sabemos que a sarcoidose pode ser uma doença bem branda que, de fato, não incomoda nem um pouco. No entanto, em algumas pessoas, os sintomas são bastante severos e há possibilidade de sequelas graves. São elas:
Os granulomas que se formam no pulmão podem deixar cicatrizes que evoluem para fibrose. Esse processo “endurece” o pulmão e prejudica a respiração.
Estima-se que 30% dos pacientes com sarcoidose tenham a função pulmonar afetada por lesões no órgão.
Quando afeta os olhos, as inflamações podem lesionar os tecidos oculares e causar cegueira, catarata e glaucoma.
Ao afetar a maneira que o organismo metaboliza o cálcio, a sarcoidose pode levar à formação que pedras nos rins, que podem causar lesões, o que culmina em insuficiência renal crônica.
Lesões cardíacas podem levar à ritmos cardíacos anormais, que prejudicam a circulação.
Muito raramente, os granulomas se formam no sistema nervoso — tanto no cérebro quanto na medula espinhal. Essas inflamações nos nervos podem levar à paralisia e dificuldade no controle de certas partes do corpo.
Na sarcoidose, a mortalidade varia de 1 a 10% dos casos e pode ocorrer por conta de complicações como insuficiência respiratória, renal e problemas no coração. No entanto, raramente a doença progride até esse estágio.
Por não se tratar de uma doença transmissível, medidas contra microrganismos não irão ajudar na prevenção da sarcoidose. Tentar se prevenir de doenças crônicas também não parece auxiliar na sarcoidose.
De fato, não existem medidas efetivamente comprovadas para prevenção da doença. No entanto, manter um estilo de vida saudável certamente irá ajudar a manter-se bem no caso de um diagnóstico.
Compartilhe esse texto para que mais pessoas entendam o que é a sarcoidose e como lidar com ela. Caso haja qualquer dúvida, pode perguntar que responderemos!
Referências
http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/sarcoidosis/diagnosis-treatment/treatment/txc-20177973http://www.webmd.com/lung/arthritis-sarcoidosis#1http://www.nhs.uk/conditions/sarcoidosis/Pages/Introduction.aspxhttps://www.blf.org.uk/support-for-you/sarcoidosis/what-is-ithttp://www.healthline.com/health/sarcoidosis#overview1
Rafaela Sarturi Sitiniki
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.