O termo otite refere-se à inflamação na orelha média ou externa, assim como na mucosa do ouvido ou no tímpano. Sua principal característica é a dor de ouvido e é causada, principalmente, pela entrada de microrganismos na orelha.
É mais comum em crianças nas idades entre 6 e 36 meses, embora possa acontecer em qualquer idade, geralmente devido a hábitos de higiene prejudiciais. Em geral, é um problema corriqueiro e de fácil resolução, porém, sempre que a dor se estender, é preciso tomar precauções para evitar maiores complicações.
A otite pode ser muito dolorosa por conta do acúmulo de fluídos dentro da orelha média (antigamente chamada de ouvido médio) e no tímpano.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID), a otite é encontrada como H60, H65-H67 e H83.0.
A otite pode ser classificada de acordo com a parte do ouvido que é acometida. Por isso, para compreender os tipos de otite, é primeiro preciso ter noção das estruturas do ouvido. São elas:
Atualmente, essas partes passaram a ser chamadas “orelhas” (externa, média, interna), porém, devido a grande quantidade de pessoas que usam a denominação “ouvido”, este texto aceita as duas formas como válidas.
Entenda melhor sobre cada uma dessas estruturas:
Essa parte compreende a orelha propriamente dita, anatomicamente conhecida como pavilhão auricular, e termina onde se encontra o tímpano. A função deste pavilhão é formar um canal (denominado auditivo) pelo qual o som passa e é redirecionado para o ouvido médio.
Quando há inflamação e infecção do ouvido externo, chama-se otite externa, forma de otite de mais fácil tratamento. Esse tipo de otite é popularmente conhecida como “ouvido de nadador”.
Começa com o tímpano, uma membrana fina que vibra com a energia mecânica do ar (som), e transmite essa vibração para os ossículos chamados martelo, bigorna e estribo. Curiosamente, estes são os menores ossos do corpo humano.
Na orelha média encontra-se, também, a tuba auditiva, antigamente chamada de trompa de Eustáquio. Falaremos sobre ela mais adiante.
A inflamação nessa estrutura é chamada otite média e costuma ter resolução um pouco mais complicada do que a externa. Além disso, pode ser dividida em dois tipos:
Quando há acúmulo de líquido no ouvido médio, sem secreção, é chamada otite congestiva (hiperêmica) e, quando ocorre uma perfuração do tímpano com liberação de secreção, chama-se otite supurativa (também conhecida como otite serosa).
É onde se encontra a cóclea, estrutura que se parece com a concha de um caracol. Dentro dela, encontra-se um líquido e células ciliadas que se movem com as vibrações do ar (amplificadas pelo tímpano, martelo, bigorna e estribo), que fazem a transdução dessas vibrações em impulsos nervosos. Esses impulsos são enviados para o cérebro, que os capta e interpreta, gerando a compreensão dos sons.
É dentro do ouvido interno que estão as estruturas responsáveis pelo equilíbrio do corpo. Por isso, a otite dentro dessa estrutura é conhecida como labirintite, que provoca sintomas diferentes das outras otites. Sendo assim, ela muitas vezes é considerada como outra doença e não será abordada neste texto.
A tuba auditiva é uma passagem de ar que é ligada à nasofaringe (porção mais interior do nariz) e serve para igualar as pressões dos ouvidos externo e médio. Muitas vezes, pode haver o acúmulo de secreções nesse canal, o que causa diferenças nas pressões e traz incômodo para o paciente.
Essa estrutura se encontra fechada na maior parte do tempo, e se abre nos momentos de bocejo, espirro, mastigação, entre outros que envolvem a mandíbula.A otite também pode ser classificada de acordo com seu tempo de duração. Enquanto a maior parte das otites se resolvem em pouco tempo, existem outras que demoram mais e aumentam os riscos de maiores complicações quando não tratadas. Entenda:
A otite aguda dura cerca de 2 semanas e se resolve facilmente, mas quando acontece mais de 4 vezes por ano, também é chamada de otite de repetição. Ela acontece, geralmente, quando o excesso de líquido e muco no ouvido não é drenado naturalmente, iniciando um novo processo de infecção.
A otite externa é causada, na maioria dos casos, pela umidade excessiva e feridas que se abrem por hábitos de higiene como utilização de cotonete ou introdução de outros objetos estranhos, que empurram a cera para dentro do ouvido.
Essas condições são propícias para a proliferação de fungos e bactérias, responsáveis pela infecção e consequente dor.
É comum, inclusive, que a otite externa apareça após férias na praia ou piscina, ou até mesmo em nadadores, pela presença constante de água no ouvido, o que facilita o aparecimento de fungos na região externa da orelha.
Outras causas não tão frequentes de otite externa são dermatite seborréica e acne na orelha.Existem alguns fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da otite. São eles:
Os grupos mais propícios a desenvolver otites são os nadadores e as crianças, por terem mais contato com fatores que auxiliam o desenvolvimento da doença.
Por estarem em constante contato com a água, nadadores estão mais sujeitos à otites externas, devido à umidade excessiva na orelha, que facilita a proliferação de fungos.
Embora na maioria dos casos seja causada por microrganismos, a otite, em si, não é transmissível. Entretanto, os causadores da infecção podem ser transmitidos através de secreções, contato com superfícies contaminadas, compartilhamento de objetos de uso pessoal, entre outros.
Embora pegar um resfriado ou outra infecção não seja garantia de otite, essa muitas vezes vem como consequência, o que pode fazê-la parecer “transmissível”. Entretanto, isso depende muito do sistema imunológico e idade da pessoa.O principal sintoma de qualquer otite é a dor de ouvido, que pode ser causada tanto pela diferença de pressão no ouvido externo e médio quanto pela presença de microrganismos.
Os principais sintomas da otite externa são:
Já na otite média, além da dor, pode-se notar sintomas parecidos com aqueles de infecções respiratórias:
Muitas vezes, os pequenos não sabem expressar o que estão sentindo, e os pais ou responsáveis precisam estar atentos aos sinais de que pode haver algo de errado. Alguns deles são:
O especialista que trata doenças do ouvido, nariz e garganta é o otorrinolaringologista, que pode realizar o diagnóstico da otite. Em geral, apenas um histórico dos sintomas e uma avaliação clínica é o bastante para determinar a presença de otite, sem que haja necessidade de exames laboratoriais ou de imagem.
O médico deve examinar a orelha por meio de um otoscópio, aparelho com uma luz e lente de aumento, cuja função é permitir que o especialista veja claramente as condições dentro da orelha. Esse exame não dói, mas crianças pequenas podem se mostrar resistentes por não terem noção do que está entrando na orelhinha delas.
Quando a otite não melhora com o tempo, o médico pode requisitar outros exames, como:
A timpanometria é um exame que mede como o tímpano reage a diferenças na pressão do ar. Consiste em colocar uma sonda no ouvido, que muda a pressão do ar ao mesmo tempo em que transmite som para dentro da orelha.
A sonda mede a maneira que o som reflete dentro do ouvido e como a pressão afeta esse índice. Quando o som refletido de volta é pouco em condições de alta pressão, é um sinal de que há infecção.
Na timpanocentese, há a drenagem do líquido do ouvido médio, que é enviada para análise. Isso ajuda a descobrir qual o vírus ou bactéria responsável pela infecção.
Felizmente, a otite tem cura, e muitas vezes é facilmente alcançada por meio de um tratamento clínico simples. Em casos raros, há a necessidade de tratamento cirúrgico, mas apenas quando há sinais de otite de repetição.
Entenda melhor como é feito o tratamento para otite:Muitas vezes, os médicos receitam anti-inflamatórios e analgésicos como ibuprofeno para o tratamento dos sintomas da otite, mas cada caso é diferente e pode haver necessidade de outros tipos de tratamento. Nos casos de otite média causada por bactéria, é comum, também, a prescrição de antibióticos, principalmente na presença de febre, otite bilateral (nas duas orelhas), em crianças menores de 2 anos de idade e em casos que não melhoram dentro de 72 horas.
Antibióticos comumente indicados nesses casos são:
Na otite externa, os medicamentos frequentemente vem em forma de gotas, para uso tópico. Em indivíduos mais desabilitados, pode se fazer necessário o uso de medicamentos orais.
Atenção!
Ácido acetilsalicílico (Aspirina) jamais deve ser dado às crianças, uma vez que possui associação com a Síndrome de Reye, uma doença grave de alta mortalidade.
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.Existem métodos caseiros para alívio da otite, mas estes não substituem o tratamento clínico receitado por um médico, pois além de não haver provas de sua eficácia, também não há garantia de que são métodos seguros. Por isso, consulte sempre seu médico antes de fazer qualquer tipo de tratamento, mesmo o caseiro.
Tratamentos que envolvem a colocação de algum líquido ou objeto estranho no ouvido não são recomendados, pois podem agravar a situação.
Algumas medidas caseiras a serem tomadas são:
Em casos mais graves de otite média ou de desenvolvimento de abscessos, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias.
Quando há otite de repetição, ou seja, acontece mais que 4 vezes por ano, os médicos podem optar por realizar uma pequena perfuração no tímpano para drenar o líquido presente no ouvido médio, além de colocar um tubo pequeno nessa perfuração, para impedir acúmulos futuros. Esse processo se chama miringotomia ou timpanostomia.
No caso de abscessos, a intervenção consiste em drenar seu conteúdo.Quando a otite não se resolve sozinha e não é tratada, podem ocorrer algumas complicações. São elas:
Uma situação emergencial que ocorre como consequência de uma otite não tratada é a chamada otite externa maligna, que acomete principalmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido (crianças, idosos, pessoas que fazem tratamento quimioterápico ou com imunossupressores).
Ela acontece quando a infecção avança mais internamente no ouvido e atinge os tecidos adjacentes, danificando ossos como o temporal, mandíbula, além de nervos do crânio.
Os principais sintomas de que tal processo pode estar acontecendo são:
Quando algum desses sintomas é detectado, deve-se contatar um médico imediatamente, antes que a infecção cause danos irreversíveis a outros tecidos e nervos.
A melhor maneira de prevenir a otite é prevenir-se contra infecções comuns, como gripes e resfriados. Algumas medidas incluem:
Medidas referentes à outras causas da otite são:
A otite, apesar de simples, pode trazer complicações quando não é tratada. Por isso, é importante que mais e mais pessoas compreendam a doença e saibam como lidar com ela. Se você achou esse texto informativo e quer ajudar a espalhar a palavra, compartilhe com seus amigos!
Em caso de dúvidas, entre em contato que responderemos.
Referências
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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