Transtorno de ansiedade social, ou fobia social, é um distúrbio caracterizado pelo desconforto e medo irracional, intenso e persistente, de uma ou várias ocasiões sociais.
O confronto de situações em frente ao público provoca ansiedade pelo receio de sofrer avaliações negativas ou humilhações de terceiros.
A ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo ou ameaça. Na fobia social a sensação ultrapassa níveis normais, fazendo com que os portadores do transtorno experimentem graus tão intensos que podem chegar a alterações fisiológicas agudas.
De acordo com o National Comorbidity Survey-Replication, a fobia social atinge 7,1% da população mundial. A doença é considerada frequente na população, sendo o terceiro transtorno mental mais recorrente e o primeiro transtorno de ansiedade mais comum.
Os dados, no entanto, são incompletos, pois nem todos os portadores do distúrbio chegam a ser diagnosticados ou buscam ajuda profissional.
Índice — neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:
O transtorno varia em seu nível de gravidade e pode ser caracterizado em dois subtipos:
Quando generalizado o indivíduo teme qualquer comunicação ou relação social, como escrever, comer ou falar em público. Nesses casos, o distúrbio costuma afetar negativamente a escolaridade e a qualidade de vida do portador da doença, como a capacidade de manter relacionamentos e adquirir um emprego.
O restrito ocorre quando o paciente teme situações sociais específicas que surgem em determinados momentos, como atender ao telefone ou falar em público.
A doença é causada por um conjunto de fatores interligados entre o ambiente externo e os genes, porém especialistas acreditam que o peso maior se dá nas experiências dos pacientes. Apenas por volta de 30% dos casos tem a origem genética, o restante se deve a vivências complexas.
Ter um membro da família com a doença aumenta ligeiramente a chance do indivíduo também desenvolver o mesmo quadro.
Experiências como bullying, rejeição, humilhação, abusos e conflitos familiares podem influenciar a insegurança e a autodepreciação.
A família constitui o primeiro modelo social que uma criança conhece, caso a convivência não seja harmoniosa isso refletirá negativamente em seu desenvolvimento. Os índices de fobia social aumentam de acordo com os níveis de proteção e autoritarismo exercido pelos pais, pois quanto mais fornecem carinho e doses saudáveis de autonomia as crianças, menores são as possibilidades de desenvolver o transtorno.
A convivência também deve ser igualmente harmoniosa no ambiente escolar, onde pode ocorrer maus tratos e provocações que deixam cicatrizes emocionais - ou físicas - no indivíduo.
A timidez excessiva e comportamento contido desde a infância pode atrapalhar ao enfrentar novas situações ou conhecer novas pessoas, favorecendo o isolamento. Crianças tímidas também podem sofrer com provocações por serem mais quietas, como podem se tornar retraídas após intimidadas.
A Amígdala cerebral é a estrutura cerebral que forma e controla as emoções. A hiperatividade dessa região faz com que a pessoa apresente mais medo e insegurança diante momentos de socialização.
Existem estudos que indicam que preocupar-se com o que os outros pensam de si possui relevância para a sobrevivência. Em uma época primitiva, uma pessoa que fosse excluída do grupo social possuía menos chances de sobrevivência e de reprodução, portanto o ser humano evoluiu para evitar isso, buscando ser aceito socialmente.
A autoestima seria então um medidor de aceitabilidade social e ameaças à autoestima trariam sentimentos de ansiedade como resposta. O transtorno de ansiedade, por tanto, encaixa-se como uma resposta de alto estresse social para uma situação que não apresenta este nível de perigo para a autoestima.
Geralmente o transtorno de ansiedade social se manifesta já na infância, mas pode começar na pré-adolescência ou mais tarde, na fase adulta. Os portadores do distúrbio geralmente são jovens e vivem em grandes cidades, onde o contato social é teoricamente maior. Estudos apontam que mulheres são mais vulneráveis a doença do que homens.
Vários fatores aumentam o risco de desenvolver o transtorno, incluindo:
Alguns indivíduos com alguma condição de saúde que chama atenção, como desfiguração facial, gagueira e Mal de Parkinson, podem sofrer com autojulgamento e isolamento, levando a desencadear o transtorno de ansiedade social.
Os primeiros sinais costumam surgir durante a infância, quando crianças demonstram preocupação em excesso em se afastar dos pais, somente se comunicam perante conhecidos, se recusam a frequentar a escola ou sentem ansiedade exagerada na véspera de projetos escolares ou competições.
A ansiedade em interagir com adultos ou colegas pode ser demonstrada por chorar excessivamente, ou “fazer birra”, como é normalmente conhecido, agarrar-se aos pais e se recusar a falar em situações sociais. Determinados eventos sociais podem ser citados como gatilhos para o desconforto de um paciente com o transtorno de ansiedade social:
Situações de desempenho |
Falar publicamente |
Comer ou beber em público |
Usar banheiro ou transporte público |
Ser visto desempenhando alguma tarefa, como praticar esportes |
Atuar em palco |
Ser o centro das atenções |
Participar de eventos sociais e festas |
Entrar numa sala onde já existam pessoas sentadas |
Ser fotografado ou filmado |
Consultar com profissionais de necessidade rotineira, como médicos e dentistas |
Ir à casa de amigos e parentes |
Situações de interações |
Falar ao telefone |
Ir em encontros amorosos |
Ir a lojas ou fazer compras |
Receber críticas |
Conhecer pessoas novas e/ou fazer amizades |
Falar com figuras de autoridade |
Iniciar uma conversa com alguém |
Ir e falar em reuniões ou entrevista de emprego |
Receber ou dar presentes |
Manter contato visual com pessoas não familiares |
Demonstrar seus sentimentos, incluindo para amigos próximos |
Quando não tratado, o distúrbio costuma evoluir gradualmente, podendo ser diagnosticado quando o paciente presencia os seguintes sintomas por seis meses ou mais:
Além do nervosismo diário, as sensações de medo e ansiedade são acentuadas em um portador de fobia social. Os seguintes sintomas físicos podem comprometer negativamente sua rotina:
Um dos sintomas essenciais é a sensação de incapacidade de desempenhar a função social pelo indivíduo acreditar que seu comportamento será inadequado para a ocasião e, consequentemente, sofrerá rejeição ou humilhação de conhecidos ou estranhos. A partir dessa ideia, os portadores do distúrbio fortalecem sua ansiedade na expectativa de causar uma boa impressão, e aumentam a insegurança quando não se sentem aptos em realizar tal objetivo.
É constante o pensamento distorcido de ser observado e a preocupação intensa de ser julgado pelos outros, principalmente desconhecidos. O sociofóbico constantemente evita situações que possa ser o centro das atenções, como falar em público.
Leia mais: Tripofobia: o que é, sintomas e causas
Os indivíduos com transtorno de ansiedade social possuem uma crença negativa relacionada à desvalorização, com atenção excessiva ao próprio comportamento, comportamentos de autoconfiança forçado e padrões irrealistas e perfeccionistas quanto seu desempenho de tarefas.
É comum fantasiar situações que passa mal ou que o outro com quem mantém um diálogo perceberá seus sintomas físicos, como o tremor das mãos, alteração na voz, rubor na face, etc. No lugar de interagir com outra pessoa, o fóbico social fica atento às próprias ações e na avaliação negativa que faz de si. Pode ocorrer a suposição que está sendo igualmente avaliado pejorativamente com quem socializa no momento.
Os comportamentos de segurança consistem em ações realizadas para minimizar a manifestação da ansiedade e aparentar segurança, como cruzar as pernas e braços para encobrir tremores, ensaiar frases antes de falar em voz alta, recitar um discurso rapidamente para evitar pausas longas, olhar em volta para encobrir contato visual, utilizar duas camisas para esconder suor, entre outros.
Os comportamentos de segurança tem o propósito de evitar constrangimento e julgamento, porém podem favorecer o aumento da ansiedade e dos sintomas físicos temidos.
O portador do transtorno tende a ativar a ansiedade e evitar eventos sociais após recorrer a lembranças de falhas e rejeições do passado. A preocupação pode ocorrer dias, semanas ou até meses antes da data marcada.
Após passar pelas situações sociais é comum ocorrer avaliações negativas de si mesmo, desvalorizando os momentos positivos ou gestos de aceitação realizados por outras pessoas. O indivíduo retrata mentalmente a interação, apontando as falhas e fracassos de maneira mais negativa do que pode ter ocorrido. A lembrança é acrescentada na memória e influencia o fóbico social a não repetir qualquer experiência semelhante no futuro.
A agorafobia é um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo de não conseguir escapar de uma situação ou medo de não conseguir ser socorrido caso necessário.
Essa condição inclui pavor de lugares e situações que possam causar pânico, constrangimento ou impotência, como um túnel, barco ou ônibus lotado, porque são difíceis de sair caso a pessoa não se sinta bem. A doença gera isolamento progressivo pelo fato do portador passar a evitar o convívio social ao se sentir mais seguro em casa, o que ocasiona em semelhanças e confusão com a fobia social.
A diferença de ambos se dá na forma que lidam com as multidões. Uma pessoa com transtorno de ansiedade social evita a socialização com o medo de ser julgado por conhecidos e estranhos ou se tornar o centro das atenções de algum público.
O agorafóbico, no entanto, não teme a avaliação de outros, mas não ter a quem recorrer em caso de uma crise de pânico, o que os tornam mais capazes de enfrentar situações cotidianas se estiverem na companhia de alguém de confiança.
O transtorno de ansiedade social pode se assemelhar com outras condições que interferem na socialização do paciente, tal como a timidez. É natural do ser humano experimentar insegurança e medo do constrangimento em determinadas situações sociais. Ou seja, em momentos específicos o indivíduo pode se sentir mais tímido, porém isso não necessariamente o impedirá de alcançar seus objetivos ou se familiarizar com o local após se entrosar com outras pessoas.
Já na fobia social, o medo de ser ridicularizado pode se estender para maioria das situações sociais, impedir que a pessoa alcance suas metas e influenciar o isolamento ao se esquivar da comunicação com outras pessoas. A ansiedade é mais intensa e possui alto grau de comprometimento na vida social e profissional do indivíduo.
A diferenciação dos distúrbios costuma ser um conflito até para profissionais de saúde, mas é aconselhado a realização de consultas com psiquiatras ou psicólogos para receber diagnóstico e tratamento apropriado.
A doença não pode ser detectada através de exames ou amostras de sangue e depende somente do diagnóstico do psicólogo ou psiquiatra através de informações fornecidas durante uma consulta clínica. O paciente deve relatar quais os sintomas e há quanto tempo está sofrendo com eles. Geralmente, para se ter um diagnóstico completo, a ansiedade é persistente e atinge o indivíduo há mais de 6 meses.
Por se tratar de um transtorno mental, o diagnóstico pode ser demorado, pois os mínimos detalhes devem ser coletados para que o distúrbio não seja confundido com outras doenças.
O primeiro passo para o tratamento é a identificação das experiências que influenciaram o desenvolvimento da doença. Na maioria dos casos, somente o acompanhamento psicológico especializado é o suficiente para tornar o paciente apto a enfrentar, aos poucos, situações sociais que o causa extrema ansiedade.
Em condições severas há mais benefícios ao paciente um método conjunto de atendimento psicológico e antidepressivos.
O paciente não deve desistir do tratamento, mesmo se não funcionar rapidamente. Para algumas pessoas, os sintomas da doença podem desaparecer ao longo do tempo e os medicamentos serem descontinuados. No entanto, outros podem precisar tomar a medicação durante anos para evitar uma recaída.
Por isso, o indivíduo deve manter as consultas com o profissional de saúde e o consumo dos medicamentos instruídos, avisando ao médico se ocorreu alguma alteração nos sintomas.
De todos os tratamentos disponíveis, a terapia cognitivo-comportamental é considerada a mais eficiente. É baseada na premissa de que tudo que o indivíduo pensa afeta a forma como se sente que, sucessivamente, afeta suas ações. Assim o método estimula a reconhecer a irracionalidade do seu medo e os pensamentos negativos acerca das situações sociais que causam ansiedade e a desenvolver mais confiança para agir no dia a dia.
A terapia cognitivo-comportamental é focada nos seguintes pontos principais:
Quando se está ansioso, a respiração acelerada é um dos primeiros sintomas a se manifestar. A hiperventilação provoca desequilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono no corpo, motivando as características da ansiedade, como tonturas, aumento dos batimentos cardíacos, sensação de sufocamento e tensão muscular.
O processo de autogerenciamento promove trabalhos oculares para desenvolver a atenção, táticas de assertividade, expressão social, posicionamento e autocentramento (instruções para o paciente focar em seu interior) e técnicas de respiração e relaxamento para reduzir os sintomas físicas da ansiedade. Como exemplo, o seguinte exercício respiratório pode ajudar o indivíduo se acalmar em momentos de crise:
É comum para pacientes que sofrem da doença possuírem pensamentos distorcidos e exagerados que elevam a ansiedade. O exercício visa analisar os pensamentos negativos para ajudar o paciente a construir, gradativamente, uma visão mais clara, objetiva e positiva das situações sociais que disparam sua ansiedade. Cabe ao terapeuta promover uma percepção real dos pontos benéficos e maléficos do paciente, que tende a somente listar pontos negativos sobre si mesmo.
Para aumentar a tolerância interna aos sinais físicos e psicológicos de ansiedade, essas técnicas expõem o paciente constantemente a situações sociais que causam medo e apreensão.
O tratamento é, normalmente, realizado em terapias em grupo e objetiva enfrentar os eventos através de exposições reais ou simuladas com o auxílio de Role Playing — técnica do psicodrama na qual o participante finge ser outra pessoa ou interpreta a si mesmo ao realizar a encenação de um problema.
Se o paciente sofreu algum trauma que contribuiu para o desenvolvimento da fobia social, deve-se fazer a identificação e o trabalho psicológico em cima desses eventos negativos. Como o sofrimento ocorre em situações sociais, a doença sofre influência direta de experiências anteriores que podem ter abalado a segurança e confiança da pessoa para enfrentar ambientes de socialização.
Uma análise desses eventos é fundamental para o paciente conseguir superar esse estado de ansiedade social intensa.
Uma das técnicas mais eficazes para tratar o transtorno de ansiedade social é a técnica de exposição que, a partir de pesquisas mais recentes, também pode ser realizada na imaginação. Na terapia o paciente vivencia alguma situação que teme dentro de um cenário fictício, projetado a partir de uma realidade virtual. O tratamento consiste no enfrentamento contínuo dessas situações expostas em imagens tridimensionais (3D) no computador, com o uso de óculos e fones de ouvido.
O estudo foi realizado no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-FMUSP) e demonstrou uma média de mais de 70% pacientes que relataram a redução dos sintomas de ansiedade.
Diversos medicamentos naturais foram estudados como tratamentos para a ansiedade, porém não possuem eficácia garantida ou estudos precisos de possíveis efeitos adversos. Antes de tomar, o paciente é indicado buscar o auxílio de um profissional de saúde.
Um extrato tradicional de Kava, uma planta medicinal do Pacífico Sul, é eficaz para a redução da ansiedade. Porém, há relatos de possíveis danos hepáticos, mesmo com uso de curto prazo. O uso desta planta deve ser evitado se o paciente possuir problemas no fígado ou se faz uso de outros medicamentos que afetam esse órgão.
Além de sonífero, o uso de valeriana reduz a ansiedade e estresse e atua como estimulante cerebral. A planta pode ser utilizada como chá, comprimidos, cápsulas e em gotas. Embora seja geralmente bem tolerada, o indivíduo deve conversar com seu médico antes de usar, pois há relatos de pacientes que desenvolveram problemas hepáticos após tomarem preparações com valeriana em sua composição.
Caso o paciente esteja sob tratamento com valeriana e queira parar de tomar é indicado que o uso seja reduzido gradativamente para evitar sintomas de abstinência.
Passiflora, ou Flor-da-Paixão, é uma planta medicinal que possui efeito calmante e sedativo contra o nervosismo, ansiedade e distúrbios do sono. Pode ser encontrada em cápsulas, comprimidos mastigáveis ou infusão, e é combinada com outras ervas em diversos medicamentos. A planta é considerada segura, mas alguns estudos relatam que pode causar sonolência, tontura e confusão.
Acredita-se que os ácidos graxos ômega-3 ajudam na saúde do cérebro e podem melhorar o humor e a capacidade de lidar com a ansiedade. As melhores opções são: peixes (salmão, sardinhas, anchovas), algas marinhas, linhaça e nozes.
Para reduzir os riscos de efeitos secundários, o profissional de saúde pode indicar uma dose baixa e gradualmente aumentar a prescrição para uma dose completa. Pode levar de semanas até meses de tratamento para o paciente perceber melhora nos sintomas. Os medicamentos geralmente indicados para o tratamento de fobia social são:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Ultrapassar a fobia social demora e é necessário paciência, por isso o paciente pode adotar, em conjunto com o tratamento indicado pelo médico, algumas dicas para reduzir os níveis de ansiedade:
A cafeína estimula o aumento dos sintomas de ansiedade, por isso é indicado reduzir o consumo de café, chá, refrigerantes com cafeína, bebidas energéticas e chocolate.
Fumar aumenta os níveis de ansiedade, além de causar outras complicações. Assim, é indicado que o paciente busque ajuda médica para receber dicas de como reduzir o uso do cigarro gradativamente.
Bebidas alcoólicas podem acalmar os nervos temporariamente, porém aumentam os riscos de uma crise de ansiedade a longo prazo. O consumo deve ser realizado moderadamente.
O paciente deve realizar exercícios de, pelo menos, 30 minutos por dia. O corpo libera níveis de endorfina após atividades físicas, o que alivia o nível de estresse e ansiedade.
Noites com poucas horas de sono pode deixar o corpo vulnerável a ansiedade. Dormir bem pode ajudar o paciente se acalmar com maior facilidade em situações de estresse e angústia.
Como o tratamento é lento, o paciente deve enfrentar as situações pouco a pouco e não tentar superar todos os seus medos logo no início. Para isso é indicado usar as táticas ensinadas para controlar a respiração e desafiar os pensamentos negativos.
Todas as técnicas devem servir para enfraquecer o medo das situações sociais, o que indica que o paciente ainda pode experimentar reações desagradáveis, principalmente perante os eventos mais temidos, porém em menor intensidade. Ter em mente que a fobia social nunca acabará é essencial para o paciente não se descuidar e consequentemente fortalecer novamente sua doença.
O medo e a incapacidade de socializar, mesmo que queira, pode interferir na vida acadêmica, profissional e amorosa do indivíduo.
Comumente, os portadores de fobia social abandonam os estudos. Os que conseguem trabalhar ou estudar buscam profissões onde a exposição social é mínima ou ocorre em períodos noturnos. Com o tempo, pode ocorrer a ideia de que não precisam de outras pessoas e aos poucos passam a evitar todas as situações sociais.
Durante eventos sociais, o portador da doença tende a enfrentar altos níveis de ansiedade, que se aliviam gradativamente após se mover para algum lugar que lhe cause conforto. A própria expectativa de enfrentar ocasiões de convívio social pode ativar seus temores e levar a se isolar para evitar o retorno do sofrimento.
A autoavaliação negativa e os comportamentos de segurança podem influenciar para uma impressão nada amistosa vinda de outras pessoas, que podem se distanciar e contribuir para o isolamento do paciente. Assim, conviver com o problema sem buscar alguma ajuda médica prejudica as interações sociais do indivíduo, abala sua autoestima e contribui para o desenvolvimento da depressão e de outros quadros ansiosos.
O abuso de álcool e outras drogas é frequente entre os que sofrem com a doença, pois são normalmente utilizados para encorajar ou ajudar a enfrentar eventos sociais. Outras complicações relacionadas são a hipersensibilidade à críticas, problemas de baixa autoestima e suicídio. Pesquisas apontam que as tentativas de suicídio chegam em até 14% dos casos de pacientes não tratados.
É observado que, quando o tratamento é iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso ocorre pela parte saudável estar acostumada à dominação e o sociofóbico à submissão, que se desfaz lentamente após a realização dos procedimentos acompanhados pelo profissional de saúde.
Naturalmente podem surgir conflitos que exigem cooperação e compreensão do cônjuge saudável para serem superados. Enquanto o paciente está sob o tratamento da fobia social, pode ser indicado psicoterapia entre casais para superarem juntos esse período.
O tratamento pode ser menos eficaz se a doença for diagnosticada na vida adulta, por isso a prevenção consiste em estar atento a sinais de isolamento e ansiedade em excesso desde a infância. Filhos de pacientes fóbico-sociais constituem o maior grupo de risco por compartilharem a carga genética e o ambiente que vivem, algo que influencia na criação e comportamento da criança.
A prevenção também pode ser realizada em escolas, com apoio para jovens e crianças relatarem sobre possíveis intimidações e críticas que tenham sofrido. Projetos podem ser feitos para reunir os mais tímidos com os extrovertidos, para que adquiram naturalmente habilidades sociais que não podem ser ensinadas.
Portadores de transtorno de ansiedade social raramente buscam auxílio de um profissional de saúde pelo medo de serem julgados perante um estranho. Porém, não realizar o tratamento acarreta na evolução da doença e no isolamento, o que restringe e prejudica as relações sociais, profissionais e acadêmicas da pessoa.
Caso se identifique com os sintomas procure um médico especialista, pois ele é capaz de indicar o melhor tratamento para os que sofrem com o distúrbio. Se achar que algum conhecido possa estar sofrendo com a doença, compartilhe esse artigo para também encorajá-lo a buscar ajuda!
Publicado originalmente em: 30/06/2017 | Última atualização: 02/10/2018
Dr. Emerson Barbosa
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