A fissura anal é um quadro que gera bastante desconforto e, além disso, ainda é tratado como tabu. Porém, conhecer os sintomas e saber quando é hora de procurar uma consulta é essencial para tratar corretamente a condição e evitar desconfortos e complicações.
Índice — neste artigo você vai encontrar:
A fissura anal é caracterizada por um pequeno corte ou rachadura no revestimento do ânus, que provoca dor e/ou sangramento durante os movimentos intestinais. Essa é uma condição comum e de autodiagnóstico na maioria dos casos.
Os sintomas podem se apresentar em quadros agudos ou crônicos. No primeiro caso, a cura acontece em curto prazo (quatro a seis semanas) com a ajuda de alguns cuidados em casa. Já em situações de fissura anal crônica, um tratamento médico ou até mesmo uma cirurgia podem ser necessários.
As pessoas que sofrem de constipação intestinal ou prisão de ventre apresentam maiores chances de desenvolver a doença. Isso porque as fezes endurecidas ou muito grandes no momento da evacuação podem causar um trauma na mucosa do ânus, resultando em uma fissura anal.
Os fatores que diferenciam os tipos de fissura anal são basicamente o tempo de cicatrização da ferida e a evolução do quadro.
Veja a seguir quais são os tipos da doença:
Esses casos são os mais comuns e podem se desenvolver em qualquer idade. Para ser considerada aguda, a fissura anal é representada por um corte superficial e doloroso ao toque. Sua cicatrização costuma ocorrer em no máximo oito semanas.
Nos casos crônicos a fissura se torna uma úlcera que pode ser facilmente observada pelo médico. A lesão se mostra profunda e com bordas endurecidas. Há também o surgimento de plicoma sentinela (excesso de pele na região anal) e, em alguns casos, papilite (inflamação de glândulas no canal anal).
Os quadros de fissura anal crônica apresentam um longo histórico e maior tempo de evolução.
As fissuras anais são provocadas por traumas no ânus ou no revestimento anal e ocorrem geralmente em um movimento intestinal.
Em homens e mulheres, as feridas geralmente estão localizadas na linha mediana posterior do canal anal, parte mais próxima da coluna vertebral. Isso ocorre devido à configuração do músculo que envolve o ânus (esfíncter anal).
Por possuir um formato oval, a parte posterior desse complexo muscular é mais frágil. Já as feridas localizadas na parte anterior costumam ocorrer nas mulheres devido à localização da vagina — em homens a probabilidade é de apenas 1%.
As causas mais comuns da doença são:
Se a ferida está localizada em uma região diferente da linha média posterior ou anterior, é possível que a causa da doença esteja relacionada à outro problema.
Existem alguns grupos mais propensos a desenvolver a fissura anal. São eles:
Os principais sintomas da doença são a dor e o sangramento. É comum o paciente se queixar de dores intensas durante e após a evacuação. Além disso, pode haver também o surgimento de sangue no vaso sanitário ou no papel higiênico.
Outros sintomas da fissura anal são:
O sangramento decorrente de uma fissura anal possui um aspecto vermelho brilhante. Caso a coloração do sangue seja mais escura e misturada às fezes, o problema pode ser considerado mais grave. Busque ajuda médica imediatamente.
Alguns sintomas da fissura anal podem ser facilmente confundidos com hemorroida. Mas apesar das duas doenças se manifestarem no canal anal, existem condições que podem diferenciá-las.
Primeiramente, é preciso entender o que são hemorroidas: vasos sanguíneos dilatados localizados no revestimento do ânus. Já a fissura anal, como dito anteriormente, se trata de uma rachadura no tecido cutâneo da região. Ambas as patologias podem provocar sangramento e dor na evacuação, mas casos de dor recorrente costumam se tratar de fissura anal crônica.
Outras condições anorretais como o prurido, abscesso e fístula podem apresentar sintomas semelhantes. A melhor maneira de diferenciá-las é por meio do exame físico. Portanto, busque ajuda médica para um diagnóstico e tratamento correto.
Leia mais: Como aplicar cremes e pomadas para hemorroida externa?
Procure ajuda médica sempre que tiver dor ou sangramento durante ou após a evacuação. Mesmo que a cicatrização da fissura aconteça espontaneamente, é importante buscar orientação casos os sintomas persistam.
O diagnóstico da doença pode ser feito a partir da análise dos sintomas e da observação da área ao redor do ânus, já que o corte ou rachadura é, na maioria das vezes, visível. Em alguns casos, o médico poderá solicitar um exame retal para confirmar o diagnóstico. Entretanto, esse método pode ser evitado por ser bastante doloroso ao paciente em algumas situações.
A partir da localização da fissura, o médico poderá encontrar as possíveis causas da doença. Se a rachadura aparece ao lado da abertura anal, existe uma maior chance de que o paciente esteja com uma condição subjacente. Nesse caso, o profissional pode solicitar os seguintes exames:
A fissura anal é uma doença tratável, que tende a desaparecer sozinha em um período de quatro a seis semanas. Na maioria dos casos (fissuras anais agudas), o tratamento é feito sem a necessidade de intervenção cirúrgica.
Inicialmente, o tratamento é feito de maneira clínica com a ajuda de alguns métodos caseiros:
É possível ainda que o especialista recomende a aplicação de um anestésico injetável na zona retal para facilitar a cicatrização. Esses métodos conservadores costumam apresentar uma taxa de 90% de cura.
Em último caso, injeções de botox podem ser aplicadas para paralisar temporariamente os músculos da região. Entretanto, vale ressaltar que esse método apresenta a incontinência fecal como complicação mais comum.
Para fazer um banho de assento você vai precisar de:
Siga os passos a seguir:
1 - Encha a banheira, bacia ou assento sanitário com a água morna e adicione o sal ou bicarbonato de sódio se for o caso. A quantidade de água deve ser suficiente para cobrir as nádegas e o quadril.
2 - Encaixe o recipiente sobre o vaso sanitário para que fique mais confortável. Se não for possível, coloque-o no chão.
3 - Sente-se com as pernas para fora e os pés apoiados no chão. Permaneça nessa posição por 15 a 30 minutos.
4 - Ao terminar o banho de assento, seque a área dando batidinhas com uma toalha limpa de algodão.
Esse procedimento pode ser feito de 2 a 4 vezes ao dia.
A cirurgia de fissura anal é chamada de esfincterotomia anal. Esse procedimento consiste no corte de uma pequena porção do músculo de revestimento anal, com o intuito de reduzir o espasmo e a dor, e promover a cura.
De acordo com estudos, o tratamento cirúrgico é muito mais eficaz do que qualquer outro. Em contrapartida, essa cirurgia pode acarretar em incontinência fecal e levar à incapacidade de controle na saída de gases, escape fecal leve e até mesmo perda de fezes sólidas.
Em quadros de fissura anal crônica, em que não houve cicatrização após tratamento clínico, a cirurgia pode ser recomendada.
Quando o paciente sofre de outras doenças anais, como a hemorroida, existe também a possibilidade de indicação de tratamento cirúrgico.
Leia mais: Remédios para tratamento de hemorroidas internas e externas
Alguns tipos de medicamentos costumam ser combinados com cremes anestésicos para facilitar a cicatrização e diminuir a dor, são eles:
Pode haver ainda a prescrição de laxantes para favorecer a eliminação das fezes e analgésicos (como o Paracetamol e Ibuprofeno), em casos de dor prolongada.
Uma parte dos quadros de fissura anal pode evoluir para um estado inflamatório, desencadeando uma pequena saliência local, na borda externa do ânus, chamada de plicoma sentinela. Essa, em geral, pode ser confundida até com uma hemorroida.
O quadro pode ser tratado com medicamentos comuns da fissura anal, bem como os tratamentos complementares, mas deve ser avaliado individualmente.
Além disso, muitas vezes, pode ocorrer uma inflamação local devido à infecção da fissura anal. Esses casos podem evoluir para um abscesso anal, que apresenta pus. Esees casos geralmente necessitam de avaliação médica para a receita de antibióticos e outros medicamentos específicos.
As pomadas comumente indicadas por especialistas para o tratamento das fissuras são:
As pomadas com propriedades cicatrizantes como a Bepanthene, Bepantol ou Hipoglós também podem ser utilizadas no tratamento.
Confira algumas dicas e medidas para aliviar os sintomas da doença e acelerar o processo de cicatrização.
Em algumas situações, o paciente pode apresentar:
As fissuras anais não aumentam o risco e nem causam o câncer de cólon. Entretanto, alguns sintomas semelhantes da doença podem ser provocados por condições mais graves. Por esse motivo, os casos de sangramento retal devem ser bem investigados.
Para diminuir o risco da doença, você deve evitar os fatores desencadeantes, como a constipação (prisão de ventre). Alguns hábitos e comportamentos podem ajudar:
Uma vez que as fibras ajudam a regular o intestino e são a melhor maneira de evitar a constipação, é importante que elas estejam presentes na sua alimentação regularmente.
Para combater a prisão de ventre de forma efetiva, dê preferência aos alimentos com fibras insolúveis, como: ervilha, amendoim, lentilha, feijão, aveia, cevada, laranja, batata doce, abacate, semente de linhaça, entre outros.
A gordura presente nos alimentos dificulta a digestão e tende a causar a sensação de estômago pesado. As frituras são pobres em fibras e ricas em gorduras, e por isso também devem ser evitadas.
Refrigerantes (em todas as versões), xaropes, bolachas e biscoitos devem ser evitados. Esses alimentos costumam ser ricos em açúcar e/ou sódio e podem prejudicar o funcionamento do intestino.
Beber de 1,5 a 2 litros de água por dia juntamente com a ingestão de fibras permite que as fezes fiquem mais volumosas e menos endurecidas. Isso vai facilitar o processo de evacuação.
A quantidade de água recomendada por dia depende de alguns fatores, como: nível de atividade física, peso, metabolismo, dieta, consumo de álcool. Consulte seu médico para uma avaliação correta.
Os iogurtes contêm bactérias probióticas benéficas à saúde que atuam no equilíbrio da flora intestinal e em disfunções, como a diarreia e a constipação. É importante que o consumo seja feito juntamente com fibras para que o efeito de ambos seja potencializado.
Ao mastigar os alimentos lentamente, a digestão e a absorção de nutrientes é favorecida. Isso faz com que os alimentos cheguem até o estômago e, posteriormente, ao intestino de forma mais leve. Esse hábito pode evitar o surgimento de diversos distúrbios como os gases e o desconforto abdominal.
Os movimentos intestinais são favorecidos quando praticamos uma atividade física regularmente. A prática de exercícios durante 30 minutos por dia pode manter o bom funcionamento do intestino e evitar a constipação.
Os casos de diarreia prolongada podem promover a irritação ou lesão da mucosa anal. Isso facilita o surgimento das fissuras. Outras lesões anorretais como as hemorroidas também podem provocar a doença.
Procure deixar a região do ânus sempre limpa e seca. Essa recomendação é importante, pois ajuda a evitar o surgimento de outros distúrbios anorretais. Utilize um pedaço de algodão para evitar a umidade e evite o uso de toalhas ásperas.
Para evitar o surgimento das feridas nos bebês, troque as fraldas regularmente. Esse processo ajudará a manter a região limpa e seca, além de prevenir assaduras.
Uma alimentação equilibrada aliada à prática regular de atividades físicas pode diminuir os riscos de desenvolver a fissura anal. Procure sempre manter hábitos saudáveis e, no caso de surgimento da doença, siga corretamente o tratamento.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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