Assim como o setembro amarelo e o outubro rosa, cada mês do ano pode ser simbolizado especialmente por uma cor para criar campanhas de conscientização relacionadas à saúde. Dessa forma, o dezembro laranja, que chega com as estações mais quentes do ano, traz o alerta para os cuidados e a prevenção do câncer de pele.
Por isso, saiba mais sobre a campanha Dezembro Laranja e saiba como cuidar da saúde da sua pele, principalmente no verão!
Índice — Neste artigo, você vai encontrar:
O Dezembro Laranja é uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que aborda a prevenção e leva mais conscientização sobre o câncer de pele. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 176 mil casos de câncer de pele surgem todos os anos no Brasil, o que o torna o tipo mais comum da doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também tem apresentado dados preocupantes. Estima-se que, no ano de 2030, haverão 27 milhões de novos casos, com 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de pessoas vivendo com câncer. Os países em desenvolvimento serão os mais afetados.
Apesar de ter uma taxa de mortalidade menor que a de outros tipos, a doença exige atenção e pode trazer consequências sérias. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico regular e ficar alerta aos sintomas.
Desde 2014, a iniciativa tem apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e também conta com órgãos públicos, instituições de saúde e empresas do setor privado, que dão mais força à ação.
O Dezembro Laranja tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o câncer de pele e os riscos da exposição solar descontrolada, sem o uso de protetores solares e outras formas de proteção contra a radiação ultravioleta.
Saber dos sintomas do câncer de pele é um dos principais fatores para se proteger, pois quanto antes diagnosticado, maiores as chances de cura.
Por isso, o principal objetivo é conseguir reduzir os casos da doença, considerada uma meta absolutamente alcançável para a Sociedade Brasileira de Dermatologia — daí a necessidade de informação e cuidado.
Desde seu surgimento, a campanha também oferece atendimentos presenciais e gratuitos, iniciativa interrompida em 2020 pela pandemia de COVID-19. Em 2022, a SBD retomou os atendimentos em todos os estados do Brasil (a consulta do local de atendimento pode ser realizada na página dedicada ao Dezembro Laranja).
Veja também: Câncer de pele: tipos, sintomas, causas, fotos, tem cura?
O câncer de pele é, de longe, o mais comum no Brasil, correspondendo a 30% dos diagnósticos de tumores malignos. Ele afeta, mais comumente, adultos com mais de 50 anos, mas isso não quer dizer que pessoas mais jovens e até mesmo crianças não tenham o risco de desenvolvê-la.
Ele é causado, principalmente, pela exposição à radiação ultravioleta (raios UVA e UVB) proveniente do sol ou de outras fontes de luz, como é o caso das câmaras de bronzeamento artificial, que lançam na pele doses concentradas desses raios.
Assim como acontece com outros tipos de câncer, diversas causas podem estar associadas ao surgimento do câncer de pele, sendo estas as mais destacadas pela literatura médica:
Segundo informações do INCA, o câncer de pele não melanoma é o mais comum, representando cerca de 30% dos tumores malignos registrados no país.
Mesmo em casos nos quais o câncer é menos agressivo, é fundamental ficar atento(a) a mudanças na pele e fazer o reconhecimento dos sintomas quanto antes: o tempo é um fator-chave no tratamento de qualquer tipo de câncer.
A atenção aos sinais da pele é fundamental para a detecção precoce do câncer de pele
Os sinais do câncer de pele normalmente são evidentes e fáceis de identificar:
O exame clínico é essencial para a detecção dos sinais que podem indicar o surgimento de tumores na pele, sejam eles benignos ou malignos.
Embora o diagnóstico só possa ser realizado por um médico especializado, é importante observar a própria pele em busca de novas manchas ou pintas, além de ficar atento(a) para identificar possíveis mudanças nos sinais que já temos.
Uma nova pinta, mancha ou sinal cutâneo não indica necessariamente o desenvolvimento de um tumor. É normal que novas marcas surjam ao longo da vida, mas um(a) profissional deverá ser consultado(a) caso haja suspeitas quanto ao aspecto destas.
Muitos sinais surgem e não mudam ao longo do tempo. Entretanto, caso algum deles comece a apresentar mudanças, fique atento(a). . Para ajudar na detecção dessas características, podemos usar um conjunto de indicativos que ficaram conhecidos como “Regra do ABCDE”.
A regra do ABCDE é um método simples, inventado e indicado para facilitar o reconhecimento das manifestações do câncer de pele, sendo um dos principais modos de detecção precoce dos tumores.
Embora também seja utilizada por profissionais da saúde, a regra não é o suficiente para o diagnóstico de câncer, que ainda requer diversos exames para a definição das causas e possíveis tratamentos.
Para a detecção precoce dos tumores, a regra determina 5 aspectos físicos que podem nos dar sinais de alerta:
Isso significa que um(a) dermatologista ou um oncologista deve ser procurado quando houver o aparecimento de um ou mais desses fatores. Há possibilidade de câncer quando as pintas forem assimétricas, apresentarem bordas irregulares e/ou diferentes tonalidades de cor.
É importante notar se essas características apresentam evolução ao longo do tempo. Nesse sentido, o diâmetro da pinta ou mancha pode ser um forte indicativo, sobretudo quando há um nítido crescimento irregular.
Publicada em um artigo de 1985, a Regra do ABCD (que até então ainda não levava em consideração a evolução) estipulou um diâmetro mínimo a partir do qual uma pinta ou mancha estaria sob suspeita.
Ao longo de décadas, a literatura médica abraçou a ideia de que o sinal precisaria ter 6mm ou mais de diâmetro para que o tamanho da mancha fosse considerado um indicativo de possível tumor, segundo a regra.
Estudos mais recentes, no entanto, relatam melanomas que não atingem os 6mm, fazendo com que esse seja o critério mais falho da regra, ainda que não deva ser ignorado, sobretudo se houver evolução no tamanho da pinta ou mancha.
Quando nossa pele é lesionada ou adquire alguma ferida, as células saudáveis iniciam um processo de cicatrização. Considera-se normal que esse processo ocorra dentro de um período de 4 a 6 semanas.
As células cancerosas não funcionam da mesma forma e, como consequência, a cicatrização pode ser muito mais lenta, tornando-se um indicativo importante para o diagnóstico do câncer de pele.
São inúmeras as causas de irritação e vermelhidão na pele, mas quando esses sintomas estão associados a um possível tumor, deve-se ficar alerta.
Células cancerosas e inflamações tem uma relação complexa: uma condição pode afetar a outra com consequências bastante sérias para o organismo.
Caso um sinal, pinta ou mancha apresente pelo menos uma das características da Regra do ABCDE associada(s) a sintomas de inflamação, um(a) oncologista deverá ser consultado.
Veja também: Diagnóstico de câncer de pele vai além de observar as lesões
Existem alguns fatores que podem aumentar sua propensão a adquirir câncer de pele. São eles:
Os efeitos nocivos da radiação do sol são cumulativos e irreversíveis. Isso significa que os danos causados pelos raios ultravioleta persistem por toda a vida, desde a infância. Por isso, é muito importante se atentar às seguintes dicas de prevenção:
Leia também: Câncer de pele: tipos, sintomas, causas, fotos, tem cura?
O uso de filtro solar é um dos mais importantes aliados na prevenção do câncer de pele
O mínimo recomendado para todo tipo de pele são filtros solares com FPS (Fator de Proteção Solar) 30 ou superior, sendo que peles mais claras e que ficam avermelhadas com mais facilidade devem ser tratadas com FPS mais altos.
Além do fator, os filtros se diferenciam pela apresentação. Confira:
Os protetores em spray (aerossol ou não) são uma das melhores opções para quem prefere texturas mais leves, sobretudo se comparado aos cremes e loções mais tradicionais. Além disso, oferecem uma maior praticidade no momento da aplicação.
Apesar de possuírem um bom filme protetor, não duram muito tempo, fazendo com que precise ser reaplicado várias vezes. É preciso haver cuidado ao aplicar o spray em ambientes abertos, uma vez que o vento pode contribuir para uma má aplicação do produto.
Lembre-se de não aplicar o protetor solar em spray diretamente no rosto. Nesses casos, recomenda-se aplicar diretamente nas mãos e somente então espalhar pela pele do rosto, evitando que o spray tenha contato com os olhos.
Mais comuns entre os protetores solares, os cremes e loções são emulsões cujas texturas são pensadas especialmente para criar a camada adequada de proteção que necessitamos.
Por levar óleo em suas composições, cremes e loções são pouco indicados para peles oleosas e acneicas. Para evitar a complicação dessas condições, é recomendado o uso de protetores solares com “toque seco”, específicos para esses tipos de pele.
Enquanto cremes e loções geralmente apresentam composições consideravelmente oleosas, o gel surge como uma alternativa para quem procura um produto de base aquosa. Com isso, esta se torna uma das melhores alternativas para peles oleosas, mistas e acneicas.
Embora ainda sejam pouco conhecidos e tenham uma expressividade menor no mercado, os géis são tão eficientes quanto cremes e loções, embora precisem ser reaplicados com frequência.
A gravidez exige um cuidado especial em diversos aspectos. Com a pele, não poderia ser diferente. Especialmente durante esse período, é importante usar filtros solares com proteção contra raios UV e com FPS 30 ou superior.
Deve-se, também, redobrar a atenção para os riscos da radiação UV, investigando sinais físicos como o surgimento de hiperpigmentação ou melasma.
É importante utilizar somente produtos que possuam certificação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de evitar certas substâncias, pois elas acabam ficando armazenadas na gordura corporal e podem afetar a gestação. São elas:
As medidas de proteção para as crianças diferem das dos adultos e mudam conforme a idade. Crianças menores de 6 meses, por exemplo, não devem fazer o uso de protetores solares — nesses casos, evitar a exposição direta ao sol é o mais recomendado.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a exposição solar mais prolongada somente para crianças com mais de 1 ano. O protetor solar pode ser usado a partir dos seis meses, desde que o produto seja adequado para a faixa etária.
Outra forma de se prevenir contra os danos da radiação solar é através dos “protetores solares em cápsulas”. É importante destacar, no entanto, que o uso das cápsulas protetoras não descarta a aplicação do protetor solar, funcionando como um reforço na prevenção ao câncer de pele.
As cápsulas consistem em uma mistura de substâncias que, ao serem ingeridas, aliam-se ao organismo na prevenção ao câncer. Alguns exemplos são o extrato de Polypodium leucotomos, uma espécie botânica, e alguns polifenóis como o pycnogenol. Ambos atuam combatendo o estresse oxidativo causado pela radiação nas células.
Dessa forma, as cápsulas protetoras reduzem o risco de doenças relacionadas à exposição ao sol, além de ajudar a retardar o envelhecimento precoce.
As cápsulas podem ser compradas já prontas ou manipuladas segundo indicação médica. Seu consumo deve ser diário, conforme a indicação do(a) especialista, pois a maioria das substâncias não possui contraindicação. Mesmo assim, é necessário consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento.
Outros ativos potencializam o fator fotoprotetor de alguns produtos e podem ser aliados do protetor solar na prevenção do câncer de pele. Alguns deles são:
Ainda que a identificação de um possível câncer de pele possa ser feita visualmente pelo próprio paciente, somente os exames realizados por especialistas poderão determinar o melhor tipo de tratamento para cada caso.
É muito importante lembrar que o sucesso do tratamento de qualquer tipo de câncer está diretamente ligado ao tempo. Quanto mais cedo forem descobertas as células cancerosas, maiores as chances de cura. O diagnóstico precoce também pode evitar o uso de tratamentos mais agressivos e invasivos.
Embora muitos tratamentos envolvam processos cirúrgicos, a simples remoção do tumor pode não ser o suficiente. Sendo assim, o(a) oncologista poderá recomendar, por exemplo, sessões de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, dentre outros.
As intervenções cirúrgicas são bastante indicadas quando o tumor se manifesta na forma de melanoma. Junto aos exames, são fatores como extensão, localização e agressividade do tumor que irão determinar o tipo de tratamento.
Como nem todos os casos são melanomas, existem diferentes opções de tratamento para o câncer de pele:
Utilizada somente para tumores superficiais, a curetagem e eletrocauterização consiste na raspagem da lesão com uma cureta, enquanto um bisturi eletrônico destrói as células cancerígenas.
O procedimento é simples, fazendo com que, geralmente, o paciente retorne às atividades diárias no mesmo dia. A recuperação completa leva cerca de 15 dias.
Consiste na remoção do tumor e de uma camada de pele saudável adicional com um bisturi. A pele saudável é removida como medida de segurança. Essa técnica possui altos índices de sucesso e pode ser empregada no caso de tumores recorrentes.
Esta técnica promove a destruição do tumor através do congelamento com nitrogênio líquido, que se encontra a -50°C. O procedimento tem taxa de sucesso menor que a cirurgia excisional, mas é uma boa opção em casos de tumores pequenos ou recorrentes, com a vantagem de não haver cortes ou sangramentos.
Neste tipo, o câncer é removido em etapas e analisado imediatamente no microscópio. O procedimento é repetido inúmeras vezes até que não restem vestígios de células tumorais.
A técnica preserva boa parte dos tecidos sadios, sendo indicada para casos de tumores mal delimitados ou em áreas críticas (sensíveis), como o rosto.
Utiliza-se um agente fotossensibilizante nas células anormais, que pode ser aplicado sobre a pele (uso tópico) ou ingerido (uso oral).
A substância tem forte interação com as células cancerígenas, ligando-se a elas. Horas depois, as áreas tratadas são expostas à luz intensa, que ativa o fotossensibilizante e destrói as células tumorais com o mínimo dano aos tecidos sadios.
Sim. Quando usamos filtro solar, a taxa de síntese da vitamina D cai bastante. Quanto maior for o fototipo do protetor, menor é a síntese. Isso acontece porque a melanina age como um filtro solar natural. Além disso, o protetor solar bloqueia os raios UVB e eles são fundamentais para a produção da vitamina D.
Para que aconteça a síntese vitamínica sem riscos, o recomendável é que, a pessoa aplique protetor no rosto, deixando expostos ao sol os braços e pernas por poucos períodos. Michael Holick, autor de um livro dedicado à vitamina D, indica que a exposição de 15 a 20 minutos ao sol (antes das 10h ou após às 16h) é o suficiente para que o organismo faça a síntese da vitamina D.
Entretanto, pegar sol através das janelas de vidro não funciona, pois os raios solares responsáveis pela síntese da Vitamina D são filtrados. Por outro lado, os raios UVA atravessam a película, causando todos os males que vimos acima.
Leia também: Diagnóstico de câncer de pele vai além de observar as lesões
Com a chegada das estações mais quentes e as férias escolares, é comum que a exposição solar seja maior. Por isso, campanhas como o Dezembro Laranja são tão importantes para reforçar a necessidade de cuidados com a saúde da pele e prevenir o câncer de pele.
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Dr. Lucas Fustinoni
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