Cuidar da saúde mental é necessário para que todo o corpo funcione bem e para que haja bem-estar na rotina. Por isso, entender as diferentes manifestações das doenças e transtornos mentais ajuda a compreender o que acontece no organismo, como a depressão psicótica, um subtipo da depressão maior.
Um (a) psiquiatra poderá definir o melhor tratamento para cada caso. Quer saber mais sobre o assunto, entender os sintomas e o tratamento? O Minuto Saudável te ajuda!
A depressão psicótica é caracterizada por sentimentos de tristeza profunda, falta de energia, pensamentos autodepreciativos e sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.
No Código Internacional de Doenças (CID-10), é encontrada pelo código F33.3, com a descrição “transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos”. Sendo que a psicose é um termo mais amplo que engloba delírios, alucinações e desorganização do comportamento.
A depressão psicótica é diferente de outros transtornos psicóticos, pois sintomas como delírios e alucinações estão diretamente relacionados ao episódio de humor. Em suma, uma pessoa com esquizofrenia, por exemplo, tem sintomas psicóticos independentemente de como está se sentindo, enquanto uma pessoa com depressão psicótica só os terá enquanto estiver em um episódio depressivo.
Os sintomas psicóticos também podem surgir no transtorno bipolar, mas são condições distintas. Por isso, ao se consultar com um (a) psiquiatra, é necessário investigar se a pessoa já teve episódios de humor que se assemelham a episódios de mania ou hipomania, evitando confusões no diagnóstico.
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A depressão psicótica é caracterizada por sintomas de um episódio depressivo maior, como:
É normal uma pessoa com depressão ter pensamentos autodepreciativos, como achar-se inútil, incapaz, entre outros. Contudo, no caso da depressão psicótica, a pessoa pode alucinar com vozes lhe dizendo todas essas coisas, xingando e deixando a pessoa ainda pior.
Veja também: Sintomas da depressão: físicos, psicológicos, pós-parto | MS
Os delírios são pensamentos fora da realidade, que podem ter temas variados, sendo que a pessoa realmente acredita que:
Em suma, os delírios podem ter temáticas muito variadas e pode até ser difícil perceber a diferença entre um delírio e uma crença normal da pessoa.
Se ela, por exemplo, acredita em entidades sobrenaturais e acredita estar sendo assombrada, pode ser difícil para quem está fora perceber que se trata de um delírio e não de uma questão de fé.
Contudo, no caso de um delírio, fica claro que a pessoa está convicta de que aquilo é real. Ou seja, ela não consegue pensar racionalmente. Uma pessoa que simplesmente segue a fé poderia ir a um templo religioso e resolver o problema, sem deixar isso consumir muito tempo de sua vida.
Já a pessoa que está em delírio irá dedicar muito tempo a essa ideia, e mesmo com evidências de que aquilo não é real (ou de que se livrou daquilo, no caso de uma crença sobrenatural, por exemplo), não deixa de pensar sobre.
Além disso, a pessoa pode apresentar alucinações auditivas e visuais, como enxergar coisas que não existem ou que não estão lá de fato, ouvir vozes que dão comandos ou dizem coisas depreciativas, entre outros.
Apesar dos episódios depressivos serem limitados, eles também podem ser recorrentes. Ou seja, uma pessoa pode ter vários episódios depressivos ao longo dos anos.
Por isso, caso não seja tratada, a depressão (psicótica ou não) pode durar o resto da vida do indivíduo, intercalando episódios de humor normal e episódios depressivos.
Geralmente, quem tem um episódio de depressão psicótica na realidade apresenta episódios depressivos recorrentes, frequentemente não tratados. Dificilmente o primeiro episódio depressivo já vem acompanhado de sintomas psicóticos.
A depressão psicótica tem tratamento, que depende de uma avaliação profissional e envolve, na grande maioria das vezes, psicoterapia e medicamentos.
Não existe um consenso de um protocolo para tratamento medicamentoso da depressão psicótica, mas grande parte dos (as) psiquiatras prescrevem uma combinação de antidepressivos e antipsicóticos para combater os sintomas.
Algumas depressões não muito severas podem ser tratadas apenas com psicoterapia, contudo, o componente psicótico pode necessitar de medicações para manter os sintomas sob controle.
Em casos mais graves, a pessoa pode apresentar risco à própria vida e precisar de internação.
A escolha do medicamento vai ser feita com base em uma avaliação psiquiátrica, considerando intensidade, frequência e histórico clínico de cada paciente. Lembrando que somente profissionais especialistas podem indicar o tratamento correto. Porém, algumas opções que podem ser indicadas são:
Por ser um subtipo da depressão maior, a depressão psicótica tem as mesmas características da depressão maior, porém com algumas características a mais. No caso, os sintomas psicóticos.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra que pessoas com depressão psicótica têm alterações em algumas estruturas cerebrais quando comparadas com pessoas com depressão maior sem sintomas psicóticos ou pessoas sem um diagnóstico de depressão.
Por meio de neuroimagens, pesquisadores perceberam que, em pacientes de depressão psicótica, há uma alteração no volume no istmo do giro do cíngulo, região do cérebro que faz parte do sistema límbico, responsável pelas emoções.
Essa estrutura faz a ligação entre o sistema límbico e as estruturas do cérebro responsáveis pela percepção de estímulos externos. Isso levanta a hipótese de que a depressão psicótica está ligada a distorções na percepção ocasionada por alterações cerebrais.
Portanto, estima-se que a depressão psicótica possua diferenças biológicas em relação à depressão maior clássica. Contudo, mais estudos são necessários para chegar a uma conclusão definitiva.
Por fim, vale dizer que somente um (a) profissional pode realizar corretamente o diagnóstico de doenças e transtornos mentais. Bem como definir a melhor forma de tratamento para cada paciente e colaborar com uma boa qualidade de vida.
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Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais — Associação Americana de Psiquiatria, DSM-5 5ª edição, Porto Alegre: Artmed (2014).
Dr. Emerson Barbosa
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