Saúde

Urticária Crônica Espontânea: o que causa, tratamento, fotos

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 08/09/2018Última atualização: 19/10/2020
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 08/09/2018Última atualização: 19/10/2020
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A urticária crônica espontânea (UCE) antigamente era chamada de urticária crônica idiopática.

É uma doença autoimune que pode afetar as pessoas em qualquer idade, mas que possui maior incidência na faixa etária dos 20 a 40 anos.

Por causar diversos sintomas na pele, essa é uma doença que afeta também a autoestima dos pacientes.

Infelizmente, a UCE ainda é bastante desconhecida por aqueles que possuem a condição.

Esse é um dos motivos responsáveis por cerca de 67% dos pacientes desistirem de procurar um diagnóstico.

Por outro lado, sabe-se que 92% dos pacientes que tiveram o diagnóstico e tratamento adequado conseguem viver sem sintomas da doença e com qualidade de vida.

No texto a seguir, explicamos como essa doença afeta os pacientes e de que forma acontece o tratamento.

O que é urticária crônica espontânea?

A urticária crônica espontânea (UCE) é uma doença autoimune. Nela, os pacientes apresentam sintomas como manchas avermelhadas na pele, coceira e, em alguns casos, inchaço.

O que caracteriza uma urticária como crônica espontânea é a sua ocorrência por mais de 6 semanas e o fato de não se ter uma causa conhecida.

Quando se trata de uma urticária crônica que possui uma causa externa conhecida se tem a classificação de urticária crônica induzida.

O termo “espontâneo” está presente em UCE justamente para diferenciar essas duas formas crônicas da doença.

A UCE é uma doença sem cura, mas que possui remissão espontânea. Da mesma forma como se manifesta nos pacientes, ela vai embora.

No entanto, quando isso ocorrerá é incerto. A remissão varia para cada paciente.

Do diagnóstico a remissão, o paciente com urticária crônica espontânea pode contar com tratamentos que permitem o controle da doença.

Em 92% dos casos, os pacientes se tornam assintomáticos com o tratamento adequado.

As complicações provocadas pela UCE, dessa forma, interferem mais em questões como autoestima, interação social e até mesmo na vida financeira, pois muitos pacientes deixam de ir ao trabalho pelas crises.

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O que é urticária crônica idiopática?

O termo idiopático é utilizado na medicina para determinar que uma doença tem causa desconhecida ou que seu surgimento é espontâneo.

Antigamente, a denominação de urticária crônica idiopática era mais utilizada. No entanto, após a descoberta de que muitos dos casos de UCE são de origem autoimune, o termo idiopático caiu em desuso.

Ainda que muitos outros sejam de causa desconhecida e sem relação clara com uma questão imunológica, a nomenclatura UCE permanece para a maioria dos pacientes.

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O que são as urticas?

As urticas, principal sintoma da urticária, são lesões que se manifestam na pele do paciente, variando de tamanho e da área. Essas alterações apresentam um certo relevo e uma borda mais avermelhada.

O mais comum é que os médicos se refiram ao sintoma como urticas, mas também é possível o uso das denominações de pápulas, vergões ou simplesmente urticária.

Além de interferirem esteticamente na vida das pessoas acometidas pela doença, também provocam muita coceira.

Essa coceira pode ser tão intensa que, para alguns pacientes, acaba afetando diversas áreas de suas vidas.

Isso pode incluir desde um sono interrompido até a dificuldade para estudar, trabalhar ou sair com amigos ou parceiros.

Uma característica específica das urticas é o fato de permanecerem por pelo menos 24 horas no mesmo local do corpo do paciente e depois surgirem em outras áreas.

Essa duração, no entanto, pode variar para cada paciente, podendo permanecer por algumas horas apenas.

Existem algumas variações desse sintoma, são eles:

Tamanho

As urticas podem apresentar diferentes tamanhos, variando de pequenas (poucos milímetros) ou grandes (alguns centímetros).

Cor

Podem se manifestar como manchas vermelhas, rosadas ou ainda com a borda mais avermelhada e o centro esbranquiçado.

Forma

As urticas podem surgir como manchas circulares ou de qualquer formato. Não existe exatamente um padrão.

Localização

Os pacientes com UCE podem sofrer com as urticas em qualquer parte de seus corpos, dos pés ao rosto.

Cobertura

As urticas podem aparecer apenas como um pequeno surto, atingindo uma pequena área ou se manifestar como uma crise mais intensa, cobrindo uma grande região da pele.

Causas da doença UCE

A urticária crônica espontânea é uma doença autoimune sem causa específica. Como o próprio nome sugere, essa doença aparece para os pacientes de forma inesperada e sem um agente externo desencadeante.

Em outros tipos de urticária, é comum que se tenha como causa fatores como alimentação, plantas, frio etc.

No entanto, na UCE, nenhum desses motivos está associado.

Como em outras doenças autoimunes, essa patologia acontece porque o sistema imunológico do paciente entende que precisa reagir contra algum agente alérgeno.

Para isso, no caso da urticária crônica espontânea, ativa as histaminas.

As histaminas são substâncias produzidas naturalmente por nosso organismo e estão envolvidas em diversos processos alérgicos. Elas possuem uma ação vasodilatadora como resposta imunológica.

Como consequência, esse excesso de histamina produzido acaba resultando em diversas reações, como o surgimento de vermelhidão, coceiras e edemas na pele.

No caso da UCE, acaba provocando as urticas, a coceira, inchaço e outros sintomas.

O que, de fato, provoca essa ativação dos mastócitos e a liberação de histamina ainda é desconhecido.

Algumas hipóteses sugerem que isso pode acontecer porque nosso organismo, por alguma falha, não é capaz de reconhecer uma proteína natural na corrente sanguínea e por isso libera as histaminas como defesa.

Além de uma resposta imunológica, causas como uma infecção ou reações alérgicas a drogas como anti-inflamatórios e analgésicos são cogitadas.

No entanto, não existe um consenso em relação a essas hipóteses.

Entre 40% a 45% dos pacientes com UCE apresentam uma ligação mais clara com a autoimunidade, o que os define como um quadro mais grave.

Para os outros pacientes que não apresentam uma relação autoimune como causa, pouco se sabe sobre o desenvolvimento da doença.

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Urticária crônica espontânea é uma alergia?

Uma alergia possui um gatilho e a UCE não. Por não conter um fator desencadeante, essa doença não é considerada uma alergia.

Comparar uma UCE com uma alergia é compreensível quando entendemos como os sintomas se manifestam. Da mesma forma que em uma urticária crônica, durante uma alergia, os mastócitos liberam a substância histamina e a partir disso se manifestam os sintomas característicos.

Em alguns casos, pacientes com algum tipo de alergia podem ter como sintoma a formação das urticas.

Sendo assim, a principal diferença de uma UCE e de uma alergia é o fato de que em uma UCE o paciente não tem como evitar o fator desencadeante, pois ele não existe.

Por exemplo, pessoas que possuem alergia ao pelo de gatos ou cachorros conseguem identificar esse gatilho e evitarem um contato.

Grupos de risco

A urticária crônica espontânea é uma doença que pode ocorrer em qualquer faixa etária e em todas as pessoas, de um modo geral.

No entanto, se mostra pouco frequente em crianças e é mais recorrente em mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos.

A estimativa é de que a urticária crônica espontânea afeta de 0,5% a 1% da população, onde as mulheres são as mais atingidas, sendo duas vezes mais propensas a manifestar a doença do que os homens.

Sintomas da urticária crônica espontânea

A urticária crônica espontânea tem como principal sintoma o surgimento das urticas.

Tratam-se de manchas mais elevadas e com bordas vermelhas que aparecem na pele do paciente.

Podem ocorrer também outros sintomas como coceira, sensação de queimação e, em alguns pacientes, inchaço. Entenda:

Coceira

A coceira, também denominada prurido, é um sintoma provocado por uma ativação incomum do sistema imunológico.

São as histaminas em excesso que provocam nos nervos da pele essa coceira bastante desconfortável e intensa para os pacientes.

O sintoma pode afetar a rotina do paciente, especialmente em sua qualidade de vida. A coceira é um dos motivos das noites mal dormidas em pacientes com UCE.

Sensação de queimação e ardor

Como complicação das urticas e da própria coceira, pacientes com urticária crônica espontânea podem também sofrer com uma sensação de queimação e ardor na pele.

Esses sintomas podem variar de tempo e intensidade dependendo do caso de cada paciente.

Angioedema

O angioedema é um sintoma muitas vezes confundido com a própria urticária.

Basicamente, o angioedema é um inchaço que acomete as camadas mais profundas da pele. Esse inchaço também provoca coceira, dor e vermelhidão na pele.

Não acontece em todos os casos de UCE e por isso não é considerado um sintoma principal.

Esses inchaços podem acontecer em diferentes partes do corpo, sendo mais comum no rosto (pálpebras e lábios), nas mãos, pés e região genital.

Quando ocorre o inchaço da língua e garganta, pode levar o paciente a um quadro de dificuldade de respiração, o que representa um risco de vida.

Esse sintoma pode durar mais de 24 horas. Os inchaços estão presentes em 50% dos casos de urticária.

Apesar de ser um sintoma comum em pessoas com UCE, o angioedema também pode acometer pessoas que não possuam algum tipo de urticária.

Edema de glote

Apesar de não ser um sintoma frequente, é considerado um sinal de alerta dentro de um quadro de UCE ou de outros tipos de urticária.

O edema de glote é uma complicação provocada por um inchaço na glote, estrutura do nosso organismo localizada ao final da laringe.

Essa estrutura é responsável por impedir a passagem de alimentos para o sistema respiratório e também tem o papel de facilitar a entrada e saída de ar para os pulmões.

O inchaço da glote impede que isso ocorra e por isso é considerado um alerta, pois o paciente, ao ter sua capacidade respiratória privada, pode sofrer complicações e até mesmo ter sua vida em risco.

Urticária crônica espontânea é transmissível?

A urticária crônica espontânea ou os outros tipos de urticária não são transmissíveis. Portanto, ficar ao lado de alguém ou ter contato direto com as urticas não representa um risco de se pegar a doença, pois ela não é contagiosa.

Diagnóstico: qual o especialista em urticária crônica?

O diagnóstico da UCE pode ser um processo longo.

Muitas vezes o problema é tratado como uma alergia comum e recebe um diagnóstico de forma equivocada.

Assim, os pacientes acabam se frustrando e não conseguindo descobrir o que, de fato, está provocando todas essas reações na pele.

Em outros tipos de urticária, no entanto, o caminho para um diagnóstico correto se torna menos penoso, pois se tem uma causa específica.

O que torna o diagnóstico um desafio é justamente o fato dessa doença não possuir uma causa específica.

Dessa forma, o paciente precisa seguir alguns passos para conseguir diagnóstico adequado, sem precisar esperar por anos para iniciar o tratamento.

Primeiramente, ao notar o surgimento das urticas ou qualquer um dos sintomas, o paciente deve procurar ajuda de um dermatologista.

É comum que os pacientes e até mesmo os médicos acreditem que os sintomas são de uma alergia ou de uma urticária aguda.

Portanto, os pacientes também podem ser encaminhados para um médico alergista.

Exames

No caso de pacientes com UCE, se torna desnecessário a solicitação de exames para averiguar uma possível alergia.

No entanto, esses testes podem ajudar o médico a descartar essa hipótese, uma vez que a urticária só é considerada crônica após 6 semanas.

A partir disso, o médico deve avaliar alguns fatores:

Histórico do paciente

Para alcançar o diagnóstico, o médico precisa fazer um levantamento do histórico do paciente em relação a doença e os sintomas.

Para isso, deve solicitar o tempo de início da doença e analisar a frequência e duração das lesões, o que exige um acompanhamento mais minucioso.

Outros fatores a serem aliviados incluem:

  • Identificar se as lesões provocadas pela urticária ocorrem simultaneamente com outras alergias, infecções ou picadas de insetos;
  • Identificar se o calor ou o frio interferem no surgimento das lesões, assim como o uso de medicamentos ou alimentação.

Exames físicos

Com o histórico do paciente em mãos, o médico pode dar sequência aos exames físicos.

Basicamente, o médico deve fazer uma avaliação dos sintomas da urticária.

Para isso, poderá realizar um teste na pele do paciente. O objetivo é confirmar se a urticária não ocorreu por indução de algum agente específico.

Este fato poderia abrir a hipótese de ser uma urticária crônica induzida, se tratando de um paciente que apresenta os sintomas por tempo superior a 6 semanas.

Com o resultado do teste para verificar se há um agente indutor, o médico poderá encaminhar o paciente para a realização de exames complementares.

Exames complementares

Exames complementares podem ser feitos quando o paciente apresenta outras doenças juntamente aos sintomas da urticária.

Não é tido como procedimento padrão encaminhar pacientes que suspeitam de ter UCE para testes de alergia.

O paciente pode precisar realizar também exames de sangue, para que seja possível investigar se existe algum tipo de comprometimento na saúde e que esteja associado ao tipo de urticária manifestado.

Exames para verificar a função tireoidiana podem ser feitos.

Existem casos de pacientes com tireoidite de Hashimoto, também uma doença autoimune, em que os sintomas se aproximam aos de um quadro de urticária crônica.

O exame, nesse caso, ajuda a descartar essa hipótese.

Urticária crônica tem cura?

A urticária crônica espontânea é uma doença que não tem cura, mas que possui remissão espontânea. Isso significa que em algum momento a doença “vai embora”.

Não existe um padrão de tempo para que isso ocorra.

Durante o período entre o diagnóstico e a remissão, o paciente deve seguir os tratamentos para controlar os sintomas da doença e viver com qualidade de vida.

Os dados em relação às condições em que as pessoas com UCE vivem são positivos. Cerca de 92% dos pacientes se tornam assintomáticos com um tratamento adequado.

Dessa forma, mesmo que estejam em uma condição apenas de controle da doença, os pacientes podem viver sem nenhum sintoma.

Tratamento da urticária autoimune

O tratamento da UCE é feito através de medicamentos e tem como objetivo tornar o paciente assintomático até que aconteça a remissão completa da doença.

Ele pode ser realizado em 4 etapas, que vão da primeira até a quarta linha.

Se a primeira etapa do tratamento for capaz de eliminar os sintomas, o paciente não precisa continuar com as próximas, pois é um tratamento gradativo.

O tratamento em mulheres grávidas ou lactantes deve ser feito com maior cuidado.

Ainda no diagnóstico, é preciso eliminar as chances dos sintomas não pertencerem a outras condições que podem surgir nessa fase.

Isso porque doenças como colestase gestacional, dermatite e outras condições também provocam coceiras e manchas na pele.

O médico deve conversar com as gestantes sobre os riscos possíveis do tratamento e fazer um acompanhamento do caso.

Nos casos de UCE, em geral, o tratamento funciona da seguinte forma:

Primeira linha

O tratamento inicial padrão da urticária crônica espontânea é realizado com o uso de anti-histamínicos não sedantes, inclusos na categoria de 2ª geração. Tratam-se de dos medicamentos de primeira linha.

Eles atuam na redução do tempo de crises, ajudam a reduzir o tamanho das urticárias, inchaço e coceira.

Existem ainda os anti-histamínicos de 1ª geração, que possuem mais efeitos colaterais, com possíveis impactos no sistema nervoso central.

A recomendação da diretriz global de tratamento de urticárias é de que o uso destes fármacos seja evitado, especialmente em crianças.

Segunda linha

O tratamento farmacológico de segunda linha é utilizado em pacientes que não tiveram boas respostas com o tratamento de primeira linha.

Ele também é realizado com o uso dos anti-histamínicos, mas dessa vez as dosagens utilizadas são mais altas.

Nessa segunda etapa, o uso de corticoides via oral também é uma possibilidade. Porém, eles são indicados como uma opção para o controle de crises mais intensas e deve ser usado por um curto prazo.

Os corticoides introduzidos ao tratamento atuam como anti-inflamatórios e imunossupressores.

Terceira linha

O terceiro degrau de um tratamento de UCE também é feito com uso de medicamentos, mas nesse caso o paciente é orientado a iniciar o uso de imunossupressores.

Esse tratamento só é indicado quando o paciente não teve boas respostas aos tratamentos anteriores e só deve ser feito com o acompanhamento de um médico.

A última etapa acaba provocando resultados maiores para pacientes que apresentam uma condição grave e persistente da urticária crônica espontânea.

No entanto, esse tratamento não deve ser feito como primeira opção.

O consenso, até então, é de que o paciente inicie o tratamento seguindo as etapas por essa ordem.

Quarta linha

O tratamento de quarta linha é iniciado geralmente quando, mesmo após 6 meses do tratamento de terceira linha, o paciente ainda não apresenta melhora completa dos sintomas.

Se na avaliação do paciente o médico entender que os sintomas estão controlados com o tratamento anterior, não é necessário avançar para esse último tipo de terapia medicamentosa.

O tratamento de quarta linha geralmente é feito com o uso de imunossupressores que freiam a resposta imunológica do organismo e cessam a hiperatividade cutânea responsável pelos sintomas característicos da urticária.

Remédios para urticária crônica

Os medicamentos são a principal forma de tratamento na UCE. Eles se dividem em três tipos principais:

  • Anti-histamínicos;
  • Corticoides;
  • Imunossupressores.

Os anti-histamínicos de 2ª geração são os mais utilizados no tratamento de uma urticária crônica, espontânea ou induzida. Eles reduzem os sintomas ao interferir na ação da histamina sob o corpo do paciente.

São administrados de acordo com a etapa de tratamento.

Quando o paciente não consegue atingir um controle dos sintomas no tratamento de primeira linha, as doses de anti-histamínicos são elevadas.

O uso de corticoides deve ser avaliado por um médico.

A recomendação da diretriz global é de que estes fármacos sejam utilizados por períodos curtos, de no máximo 10 dias, a fim de reduzir a progressão da doença.

Entre as opções de medicamentos de primeira e segunda linha, estão:

No tratamento de terceira linha, o paciente é orientado a seguir o tratamento com o Omalizumabe, um anticorpo monoclonal anti-Ige que ajuda a bloquear a ação autoimune do organismo e a impedir a liberação de histamina.

Quando é necessário que o paciente continue com tratamento de quarta linha, o tratamento é feito com o ciclosporina, um medicamento imunossupressor.

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Convivendo

É possível conviver com a UCE e manter uma vida com mais qualidade. Nem sempre será fácil e isso pode variar para cada paciente e gravidade do quadro.

No entanto, existem formas de conviver com a urticária crônica espontânea, sem deixar de realizar suas atividades do dia a dia e não ter sua relação com as outras pessoas afetadas.

Busque informações

Para os pacientes ou pessoas próximas de alguém que recebeu o diagnóstico, buscar informações é um passo importante para conseguir conviver com a UCE.

Saber como acontece a doença, entender os sintomas e os tratamentos pode ajudar a diminuir a ansiedade e ser positiva para aceitação da condição.

Conhecer relatos de outras pessoas que passam pela mesma condição que a sua pode ajudar a conviver de uma forma mais saudável com a doença e manter um tratamento sem frustração ou ansiedade em uma espera da remissão.

A internet e as redes sociais podem ser ferramentas úteis nesse momento. Alguns pacientes disponibilizam informações e vivências sobre o seu cotidiano com a urticária crônica espontânea, como é o caso do canal 3000 dias.

Em uma série de vídeos, Valéria Rezende, diagnosticada com UCE, conta sobre seu dia a dia com a doença:

Faça um acompanhamento do seu quadro

Fazer um monitoramento sobre os sintomas e a evolução da doença pode levar o paciente a um conhecimento maior sobre ela. Além disso, contribui para que o tratamento seja realizado de acordo com suas necessidades.

Para fazer esse acompanhamento, o portador pode usar tabelas específicas como o Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia, por exemplo.

Outro esquema utilizado é o sistema de pontuação da atividade da UCE (UAS7). Ele é simples e deve ser feito diariamente para anotação das mudanças e evolução dos sintomas da doença.

É uma forma mais completa e eficaz de acompanhamento da urticária e que também contribui para que os médicos possam analisar em que dias e situações a doença melhora ou se agrava.

Na tabela, o paciente deve anotar, de acordo com o nível, o que ocorreu naquele dia de acordo com os sintomas.

Por exemplo, no caso das urticas, o paciente deve registrar se elas não se manifestaram (0 pontos), se manifestaram de forma leve (1 ponto), se manifestaram moderadamente (2 pontos) ou de forma grave (3 pontos).

Com a coceira, a pontuação é feita da mesma forma. De 0 a 3 pontos, indo de nenhuma coceira a coceira grave. Assim, a pontuação desse sistema de acompanhamento varia de 0 a 6, diariamente.

O recomendado é que o paciente faça esse acompanhamento rotineiramente por pelo menos 7 dias seguidos.

A soma das pontuações, nesse período, irá variar de 0 a 42 pontos e a partir disso o médico avaliará a evolução da doença.

Priorize sua qualidade de vida

Durante o tratamento, o paciente deve ser aconselhado a seguir uma vida normal.

Manter as atividades comuns do dia a dia, como ir ao trabalho, estudar, sair com amigos e outros compromissos devem ser mantidos, na medida do que for possível.

O apoio de amigos e familiares, nesse momento, também se torna fundamental.

Pessoas com UCE podem sofrer complicações muito mais relacionadas ao seu estado emocional e por isso podem precisar de um apoio de profissionais, como um psicólogo.

Para manter uma qualidade de vida, é recomendado que o paciente evite situações de estresse.

Não se desespere

Conviver com uma doença crônica exige um pouco mais de paciência. É normal que os pacientes sofram com o diagnóstico ou a falta dele, uma vez que não é tão simples descobrir que se trata de uma UCE.

Todavia, é preciso entender também que esse desespero pelo diagnóstico ou pela cura não torna o convívio com a doença mais tranquilo.

Pelo contrário, esse sentimento pode tornar o paciente ainda mais frustrado.

Certamente, essa impaciência ou angústia sentida reflete negativamente no dia a dia do paciente e pode acabar interferindo nos sintomas ou provocando outras complicações.

Por isso, é importante que o paciente busque realizar atividades que o fazem bem, mantenha o contato com pessoas queridas e tente continuar frequentando seus compromissos.

Um acompanhamento psicológico também pode ser benéfico nesse momento.

Siga as recomendações médicas

O paciente deve seguir as orientações médicas corretamente em relação aos medicamentos e aos retornos ao consultório. A automedicação nunca deve ser feita.

Pratique atividades físicas

Fazer atividades físicas são importantes para qualquer pessoa. Para os pacientes com UCE, a prática de algum esporte ou atividade pode fazê-lo se sentir mais estimulado e com maior qualidade de vida.

Para alguns pacientes com quadros graves, algumas atividades podem ser limitantes. É importante conversar com o médico sobre uma possível adequação.

Faça compressas

O uso de compressas de gelo pode ajudar a diminuir a coceira. É uma alternativa simples para aliviar um dos sintomas mais desconfortáveis da UCE.

Use roupas confortáveis

Alguns pacientes podem sentir que os sintomas ficam piores quando está mais quente.O uso de roupas confortáveis e frescas podem ajudá-lo a se sentir mais relaxado e com menos calor.

Roupas apertadas também podem tornar o dia a dia mais desconfortável, pois podem provocar uma pressão maior sobre as urticas e possíveis inchaços.

Invista em maquiagem e roupas a seu favor

A maquiagem e o uso de roupas que possam esconder as urticas podem ajudar nesse processo de aceitação da doença, uma vez que contribuem para disfarçar os sintomas.

Prognóstico

A UCE, ainda que seja uma doença pouco discutida, é o tipo mais comum de urticária crônica.

Os números acerca dessa patologia revelam que existe uma carência de informação sobre o que realmente é viver com o problema.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos mostrou que 91% dos brasileiros não têm conhecimento sobre o que é a doença.

No entanto, apesar dessa porcentagem, ela não é tão rara quanto se pensa. A pesquisa mostrou que a UCE acomete mais de 1 milhão de pessoas no Brasil.

Apesar de ser um número significante de pessoas acometidas pela doença, as principais complicações avaliadas estão associadas ao impacto social em suas vidas.

Com o avanço das pesquisas e com o tratamento realizado em etapas, sabe-se que em 92% dos casos de UCE os pacientes conseguem viver sem os sintomas da doença e com maior qualidade de vida.

Nos casos mais graves de urticária crônica espontânea, o paciente ainda precisa de um apoio maior para conseguir lidar com os sintomas sem ter seu sono, trabalho, autoestima e vida pessoal afetados.

Ainda que o tempo de permanência da UCE seja incerto, os pacientes podem contar com o tratamento até que a remissão espontânea da doença aconteça.

Complicações

As complicações estão mais associadas a fatores emocionais do paciente do que propriamente aos sinais físicos.

Ainda que sintomas como o angioedema e o edema de glote sejam uma possibilidade, são menos comuns do que os efeitos psicológicos sofridos pelo paciente.

Doenças que afetam a pele, como são os diferentes tipos de urticária, acabam projetando problemas de interações sociais, pois muitas vezes os pacientes não conseguem aceitar as urticas e nem escondê-las.

Dessa forma, acabam sofrendo com autoestima baixa e pouca segurança sobre seu próprio corpo. Quando em áreas mais expostas, como o rosto, isso pode se tornar ainda pior.

Algumas das complicações associadas a estes fatores são:

Privação de sono

Para muitos pacientes com UCE dormir se torna uma tarefa difícil. Não só pelos fatores emocionais envolvidos, mas também pelos sintomas como o inchaço e a coceira, que se tornam extremamente desconfortáveis.

Autoestima abalada

A insegurança com a própria imagem é listada como uma das principais complicações que a UCE pode trazer para a vida dos pacientes.

Os sintomas aparentes como o inchaço e as manchas (urticas) acabam interferindo significativamente na aparência dos pacientes. Isso pode deixá-los com vergonha ou receio até mesmo de sair de casa.

Depressão e ansiedade

Receber o diagnóstico de uma doença como a UCE, que não possui causa evidente e também não tem prazo definido para remissão, não é algo fácil.

Os estudos realizados sobre o impacto da doença na qualidade de vida dos pacientes remetem a possibilidade de quadros de depressão e ansiedade em conjunto.

Isolamento social

O isolamento social é uma complicação que está associada a todas as outras possibilidades. Os pacientes com UCE podem se sentir menos motivados, principalmente durante crises, a participarem de suas atividades do cotidiano.

O fato da doença ser pouco conhecida intensifica essa complicação, pois muitas pessoas alheias a situação do paciente podem achar que se trata de algo contagioso.

Como prevenir UCE?

Infelizmente, a urticária crônica espontânea não é uma doença que possa ser prevenida, uma vez que não se tem uma causa específica.

Por ser uma doença autoimune sem um fator desencadeante claro, o paciente é pego de surpresa.

Nesses casos, o portador deve ter em mente que a UCE não aconteceu por algo que ele fez ou deixou de fazer e não atribuir uma culpa a doença.

Após o diagnóstico, o que deve ser feito é um tratamento adequado e uma busca por uma qualidade de vida, para não deixar que a doença afete negativamente seu dia a dia.

Perguntas frequentes sobre UCE

A UCE é uma doença ainda pouca esclarecida e por isso existem alguns mitos em sua relação. Confira o que é verdade ou senso comum:

Quem tem urticária pode usar maquiagem?

Sim, pacientes que possuem algum tipo de urticária podem usar maquiagem, isso inclui os casos de urticária crônica. Cada caso deve ser avaliado isoladamente, mas de modo geral não existem restrições.

No caso da UCE, por exemplo, os fatores externos não têm qualquer ligação com o surgimento dos sintomas.

Portanto, o uso de maquiagem não interfere no surgimento ou intensidade da doença.

A única restrição do uso de maquiagem acontece em casos de urticária de contato, pois essa é uma urticária específica e alérgica.

Ela acontece como resposta imediata a alguma substância e os sintomas se manifestam em pouco tempo após esse contato, variando de alguns minutos a 1 hora.

Nesse caso, o paciente deve ter um conhecimento maior sobre o seu tipo de urticária e o que pode ou não provocar os sintomas.

No caso da maquiagem, ao notar qualquer reação, deve-se suspender o uso e procurar ajuda médica.

A urticária crônica espontânea é uma doença hereditária?

Não. De acordo com os conhecimentos científicos obtidos até então, o que se tem é que a UCE não é uma doença que se passa de geração para geração.

Dessa forma, os portadores de urticária crônica espontânea não precisam se preocupar se os filhos terão essa doença. Isso porque as chances de ocorrência são iguais em qualquer pessoa.

O estresse ou a condição de depressão do paciente podem piorar os sintomas da urticária?

O início de uma crise pode ter relação com algum fator emocional. O estresse, por exemplo, proporciona uma vasodilatação do organismo.

Essa vasodilatação pode provocar um aquecimento da temperatura do corpo e acaba intensificando alguns tipos de urticárias.

A situação emocional do paciente pode estar associada ao desencadeamento da doença ou contribuir para que ela se manifeste.

Mas isso não é um padrão.

Não acontece da mesma forma em todos os pacientes e em todos os tipos de urticária.

Na UCE, não existe um estudo que comprove essa relação direta como causa. Mas em outros tipos, como aguda ou até mesmo a crônica induzida, esses fatores podem contribuir.

A urticária é uma resposta hormonal do organismo?

Não, a urticária não acontece por ação de um hormônio, mas sim pela presença da substância histamina.

Essa substância é liberada pelos mastócitos, células pertencentes ao tecido conjuntivo.

Sua liberação é um processo natural, mas quando ocorre em grande quantidade acaba resultando nos sintomas da urticária.

Isso significa que a coceira, as urticas e o inchaço são provocados por essa substância e que não há interferência de um hormônio.

A alimentação interfere nos sintomas da urticária crônica espontânea?

Pacientes com urticária crônica, espontânea ou induzida, não precisam se preocupar em manter cuidados específicos com a alimentação. Isso porque ele não interfere nos sintomas ou na evolução da doença.

A única recomendação é que mantenham certo cuidado com o consumo de alimentos que contenham o corante amarelo Tartrazina, pois ele pode provocar alguma reação alérgica e agravar os sintomas da doença.

Essa reação ao corante, no entanto, não acontece em todos os casos e é diferente de uma urticária alérgica.

É importante saber que esse corante pode provocar alguma reação. Mas isso não significa que todos os pacientes com urticária crônica terão a mesma resposta após o contato.

Urticária crônica espontânea dói?

Os sintomas da UCE causam um grande desconforto, mas dor não é colocado como um sintoma comum.

Os pacientes muitas vezes sentem dores em decorrência dos outros sintomas, mas isso está também relacionado a fatores externos e não somente ao que a doença provoca.

Por exemplo, em crises, os pacientes podem apresentar maior inchaço e as urticas podem aparecer em tamanhos maiores.

Nesses casos, pessoas mais delicadas podem sentir dores ao usar roupas com maior contato com as urticas ou que estejam mais apertadas.

Até mesmo o toque de outras pessoas pode se tornar desconfortável. No entanto, a dor não deve ser algo que o paciente tenha que conviver. Se as dores forem recorrentes, o paciente deve consultar um médico sobre o que pode ser feito para reduzi-las.

Qual médico devo procurar?

O paciente que possui alguma urticária pode ser acompanhado por especialistas como o dermatologista, imunologista e alergistas.

São eles quem serão responsáveis pelo diagnóstico e orientação para o tratamento específico para cada caso.

Pessoas que apresentam algum dos sintomas da doença podem recorrer, como primeiro contato, a um clínico geral ou pediatra.

Quanto tempo demora para a remissão espontânea da doença acontecer?

Não existe um tempo padrão e por isso a remissão é diferente para cada paciente. Quando deve acontecer é algo ainda sem resposta certa.

No entanto, existem algumas pesquisas que mostram números importantes para os pacientes.

Um estudo publicado pela Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI), feito com 139 pacientes de UC, acompanhados por mais de 5 anos, mostrou que a duração da doença esteve atrelada a gravidade dos sintomas.

Em 70% dos pacientes, os sintomas permaneceram por mais de 1 ano, em 14% deles a duração foi superior a 5 anos.

Isto significa que a remissão pode levar mais de 5 anos para acontecer. Existem casos mais raros em que os pacientes apresentaram os sintomas por mais de 10 anos, mas a porcentagem é de 2%.

Mesmo sem a remissão, com o tratamento certo, os pacientes conseguem levar uma vida com qualidade e sem os sintomas.


Nesse artigo, buscamos esclarecer as principais dúvidas sobre a urticária crônica espontânea, uma doença que acontece e tem sua remissão de formas ainda pouco previsíveis.

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Fontes consultadas

Imagem do profissional Paulo Caproni
Este artigo foi escrito por:

Dr. Paulo Caproni

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