Bursite é a inflamação da bursa, também conhecida como bolsa sinovial, um saco membranoso revestido de líquido que age como amortecedor de atrito entre músculos, tendões e ossos ao redor das articulações. O corpo humano possui 160 bursas localizadas em áreas como ombros, cotovelos, nádegas, quadris, coxas, calcanhares e joelhos. Apesar de mais incomum, a base do dedão do pé também pode ser atingido pela doença.
As bursas são revestidas com células sinoviais, as quais lubrificam as articulações e reduzem a fricção dos movimentos. No entanto, a bursite compromete o modo correto de lubrificação ao engrossar e acumular o líquido, o que torna ações cotidianas doloridas. A doença não é transmissível, tem cura e pode ser causada por excesso de uso de uma articulação, proveniente de atos repetitivos, estresse, traumas ou lesões. Além disso, o movimento sob a bursa inflamada piora o problema, o que pode deixar o músculo endurecido.Ao contrário da bursite, inflamação da bursa que protege os tendões e articulações, tendinite é a inflamação do tendão, tecido pelo qual um músculo se prende ao osso. A doença pode ocorrer em qualquer tendão do corpo, mas é mais comum no joelho, pé, ombro, punho e antebraço.
Tanto a bursite quanto a tendinite são lesões de esforços repetitivos (LER), ou seja, provocadas por sobrecarga, traumas ou excesso de movimentos, como em esportes. A semelhança também se dá nos sintomas, com dores fortes na área afetada, e nos tratamentos com anti-inflamatórios e sessões de fisioterapia. É importante ter o diagnóstico diferenciado para cada uma das doenças, pois os aparelhos utilizados nos tratamentos podem ser manipulados em posições e frequências diferentes, o que pode adiantar ou retardar a cura.Normalmente, a bursite é uma inflamação secundária, ou seja, acontece após uma lesão no tendão que ela protege. Portanto, tendinite pode levar a casos de bursite, e vice-versa.Também chamado de bursite subacromial-subdeltoidea, a bursa do ombro localiza-se abaixo do acrômio, extremidade superior da escápula, e do músculo deltóide. É o tipo mais comum da doença, provocado por traumas, movimentos excessivos e repetitivos no ombro ou doenças inflamatórias. Frequentemente, esse tipo de bursite faz parte da Síndrome do Impacto do Ombro, patologia que tanto a bursa quanto os músculos do ombro apresentam inflamação e sinais de tendinite.
Também conhecida como bursite olecraniana, a bursa do cotovelo fica entre a pele solta e o osso pontiagudo na parte de trás do cotovelo. É um problema comum entre tenistas, golfistas e outros esportistas que realizam a flexão repetitiva do cotovelo que, eventualmente, leva à uma lesão ou inflamação.
A bursa localizada nas nádegas pode inflamar após sentar em superfícies duras durante muito tempo, como em bicicletas.
A bursa trocantérica é localizada superficialmente no osso trocânter maior, a parte do fêmur que é saliente na lateral do quadril. Todo indivíduo possui quatro ou mais bursas em cada quadril, sendo a bursite trocantérica a inflamação mais comum de ocorrer nesta região.
Em menores incidências, há outras bursas que podem causar sintomas no quadril, como a bursa isquiática e do músculo iliopsoas, localizado ao lado da virilha. Corredores de média e longa distâncias têm maiores chances de adquirir esse tipo de bursite.A bursa retrocalcânea está localizada entre o calcanhar e o tendão calcâneo, popularmente chamado de tendão de Aquiles. Esse tipo de bursite pode ser causado após longas caminhadas, pelo uso de sapatos errados ou excesso de cargas e movimentos repetitivos no calcanhar.
As bursas do joelho podem inflamar com contusões, pressão contínua ao passar muito tempo ajoelhado ou pela repetição de gestos. A articulação do joelho é cercada por cinco principais bursas, que são:
Em poucos casos, a bursite não tem sua origem determinada. No geral, a doença pode ser causada por lesões, infecções ou doenças inflamatórias que ocasionam a formação de cristais na bursa.
A lesão mais comum que leva à bursite é a causada pelo uso excessivo das articulações e movimentos repetitivos dos músculos e tendões. Segundo os médicos, a inflamação da bursa por lesões leva tempo para se desenvolver, por isso certas profissões e ações diárias como, por exemplo, colocar pressão sobre os joelhos e cotovelos podem contribuir para desencadear a doença. Esforço e traumas produzidos por golpes violentos sob as articulações também podem irritar o tecido dentro da bursa e causar inchaço e inflamação.
Algumas doenças podem gerar a formação de cristais por dentro da bursa, o que ocasiona o excesso de fluidos e inchaço. São elas:
A bursite adquirida a partir de infecções tende a ser em áreas onde a bursa se encontra perto da superfície da pele, principalmente nos cotovelos. Cortes, mordidas de insetos, lesões e feridas são as aberturas necessárias para que bactérias possam causar infecções internas, que, se não forem tratadas, podem produzir pus.
Devido seu sistema imunológico enfraquecido, pacientes de câncer que fazem quimioterapia, diabéticos, portadores de HIV, usuários de esteróides e alcoólicos são mais propensos a obter esse tipo de bursite.O excesso de peso e a desidratação do tendão, bursa ou da articulação também são gatilhos para adquirir a bursite. A idade é outro fator decisivo, pois à medida que os tendões envelhecem, são capazes de tolerar menos estresse, além de serem menos elásticos e mais fáceis de rasgar.
A presença de bursite se torna mais comum com a idade, após a musculatura e estrutura óssea ter concluído o seu crescimento. Por isso ela tem maiores incidências em adultos, especialmente a partir dos 40 anos.
Pessoas com certos hobbies e ocupações são vulneráveis a adquirir bursite ao longo do tempo, pois se submetem a ações repetitivas diárias, como no caso de músicos, atletas, pintores, entre outras profissões.Portadores de certas doenças, como artrite reumatóide, gota e diabetes possuem riscos maiores de desenvolver bursite.O diagnóstico de bursite é realizado pelo médico ortopedista ou fisioterapeuta, que apalpa a área inflamada e verifica a presença dos sintomas característicos da doença. Em uma avaliação conjunta do histórico médico do paciente, exames físicos, exames laboratoriais e exames de imagens, investiga-se a causa para o desconforto e direciona o paciente ao tratamento específico do seu problema.
Os exames físicos são realizados junto a um fisioterapeuta, que elabora um conjunto de movimentos para testar a flexibilidade, mobilidade, força, suavidade, inflamação e dor nas articulações.
O tratamento inicial da bursite consiste em repouso, aplicação de gelo e controle da dor com analgésicos e anti-inflamatórios. Após o controle da dor, a fisioterapia ajuda a restabelecer a força muscular e amplitude dos movimentos articulares.
Já a bursite infecciosa é tratada com antibióticos e cirurgicamente, para drenar o líquido da bursa ou removê-la, quando outros tratamentos não surtirem efeito.Bursites causadas por lesões podem ser tratadas em casa se ainda estiverem no estágio inicial. O tratamento caseiro consiste na adoção de hábitos e cuidados para aliviar a dor e a inflamação, como:
A fisioterapia consiste no uso de aparelhos analgésicos e anti-inflamatórios, como o Tens (terapia com correntes elétricas aplicadas superficialmente à pele através de eletrodos), ultrassom, corrente galvânica ou microcorrentes, utilizados no fortalecimento dos músculos. Além dos exercícios de recuperação, técnicas são passadas aos pacientes para aumentar a mobilidade articular, realizadas junto com os alongamentos musculares.
O tratamento de qualquer articulação, incluindo o tendão de Aquiles, deve ser diário e, geralmente, leva em torno de 6 meses para ser concluído.Junto com a terapia física, são realizados alguns exercícios para aumentar a eficiência da articulação inflamada e restabelecer seu funcionamento normal. Os exercícios, geralmente destinados para lesões no ombro, não substituem o auxílio profissional, por isso é indicado que o paciente tenha o acompanhamento de um fisioterapeuta.
Acupuntura é um tratamento alternativo que utiliza da aplicação das agulhas na região afetada pela bursite para reduzir a dor e a inflamação.
Para os casos em que a fisioterapia não for totalmente eficaz, existe um novo tratamento chamado Ondas de Choque. Não se trata de um choque elétrico, mas sim ondas de impacto, inicialmente utilizadas somente para quebrar pedras no rim. A terapia consiste na penetração da energia mecânica sob o tecido lesado para provocar um fenômeno chamado cavitação, que libera substâncias anti-inflamatórias locais e estimula a circulação.
A intensidade das ondas geram variações em seus efeitos:Este tratamento raramente é necessário, mas se o caso for de bursite crônica, ou a bursa permanecer infectada ou inflamada após o paciente ser submetido por todos os tratamentos, é recomendado a remoção cirúrgica.
A ingestão de analgésicos e anti-inflamatórios não-esteróides podem aliviar a dor e controlar a inflamação. São encontrados em comprimidos ou pomadas e devem ser usados com cautela e por períodos limitados.
Os medicamentos mais indicados para o tratamento de bursite são:Se os sintomas não diminuírem após 3 a 4 semanas, é recomendado a remoção do líquido da bursa e o uso de injeção de corticoides, substância anti-inflamatória mais forte que a medicação realizada por via oral.
As injeções costumam aliviar a dor e inchaço, no entanto, podem retornar dentro de um período de tempo e será necessária outra aplicação. Mas fique atento, pacientes com o uso prolongado de esteróides estão sob o risco de sofrer aumento da pressão arterial e contrair uma infecção.Os anti-inflamatórios esteróides mais indicados são:A remoção dos fluidos da bursa é um procedimento simples e ajuda a aliviar os sintomas que causam incômodo no paciente. Uma amostra desse líquido será analisada para identificar se há presença de bactérias e qual o antibiótico específico necessário para combater a infecção. A duração do uso do medicamento será determinado pelo médico e não deve ser interrompido antes do término do tratamento.
Os seguintes antibióticos podem ser prescritos no caso de bursite séptica:Na fase inicial, o uso de argila verde é eficaz no tratamento dos sintomas causados pela bursa inflamada. É necessário molhar e aplicar sobre a área por, pelo menos, 30 minutos.
O paciente também pode optar em aplicar o creme de arnica montana para ajudar aliviar as dores das articulações.Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.A cura da bursite, mesmo seguindo o tratamento adequado, pode levar em torno de seis meses. O tempo de recuperação depende da causa da doença e dos cuidados que o paciente terá ao seguir as recomendações para prevenir novas crises. Em casos de infecção, o indivíduo apresenta melhoras após o uso de antibióticos, no entanto, se o distúrbio for causado por traumas ou lesões, o tempo de recuperação é mais longo. Se não houver tratamento correto, o problema pode se tornar crônico e durar mais de um ano.
A bursite tem tendência a reaparecer mesmo após curada, por isso, assim que houver melhora, o paciente deve começar a praticar exercícios leves e ir aumentando o esforço gradualmente, para manter as articulações hidratadas e os músculos fortalecidos. Para fazer retorno ao esporte o indivíduo deve perceber se consegue mover suas articulações sem dor, se não está sensível ao toque e se retomou a força normal. Há o risco de piorar a lesão caso volte a praticar exercícios físicos sem que o médico confirme sua recuperação.Como a bursite é causada por trabalho manual repetitivo, o ideal é ocorrer o afastamento de atividades e determinadas profissões até que seja atingido a cura. A invalidez da aposentadoria se caracteriza pela perda de alguma parte corporal, alienação mental e doenças contagiosas, incuráveis e graves, por isso o paciente com inflamação da bursa, uma doença articular curável, somente garante o auxílio-doença enquanto permanecer incapacitado.
Rafaela Sarturi Sitiniki
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.