As fases do luto compõem uma trajetória que a pessoa vai passar após o encerramento de algum ciclo significativo, seja a morte de alguma pessoa ou animal, uma demissão ou então o fim de um relacionamento amoroso.
Esse processo pode ser encarado de duas maneiras, através do luto normal, onde passam por essas fases e conseguem superar, e o luto patológico, que corresponde a falha em encarar algumas das fases do luto, causando sofrimento e estagnação nesse processo.
Para saber mais sobre as fases do luto, quanto tempo pode durar e quais são essas fases, continue acompanhando o artigo!
Índice - Neste artigo, você irá encontrar:
O luto é um conjunto de reações negativas que surgem a partir da perda de algo ou alguém. Geralmente, esse processo é descrito como uma tristeza profunda diante de uma perda significativa, mas pode se manifestar de outras formas para além da tristeza.
O luto é mais conhecido e discutido no contexto da morte, sendo frequentemente colocado como o pior tipo. Contudo, não existem diferenças teóricas entre o luto da morte e o luto da separação de um casal, por exemplo.
De acordo com o psicanalista britânico John Bowlby, esse sofrimento é proporcional ao apego a um objeto perdido. Sendo assim, até mesmo perder um emprego pode desencadear um processo de luto.
Vale lembrar que esse é um processo normal pelo qual todas as pessoas passam, mas que pode tomar proporções maiores, sendo denominado “luto complicado”. Nesses casos, os sintomas depressivos são tão intensos que a pessoa pode sofrer, inclusive, com ideação suicida.
Leia mais: Tipos de depressão: diferenças dos sintomas e manifestações
No luto normal, a pessoa consegue passar por todos os processos e realizar várias tarefas, contribuindo para a superação. Ou seja, ela passa pela negação, raiva, barganha, depressão e, por fim, a aceitação, que ocorre a reconstituição.
Com isso, o luto patológico está relacionado com o tempo que ele dura, com a duração das reações e as intensidades.
Nesse caso, a pessoa fica interminavelmente em uma única fase e não apresenta comportamentos adaptativos diante da perda ou progressão para finalizar o processo de luto.
Muitas pessoas acham que essa fase acaba quando não se sente mais a dor da perda, o que não é verdade. Ela pode ser vista como um processo de aceitação da perda e, por isso, tem tempo limitado, mas a dor da perda pode durar a vida inteira.
É importante ressaltar que, ainda que a pessoa apresente sintomas depressivos durante o luto, nem sempre isso indica o surgimento de uma doença mental. Contudo, deve-se acompanhar a evolução desses sintomas, pois, embora eles não indiquem um quadro depressivo, poderão desencadear um.
Geralmente, os sintomas depressivos do luto se resolvem sozinhos à medida que o tempo passa. Entretanto, nos casos em que a pessoa desenvolve um episódio depressivo, é necessário tratamento adequado para o transtorno.
Segundo Bowlby (1998), algumas condições podem influenciar no processo de luto, como:
É importante considerar o papel que a pessoa falecida exercia na vida da pessoa enlutada, tal como o grau de proximidade, se era dependente da pessoa falecida. Isso porque, quanto maior a dependência, maior é o dano emocional da pessoa enlutada.
Os adolescentes têm maior incidência de perda. Por outro lado, nos adultos a maior incidência é em casos onde há perda do (a) companheiro (a) ou cônjuge.
Com base na relação de gênero, há maior prevalência de luto patológico em mulheres.
É necessário saber o motivo da morte, se ela envolve algum tipo de mutilação ou deformação no corpo da pessoa perdida. Por isso, é preciso ter cuidado com a maneira como são repassadas as informações sobre morte para a pessoa enlutada.
Outro fator importante, é a como estava a relação entre o enlutado e a pessoa que faleceu antes do acontecimento.
É importante identificar se a pessoa enlutada mora com outras pessoas ou sozinha, como é sua vida financeira, e se a pessoa tem crenças e práticas que auxiliem no processo de luto, como apoio religioso ou familiar.
Outro ponto importante a ser considerado é o jeito de ser do enlutado, e como ele reage ao luto, pois esses fatores interferem diretamente no processo de desvinculação.
Muitos teóricos analisaram as fases do luto, mas o modelo mais conhecido é o das cinco fases de Elisabeth Kübler-Ross, constituída por negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
Essas fases não são necessariamente consecutivas, pois podem ocorrer em ordens diferentes ou que coexistem ao mesmo tempo. A seguir, você confere um pouco mais sobre cada uma delas:
Nesse primeiro estágio, o indivíduo nega a perda. Ele acha que há algum engano e acredita que a perda não é real.
Em geral, ocorre logo após a notícia ou percepção da perda, sendo um mecanismo de defesa para amenizar a dor naquele momento e preparar a pessoa para a dor emocional que ainda está por vir.
Essa fase pode durar de alguns minutos, meses ou anos. Quando dura tanto tempo, pode-se pensar na possibilidade de um luto complicado, que deve ser identificado e tratado por um (a) profissional da saúde mental, como psicólogo (a) ou psiquiatra.
Em um segundo momento, há um sentimento de grande revolta e raiva. Nessa fase, o indivíduo pode tornar-se agressivo e tentar culpar alguma coisa ou alguém pelo que está ocorrendo.
É frequente que a pessoa culpe médicos (as) que cuidaram do seu ente querido pela morte ou sintam raiva da pessoa que deu a má notícia, por exemplo.
Nessa fase, também são comuns questionamentos como “por que isso está acontecendo comigo?”. Embora não haja respostas reais para esses questionamentos, eles ajudam a pessoa a lidar com o sofrimento da perda.
O terceiro estágio do luto é a barganha, no qual a pessoa tenta negociar com figuras divinas ou com outras pessoas a fim de evitar a perda, mesmo que ela já tenha ocorrido.
É nesse momento que há a promessa de ser uma pessoa melhor, por exemplo, em troca de um milagre para reviver um ente querido. No caso de término de relacionamento, pode-se pensar também nas promessas de ser um melhor companheiro, tentando adiar o fim daquela relação.
É neste momento que a depressão se instala, dando início ao quarto estágio do luto. A pessoa sente tristeza intensa e passa a se isolar, pensa sobre a vida, sente a dor de não ter mais aquela pessoa/objeto e pode chorar com frequência.
Apesar de ser uma das partes mais sérias do processo de luto, essa fase permite que a pessoa comece a elaborar seus sentimentos em relação à perda. Antes disso, até mesmo na fase da barganha, a pessoa ainda sofre com algum tipo de negação, recusando o fim.
Aqui, a pessoa entra em contato com seus verdadeiros sentimentos e começa a trilhar o caminho para a aceitação.
A última fase do luto não indica o fim do sofrimento, mas sim uma melhor capacidade de lidar e expressar essa dor. A pessoa aceita a perda como um fato consumado, sem questionamentos e tentando negociar ou culpar alguém.
Em geral, quando se chega nesse estágio, considera-se que o luto está sendo superado. A verdade é que a dor da perda não vai embora por completo, mas nessa fase já é possível seguir em frente, dando um fim ao processo de luto.
Ao ver uma pessoa que amamos em luto, é normal querer intervir a fim de eliminar ou, ao menos, suavizar essa dor. Aqui vão algumas dicas de como ajudar alguém que está passando por esse processo:
Quando uma pessoa está em luto, é comum que ela queira desabafar, falar sobre sua perda e sua dor a ponto de repetir constantemente histórias relacionadas à pessoa ou ao objeto perdido.
Infelizmente, a tristeza não é bem vista na nossa sociedade e, portanto, fazemos de tudo para evitar falar sobre isso. No entanto, deixar a pessoa falar sobre seus sentimentos, por mais negativos que sejam, é a chave para superar esse sofrimento.
Tentar deixar a pessoa enlutada feliz acaba atrapalhando mais do que ajudando, pois impede que ela expresse seus verdadeiros sentimentos. Por isso, escutar o que ela tem a dizer é uma das melhores maneiras de ajudar, por mais repetitivo que seja.
Todo mundo já ouviu alguma frase clichê como “você vai dar a volta por cima”, mas a realidade é que esse tipo de discurso não ajuda. Pelo contrário, ele pode até mesmo piorar a situação, invalidando os sentimentos da pessoa enlutada.
Quem está em luto, frequentemente, não sente que tem forças para seguir em frente, portanto, colocar o bem-estar em termos de superação futura não ajuda. A pessoa nem mesmo sente que vai conseguir chegar lá algum dia.
Ao invés de usar frases clichês sobre como a pessoa irá ficar bem no futuro, tente perguntar como ela está se sentindo no momento. Deixe-a falar sobre como foi o dia ou a semana, permita que expresse sua dor, mesmo que isso signifique a presença de lágrimas.
Se não souber o que falar, é melhor dizer “sinto muito pelo que está passando” ou “imagino como você se sente” do que dizer “vai ficar tudo bem”, pois são frases acolhedoras que validam o sofrimento da pessoa, mostrando-a que está tudo bem sentir-se assim.
Por mais que o luto não seja um transtorno mental em si, o auxílio de um profissional da saúde mental, como um psicólogo (a), pode ajudar muito na elaboração da perda.
Nem sempre os amigos e familiares estão disponíveis para conversar, ouvir e acolher os sentimentos da pessoa enlutada. Além disso, depois de um tempo, os desabafos podem acabar pesando sobre a pessoa que os ouve.
Isso não significa que não haja empatia, mas sim de que todo mundo tem um limite de apoio emocional que pode oferecer. Quando esse limite é atingido, é importante que a pessoa tenha tempo para recuperar-se. Ou seja, amigos(as) e familiares podem não conseguir dar conta de ouvir a pessoa que está passando pelo luto por algum tempo.
Nesses casos, um (a) psicólogo (a) ou terapeuta ajuda muito, pois permite que a pessoa expresse seus sentimentos e fique à vontade para falar em um ambiente seguro e acolhedor. Dessa forma, as pessoas ao redor também podem descansar e se fortalecer emocionalmente para oferecer mais apoio em um outro momento.
O luto é um processo necessário para que as pessoas possam lidar adequadamente com seus sentimentos e emoções após uma perda significativa.
Vivenciar adequadamente esse período é importante para que o bem-estar e a saúde mental sejam preservados.
Para mais informações sobre bem-estar e saúde mental continue acompanhando o site e redes sociais do Minuto Saudável!
Esp. Thayna Rose
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