Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, a síndrome de burnout está cada dia em mais evidência na mídia.
O seu significado se aproxima de “completamente queimado”, como um fósforo que queimou por inteiro e não pode mais ser usado. Isso faz uma alusão ao estado físico e mental do paciente, que é acometido devido ao excesso de trabalho.
Os grupos mais afetados são aqueles que trabalham diretamente com responsabilidades constantes, como profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, entre outros), professores, policiais, jornalistas e profissionais da mídia, entre outros.
Essas carreiras são muitas vezes demarcadas por frequentes horas extras, expedientes incertos, grandes riscos ou acumulação de tarefas. Rotinas que acabam sendo estendidas, deixando pouco tempo para descanso e lazer.
Índice – neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:
Síndrome de Burnout é um transtorno psíquico com elementos depressivos, como esgotamento físico e mental, causado por estresse elevado e constante na vida profissional. Pode acometer todos os tipos de profissionais, em especial os que trabalham diretamente com pessoas.
Segundo dados da International Stress Management Association, cerca de 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem com alguma sequela causada pelo estresse do trabalho. Em média, 32% dessas pessoas estão propensas ao desenvolvimento da síndrome de burnout.
Além disso, 92% de quem já tem síndrome continua trabalhando.
E as causas e o agravamento da condição acaba sendo cíclica. Isso porque o receio do desemprego é um fator de risco. No entanto, ao desenvolver a síndrome, o profissional está mais propenso a erros graves ou faltas constantes, o que pode aumentar suas chances de perder o emprego.
Em casos severos, a depressão e ansiedade geram grandes impactos à condição do paciente, elevando os riscos de suicídio.
Apesar da incidência, a síndrome de burnout pode ser tratada e evitada. Em alguns casos, é necessário considerar uma recolocação no mercado de trabalho ou até iniciar uma nova carreira.
Há quem acredite que a síndrome do esgotamento profissional se dá por conta de uma falha pessoal em que o indivíduo “não aguenta a pressão”. No entanto, é preciso desmistificar essa questão.
As estatísticas mostram que se trata de um problema cada vez mais frequente e com prevalência maior em determinadas carreiras, mas que pode acometer qualquer pessoa cobrada demais.
Um dos pontos chaves da síndrome de burnout é que o indivíduo frequentemente tem a sensação de que seu trabalho não faz sentido. Por mais contraditório que pareça, isso acontece mesmo quando a pessoa ama a área em que atua.
Não raramente, questões organizacionais do ambiente de trabalho têm grande influência no surgimento da síndrome. Por exemplo, cargas horárias extensas, falhas na gestão das equipes, dificuldades em aproveitar as competências individuais dos funcionários, entre outras.
A autocobrança e o perfeccionismo podem aumentar as chances da condição apresentar-se..
Em geral, quem tem essas características tende a trabalhar mais para sempre aperfeiçoar seu trabalho, aumentando a exposição ao estresse.
É normal, por exemplo, que profissionais da saúde queiram salvar os pacientes e, quando isso não é possível, o peso emocional é muito grande. O mesmo acontece com profissionais da educação, que muitas vezes se sentem incompetentes quando um aluno falha em um teste.
Curiosamente, o pesquisador que cunhou o termo síndrome de burnout era um psicanalista alemão que constatou o transtorno em si mesmo na década de 70.
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Atualmente, a síndrome de burnout não é classificada como uma doença, não possuindo um CID. No entanto, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a síndrome como um fenômeno real e ela será incluída no CID-11, que valerá a partir de 2022, no capítulo de problemas associados ao emprego ou desemprego.
Atualmente, o código usado para caracterizar a síndrome de burnout no CID-10 é o Z73.0, que se refere ao esgotamento relacionado a “Problemas relacionados com a organização de seu modo de vida”.
No entanto, essa classificação é muito abrangente, motivo pelo qual a síndrome receberá um código exclusivo na nova versão do CID.
Outros códigos frequentemente usados no contexto da síndrome de burnout são Z56.3 (Ritmo de trabalho penoso) e Z56.6 (Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho).
Em geral, o esgotamento profissional surge como uma resposta a um estado prolongado de estresse relacionado ao trabalho, especialmente quando as condições são física, emocional e psicologicamente desgastantes.
Estressar-se com o trabalho é normal e, muitas vezes, não significa que há algo de errado, mas quando esse estresse se torna demasiado e não há descanso adequado, as consequências podem ser graves.
Alguns fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver síndrome de burnout são:
Os profissionais mais afetados pela síndrome de burnout geralmente são aqueles que trabalham diretamente com pessoas, como professores, profissionais da saúde, pessoas que trabalham com mídia, entre outros.
Vale ressaltar, no entanto, que todos os profissionais, de qualquer área, podem ser afetados pela síndrome.
Duas profissões nas quais o burnout acontece com muita frequência são os professores e enfermeiros. Entenda:
Os profissionais da educação normalmente precisam lidar tanto com as pressões da instituição de ensino quanto do corpo discente (alunos). Isso pode torná-los especialmente suscetíveis ao esgotamento profissional.
Um estudo feito em Virgínia, nos Estados Unidos, mostra que os professores têm muitas fontes de estresse em seu trabalho.
Entre elas a falta de recursos, falta de tempo, excesso de reuniões, grande número de alunos por sala, falta de assistência e apoio, além de precisarem lidar com pais frequentemente hostis.
Casos de alunos com indisciplina também podem piorar o quadro, uma vez que as escolas nem sempre têm políticas institucionais adequadas para auxiliar o professor.
Outros fatores que podem interferir na saúde mental de professores são as cargas de trabalho excessivas, o baixo status e remuneração da classe docente, oportunidades de carreira não muito interessantes, falta de reconhecimento quando dão uma boa aula ou quando ensinam bem os alunos entre outros.
Todas essas questões costumam ser desmotivadoras, o que frequentemente faz com que o trabalho perca o sentido, condição bastante perigosa para o desenvolvimento da síndrome de burnout.
De forma geral, profissionais da saúde vivem emoções muito intensas com frequência, o que aumenta o estresse no trabalho. A perda de pacientes para uma doença, por exemplo, pode ter um peso enorme.
Como a área da saúde lida com questões de vida ou morte, o peso emocional dos profissionais de saúde costuma ser grande.
Vale lembrar que, dependendo do caso, enfermeiros costumam lidar com responsabilidades de maneira bastante intensa, uma vez que eles são os responsáveis pelo cuidado do paciente enquanto este se encontra internado em um hospital.
O profissional é responsável pelos horários e dosagens das medicações, por cuidados básicos como alimentação e higiene, além de muitas vezes dar apoio emocional ao paciente, mesmo que essa função não seja comumente atribuída ao enfermeiro.
Somando isso à sobrecarga horária e a desvalorização salarial da categoria, vê-se enfermeiros trabalhando em mais de um hospital ou clínica, sem ter muito tempo de repouso entre os turnos de 12 horas.
Nesse contexto, o esgotamento profissional é só uma questão de tempo.
Os principais sintomas da síndrome de burnout são o cansaço excessivo, tanto físico quanto mental. Além disso, estão presentes sintomas psicossomáticos, como dores de barriga, tonturas, dor de cabeça, falta de apetite, insônia, entre outros.
Sintomas psicossomáticos têm origem no emocional e se manifestam no corpo. Ou seja, mesmo com a saúde do organismo em dia, o corpo é afetado pela mente.
Muitos desses sintomas começam de maneira insidiosa, ou seja, são fracos no começo. Isso faz com que o profissional continue trabalhando, acreditando que se trata de algo passageiro.
No entanto, à medida em que o tempo passa e o indivíduo continua a trabalhar sem descanso significativo, os sintomas se agravam.
Algumas manifestações presentes em vários casos de síndrome de burnout são:
Além dos sintomas, alguns comportamentos podem ser comuns aos pacientes, como as faltas ao trabalho e o isolamento social (amigos, família).
O diagnóstico da síndrome de burnout é clínico e pode ser feito através de questionários feitos para detectar o quadro, mas nem sempre isso é necessário.
Um profissional da saúde mental, como psiquiatra ou psicólogo pode suspeitar da condição a partir do conhecimento da história de vida do paciente, bem como sua relação com o trabalho, com seus colegas, gestores, entre outros.
Vale lembrar que, muitas vezes, o indivíduo chega no consultório por recomendação, pois ele mesmo não percebe que há algo de errado com sua saúde mental, especialmente quando isso se dá em relação ao trabalho.
Neste sentido, saber que amigos e familiares apontam para o fato de que a pessoa trabalha demais é de extrema importância para que o diagnóstico seja feito de maneira correta.
A síndrome de burnout não tem cura, mas os sintomas podem entrar em remissão de modo que a vida do indivíduo não seja tão afetada.
Não se pode dizer que o transtorno tem cura pois a pessoa ainda pode voltar a ter os sintomas, especialmente se continuar trabalhando nas mesmas condições em que adoeceu.
A mudança na carreira é frequentemente indicada para pessoas que sofrem com essa síndrome, mas isso não significa que a pessoa está curada. Mesmo com ritmos diferentes de trabalho, o transtorno pode voltar, dependendo de muitos aspectos acerca da relação que a pessoa tem com as atividades que realiza.
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De início, a psicoterapia é um dos tratamentos mais frequentes para a síndrome de burnout. Nela, o paciente recebe apoio para tratar questões emocionais, envolvendo tanto o aspectos profissionais quanto pessoais.
Assim, são indicadas mudanças nos hábitos de trabalho e no estilo de vida para levar uma rotina com menos estresse.
Mas um psiquiatra também pode indicar tratamento com antidepressivos ou ansiolíticos, dependendo do caso.
Recomenda-se também a prática de atividades físicas com frequência, assim como práticas de relaxamento. Esses são hábitos importantes para quem quer combater o estresse prolongado.
Se possível, pede-se que a pessoa tire férias para descansar e priorize realizar atividades de lazer com pessoas próximas, como amigos e familiares.
Por vezes, é necessário o afastamento temporário ou até mesmo definitivo do trabalho. Nesses casos, pode-se tentar uma recolocação no mercado de trabalho, de preferência em uma nova área cujo ritmo de trabalho seja diferente da carreira anterior.
A escolha do medicamento depende dos sintomas e da intensidade deles. Por isso, o profissional deve avaliar cada caso.
Entre as opções que podem ser utilizadas estão:
Algumas dicas para prevenir o surgimento da síndrome de burnout são:
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Quaisquer condições — acidentes ou doenças — que necessitem afastar o trabalhador ou trabalhadora por mais de 15 dias de suas atividades dão direito ao afastamento pelo INSS. Por isso, a síndrome de burnout também se enquadra.
Em geral, vencidos os 15 dias de atestado médica, o paciente necessita realizar uma consulta com os médicos peritos do INSS, que irão dizer se você está apto ou não para continuar trabalhando.
Lembrando que pode haver especificidades para servidores públicos. Todas as dúvidas sobre critérios e procedimentos devem ser sanadas junto aos órgãos competentes.
Caso o resultado seja negativo, o profissional fica afastado e recebe auxílio-doença acidentário, devendo ser constantemente reavaliado pelos médicos do INSS para assegurar quando se ele está apto a voltar para o trabalho.
Em casos mais graves, a pessoa que não se recupera pode acabar precisando aposentar-se por invalidez.
Não existe um tempo exato indicado para o afastamento por esgotamento profissional. Tudo depende muito da evolução do quadro, mas o trabalhador pode fazer uma reabilitação profissional (art. 62, Lei 8.213/91) para realizar outras atividades durante esse período.
Após voltar ao trabalho no qual ficou doente, o indivíduo tem o direito à estabilidade provisória de 12 meses, ou seja, não poderá ser dispensado da empresa durante esse tempo.
Lembrando que o retorno deve ser feito de forma gradual para evitar o retorno dos sintomas do burnout.
Sim. A síndrome de burnout costuma ser caracterizada como doença ocupacional pelos médicos peritos do INSS. Portanto há a possibilidade de usufruir dos benefícios previdenciários como auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e até mesmo pensão por morte.
A síndrome de burnout é um transtorno que pode tornar-se grave caso não seja tratado.
Levar uma rotina equilibrada com tempo para descanso e lazer e estabelecer uma boa relação com o trabalho, independente da área de atuação, é fundamental para evitar o problema.
Realizar o tratamento adequadamente é de suma importância para poder restabelecer a rotina profissional e pessoal.
Isso porque o transtorno não afeta apenas a carreira, como também a vida social, a autoestima e a mente.
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Dr. Emerson Barbosa
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