A osteomielite é uma infecção óssea, geralmente causada pelo Staphylococcus aureus, que pode ser aguda ou crônica e costuma afetar ossos longos como das pernas e braços.
Sofreu alguma fratura ou trauma ósseo recentemente? Teve que passar por alguma cirurgia ortopédica? Saiba que esses são grandes fatores de risco para o desenvolvimento da doença, uma vez que permitem a entrada de microrganismos nos ossos. Mas não se engane: existem muitas outras maneiras de se adquirir a osteomielite.
É mais comum em crianças e adolescentes, mesmo aqueles que nunca tiveram qualquer problema nos ossos, pois a infecção pode chegar por meio de outras vias! Por isso, os pais devem sempre ficar atentos aos primeiros sinais em seus filhos, como febre e dores ósseas.
Felizmente, a grande maioria dos casos de osteomielite é facilmente tratável e o paciente pode ter cura total. No entanto, deve-se tomar cuidado para que não seja tarde demais já que, quando se trata de infecção, cada segundo conta.Você sabia que o osso é um tecido tão vivo quanto qualquer outro? Isso significa que ele é irrigado por sangue e, quando o oxigênio não se encontra em quantidade suficiente, partes dele podem morrer. Esse acontecimento é bem complicado, pois os ossos são bem importantes para a produção do próprio sangue em si (hematogênese).
Entenda melhor da anatomia dos ossos e como eles funcionam:
Embora muitas pessoas não saibam, os ossos possuem diversas funções no organismo. Uma das principais é a hematogênese, ou seja, a produção do sangue. Outras funções são:
É a membrana que recobre o osso, formada por tecido conjuntivo. Dela pode-se retirar material para formação de novos elementos ósseos. Ou seja, quando há uma fratura, é graças ao periósteo que o osso consegue se reparar!
O osso, em si, é composto por duas substâncias diferentes. Na verdade, elas não são tão diferentes assim, pois o que as difere é, na verdade, os espaços entre as células:
Na substância compacta, como o nome diz, as células estão muito próximas umas das outras, de modo que não sobra muito espaço entre elas. Esse tipo de substância é encontrada nas extremidades dos ossos longos (epífises), assim como nas partes externas de ossos curtos/pequenos, pois proporciona maior proteção contra impactos.
No entanto, se o osso fosse inteiramente compacto, ele seria muito pesado e dificultaria a locomoção. Além disso, é preciso espaço para que o sangue possa circular, não é mesmo? Por isso, existe a substância esponjosa, encontrada na porção mais interna das epífises, circundando o canal medular. Ela também é encontrada dentro de ossos pequenos, mesmo aqueles que não possuem canal medular.
Dentro do osso, existe um canal que envolve a chamada medula óssea, um tecido gelatinoso no qual ocorre a produção de glóbulos brancos (leucócitos), vermelhos (hemácias) e plaquetas. Ironicamente, os leucócitos são a principal defesa do organismo contra infecções, mas podem não ser de muita ajuda quando a osteomielite encontra o canal medular.
A título de curiosidade, as hemácias são responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue, enquanto as plaquetas auxiliam na coagulação do sangue em caso de feridas.
Agora que você já entende do que os ossos são compostos e quais suas principais funções, fica mais fácil compreender como osteomielite pode acontecer. É só continuar lendo!
O maior vilão no que tange a osteomielite é uma bactéria chamada Staphylococcus aureus, que é encontrada naturalmente no lugar mais propício possível: a nossa pele. Não existem muitos motivos para tentar se livrar dessa bactéria, uma vez que ela é bem inofensiva na maior parte do tempo. O problema é quando ela entra na corrente sanguínea, podendo infectar diversos tecidos onde pode provocar efeitos nocivos.
Outros microrganismos também podem causar a osteomielite, como a Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose, além de fungos. Sim, fungos! É estranho pensar que nossos ossos podem ser infectados por fungos, mas existe uma razão bem simples pra isso: a infecção começa em outro lugar.
Existem três meios pelos quais as bactérias e fungos podem chegar aos ossos, e nenhuma delas é agradável. Em um primeiro instante, é lógico pensar que isso só pode ocorrer quando um osso está exposto e, sim, esse é um dos meios, porém não o único.
As principais maneiras pelas quais os microrganismos chegam aos ossos são:
Lembra que os ossos são tecidos vivos e precisam ser irrigados com sangue para funcionar corretamente? Pois então, as bactérias e fungos que adentraram o corpo (de alguma maneira) podem andar livres pela circulação e se abrigar nos ossos. Ali, elas começam o processo de proliferação, dando início a uma infecção óssea.
Assim como os microrganismos podem ser levados diretamente aos ossos por meio da corrente sanguínea, eles também podem se alojar em estruturas próximas, como músculos e tecido conjuntivo. A medida em que esses organismos se proliferam, eles podem facilmente chegar no periósteo e atingir o osso.
Vale lembrar que esse tipo de infecção pode se originar nos dentes e na gengiva. Por isso, fica o convite para refletir melhor sobre a sua saúde bucal e cuidar melhor dela!
Quando o osso é exposto devido a uma fratura, cirurgias ou perfurações, ele pode entrar em contato com as bactérias e/ou fungos e dar início a um processo infeccioso. Infelizmente, uma das maneiras mais fáceis de ser infectado é durante cirurgias ortopédicas, realizadas justamente para corrigir algum problema que o osso já estava apresentando.
Como vimos acima, a infecção pode se dar de muitas maneiras diferentes. Independente de como tenha acontecido, as bactérias não se contentam em chegar na superfície do osso e continuam se proliferando para chegar cada vez mais fundo.
Dessa maneira, os microrganismos passam do periósteo para a substância compacta, então para a substância esponjosa e, finalmente, alcançam a medula óssea. Em resposta a essa invasão, a medula óssea inflama e incha, fazendo pressão dentro do osso e comprimindo as artérias e veias ali presentes.
Eis que ocorre a morte do tecido ósseo. Por conta da compressão, o sangue não consegue mais oxigenar certas partes de osso e elas iniciam um processo de necrose. Como dito anteriormente, isso é bem complicado pois é no osso que partes importantes do sangue são produzidas.
Uma outra situação possível é a entrada das bactérias na corrente sanguínea por meio da liberação de minerais e/ou novas células do sangue que o osso produz. Isso pode levar a uma infecção generalizada, quando a proliferação ocorre em diversos órgãos ao mesmo tempo, e as chances de sobrevivência nesses casos não é muito grande.
Vale lembrar que as bactérias não param de se proliferar a menos que alguma coisa interfira nesse processo, como é o caso de medicamentos e do próprio sistema imunológico, quando está em condições de batalhar contra a infecção. Isso significa que, a menos que algo seja feito, as bactérias vão continuar se multiplicando e tomando outras partes do osso que ainda estão saudáveis.
Há muitos fatores de risco que podem contribuir para que uma pessoa tenha osteomielite. A maior parte deles está relacionada, como esperado, a maus hábitos de higiene e condições não tratadas. Os principais fatores de risco são:
A exposição do osso, por si só, é um fator de risco para a contração de bactérias. No entanto, pessoas que não cuidam dessas lesões podem aumentar as chances de desenvolver osteomielite.
Por mais que, no hospital, seja feito de tudo para manter o ambiente livre de microrganismos nocivos para a nossa saúde, procedimentos médicos que fazem o uso de catéteres, como o catéter urinário, são um grande fator de risco para a entrada de bactérias e outros organismos na corrente sanguínea.
Outro procedimento muito “culpado” pela proliferação de bactérias na corrente sanguínea do paciente é a hemodiálise, procedimento no qual pessoas com insuficiência renal têm seu sangue filtrado por máquinas.
Não raramente, dependentes químicos fazem o uso de drogas pela via endovenosa, ou seja, utilizam seringas com agulhas não esterilizadas para injetar a droga em si mesmos. Muitas vezes, essas agulhas são até mesmo compartilhadas. O uso de drogas ilegais é, portanto, um grande fator de risco para contração de qualquer tipo de infecção.
Pacientes com o sistema imunológico enfraquecido são mais propensos a contrair infecções, seja por fungos ou bactérias. Não são apenas os pacientes infectados com o HIV que sofrem com o enfraquecimento do sistema imunológico: pacientes que estão passando por quimioterapia ou que fazem o uso de corticóides por um longo prazo também correm esse risco.
Diabetes, isquemia (falta de fornecimento de sangue para os tecidos) e outros problemas circulatórios são um fator de risco para a osteomielite, uma vez que a falta de oxigênio causa necroses e feridas profundas na pele que podem ser facilmente infectadas.
Nas cirurgias ortopédicas, além de deixar o osso exposto durante algum tempo, podem ser usados materiais para perfurar os ossos a fim de realizar um reparo ou colocar uma prótese. Toda e qualquer cirurgia é um fator de risco para infecções, mas as cirurgias ortopédicas são as principais por mexerem diretamente com os ossos.
Pessoas que já tem próteses há algum tempo também têm um risco aumentado, visto que as infecções podem se instalar e manter-se quietas durante muito tempo, revelando-se apenas semanas ou meses depois. Nesses casos, o tratamento é mais complicado, mas pode dar bons resultados mesmo assim.
A osteomiliete pode ser classificada de acordo com o tempo ou com a origem da infecção:
Quando a infecção possui menos de um mês (4 semanas) de desenvolvimento, dá-se o nome de osteomielite aguda. É ideal que o tratamento seja iniciado ainda nesta fase, pois há melhor prognóstico (maiores chances de recuperação total).
Dá-se o nome de osteomielite sub-aguda quando a infecção se desenvolve por 1 ou 2 meses.
Se, por algum azar ou simples falta de atenção aos sinais e ao tratamento, o paciente deixar a doença progredir por mais de 2 meses, a osteomielite se torna crônica. Nesses casos, o tratamento pode não ser tão eficaz e ser capaz apenas de manter o controle para que a infecção não se espalhe.
Refere-se à osteomielite causada por infecções na corrente sanguínea, ou seja, que vem por meio do próprio sangue. É mais comum em crianças do que em adultos.
Ocorre após qualquer tipo de trauma, como fraturas e feridas profundas abertas na pele. Também pode se desenvolver após procedimentos cirúrgicos, especialmente quando estes envolvem próteses metálicas.
Chama-se osteomielite vertebral aquela que atinge a coluna vertebral. Costuma ser produto de uma infecção sanguínea, apesar de também poder ser contraída durante procedimentos cirúrgicos. Geralmente ocorre como consequência de infecções no trato urinário ou respiratório, na boca ou local de injeção, além de endocardite (infecção no interior da parede do coração).
Em geral, quando crianças tem osteomielite, ela é de origem hematogênica, ou seja, se dá por meio da presença de bactérias na circulação sanguínea. Por isso mesmo, os principais ossos afetados nessa idade são o fêmur (osso da coxa), tíbia (osso da perna) e úmero (osso do braço). Os primeiros sintomas são febre e, algum tempo depois, dores no osso.
Caso seu filho esteja reclamando de dores nos ossos, é importante levá-lo para o médico o mais rapidamente possível, a fim de estabelecer um diagnóstico e iniciar o tratamento precoce, com maiores chances de um bom prognóstico.
Febre repentina, dores no osso e inchaço são apenas alguns sinais, nem sempre presentes, de que pode haver uma infecção óssea. Os sintomas dependem muito do tempo de infecção, assim como a forma que ela foi adquirida.
Na infecção aguda, o primeiro sintoma costuma ser a febre repentina. No entanto, nem sempre ela se faz presente e, por isso, a doença só é percebida quando há outros sintomas. Nos tecidos que circundam o osso, pode haver:
Caso a infecção tenha se dado logo após uma cirurgia, é possível que os pontos se abram e que a ferida passe a expelir uma secreção anormal.
Quando a doença passa para o estágio crônico, os sinais são mais brandos, porém não é possível ignorá-los. Isso porque há dor local persistente, que não alivia com repouso nem com compressas. Dificilmente analgésicos são efetivos.
Outro sinal impossível de ser ignorado é a fístula, uma ferida que se abre de um abscesso, deixando sair uma secreção purulenta, muitas vezes mal cheirosa.
Vale lembrar que esses sintomas se apresentam no local do osso infectado. Assim sendo, quando o osso infectado é o úmero, as dores, inchaço e vermelhidão vão se apresentar no braço do indivíduo. Além disso, a doença pode simplesmente ser assintomática, ou seja, pode não dar qualquer sinal de sua existência por um bom tempo.
Se reconhecer os sintomas da osteomielite já pode ser um desafio, o processo para chegar ao diagnóstico não é muito animador. Isso porque diversos exames podem não mostrar qualquer alteração por um bom tempo, assim como outros podem resultar em falsos negativos. Além disso, não existe um exame específico que possa diagnosticar a doença e, muitas vezes, os testes são feitos apenas para riscá-la da lista de possibilidades.
A boa notícia é que ter ciência de alguns fatores de risco podem tornar o processo muito mais fácil, pois fica difícil achar que é outra coisa quando o indivíduo acabou de passar por uma cirurgia ortopédica, não é mesmo?
De qualquer maneira, vários exames são feitos para identificar a doença e seu causador. São eles:
Dois exames importantes para um diagnóstico correto são o VHS e proteína C-reativa. Esses dois exames são feitos por meio de amostras de sangue do paciente, e servem principalmente para identificar um processo inflamatório.
O VHS mede o tempo que leva para as hemácias se depositarem no fundo do tubo de ensaio, já a proteína-C reativa é mais abundante no sangue quando há inflamação. Resultados com valores altos nos dois exames significa que algo está errado.
O médico, geralmente um clínico geral ou infectologista, também pode pedir uma contagem de leucócitos. Lembra que os leucócitos são a principal defesa do organismo no caso de infecções? Quando seus níveis estão altos, é sinal de que, muito provavelmente, há algum microrganismo se proliferando em algum lugar.
Nenhum desses exames é capaz de diagnosticar a osteomielite por si só, mas são muito úteis para descartar essa possibilidade quando os resultados são normais.
Outros exames que o médico pode pedir são radiografias para verificar se há alterações ósseas. Cada modalidade tem suas vantagens e desvantagens:
Esses dois exames fornecem imagens nítidas do interior do corpo, especialmente no formato de “fatias”, como se alguém tivesse cortado o corpo ao meio e estivéssemos olhando diretamente neste corte. Deste modo, torna-se mais fácil encontrar anomalias do que em um raio-X comum.
O problema é que nenhum desses exames é capaz de detectar mudanças ósseas nas primeiras 2 a 4 semanas de infecção, sendo pouco confiáveis para diagnóstico da osteomielite aguda. Já em casos de osteomielite crônica, eles podem ajudar a identificar uma infecção nos ossos.
Trata-se da principal escolha dos médicos para diagnosticar a osteomielite. O procedimento consiste na aplicação de uma substância radioativa que serve como contraste e se gruda nos ossos, o que auxilia na produção de imagens nítidas de qualquer anomalia.
No entanto, a cintilografia não é capaz de diferenciar uma infecção de outras alterações ósseas. Por isso, uma alternativa é a cintilografia com leucócitos, na qual o paciente recebe uma injeção que destaca os leucócitos na imagem, a fim de ajudar na distinção entre infecções e outras condições.
A melhor maneira de diagnosticar a osteomielite é a biópsia. Esse exame consiste na retirada de uma amostra do tecido que é enviada ao laboratório, onde é analisado e pode-se determinar se há ou não uma infecção. É por meio dele, também, que se pode fazer culturas, para descobrir qual o microrganismo responsável pela infecção.
A biópsia pode ser feita com sangue, pus, líquido articular e tecido ósseo. Para fins diagnósticos, a melhor opção é a retirada do tecido ósseo, uma vez que é ele que interessa ser investigado. Pegar um enxerto de qualquer outro tecido pode dar resultados falsos, visto que outras bactérias podem estar circulando em outras partes do corpo.
A fim de descobrir qual o agente infeccioso presente no corpo do paciente, a biópsia é enviada para um laboratório no qual biomédicos criam um ambiente propício para a proliferação do organismo. Tudo isso é feito de maneira controlada, então fique calmo, pois as possibilidades de se começar um apocalipse zumbi em tais espaços é realmente muito pequena.
Quando a cultura (a proliferação) chega em um tamanho bom para que o biomédico possa descobrir qual é o microrganismo, ele acaba com ela fazendo o uso de antibióticos. No laudo, é citada a espécie encontrada e o médico infectologista pode, enfim, receitar um tratamento para o paciente.
Como citado anteriormente, alguns exames são feitos justamente para descartar a possibilidade de ser osteomielite, não para diagnosticá-la. Isso porque alguns sintomas podem estar relacionados às seguintes condições:
Cada uma dessas alternativas devem ser estudadas e tratadas assim que diagnosticadas, pois podem trazer complicações e muito sofrimento ao paciente.
Em primeiro lugar, não se desespere. Mesmo que, muito provavelmente, você tenha que tirar a prótese, isso não quer dizer que está tudo perdido. Existe a possibilidade de erradicar a infecção assim como no caso de pessoas sem próteses, o processo é apenas um pouco mais complicado.
Como se sabe, ter próteses ortopédicas é um dos fatores de risco para a osteomielite, mesmo que a operação tenha sido realizada há meses. Por isso o tratamento pode ser dificultado: a proliferação de bactérias se deu de maneira silenciosa e, quando há manifestação da infecção, existe um risco de o tratamento convencional não ser o suficiente.
Muitas vezes, a retirada da prótese é necessária, e é comum que ela seja simplesmente substituída por outra. Por isso, não há motivos para se preocupar, especialmente se a infecção estiver em seus estágios iniciais.
Num primeiro momento, pode-se dizer que a osteomielite tem cura. Isso porque os tratamentos disponíveis, quando feitos corretamente, são capazes de matar a bactéria e acabar com a infecção.
No entanto, se o paciente demorar demais para ir ao médico ou não fazer o uso correto da medicação, a bactéria pode se tornar resistente e, nesses casos, uma cura total talvez não seja possível.
Vale lembrar que a cura total é mais provável em casos de osteomielite aguda do que quando a doença é crônica.
Os principais medicamentos recomendados para a osteomielite são antibióticos, fármacos desenvolvidos especialmente para exterminar bactérias. Pode haver certa dificuldade nesse processo, uma vez que bactérias são organismos vivos que se adaptam e criam resistência ao tratamento.
Vale lembrar que cada antibiótico é capaz de agir sobre determinadas espécies de bactérias e não existe um que seja eficaz contra todas elas. Por essa razão, o exame de cultura se mostra tão importante: saber o organismo com o qual se está lidando é a chave para encontrar o meio de destruí-lo.
Alguns exemplos de antibióticos que o médico pode receitar são:
Nos raros casos em que a infecção é causada por algum fungo, são administrados antifúngicos durante vários meses.
Se você foi diagnosticado com osteomielite e os médicos quiserem te internar, não tenha medo. Isso porque o começo do tratamento é, muitas vezes, feito pela via endovenosa, ou seja, você recebe o medicamento diretamente nas veias. Os médicos frequentemente escolhem essa via pelo fato de ser a mais rápida e fazer efeito em poucos segundos. Quando se trata de infecções bacterianas, cada segundo conta.
Devido a possibilidade de alergias e dificuldades na aplicação, esse tipo de administração só é feita em hospitais e postos de saúde.
Após algum tempo recebendo a medicação endovenosa, os médicos podem receitar antibióticos em comprimidos. Esse tratamento por via oral dura mais algum tempo, totalizando um tempo de tratamento entre 4 e 8 semanas. Isso se tudo correr bem.
Existem casos, como na osteomielite crônica, em que a cultura de bactérias dentro do corpo está em um tamanho muito grande e apenas 8 semanas de tratamento não é o bastante para erradicar a infecção. Nessas situações, abordagens mais agressivas podem ser necessárias, assim como a duração do tratamento medicamentoso passa de semanas para meses.
Dependendo da extensão e tempo de infecção, a alternativa mais recomendada é a limpeza cirúrgica. Nela são retirados todos os focos de infecção, como próteses, abscessos e partes mortas do osso (onde o sangue não chega mais). Isso é importante porque, onde não há irrigação sanguínea, os antibióticos também não chegam.
Alguns procedimentos cirúrgicos a serem realizados são:
Um dos procedimentos mais simples consiste na drenagem de quaisquer fluidos e pus que possa ter se acumulado devido à infecção. A drenagem de abscessos também é feita nessa etapa.
No desbridamento, o cirurgião remove o máximo possível de osso danificado. Pedaços de osso que sofreram lesões e/ou necrose são removidos, juntamente com uma borda saudável para assegurar que bactérias possivelmente presentes nessa região não passem para outras partes do osso.
Por conta do desbridamento, pode ser deixado um espaço vazio no osso. Esse espaço precisa ser preenchido para que o fluxo sanguíneo circule normalmente. Por isso, o cirurgião pode usar outros pedaços de osso ou outros tecidos, como músculo e pele, a fim de restaurar esse fluxo.
Em algumas situações, pode-se usar um preenchedor temporário até que o paciente esteja saudável o suficiente para o enxerto ósseo.
Qualquer coisa que o corpo não reconheça como seu é um objeto estranho. Próteses, placas e parafusos ortopédicos devem ser removidos. Isso porque a presença de tais objetos podem atrapalhar a recuperação do organismo.
Em último caso, uma amputação pode ser performada a fim de impedir que a infecção se espalhe ainda mais.
Infelizmente, na maioria dos casos, a resposta é sim, você precisa tirar a prótese.
Quando as bactérias alcançam o osso e/ou a prótese, elas formam uma camada invisível (chamado biofilme), resistente à antibióticos, onde continuam a se multiplicar. Isso não é ruim para a prótese em si, mas continuar com ela pode ser perigoso para o paciente.
Caso haja limpeza de abscessos e partes mortas do osso e mesmo assim a prótese não é tirada, a infecção pode voltar, uma vez que um dos focos de infecção (o biofilme da prótese) não foi removido. Além disso, remover apenas o biofilme beira o impossível — por conta da resistência à antibióticos — e, por isso, o mais comum é substituir a prótese infectada por uma nova.
Raramente, a prótese pode ser mantida. Esses casos acontecem quando o tratamento é iniciado muito rapidamente e não dá tempo das bactérias formarem o biofilme.
A amputação pode ser uma opção quando a infecção é em algum dos membros (inferiores ou superiores) e não é resolvida com o uso de antibióticos e da limpeza cirúrgica.
Adaptar-se à vida sem um membro pode ser uma tarefa bem complicada, mas essa alternativa é a melhor para impedir que a infecção se espalhe pelo corpo.
E quando há dificuldades técnicas no tratamento? Existem pacientes que não podem passar pela cirurgia por estarem desnutridos e/ou anêmicos, entre outras complicações que impedem o procedimento cirúrgico. O que fazer então?
Infelizmente, nesses casos, o uso de antibióticos é prolongado e existe um risco muito grande das bactérias passarem a resistir aos medicamentos usados. Podemos dizer que, em certas situações, não há perspectiva de cura.
Por quê tratar então? É simples: para evitar complicações.
Embora, em muitos casos, a infecção não possa ser erradicada, ela pode ser contida. Além disso, pode-se fazer um regime medicamentoso para manter a infecção controlada enquanto se prepara o paciente para a limpeza cirúrgica. Essa preparação busca melhorar as condições do paciente para sobreviver à operação e pode ser feita com medicamentos e dietas que tratam as condições impeditivas, por exemplo.
O tratamento em casos incuráveis busca, principalmente, prevenir a sepse (infecção generalizada) e aliviar sintomas da infecção que podem estar fazendo o paciente sofrer. Entre as principais preocupações a respeito desse tratamento é, como já se sabe, a resistência, além dos efeitos colaterais dos antibióticos que costumam ser bem desagradáveis.
Em uma última instância, o tratamento sem perspectiva de cura pode levar ao mesmo desfecho que ficar sem tratamento: quando a bactéria cria resistência, ela passa a se proliferar normalmente, e todo o trabalho feito para evitar complicações volta à estaca zero.
Apesar de serem facilmente prevenidas com o tratamento correto, as complicações da osteomielite podem ser extremamente graves:
Por estar muito próximo das articulações, a osteomielite pode levar a bactéria até o líquido sinovial, presente dentro das articulações sinoviais. Esse tipo de articulação é encontrado nas juntas que proporcionam maior movimento, como o joelho, cotovelo, ombro e até mesmo nos dedos.
Quando a medula óssea é atingida e inflama, há a compressão dos vasos sanguíneos, o que leva à morte do tecido ósseo.
No caso de crianças, a osteomielite pode atrapalhar o crescimento do osso. Isso porque um dos tecidos que mais sofrem com a doença é a placa epifisária, também conhecida como placa de crescimento, encontrada nas extremidades de ossos longos.
As placas epifisárias são responsáveis pelo crescimento do osso, sendo calcificadas com o tempo. Com a infecção, essas áreas podem perder sua função.
Quando a osteomielite abre feridas na pele para drenagem do pus, as áreas ao redor das lesões têm maior chance de desenvolver um crescimento descontrolado de células escamosas, resultando em câncer de pele.
Quando a infecção atinge a corrente sanguínea, os microrganismos se espalham por diversos tecidos, resultando em uma infecção e inflamação generalizada. Vale lembrar que a sepse é altamente fatal e de difícil tratamento.
Devido à resistência das bactérias e a possibilidade de sepse, órgãos vitais podem ser infectados. Quando as coisas chegam a esse ponto, a osteomielite pode facilmente levar ao óbito.
Se você já se cuida para evitar qualquer tipo de infecção, não precisa fazer muito mais do que isso a fim de evitar a osteomielite. No entanto, caso você queira dicas para manter-se seguro, as medidas a seguir devem ser adotadas:
Gostou de saber mais sobre a osteomielite? Que bom! Agora faça a sua parte e previna-se! Não esqueça de consultar um médico sempre que tiver suspeita de alguma coisa, ok?
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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