A hepatite se trata de qualquer inflamação no fígado, aguda ou crônica, que pode ser causada por infecções virais ou bacterianas, abuso de álcool, medicamentos, drogas, doenças hereditárias e doenças autoimunes. No caso de hepatite viral, os sintomas da doença podem surgir poucos dias após o contato com o vírus e se manifestam, principalmente, através da cor amarelada nos olhos e na pele, fezes esbranquiçadas e urina escurecida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hepatite viral leva ao óbito cerca de 1,4 milhões de pessoas a cada ano e afeta outras centenas de pessoas no mundo. Os tipos de hepatite variam de acordo com a localidade, com maior número de casos de hepatite B na China e de hepatite C no Egito. Já no Brasil, os tipos mais comuns são as hepatites A, B e C, com estimativa de que, somente no ano de 2005, cerca de 120 mil pessoas contraíram a doença.
As hepatites podem ser curadas com a realização dos tratamentos e uso de medicamentos adequados. Caso o paciente não respeite as orientações do médico, a doença pode gerar complicações e levar à morte.
As hepatites podem se apresentar no quadro agudo, o que permite a recuperação completa do paciente após eliminar o vírus do seu organismo, ou manter a inflamação por um período de mais de 6 meses, tornando-se, dessa forma, crônica.
As causas da hepatite variam de acordo com o tipo, são eles:
As hepatites virais são doenças infecciosas que afetam o fígado através de seis diferentes vírus conhecidos até hoje: A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV), E (HEV) e G (VHG).
A evolução da hepatite varia conforme o vírus, mas somente o B, C e D possuem potencial para formas crônicas.
Também conhecida como “hepatite do viajante”, a hepatite causada pelo vírus A (HAV) é o tipo mais comum da doença. Sua contaminação ocorre pela via digestiva, por meio de água e alimentos mal-cozidos ou contaminados por fezes e pelo consumo de frutos do mar. Apresenta maior disseminação em áreas com condições precárias, saneamento básico falho e pouca higiene.
Seus sintomas aparecem em torno de 15 a 45 dias e são mais discretos, por isso podem ser confundidos com uma gripe, principalmente em crianças. A hepatite A não evolui para a forma crônica, mas pode ocorrer casos graves, como a interrupção total do funcionamento dos rins, quadro chamado de hepatite fulminante.
Hepatite causada pelo vírus B (HBV) é transmitida através da saliva, sêmen ou sangue. Relações sexuais sem proteção, transfusão sanguínea ou partilha de agulhas contaminadas, como em tatuagens, piercings e acupuntura, podem desencadear a doença. O vírus leva em torno de 30 a 180 dias para se desenvolver.
Em muitos casos, a hepatite B é adquirida no momento do parto, passando da mãe para o recém-nascido. A doença pode ser assintomática, porém tem grandes chances de se tornar crônica, que, a longo prazo, acarreta cirrose, falência hepática e câncer hepático.
A hepatite causada pelo vírus C (HCV) tem as vias de transmissão semelhantes à hepatite B, ou seja, através do sangue, relações sexuais ou secreções e artefatos contaminados. Porém, o principal meio de transmissão é por via endovenosa, ao contrário da hepatite B que é por via sexual.
A hepatite C costuma ser pouco sintomática, leva em torno de 30 a 100 dias para o vírus se desenvolver e evolui para a forma crônica em grande parte dos pacientes que não recebem o diagnóstico precoce da doença.
Também chamada de hepatite Delta, a hepatite causada pelo vírus D (HDV) tem a forma de transmissão similar à hepatite B: através do sangue contaminado. A presença do vírus da hepatite B é necessária para que o D se desenvolva, seja a partir de uma coinfecção — infectado simultaneamente por ambos os vírus — ou uma superinfecção — portadores do vírus B que contraem o vírus D.
A doença leva em torno de 45 a 180 dias para o desenvolvimento do vírus e atinge, em maioria, os usuários de drogas injetáveis. Essa forma de hepatite é incomum no Brasil.
Transmitida de forma semelhante à Hepatite A, a hepatite causada pelo vírus E (HEV) se dá a partir da ingestão de água ou alimentos contaminados. É comum em regiões com pouca higiene ou falta de saneamento básico, especialmente após enchentes.
A hepatite E é incomum no Brasil e não evolui para forma crônica, mas, em suas formas graves, tem mortalidade maior em mulheres grávidas.
Hepatite descoberta no ano de 1995, responsável por 0,3% dos casos de pacientes com a doença. Por ser uma descoberta recente, não há muitas informações sobre o vírus, como sintomas ou consequência da infecção, mas sabe-se que a doença é transmitida pelo contato sanguíneo.
A inflamação no fígado causado pelo vírus VHG não ocasiona sérios danos ao organismo, pois costuma ser aguda e transitória. Ainda não foi possível comprovar se a evolução para o quadro crônico conduz a casos de cirrose ou câncer no fígado.
Além das hepatites causadas por vírus, há as hepatites não infecciosas que não são transmitidas pelo contato com outras pessoas.
A hepatite alcoólica é induzida pela ingestão abusiva e prolongada de bebidas alcoólica, que torna o fígado inchado e inflamado. Como toda hepatite crônica, também pode evoluir para cirrose e falência hepática. A chance de atingir mulheres é mais alta do que homens, principalmente se for portadora de alguma hepatite viral.
A hepatite medicamentosa é causada pela ingestão exagerada ou inadequada de medicamentos, o que faz com que o fígado não consiga metabolizar as toxinas e inflame, causando a doença. Pacientes que sejam portadores de outras doenças no fígado correm mais riscos de contraírem, por isso é indicado parar de ingerir os medicamentos ou trocar por outros que sejam menos agressivos.
Os medicamentos mais comuns na causa desse tipo da doença são:
A hepatite autoimune é uma doença genética causada pelo mau funcionamento dos anticorpos, que atacam as células do fígado no lugar de agir como sistema de defesa contra vírus, bactérias e outros invasores. Se não for tratada, a doença pode evoluir para um quadro de hepatite crônica e levar o paciente ao óbito em torno de 5 a 10 anos. As mulheres são as mais atingidas pela doença, que pode ser desencadeada após casos de hepatites virais.
A esteatose hepática é o acúmulo de gordura no fígado, como no caso do consumo excessivo de álcool, diabetes, obesidade, desnutrição, nutrição endovenosa prolongada, colesterol e triglicerídeos altos e cirurgias abdominais.
Certos medicamentos podem favorecer o desenvolvimento da esteatose hepática, como:
A hepatite isquêmica ocorre devido a um baixo fluxo de sangue ao fígado, como após quadros de sepse grave ou estados de insuficiência cardíaca avançada. O uso de cocaína também pode desencadear esse tipo de hepatite, através de espasmos nas artérias hepáticas.
A hepatite também pode ocorrer devido a algumas doenças hereditárias que levam ao acúmulo de ferro e cobre ao fígado, como:
Outras doenças que podem desencadear hepatite:
No caso de hepatites contagiosas, como hepatites A, B, C, D e E, a transmissão se dá das seguintes formas:
Hepatite medicamentosa e hepatite autoimune surgem com o abuso do álcool ou drogas, doenças autoimunes ou predisposição genética, mas não são contagiosas.
A hepatite pode atingir pessoas de ambos os sexos e de todas as idades e etnias. Há certas situações que podem fragilizar o organismo e deixar o indivíduo exposto a adquirir a doença, como:
A hepatite pode surgir rapidamente com sintomas mais intensos, denominada hepatite aguda, ou lenta e menos sintomática, denominada hepatite crônica.
Na hepatite aguda, os sintomas podem variar conforme o tipo da doença, mas inicialmente apresentam condições semelhantes que podem ser confundidas com uma gripe, como:
Esses incômodos são mais frequentes nos casos de hepatites A, B, D e E, não sendo comum aos portadores de hepatite C.
Na melhora dessas queixas, é comum que surjam os sintomas específicos da hepatite, são eles:
Em casos graves, o fígado aumenta seu tamanho ao fazer mais esforço para trabalhar, o que leva ao inchaço no lado direito da barriga.
A evolução dessa forma da doença dependerá dos seguintes fatores:
A hepatite crônica, em sua maioria, é assintomática, ou seja, o paciente é portador da doença, mas não exibe sintomas. Nesse estágio da hepatite, a destruição das células do fígado ocorre de forma lenta, por isso muitas pessoas demoram para diagnosticar a doença. Em alguns poucos casos, o indivíduo pode apresentar os mesmos sintomas da hepatite aguda.
Quando o paciente apresentar um ou mais sintomas, é importante consultar um hepatologista ou gastroenterologista. Para confirmar o diagnóstico o profissional realizará o pedido de exames de sangue, ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada, entre outros.
Durante o exame físico será analisado se há presença dos sintomas típicos, como pele ou olhos amarelos. O médico pressiona suavemente abaixo do abdômen para ver se há dor, sensibilidade ou se o fígado está inchado.
São utilizados para detectar a presença de anticorpos e antígenos do vírus da hepatite no sangue. Para a identificação da doença, normalmente são utilizados os seguintes exames:
Pode ser necessário que o paciente realize mais testes de anticorpos virais para determinar o tipo específico da hepatite viral.
Caracterizado pela retirada de um pequeno fragmento do fígado com uma agulha, o teste permite ao médico determinar se há infecção ou inflamação presente no órgão. É realizado, principalmente, para observar a situação dos danos no fígado em pacientes com hepatite crônica, ou seja, aqueles que estejam sofrendo com a doença por mais de seis meses.
Testes de função hepática utilizam de amostras de sangue para determinar a eficiência do fígado em suas funções básicas, como limpar o desperdício de sangue, proteínas e enzimas. Níveis elevados de enzimas hepáticas podem indicar que o fígado está danificado.
O exame usa de ondas ultrassom para visualizar os órgãos dentro do abdômen e conferir se não há acúmulo de líquido ou danos no fígado.
Algumas hepatites podem demonstrar causas e sintomas semelhantes, mas diferem na forma de contágio, logo, apresentam tratamentos diferentes. No entanto, em todos os casos é indicado o repouso, hidratação, somente utilizar medicamentos sob prescrição médica, interromper o consumo de álcool e fazer uma alimentação equilibrada e pobre em gorduras. O tratamento não deve ser interrompido sem a instrução do profissional.
Esse tipo de hepatite viral não evolui e não consiste em um tratamento específico além de repouso e hidratação. Seguindo essas orientações, a doença irá se curar dentro de algumas semanas. Há vacinas para prevenção do vírus A, que está disponível tanto para crianças, quanto para adultos.
No seu tipo agudo, não requer tratamento específico e irá se curar em algumas semanas. Porém, a hepatite B crônica pode se arrastar por meses ou anos, por isso é tratada com medicamentos antivirais, em especial o interferon alfa. A vacina para a prevenção do vírus B é indicada para todos os recém-nascidos e recomendada para profissionais de saúde que lidam diretamente com o vírus. O tratamento exigirá monitoramento médico prolongado para garantir que não há evolução da doença.
Os medicamentos antivirais são usados para tratar ambas formas da hepatite C, aguda e crônica. O tratamento costuma ser prolongado com a associação de interferon alfa e ribavirina. A hepatite C não possui vacina disponível, mas os pacientes podem atingir a cura seguindo as orientações dos médicos.
Até agora, não há tratamentos específicos para hepatite D, mas alguns pacientes tem demonstrado resultados ao serem medicados com interferon alfa. Há chances da doença voltar mesmo após o tratamento.
Não existem tratamentos específicos, mas os pacientes são aconselhados a realizar repouso, hidratação, dietas com nutrientes e evitar bebidas alcoólicas. O vírus não evolui e se cura sozinho dentro de algumas semanas.
O tratamento é feito com corticoides e azatioprina.
Interromper o uso das substâncias lesivas até a doença ser totalmente curada é a melhor forma de tratá-la. O tratamento também é composto por outras medidas, como nutrição e hidratação, para os sintomas de abstinência.
A fitoterapia é uma medida complementar que pode ajudar a melhorar o estado do fígado, utilizando as seguintes plantas medicinais com efeito positivo em casos de hepatite:
Em casos de Hepatite A, é possível associar o repouso com remédios homeopáticos prescritos individualmente em consultas com homeopatas, que levará em consideração os sintomas de cada paciente. Alguns dos medicamentos usados incluem:
Em alguns casos, os profissionais podem prescrever o uso dos seguintes medicamentos:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site tem apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Caso o paciente negligencie as orientações do seu médico, a doença pode gerar complicações e dificultar a cura. A hepatite geralmente é aguda, mas pode se tornar crônica se durar mais de seis meses, principalmente no caso de hepatite viral B e C. Pacientes infectados pelo vírus B tem entre 5% a 10% de chance de evoluir para doenças crônicas, enquanto no vírus C o risco é de 85%.
Casos graves podem necessitar de internamento hospitalar para o controle da doença, por isso o diagnóstico e tratamento precoce das hepatites podem evitar a evolução para cirrose, insuficiência hepática ou até mesmo neoplasia de fígado. Se a doença progredir, pode ser necessário um transplante de fígado ou tratamentos com radioterapia e quimioterapia.
Quando há insuficiência hepática, outras complicações também podem ocorrer:
Outras complicações incluem a glomerulonefrite, uma doença renal causada pelo vírus da Hepatite B, e a crioglobulinemia, uma doença vascular rara causada pelo vírus da Hepatite C.
As principais orientações para prevenir e conviver com a hepatite contagiosa envolvem a higiene, como:
Além das orientações acima, é recomendado tomar as vacinas contra hepatite A e B para deixar seu organismo protegido. Altas dosagens de álcool também devem ser evitadas, preferindo o consumo moderado. Até então, não são conhecidas formas de prevenção da hepatite autoimune ou por medicamentos.
Para não correr o risco da doença evoluir e se tornar crônica, é importante ir ao médico e realizar as vacinas necessárias e exames de rotina que detectam a hepatite. Ajude também seus amigos e familiares compartilhando esse artigo para que eles saibam os riscos da doença e como se prevenir!
Referências
https://www.tuasaude.com/sintomas-de-hepatite/
https://www.tuasaude.com/hepatite/
http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-sao-hepatites-virais
http://www.mdsaude.com/2009/08/esteatose-hepatica.html
http://www.mdsaude.com/2009/06/o-que-e-hepatite.html
https://www.tuasaude.com/tipos-de-hepatite/
http://www.fiocruz.br/bibmang/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=98&sid=106
http://www.hepcentro.com.br/hepatites.htm
https://www.abcdasaude.com.br/gastroenterologia/hepatites
https://www.criasaude.com.br/N1909/doencas/hepatite.html
http://www.healthline.com/health/hepatitis#Overview1
Rafaela Sarturi Sitiniki
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