A tuberculose pulmonar é conhecida por afetar o mundo inteiro. O microorganismo que causa a doença é conhecido como Mycobacterium tuberculosis ou como bacilo de Koch. A doença afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos, como os rins, intestinos, sistema nervoso, pele, ossos, articulações, ovários e gânglios.
No Brasil, os números são preocupantes, apesar de a doença diminuir anualmente. Aqui, a tuberculose é tratada como problema de saúde pública, pois tem profundas raízes sociais. Todo ano, cerca de 70 mil casos de tuberculose são registrados no país e, com a pandemia, os números sofreram algumas altas imprevistas, aumentando a preocupação com a doença.
A condição já foi a principal causa de morte durante muitos anos e as pessoas que mais sofriam com a doença eram as mais pobres. Durante algum tempo, esse número diminuiu, mas, na década de 1980, a tuberculose teve uma nova alta de casos com o surgimento da AIDS.
A notificação da doença é obrigatória, o que significa que o(a) médico(a) tem o dever informar à Secretaria da Saúde sobre a contaminação, contribuindo para o intenso controle da doença.
Continue lendo este artigo para saber mais sobre o que é a tuberculose, quais os sintomas, quando procurar ajuda e quais são os tratamentos.
Índice — Neste artigo, você irá encontrar as seguintes informações:
A tuberculose pulmonar é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria denominada Mycobacterium tuberculosis, que pode ser transmitida de pessoa para pessoa por via aérea, por meio de gotículas de saliva e secreção contaminadas.
É uma doença que afeta principalmente os pulmões, embora também possa atingir outros órgãos em sua versão extrapulmonar.
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A doença é transmitida pelo ar, por meio de gotículas expelidas pelo espirro, tosse ou fala de pessoas já infectadas. Essas partículas deixam o ar contaminado e podem ser inaladas por pessoas saudáveis, processo que leva a bactéria a se alojar no pulmão.
A bactéria causadora da tuberculose é sensível à luz solar e a ambientes secos, podendo sobreviver por períodos variáveis quando fora do corpo humano, o que a torna dependente de condições ideais para uma maior sobrevivência sem um hospedeiro.
Apesar de a doença ser passada de uma pessoa para outra, existem alguns fatores que facilitam a contaminação. A difusão da bactéria depende das condições de vida dos hospedeiros, incluindo elementos como nível de aglomeração, habitação, alimentação e trabalho.
Estes são alguns dos facilitadores na difusão da tuberculose:
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Existem diferentes tipos de tuberculose pulmonar:
Ao inalar gotículas com os bacilos da doença, é possível que eles se alojem na garganta e no nariz, regiões do corpo que inibem o início da infecção. Se as bactérias não passarem dessa barreira de defesa, as chances de desenvolver tuberculose são drasticamente reduzidas.
Quando os bacilos atingem o corpo sem causar a doença, podemos interpretar isso como um sinal de que o sistema imunológico está forte e sob controle.
Por outro lado, a infecção pode ocorrer rapidamente se os bacilos chegarem aos alvéolos, parte anatômica do pulmão responsável pela troca de gases (oxigênio e dióxido de carbono) entre o ar inalado e o sangue que circula nos capilares pulmonares.
A chamada tuberculose primária ocorre logo após a infecção inicial e pode se manifestar de forma aguda ou lenta. Essa forma da doença é identificada pelos sintomas de febre, mal-estar, sudorese noturna, perda de peso e tosse.
Podendo ser identificada por meio da radiografia de tórax, a tuberculose primária pode demandar a realização de uma baciloscopia para definição do quadro.
Quando há complicações, esse tipo de tuberculose pode desenvolver uma disseminação hematogênica e causar condições como tuberculose pulmonar miliar e meningite tuberculosa, além de afetar outros órgãos.
Esse tipo de tuberculose ocorre tardiamente, podendo se manifestar após cinco anos da infecção inicial, com sintomas que incluem tosse, expectoração e dispneia (sensação de não estar inalando ar o suficiente).
A tuberculose pós-primária pode surgir em decorrência da reativação de um foco latente ou de uma nova infecção. Além disso, alterações como lesão pulmonar cavitária e fibrose podem ser detectadas nos exames de imagem.
Situação em que o(a) paciente está infectado(a) pela bactéria, mas sem apresentar sintomas ativos da doença. Cerca de 5 a 15% das pessoas infectadas podem desenvolver esse tipo de tuberculose ao longo da vida.
Apesar de a doença só ser transmitida com a inalação do bacilo de Koch, existem algumas condições que facilitam a infecção e surgimento da tuberculose. São elas:
Recomenda-se, ainda, evitar viagens para locais endêmicos e, caso não seja possível, é recomendável usar medidas preventivas simples, como uso de máscara, por exemplo.
Há uma grande preocupação com a tuberculose não apenas pela mortalidade ligada às bactérias, mas também pelo tratamento, que costuma ser longo e custoso. Além disso, o bacilo já se tornou resistente a alguns medicamentos como, por exemplo, a rifampicina e a isoniazida, apontando a evolução do microorganismo.
A tuberculose tem alguns sintomas específicos e é muito importante que, caso você se identifique com esse conjunto de sinais, procure auxílio médico o quanto antes, a fim de iniciar o tratamento precoce e evitar ao máximo contaminar outras pessoas.
Confira os principais sintomas da tuberculose pulmonar:
Um dos sintomas mais comuns e característicos da tuberculose, a tosse é geralmente seca no início e pode apresentar muco à medida que a doença progride.
Quando surge a expectoração, tem-se a produção de escarro. Dependendo da fase e intensidade da infecção, o escarro pode ser esbranquiçado, amarelado, esverdeado ou com raias de sangue.
Quando os vasos sanguíneos pulmonares são afetados pela infecção, surge uma quantidade mais expressiva de sangue no escarro.
Com intensidades que podem ir de leve a intensa, os pacientes costumam queixar-se de dor ao tossir ou ao realizar uma respiração profunda;
A infecção pode causar uma fadiga extrema e fraqueza geral, com sensação de falta de energia e dificuldade para realizar atividades diárias;
Esse sintoma aparece de forma persistente, ainda que em temperaturas geralmente baixas. A febre costuma vir acompanhada de suores noturnos frequentes;
É comum que a pessoa com tuberculose relate perda de peso sem motivo aparente, principalmente em casos nos quais não há diminuição do apetite.
O processo de diagnóstico da tuberculose pulmonar pode incluir várias etapas:
Primeiramente, os médicos costumam realizar uma análise da história clínica do(a) paciente, coletando informações sobre os sintomas, fatores de risco, histórico de contato com pessoas infectadas, moradia em condições precárias ou histórico de viagem para áreas com alta incidência da doença.
Ainda na primeira consulta deverá ser realizado o exame físico com o intuito de verificar os sinais como crepitações ou ruídos anormais nos pulmões.
Notado algum indício de tuberculose, poderá ser realizado o teste cutâneo de tuberculina (PPD), utilizado para detectar a presença de uma resposta imune causada por uma infecção prévia do Mycobacterium tuberculosis. Isso significa que o teste é capaz detectar se a pessoa foi exposta à bactéria pela primeira vez ou se é um caso de reinfecção.
Chamado também de “teste tuberculínico” ou “teste de Mantoux”, esse recurso utiliza uma pequena quantidade de derivado proteico purificado (PPD), que é injetada sob a pele do antebraço.
Deve-se, então, aguardar de 48 a 72 horas para avaliar a reação de hipersensibilidade, que indica contaminação prévia ou atual pelo bacilo. Se não houver reação, é pouco provável que a pessoa tenha sido infectada por essas bactérias.
Como exames de imagem também podem ajudar a detectar a tuberculose, exames como a radiografia de tórax poderão ser solicitados. O raio-x permite identificar possíveis alterações nos pulmões, como cavidades ou linfonodos aumentados.
O exame bacteriológico também é essencial para confirmar o diagnóstico. Nesse caso, é realizada a coleta de amostras de escarro em três dias consecutivos. Esse material, então, é enviado para o laboratório, onde é realizada uma baciloscopia.
Geralmente, esses processos são suficientes para iniciar o tratamento, mas também poderão ser realizados alguns testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR). Utilizado para detectar o DNA do Mycobacterium tuberculosis nas amostras de escarro, esses testes não são tão comuns devido ao custo mais alto do procedimento.
O tratamento padrão para tuberculose pulmonar sugerido pelo Ministério da Saúde segue um esquema terapêutico padronizado, que consiste em duas fases:
Os medicamentos antituberculose têm um mecanismo que interfere no sistema enzimático do bacilo ou que bloqueia a síntese de metabólitos essenciais para seu crescimento, reduzindo sua resistência e evitando que ele se multiplique. Os medicamentos mais utilizados na fase intensiva incluem isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol.
Na fase de manutenção, a isoniazida e a rifampicina costumam ser mantidas por um período mais longo, sendo os principais responsáveis por garantir a erradicação completa das bactérias remanescentes.
Existem diferentes esquemas terapêuticos para tratamento da tuberculose e a escolha deles leva em consideração dados coletados em exames, como o metabolismo do bacilo e sua localização no organismo.
O tratamento padrão consiste geralmente em uma fase inicial intensiva de cerca de 2 meses, seguida por uma fase de continuação de 4 a 6 meses.
A medicação é administrada diariamente e supervisionada por profissionais de saúde para garantir a adesão adequada, evitando o desenvolvimento de resistência aos medicamentos, potencializando a cura da doença e trabalhando junto aos pacientes para que sejam mínimos os índices de desistência.
Vale reforçar que durante o tratamento, a pessoa com tuberculose continua transmitindo a doença, de modo que é importante adotar medidas de controle de infecção, mantendo a ventilação adequada dos ambientes, utilizando máscaras e realizando o rastreamento de contatos próximos para prevenir a disseminação dos patógenos.
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As complicações da tuberculose pulmonar são múltiplas e variam de acordo com diversos fatores, mas algumas são consideradas mais comuns:
A tuberculose pulmonar pode se tornar extrapulmonar, saindo do interior do pulmão e se disseminando para outras partes do corpo, como os gânglios linfáticos, ossos, articulações, sistema nervoso central, fígado e rins.
Esse processo geralmente ocorre por meio da disseminação hematogênica, caracterizada pelo momento em que as bactérias entram na corrente sanguínea e se espalham para diferentes órgãos, podendo desenvolver problemas como:
Nos pulmões, a infecção pode causar a formação de cavidades, ou seja, áreas cheias de líquido ou ar que surgem em decorrência da necrose do tecido pulmonar.
Além de serem um problema em si mesmas, essas cavidades ainda podem facilitar a disseminação da doença, aumentando os riscos de outras complicações, como hemoptise (tosse com sangue) e pneumotórax (colapso do pulmão devido ao acúmulo de ar no espaço pleural).
As lesões causadas pelos bacilos podem levar ao surgimento de cicatrizes nos pulmões, resultando na chamada fibrose pulmonar.
A fibrose é um processo comum de formação de tecido cicatricial e em muitos casos não costuma apresentar riscos. No entanto, quando ocorre em alguns lugares dos pulmões, pode acabar afetando a função pulmonar e dificultando a respiração.
Em quadros mais graves, principalmente naqueles que não receberam o tratamento adequado, a tuberculose pulmonar pode levar à insuficiência respiratória, fazendo com que o órgão não consiga mais fornecer oxigênio ou remover dióxido de carbono de forma eficiente.
Algumas cepas de Mycobacterium tuberculosis podem desenvolver resistência aos medicamentos, levando a um caso de tuberculose multidroga-resistente, muito mais difícil de ser tratada.
Nesses casos, se faz necessário o uso de medicamentos de segunda linha, que, além de serem mais caros, também são mais tóxicos para o organismo.
A melhor forma de prevenir a doença é tomar a vacina BCG. No Brasil, as crianças são vacinadas entre 1 a 4 anos de idade.
Fazer a prevenção secundária com isoniazida é indicada para as pessoas que convivem com o paciente de tuberculose, seja em casa ou no trabalho. Essa prevenção, antes de ser feita, é necessária a realização de exames específicos.
Também é indicado evitar locais que não haja luz solar e que esteja com aglomeração de pessoas.
Quanto antes o problema for diagnosticado, maiores as chances de tratamento e cura da doença.
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A tuberculose é uma questão de saúde pública que vem sendo enfrentada pela população e pelas instituições médicas. Com sintomas específicos e alta transmissibilidade, a tuberculose é melhor tratada quando descoberta precocemente.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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