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Tratamento de hepatite C: desde 2018, mais simples e eficaz

Publicado em: 10/03/2020Última atualização: 04/12/2020
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A hepatite C é uma infecção que gera inflamação no fígado. Atualmente, atinge em torno de 1 milhão e meio de pessoas só no Brasil, mas boa parte não sabe. Isso porque há muitos motivos para que a doença seja desconhecida pela população, entre eles, a demora para os sintomas se manifestarem.

Geralmente, eles começam a aparecer apenas quando o fígado já está seriamente comprometido, o que pode ocorrer somente entre 20 e 30 anos depois de o vírus invadir o organismo.

E não é só isso que contribui com os dados preocupantes sobre o desconhecimento em relação à hepatite C. Mesmo com campanhas de prevenção e tratamento da doença, o VHC (vírus causador da infecção) é relativamente novo. 

Foi somente em 1989 que ele foi identificado, sendo que até então o quadro era chamado de hepatite não-A e não-B. A partir daí, profissionais e autoridades de saúde tiveram mais informações sobre a doença, bem como a necessidade de adotar medidas preventivas para reduzir a transmissão do agente viral.

Esses fatores, juntos, têm uma contribuição significativa nas elevadas taxas de hepatite C ainda não diagnosticadas. Com isso, o tratamento também não ocorre, fazendo com que seja favorecida a transmissão do HCV para outras pessoas.

Então, conhecer sobre a infecção e as formas de prevenção é a melhor maneira de cuidar-se!

Sintomas: o que a infecção por VHC pode causar?

Boa parte das pessoas infectadas com o vírus da hepatite C é assintomática, tanto na fase aguda (até os 6 primeiros meses após a infecção) quanto na crônica, fazendo com que a condição não seja tratada adequadamente. No entanto, uma porcentagem muito baixa dos casos apresenta sintomas.

Quando eles ocorrem, os mais comuns incluem:

  • Náuseas;
  • Mal-estar;
  • Perda de apetite;
  • Fadiga;
  • Perda de peso.

Além disso, há pessoas que ficam com a pele e olhos amarelados, uma condição chamada de icterícia, e que é a característica mais marcante de comprometimento do fígado.

Porém, como muitas dessas manifestações são brandas e inespecíficas, como o cansaço, mesmo quando pacientes têm quadros sintomáticos, eles podem ser pouco indicativos.

Lembrando que muitas pessoas podem ter sido infectadas antes da completa identificação do vírus, em 1989. Isso faz com que, quando os sintomas começam, nem sequer sejam levantadas suspeitas de hepatite C, logo que nem sempre as pessoas lembram que foram expostas às situações de risco.

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Transmissão em ocasiões do dia a dia

Apesar de muitas pessoas relacionarem a hepatite C à transmissão sexual, a infecção pelo vírus acontece principalmente em situações cotidianas, como fazer as unhas na manicure, colocar um piercing, fazer uma tatuagem ou até durante uma consulta odontológica.

Tudo depende de algum instrumento usado nessas ocasiões estar infectado com o vírus VHC, geralmente ocorrendo porque os equipamentos não são devidamente descartados ou esterilizados.

Vale lembrar que, mesmo que não haja nenhum sintoma, as pessoas contaminadas podem transmitir o vírus. 

Saiba mais sobre as formas de transmissão:

Contato com sangue contaminado

O contato com o sangue contaminado é a principal via de transmissão da hepatite C. Dessa forma, atividades comuns ou cotidianas podem ser os meios de contaminação pelo HCV.

Fazer as unhas com itens não higienizados ou compartilhados, fazer tatuagens ou colocar piercings em locais não fiscalizados ou até ir à consulta com dentistas que não usem materiais descartáveis são situações de risco.

Compartilhar seringas e materiais cortantes ou perfurantes ou envolver-se em acidentes que podem provocar o contato direto com sangue também são situações capazes de resultar em infecção.

Além disso, outro aspecto importante é a transfusão de sangue. Apesar de hoje o procedimento ser seguro, devido às testagens que fazem no material doado, até 1989 o vírus HCV era desconhecido por profissionais de saúde e até 1993 o material doado não era testado.

Assim, qualquer pessoa que tenha recebido transfusão de sangue antes de 1993, obrigatoriamente, deve realizar os testes anti-HCV.

Transmissão sexual 

A transmissão da hepatite C através de relações sexuais desprotegidas é pouco comum, mas pode ocorrer. 

De forma geral, as situações que envolvem possibilidades de lesionar as mucosas são as mais relacionadas à transmissão, exatamente por favorecer o contato com pequenos sangramentos.

Porém, toda relação sexual sem camisinha envolve riscos de infecção.

Transmissão vertical 

Outra forma de infecção é a chamada transmissão vertical, que ocorre de mãe para filho(a) durante a gravidez, geralmente durante o parto. Por isso, a via transplacentária (durante a gestação) é bem menos comum. 

Então, todas as mulheres grávidas devem realizar os testes anti-HCV no início da gestação e, caso haja o diagnóstico, seguir as orientações médicas.

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Quando fazer o teste de hepatite C?

Faça um teste para hepatite C se você:

  • Tem mais de 40 anos e nunca fez um teste para a infecção;
  • Realizou transfusão de sangue antes de 1993;
  • Tem o hábito de frequentar manicure e podólogo(a);
  • Já colocou piercings ou fez tatuagem;
  • Usou/usa drogas injetáveis ou inaláveis;
  • Tem pessoas na família que já receberam o diagnóstico de hepatite C;
  • Fez sexo desprotegido;
  • Vive com HIV ou AIDS;
  • Faz/fez hemodiálise.

Qual especialidade faz o diagnóstico?

Hepatite C
Hepatite C

Apesar de a hepatologia ser a especialidade para diagnosticar, tratar e prevenir as doenças do fígado, médicos e médicas de outras áreas também podem ajudar a identificar a infecção, principalmente se detectarem precocemente os fatores de risco e sinais da doença. 

O exame é bem simples e está disponível em unidades de saúde do SUS ou Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Esses testes são rápidos e identificam anticorpos para a doença.

Isso significa que, caso dê positivo, não necessariamente a pessoa está com a infecção ativa, pois pode indicar que houve contato com o HCV, porém o vírus foi combatido pelo corpo.

Nesse caso, é preciso realizar exames de laboratório mais específicos, chamados de testes de carga viral do HCV, que também podem ser feitos pelo SUS ou clínicas privadas.

Com base nestes resultados é que médicos(as) dão as corretas orientações a pacientes.

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Teste gratuito: como ter acesso?

O teste rápido para a hepatite C, ou Teste Imuno-Rápido HCV, é disponibilizado gratuitamente pelo SUS e não necessita de pedido médico. Por isso, basta procurar um Centro de Testagem e Aconselhamento ou Posto de Saúde para realizá-lo.

Ele é feito na hora, com apenas uma gota de sangue tirada do dedo, e o resultado sai em 15 minutos. 

O kit é composto por um pequeno sensor. Após higienizar adequadamente os mãos, um dos dedos será furado com uma lanceta. Uma quantia de sangue é coletada e apenas uma gotinha é dispensada no sensor. Em seguida, o(a) profissional de saúde colocará 3 gotas de diluente em cima da gota de sangue.

Leva cerca apenas 15 minutos para que o resultado saia.

Além disso, pessoas que já têm algum exame de sangue previsto ou agendado também podem pedir à(ao) profissional de medicina que inclua o exame para hepatite C na guia médica.

Tratamento para todas as pessoas

Após a solicitação de exames específicos para a hepatite C e confirmação da infecção, é preciso iniciar o quanto antes o tratamento, logo que isso favorece a cura.

Além disso, exames complementares são feitos para investigar a existência de complicações relacionadas à hepatite C. Entre elas, a cirrose (perda da função hepática devido à formação de tecido fibroso) e o carcinoma hepatocelular, este pode resultar na necessidade de transplantes de fígado.

Independe de haver complicações, o tratamento deve ser feito o quanto antes. Porém, é fundamental saber de todo o quadro clínico, pois isso pode afetar os esquemas e condução do tratamento. Havendo o diagnóstico de fibroses hepáticas ou outras complicações, os quadros devem ser analisados individualmente.

O Ministério da Saúde, desde 2018, adota um protocolo de atendimento para o tratamento da hepatite C, disponibilizando medicamentos mais eficazes e com risco de efeitos colaterais reduzido. Além disso, o tratamento é disponibilizado a todas as pessoas diagnosticadas gratuitamente.

Geralmente, pacientes se tratam com apenas um comprimido ao dia por 12 semanas. Seguindo o protocolo com disciplina, a chance de cura é bastante alta, chegando a 98%. 

O que mudou no tratamento

Medicamentos mais eficazes, com menos efeitos colaterais e de uso oral. Essas são algumas mudanças presentes no novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais de 2018. Veja o que mais mudou:


Protocolos antigosProtocolo atual
Duração do tratamento48 semanas12 semanas
Administração do medicamentoInjeções e comprimidos1 comprimido ao dia
Chance de curaNo máximo 50%Até 98%
DisponibilidadeSó com comprometimento das funções do fígadoPara todas as pessoas diagnosticadas
Efeitos colateraisFortes com:
Náuseas;
Emagrecimento;
Dor de cabeça;
Depressão;
Queda de cabelo.
Leves, quando existem

Hepatite C tem vacina?

Não. Apesar de as hepatites A e B terem vacina, o tipo C ainda não conta com essa via de proteção. Justamente por isso, ainda é bastante difícil o controle de transmissão da doença. 

Vale mencionar que, ainda assim, manter as vacinações em dia é importante para proteger-se de outras doenças e infecções. Quanto à hepatite C, é preciso manter os demais cuidados de prevenção.

Meta para 2030

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um plano para eliminar a atual crise de hepatite C até 2030. Apesar de ainda não ser possível erradicar os casos de infecção por não haver uma vacina disponível, a hepatite C pode deixar de ser um grave problema de saúde pública.

Com a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais, de 2018, o Brasil se alinhou às metas mundiais de redução da hepatite C.

Até 2030, o objetivo é ampliar o diagnóstico e o tratamento das infecções para reduzir em 90% o número de novos casos e a mortalidade em até 65%. 

Com aproximadamente 25 mil casos de hepatite C diagnosticados no país por ano, uma redução em 90% de novos casos equivale a cerca de 2500 casos por ano em 2030. 

Já para reduzir a mortalidade em 65%, é necessário tratar 50 mil pessoas anualmente até 2024 e 32 mil pessoas por ano entre 2025 e 2030.

Para isso, a maior facilidade e rapidez do diagnóstico, bem como tratamentos mais curtos e simples auxiliam no alcance da meta.

Dicas de proteção contra a hepatite C

Os cuidados para prevenir a infecção pelo HCV devem ser adotados até por quem já teve a hepatite C e recebeu tratamento, pois ela não promove imunidade. 

De modo geral, é fundamental ter muita atenção com os objetos perfuro-cortantes que são usados no dia a dia, como lâminas de barbear. Não usar seringas compartilhadas, além de tesouras e alicates de unha, mantendo um kit de uso pessoal, é bastante importante.

Também é necessário lembrar sempre de usar camisinha em qualquer relação sexual e garantir que procedimentos de saúde, higiene e beleza sejam feitos com material esterilizado ou descartável.  

Se houver exposição a alguma situação de risco, a orientação é buscar um serviço médico para receber informações e as cuidados necessários.


Proporcionar formas acessíveis e eficazes de diagnóstico e tratamento é uma forma de reduzir as taxas de hepatite C, doença que afeta cerca de 71 milhões de pessoas e é responsável por aproximadamente 70% das mortes decorrentes das hepatites virais.

Com a adoção do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite C e Coinfecções, o Brasil se une ao objetivo da OMS para o enfrentamento e redução da infecção por HCV.

Assim, de forma gratuita e rápida, é possível descobrir se você tem a doença e iniciar o tratamento.

O Minuto Saudável traz dicas de tratamentos, prevenção e atualização em saúde!

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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