Os transtornos mentais podem trazer grande sofrimento e dificuldades à vida das pessoas acometidas. Listado na CID-10 pelo código F42, o transtorno obsessivo-compulsivo ou apenas TOC é uma das condições que, após o diagnóstico, deve ser acompanhada por profissionais especialistas.
Índice — neste artigo você vai encontrar:
- O que é Transtorno obsessivo-compulsivo?
- Qual a causa do Transtorno obsessivo-compulsivo?
- Como saber se tenho Transtorno obsessivo-compulsivo?
- Tipos de TOC: quais os comportamentos compulsivos mais comuns?
- Tratamentos para TOC
O que é Transtorno obsessivo-compulsivo?
O transtorno obsessivo-compulsivo, também conhecido por TOC, é um transtorno mental caracterizado por obsessões e compulsões que trazem sofrimento significativo para a vida do indivíduo, prejudicando suas relações interpessoais, carreira, estudos, entre outros.
O quadro é listado pela Organização Mundial da Saúde como uma das 10 principais causas de incapacitação das pessoas.
As obsessões são pensamentos inconvenientes, imagens mentais, ideias e impulsos que ocorrem de forma indesejada, são intrusivos e provocam ansiedade.
Já as compulsões, também chamadas de rituais, são comportamentos ou atos mentais que a pessoa realiza para aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.
A maior parte das obsessões presentes no TOC estão relacionadas a preocupações com danos e riscos, tendo uma certa relação com a realidade. Por exemplo, uma comum é o medo de contaminar-se com os microrganismos presentes em diversos lugares no dia a dia.
A contaminação é um risco real, mas a pessoa que sofre de TOC tem um medo irracional dela, o que toma proporções irrealistas.
Para lidar com a ansiedade causada pelo quadro, a pessoa pode higienizar as mãos com muita frequência, evitar tocar objetos compartilhados com outras pessoas como maçanetas, higienizar superfícies com frequência acima da necessária, entre outros.
É possível perceber que a obsessão tem um fundo de verdade, mas que o medo é exagerado e irracional. As compulsões buscam aliviar a ansiedade causada pelos pensamentos obsessivos, mas esse alívio dura pouco tempo, fazendo com que a pessoa volte a realizar as compulsões em intervalos de tempo curtos.
Em alguns casos, elas não têm uma ligação lógica com a obsessão, como o impulso por arrumar as coisas de forma simétrica ou evitar de pisar em linhas em chãos de azulejos, por exemplo.
Maior parte das pessoas que sofrem com TOC sabe que suas obsessões são irrealistas e os rituais realizados são excessivos, mas algumas não têm essa noção e conseguem justificar, ao menos para si mesmas, os pensamentos e compulsões que realiza.
A presença de comorbidades é muito frequente no caso de pessoas com TOC.
Cerca de 75% das pessoas que apresentam transtorno obsessivo-compulsivo sofrem também de algum transtorno de ansiedade, 50% a 60% sofre de transtorno depressivo maior e cerca de 30% tem também o diagnóstico de transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. É frequente também a presença de tiques.
Os sintomas do TOC podem ter início já durante a infância, mas frequentemente são confundidos com manias normais da idade e, portanto, o diagnóstico geralmente só é feito muitos anos depois. Em média, ele ocorre em pessoas pouco acima dos 18 anos de idade.
Qual a causa do Transtorno obsessivo-compulsivo?
Pesquisadores e pesquisadoras ainda não encontraram uma causa específica para o transtorno obsessivo-compulsivo, mas muitos(as) acreditam em uma falha na interação entre fatores genéticos e ambientais.
O histórico familiar de TOC aumenta as chances de uma pessoa desenvolver o transtorno, especialmente nos casos em que ele manifestou já durante a infância ou adolescência.
Como saber se tenho Transtorno obsessivo-compulsivo?
A única maneira de saber com certeza se você pode sofrer com TOC é indo a um(a) psiquiatra, que é especialista no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais, sendo capaz de diagnosticar adequadamente um caso de transtorno obsessivo-compulsivo.
Algumas características que podem ajudar o psiquiatra a realizar o diagnóstico são:
- Investimento de mais de 1 hora por dia em rituais e compulsões;
- Presença de angústia significativa;
- As obsessões e as compulsões chegam a interferir de maneira significativa na capacidade funcional da pessoa, ou seja, ela tem dificuldades para manter relações interpessoais, dificuldades na carreira, entre outras.
Algumas pessoas altamente perfeccionistas e organizadas podem suspeitar de TOC, mas é importante uma avaliação de um psiquiatra para determinar se esse é o caso mesmo. Muitas vezes, a pessoa pode até ter essa “mania de organização”, mas isso não necessariamente é patológico.
Um fator determinante para o diagnóstico é o longo tempo investido nas compulsões, chegando a atrapalhar significativamente a vida profissional, acadêmica e social do indivíduo.
Além disso, existe a possibilidade da pessoa desenvolver comportamentos de esquiva, ou seja, evitar situações que podem ser gatilho para seus rituais. Neste sentido, uma pessoa com TOC de limpeza, por exemplo, pode evitar sair de casa para não ter contato com outras pessoas ou objetos que possam estar contaminados.
Esse tipo de comportamento pode ser tão extremo que ela não consegue manter um emprego, amizades, entre outros.
Vale lembrar que não é necessário que a pessoa apresente tanto obsessões quanto compulsões, apenas um dos fatores é o suficiente para o diagnóstico.
Tipos de TOC: quais os comportamentos compulsivos mais comuns?
As obsessões e as compulsões que aparecem no TOC são diversas e cada pessoa pode ter uma série de sintomas únicos. Contudo, existem alguns temas que são recorrentes na manifestação do transtorno, como o TOC de limpeza, de tabu, entre outros. Entenda:
Contaminação e limpeza
Um dos temas mais recorrentes é o medo da contaminação, acompanhado de compulsões de limpeza. A pessoa está frequentemente preocupada com a possibilidade de ser contaminada por um microrganismo e, portanto, precisa higienizar-se com frequência.
As compulsões deste tipo incluem lavar as mãos com frequência exagerada, carregar lenços para higienizar superfícies públicas (como maçanetas, por exemplo), higienizar as mãos após cumprimentar uma pessoa, entre outras.
Pensamentos proibidos
Outro tema recorrente são os tabus, ou seja, pensamentos que não são socialmente aceitáveis. O indivíduo pode ter pensamentos obsessivos relacionados à agressão, sexo, religião, entre outros assuntos que são considerados tabus.
Nesses casos, é comum que não haja compulsões aparentes, sendo mais frequentes atos mentais como fazer cálculos, recitar mantras pessoais, entre outros.
Simetria
As obsessões de simetria frequentemente se manifestam como uma angústia intensa ao ver coisas desorganizadas, eventualmente há uma sensação de que algo ruim poderá acontecer se a pessoa não colocar tudo em ordem.
Este tipo de obsessão geralmente acompanha compulsões de organização e contagem, fazendo com que a pessoa organize objetos — o que se estende a outros contextos, não apenas à própria residência — e fique angustiada caso a quantidade de objetos seja diferente do que considera adequado.
Um exemplo são aquelas pessoas que só conseguem deixar o volume da televisão em múltiplos de 5, ou precisam comprar tudo em pares.
Ferimentos e compulsão por checagem
O TOC de ferimentos se refere a presença de obsessões associadas a riscos, como o medo de esquecer o ferro de passar roupa ligado e isso resultar em um incêndio, ou o medo de ter deixado as portas e janelas abertas e isso aumentar a probabilidade de uma invasão domiciliar, por exemplo.
Esse tipo de obsessão gera compulsões de checagem, ou seja, a pessoa checa várias vezes para se assegurar que está tudo em ordem.
Antes de sair de casa, a pessoa verifica 30 vezes o fogão para ter certeza que não deixou nenhuma boca aberta e que não há um vazamento de gás, ou destranca e tranca a porta várias vezes para ter certeza que a porta está devidamente trancada.
Frequentemente, pessoas com esse tipo de compulsão se atrasam para seus compromissos, pois têm bastante dificuldade em sair de casa sem perder muito tempo checando as coisas.
Tratamentos para TOC
O tratamento para transtorno obsessivo-compulsivo pode ser feito de duas maneiras: o tratamento farmacológico e o tratamento psicoterapêutico. Em geral, maior parte das pessoas se beneficiam de uma combinação dos dois tratamentos, mas existem casos e casos.
O tratamento farmacológico é feito geralmente com antidesapressivos inibidores da recaptação de serotonina, como fluoxetina, fluvoxamina, sertralina, entre outros. Contudo, a existência de comorbidades, comum em casos de TOC, pode influenciar os medicamentos indicados para cada caso e, por isso, a avaliação adequada de um psiquiatra é indispensável.
Já o tratamento psicoterapêutico é mais voltado para uma abordagem cognitivo-comportamental, que almeja mudanças nos padrões de pensamento e comportamento do indivíduo.
São utilizadas técnicas para monitorar e diminuir a frequência dos pensamentos obsessivos, bem como técnicas de prevenção de realização de rituais para diminuir a frequência das compulsões.
As técnicas de prevenção de rituais são baseadas na exposição a situações ansiogênicas ao mesmo tempo em que há um impedimento de realizar o ritual.
De início, essa terapia pode causar bastante desconforto, mas com o tempo, após a exposição repetida a essas situações, a pessoa deixa de associar esse desconforto à necessidade de realização dos rituais, diminuindo sua frequência.
O TOC está entre as condições mentais que podem afetar a qualidade de vida de pacientes, ainda que os quadros e intensidade dos sintomas possam ser bastante variados entre cada pessoa.
Por isso, ter acompanhamento médico e manter o tratamento adequado auxilia na manutenção do bem-estar. Quer saber mais dicas de saúde mental, bem-estar e qualidade de vida? Acompanhe o Minuto Saudável!