No Brasil, houve 214 mil casos registrados de sífilis congênita entre 1998 e 2019, segundo o Ministério da Saúde. Por isso, o pré-natal é fundamental, pois auxilia no diagnóstico, acompanhamento e prevenção dessa e outras doenças.
Quer saber mais sobre essa enfermidade? Então confira o nosso texto:
Índice — neste artigo você vai encontrar:
A sífilis congênita ocorre quando a criança é infectada por transmissão vertical pela bactérias Treponema Pallidum, causadora da sífilis. Ou seja, ainda na barriga da mãe ou durante o parto, por via transplacentária ou por meio do contato com sangue contaminado.
Essa doença também pode ser transmitida para o neném até mesmo na hora de amamentar (não por causa do leite e sim por causa de feridas na mama).
As chances de transmissão são maiores se a mulher que porta a sífilis não faz o tratamento corretamente da doença.
Nesse caso, a sífilis congênita pode causar abortos espontâneos, natimortalidade, morte fetal ou ainda comprometer o desenvolvimento do bebê após o nascimento. Porém, nem sempre a doença é facilmente diagnosticada. Isso, porque 50% delas são assintomáticas logo ao nascer.
A sífilis congênita precoce acontece quando o bebê entra em contato com a doença durante a gestação ou o parto, mas os sintomas se manifestam até o 2º ano de vida.
Se o contágio acontecer enquanto ainda está dentro da barriga, há possibilidades de parto prematuro ou então nascer com baixo peso. Mas nem sempre há sinais claros de infecção congênita.
Se a criança nascer aparentemente saudável, então, após o parto, será submetida a testes de pele e de mucosa antes de receber alta da maternidade.
No entanto, em casos não diagnosticados precocemente, é possível que os sintomas surjam até o 2º mês (sífilis congênita precoce) ou surjam apenas posteriormente (sífilis congênita tardia).
A sífilis congênita tardia acontece quando a enfermidade se manifesta a partir do 2º ano de vida da criança. É caracterizada por lesões volumosas e pode até comprometer o bom funcionamento de alguns órgãos fundamentais (cérebro, por exemplo), além de poder provocar doenças como neurossífilis e esclerose múltipla.
Outras características são alterações no formato do nariz (em “sela”), da tíbia (em “lâmina de Sabre”), da mandíbula (em “amora” ou curta) e anomalias na boca (dentes de “Hutchinson” ou arco palatino elevado).
A sífilis congênita tardia também pode provocar surdez e dificuldades no aprendizado.
A sífilis latente é caracterizada por ser assintomática, ou seja, não apresenta nenhum sintoma. Isso torna o diagnóstico ainda mais difícil de ser feito, já que quando há a suspeita da doença, pode ser que ela já esteja em um estado avançado. Ela pode ser recente ou tardia.
A Classificação Internacional de Doenças (CID) da Sífilis congênita é A-50.
A CID de uma doença é determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como objetivo padronizar os diagnósticos da medicina.
Ué, como assim?
Por causa da grande variação de idiomas que existem no mundo, as vezes os diagnósticos de pacientes que viajam internacionalmente (para fazer tratamentos, por exemplo) é bem confuso e dificulta a ação da equipe médica em casos de emergências.
Por isso, a OMS criou um catálogo de números para facilitar essa identificação ao redor do mundo.
No caso da sífilis congênita, as subcategorias seguem essa ordem:
A causa da sífilis é a bactéria Treponema pallidum, que foi descoberta em 1905.
O microrganismo é pouco resistente quando está fora do organismo. Água, sabão e desinfetante são poderosos no combate dessa bactéria, que em superfícies úmidas sobrevive por cerca de 10 horas.
A principal forma de transmissão da bactéria é por meio do sexo sem o uso de preservativos.
Infelizmente, muitas pessoas consideram como sexo somente o ato da penetração e se esquecem que a prática oral e a masturbação coletiva também podem transmitir a doença.
Por isso, o uso de camisinhas para a prevenção de doenças é recomendado em todos os tipos de ato sexuais
No caso da sífilis congênita, a principal causa da enfermidade é a contaminação que está presente no organismo da mãe e acaba sendo passada para o bebê.
A principal forma de transmissão da sífilis congênita é por meio do contato entre o sangue da mamãe e do neném. Isso pode acontecer na gestação (pela placenta), no momento do parto (pelo cordão umbilical ou canal vaginal) ou durante a amamentação (pelo bico do seio com feridas).
Em alguns casos, a criança pode manifestar os primeiros sintomas somente após o 2º ano de vida.
Na verdade, a sífilis congênita é uma doença que pode ser assintomática (não manifestar nenhum sintoma) ou serem bastante brandos e pouco específicos.
Quando há presença de sinais, é comum encontrar manchas vermelhas nas palmas das mãos e sola dos pés, que acometem principalmente os nenéns recém-nascidos.
Os sintomas também são manifestados de acordo com o tipo da doença.
Se a sífilis congênita for precoce, os sinais são:
Já se a doença for tardia, é possível que haja sintomas como:
Caso a criança apresente esses sintomas, o ideal é procurar auxílio pediátrico o quanto antes.
O diagnóstico da sífilis congênita depende de fatores como: tempo de gestação ou tempo de vida do bebê.
Geralmente, a suspeita é levantada se a mãe revela que é portadora da doença ou quando a criança manifesta os sintomas.
Após essas especulações, o(a) obstetra ou pediatra solicita exames laboratoriais que variam conforme a fase da vida do bebê.
Durante a gestação, a maioria das mulheres não apresenta sintomas. Por isso, as gestantes devem fazer testes de sangue (VDRL) para identificar a presença da bactéria.
Esse exame deve ser feito no primeiro e no terceiro trimestre da gestação. Ele é realizado 2 vezes para garantir que a mulher não entrou em contato com a bactéria durante a gravidez.
Se o VDRL der positivo, independente do mês em que a gravidez está, o tratamento deve ser começado imediatamente.
O parceiro sexual da gestante também deve se tratar para evitar que ela se infecte novamente.
Após o parto, se ainda houver dúvidas quanto à sorologia da criança (se ela tem ou não a doença), tem-se duas opções.
Se a criança estiver saudável, poderá ser submetida a vários testes (como exames de sangue e raio-X dos ossos).
Caso o neném esteja com outras complicações (cardíacas ou respiratórios, por exemplo), o ideal é recolher a placenta e examiná-la para saber se houve o contato ou não.
Nesses casos, a medicina não utiliza o cordão umbilical já que ele é menos sensível e possui mais chances de apresentar resultados falsos.
O exame Raio-X de Ossos Longos é um dos mais comuns de serem feito nessa fase. Isso porque ele ajuda a estimar o tamanho dos ossos do neném e se eles sofreram algum impacto devido a presença da bactéria.
Também é feito o teste da Sorologia treponêmica (FTA-Abs). Esse exame é um simples exame de sangue mas apresenta resultados confiáveis até que o neném complete 18 meses de vida.
Quando o(a) paciente tem mais de 2 anos, é permitido que se faça um exame de sangue, conhecido como Sorologia não-Treponêmica (VDRL), que é o mesmo feito nos adultos.
Nesses casos, o diagnóstico é bem complexo, principalmente porque a criança pode ter adquirido a doença sem ser pela mãe. Isso é comum nos casos em que o bebê passou por abusos sexuais, por exemplo.
Sim, felizmente a sífilis congênita tem cura que é alcançada por meio do tratamento medicamentoso.
Em alguns casos, pode ser necessário que o bebê faça um acompanhamento pediátrico por até 18 meses, justamente para garantir que não haja sequelas.
Mesmo com a cura total, ainda é importante que se façam as consultas de rotina.
Quando uma mulher portadora de sífilis engravida, é importante que ela avise o(a) médico(a) sobre esse quadro. Não há motivos para ter medo ou vergonha. Na verdade, essa informação pode ajudar salvar a vida do bebê e garantir uma gravidez mais segura e saudável.
A partir da conversa com o(a) obstetra que acompanha a gravidez, a mulher e o neném podem serem recomendados a fazer um tratamento medicamentoso.
Para facilitar, dividimos esse tópico entre os tratamentos a base de remédios indicado para a gestante e para o bebê, que irá receber os fármacos somente após o nascimento.
Vamos lá?
A gestante deverá receber doses frequentes de medicamentos que tenham a Benzilpenicilina Benzatina (também chamada de Penicilina G) como princípio ativo.
Entre os remédios para a gestante estão:
Todos esses fármacos são injeções que devem ser aplicadas em ambiente hospitalar, por profissionais da saúde.
Esses remédios agem diretamente impedindo a reprodução da bactéria causadora da Sífilis.
O efeito no químico no organismo começa em poucas horas após a aplicação e pode perdurar por até 3 semanas.
A posologia deve ser recomendada por um(a) profissional de medicina, já que varia conforme o grau da doença.
A sífilis é considerada primária quando a mulher foi diagnosticada há menos de 1 ano; secundária quando o diagnóstico foi há mais de 1 ano, mas não houve evolução e terciária quando a doença evoluiu, independente do tempo em que foi descoberta.
Dessa forma, a tabela abaixo pode ajudar a entender qual é a quantidade de Benzilpenicilina Benzatina que geralmente é indicada para cada caso:
Grau: | Dose: | Tempo: |
Sífilis primária | 2 400.000 UI | Dose única |
Sífilis secundária | 4 800.000 UI | 1 vez por semana |
Sífilis terciária | 7 200.000 UI | 1 vez por semana |
O uso de antibióticos também pode ser recomendado em alguns casos. Nessas situações, o(a) obstetra é a melhor pessoa para indicar o que pode ou não ser tomado.
Já o bebê, depois de nascido, será avaliado por pediatras para decidir se há ou não a necessidade de remédios. Os medicamentos indicados variam conforme o tempo de vida da criança.
Recém-nascidos com até 28 dias (período neonatal) são tratados com injeções de penicilina G benzatina (as mesmas aplicadas na gestante).
Eles ainda podem receber remédios à base de Ceftriaxona como:
Os nenéns com mais de 28 dias de vida (período pós-neonatal) recebem doses dos mesmos medicamentos, mas com mais frequência. Nas situações graves, o remédio pode ser injetado a cada 4 horas.
Caso for diagnosticado a sífilis congênita durante a gestação, a primeira coisa a fazer é manter a calma e seguir as recomendações médicas.
Se o tratamento for seguido corretamente, a criança tem chances de ficar curada. Quanto mais rápido o diagnóstico, menor o risco de haver danos permanentes.
Entre essas consequências que a sífilis congênita pode trazer estão alterações nos ossos, comprometimento de órgãos e problemas no desenvolvimento cognitivo.
Por isso, muitas vezes, as crianças precisam de acompanhamento de profissionais pediatras, fisioterapeutas e psicólogos para tentar amenizar ou até mesmo reverter essas consequências da doença.
Você sabia que a sífilis congênita pode ser erradicada, se cada um(a) fizer a sua parte?
Isso mesmo. Saiba como:
Se a mulher portadora de sífilis desejar engravidar, ela deverá comentar sobre isso com o(a) ginecologista que a acompanha.
Isso permite que se faça um tratamento preventivo, impedindo assim que o neném entre em contato com a bactéria.
A frase seguinte já é bem conhecida, mas isso não a torna menos importante: usar camisinha é a melhor forma de evitar o contágio das Infecções ou Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Independente do tipo de sexo (oral, vaginal, anal), ela é indispensável.
Mas o que isso tem a ver com sífilis na gestação?
Bem, quando menos pessoas portadoras da doença, menores as taxas de contaminação, diminuindo também a sífilis congênita.
Ninguém pode prevenir aquilo que não conhece. Por isso a importância de fazer o diagnóstico de sífilis, sendo você mulher ou homem.
Em casos de suspeitas de contato com a bactéria, procure orientação médica antes mesmo de ter a próxima relação sexual.
Se o diagnóstico for positivo, é necessário começar um tratamento. Os (as) parceiros (as) sexuais anteriores devem ser avisados para que também possam buscar auxílio médico.
Um dos momentos que mais podem deixar as mães portadoras de sífilis preocupadas é a amamentação. Afinal, devo ou não amamentar o bebê?
Bem, isso vai depender apenas de você.
Felizmente, a bactéria não é passada para o leite materno, ou seja, ele é perfeitamente saudável para o neném.
Porém, o pequeno pode acabar contraindo a doença durante a mamada se os seios da mulher tiveram lesões ou machucados.
Nesses casos, o aleitamento materno deve ser suspenso até que as feridas se cicatrizem ou por 24h após a última dose de Penicilina.
A prática de retirar o leite materno e oferecer ao bebê com a colher também não é recomendada, já que, na hora da extração, o líquido pode acabar entrando em contato com as feridas contaminadas.
A sífilis congênita é uma doença que pode ser tratada e até mesmo prevenida. A melhor pessoa para indicar como agir em todos casos é um(a) profissional de medicina. O time do Minuto Saudável traz outras postagens sobre saúde. Confira nossos textos!!!
Rafaela Sarturi Sitiniki
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