O derrame pleural, ou água no pulmão, é o acúmulo de líquidos dentro da pleura, membrana que reveste o pulmão. Esse acúmulo comprime o órgão e causa dificuldade para respirar, dor no peito e falta de ar. Não é uma doença em si, mas uma manifestação comum de outras doenças.
A pleura é uma membrana dupla que reveste o pulmão e auxilia em seus movimentos. É composta por duas camadas: a pleura visceral, camada interior que fica colada ao pulmão, e a pleura parietal, uma camada mais externa que fica em contato com as outras estruturas anatômicas que envolvem o pulmão.
Já no interior da pleura, existe uma estrutura conhecida como cavidade pleural. Essa cavidade nada mais é do que um espaço de 0,02 milímetros que há entre as duas pleuras. Nela, encontra-se uma pequena quantidade de líquido seroso lubrificante, que auxilia na movimentação, impedindo o atrito quando o pulmão se enche ou se esvazia.
Esse líquido seroso é liberado na cavidade pleural através de capilares sanguíneos na camada mais externa da pleura (parietal). Depois, esse líquido é reabsorvido pelo sistema linfático, de modo que não forme um acúmulo do mesmo. Normalmente, encontra-se cerca de 15 mililitros desse líquido na pleura de uma pessoa normal.
A condição do derrame pleural acontece quando, por algum motivo, há superprodução do líquido seroso, ou quando o sistema linfático não consegue fazer a reabsorção. Assim, o líquido se acumula nessa cavidade e começa a comprimir o pulmão, diminuindo sua capacidade de armazenar ar.
Por não ser uma doença propriamente dita, é necessário investigar a verdadeira causa do derrame quando acontece.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
O derrame pleural pode ser classificado de diversas formas e, uma delas, é de acordo com a composição química do líquido acumulado. Esse líquido pode ser desde o próprio fluido pleural, com pequenas alterações, até sangue e outras secreções.
Essa classificação se dá em:
Caracterizado por um líquido pobre em células e proteínas, de cor clara e transparente, semelhante ao líquido pleural normal, esse tipo de derrame acontece por conta do aumento da pressão nos vasos sanguíneos ou por sangue pobre em proteínas. Sua causa mais comum é a insuficiência cardíaca, seguida por cirrose, ascite e hipoalbuminemia.
O líquido deste tipo de derrame é mais viscoso e opaco, rico em proteínas e células inflamatórias. Algumas vezes, pode estar acompanhado de sangue e pus. Esse líquido ocorre em detrimento de processos locais que provocam maior permeabilidade, o que resulta na entrada em abundância das proteínas, células e outros constituintes do líquido seroso.
Existem diversas causas para esse tipo de derrame, sendo as mais comuns: pneumonia (derrame pleural parapneumônico), câncer com metástase para a pleura, embolia pulmonar, doenças autoimunes como lúpus e artrite reumatóide, infecções virais e tuberculose.
Os tipos de derrame também podem ser classificados de acordo com seu caráter, ou seja, o que realmente está na cavidade. Entenda:
Acúmulo de linfa na cavidade pleural, que tem aparência leitosa devido ao conteúdo rico em gorduras. É causado, geralmente, por traumas na região toráxica, neoplasias, causas congênitas, infecções e trombose venosa do sistema da veia cava superior (no coração).
O líquido é parecido com o do derrame quilotórax, porém é pobre em triglicerídeos e rico em colesterol.
Fluido sanguinolento por conta de trauma, resultado de uma coagulopatia ou até mesmo de rompimento de algum vaso sanguíneo importante, como a aorta ou artéria pulmonar.
Pus na cavidade pleural. Pode ser uma complicação resultante de uma pneumonia, toracotomia, abscessos e infecções.
Outra maneira de se classificar um derrame pleural é de acordo com a sua localização na pleura. São eles:
Ocorre na parte da pleura abaixo do pulmão. Não se sabe a razão do porquê o líquido não se estender para as partes laterais do espaço pleural;
Quando o derrame se mantém encapsulado em qualquer parte da pleura, sendo mais comum em hemotórax e empiemas;
O pulmão é dividido em lobos que são separados por fissuras. Dentro delas, pode haver o acúmulo do líquido, tornando-o de difícil detecção no exame tradicional de radiografia do tórax, por isso o nome “tumor fantasma”.
Em último lugar, existe a possibilidade de um pulmão preso, fenômeno no qual uma camada fibrosa se forma e envolve o órgão, impedindo sua expansão. É, geralmente, causado por um empiema ou tumor. A falta de movimentação do pulmão aumenta a liberação do fluido transudativo, preenchendo a cavidade pleural mais rapidamente, o que causa o acúmulo do líquido.
Existem alguns fatores que risco que auxiliam no desenvolvimento de um derrame pleural. São eles:
Como mostrado anteriormente, o derrame pleural pode ser causado por tumores malignos. Em muitas das vezes, isso acontece pois as células cancerosas sofrem metástase e prejudicam a pleura. Além disso, ocasionalmente, o derrame pode surgir como um efeito colateral de terapias oncológicas, como radio e quimioterapia.
Os tipos de câncer mais comumente relacionados ao derrame pleural são:
Em geral, os sintomas só são sentidos quando o derrame é de um tamanho moderado ou grande e, mesmo assim, algumas pessoas não chegam a sentir nada. É mais provável que o paciente tenha os sintomas apenas quando há inflamação na pleura, uma vez que, muitas vezes, eles são mascarados pelos sintomas da anormalidade causadora do derrame.
Alguns sintomas que podem ser sentidos são:
Dependendo da causa, alguns pacientes podem apresentar febre. A dor no peito é frequentemente descrita como “pontadas”, e pode haver melhora do sintoma quando o paciente se deita do lado afetado. Há também a possibilidade de ortopneia, ou seja, a incapacidade de respirar facilmente em outras posições além de sentado ou em pé, com a coluna ereta.
Havendo a suspeita de derrame pleural, o paciente deve contatar um clínico geral, que pode fazer exames físicos e ouvir a respiração através de um estetoscópio, tentando captar alterações. Caso o médico passe a suspeitar de um derrame, ele pode pedir alguns exames.
Entenda:
Quando há derrame pleural, a radiografia mostra uma anormalidade: parte da área do pulmão apresenta-se como uma mancha branca. Entretanto, ele dificilmente consegue detectar derrames muito pequenos e, por isso, pode haver a necessidade de outros exames.
A tomografia computadorizada fornece imagens mais detalhadas do que a radiografia normal e pode detectar derrames menores.
O exame de ultrassom utiliza uma sonda que capta as ondas sonoras (ecos) e as converte em imagens, podendo mostrar o interior do corpo de maneira eficiente.Por isso, pode ser considerada uma alternativa aos exames de radiografia quando não se pode usar a radiação, como no caso de mulheres grávidas, por exemplo.
Quando nenhum dos exames não invasivos dão resultados satisfatórios ou existe a necessidade de compreender a natureza do derrame, pode-se realizar uma toracocentese. Esse exame consiste em uma punção nas costelas, chegando até a pleura, para coletar o líquido nela contido e enviar para análise (biópsia).
A videopleuroscopia consiste na introdução de uma minicâmera para analisar a pleura, enquanto o paciente está sedado por uma anestesia geral. É um último recurso para investigar a presença de um derrame, caso nenhum dos exames anteriores tenha apontado resultados conclusivos.
Atenção!
É importante lembrar que raramente um derrame pleural vem desacompanhado, ou seja, acontece por si só, sem que outra doença o esteja causando. Em casos nos quais o derrame é detectado sem se saber a causa específica, há a necessidade de realizar outros exames para descobrir e tratar a anormalidade causadora.
Felizmente, o derrame pleural pode ser curado, mas ele pode reaparecer caso a condição que o causa não seja tratada. Por isso, o tratamento principal deve ser relacionado à doença causadora.
Para tratar o derrame em si, existem algumas alternativas. Confira:
Quando o derrame é muito grande e provoca muitos sintomas, é necessária uma drenagem do líquido através de uma toracotomia. Nesse processo, um tubo é inserido na cavidade pleural e drena o excesso de líquido presente. O procedimento é realizado com anestesia local, para que o paciente fique confortável, e pode ser realizado ao mesmo tempo em que se faz a toracocentese.
A drenagem pode ser necessária mais de uma vez, caso o fluido preencha a cavidade pleural novamente.
Em casos nos quais há grande possibilidade de reincidência do derrame, como em pacientes com neoplasias malignas, pode-se realizar a pleurodese. Trata-se de um procedimento invasivo (cirurgia) que, através de cateteres ou tubos, injeta uma substância esclerosante que “cola” as paredes da pleura, eliminando o espaço onde o líquido se acumula. As substâncias mais comumente usadas são talco, nitrato de prata e citocinas proliferativas.
Essa cirurgia pode ser feita de diversos métodos, como através da toracotomia, por cateteres, tubos, e até mesmo por vídeo, utilizando uma minicâmera — procedimento que recebe o nome de VATS, Video-assisted Thoracoscopic Surgery.
Em casos extremos, como o de neoplasia maligna, pode-se realizar a pleurectomia, cirurgia na qual a parte afetada da pleura é removida. É recomendado também nos casos em que há infecção, como derrames exsudativos. No pós-operatório, o paciente ainda terá os fluidos drenados por alguns dias ou semanas.
Um tratamento complementar de extrema importância é a fisioterapia respiratória. Em geral, é recomendado que o paciente faça sessões de fisioterapia respiratória durante todo o tratamento, onde irá aprender exercícios que ajudarão a aumentar a amplitude respiratória, tratando problemas como a falta de ar e dores provenientes da respiração.
Caso o paciente tenha feito o tratamento e alguns sintomas persistam ou haja suspeita de alguma complicação, ele deve contatar o médico responsável pelos procedimentos imediatamente.
Não existe uma maneira exata de prevenir a água no pulmão e a única maneira conhecida de tentar isso é através da prevenção de doenças causadoras do derrame, quando possível.
Ter atitudes saudáveis, como se alimentar adequadamente e praticar exercícios físicos, ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Não fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas também ajuda no combate contra as doenças crônicas.
Outras medidas a serem tomadas é a adoção de hábitos higiênicos que ajudam a combater a proliferação de vírus, fungos e bactérias, evitando, assim, a contaminação das pessoas. Desse modo, evita-se os derrames causados por infecções.
O derrame pleural é uma condição comum, que pode acontecer com qualquer pessoa, e geralmente indica a presença de alguma doença mais séria. Por isso, é importante que as pessoas saibam reconhecer os sintomas e procurem um médico assim que possível.
Esse artigo busca informar o que é a água no pulmão, como reconhecê-la e como é feito o tratamento. Se você acha importante que as pessoas entendam com o que estão lidando, compartilhe esse texto e deixe mais pessoas informadas. Em caso de dúvidas, pergunte que nós respondemos!
Rafaela Sarturi Sitiniki
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