Caracterizada pelo aparecimento de erupções na pele, a brotoeja (miliária) pode causar coceira intensa e ser muito incômoda. Aparece mais frequentemente nos locais de maior produção de suor (como nas dobras da pele), mas pode aparecer também no rosto, dorso, entre outros.
Muitas mamães ficam horrorizadas quando a pele do bebê se enche de bolinhas e sinais cutâneos, mas, às vezes pode ser algo inofensivo, como a brotoeja. Causada pelo excesso de calor e suor, essa condição é facilmente tratável e não apresenta nenhum perigo para seu filho.
Não pense que apenas bebês são acometidos pelo problema: ele também é comum em crianças, adolescentes e adultos, especialmente se essas pessoas são fisicamente ativas, moram em locais quentes e suam com frequência.
Também conhecida como dermatite de calor, é um problema incômodo que pode ser facilmente tratado e prevenido com os devidos cuidados. Então, continue lendo para saber o que fazer caso você (ou seu bebê) apresente essas erupções chatinhas!
O suor é uma reação fisiológica normal do corpo, cujo objetivo é a manutenção da temperatura corporal. É por isso que quando está quente suamos tanto: a eliminação da água ajuda a refrescar o corpo. Isso é importante porque nosso corpo é cheio de substâncias e processos que precisam de uma temperatura certa para funcionar.
Para que o suor aconteça, nossa pele possui duas estruturas: as glândulas sudoríparas e os poros. Nessas glândulas, o suor é produzido e levado até a superfície da pele por meio de ductos que desembocam nos poros.
A brotoeja acontece quando há alguma obstrução nos poros ou nos ductos, geralmente por conta de suor excessivo. Desse modo, o suor é produzido, mas fica preso dentro da pele, o que leva ao rompimento dos ductos e acúmulo de líquido. Essa condição dá origem às pequenas elevações características do problema.
Embora não se saiba exatamente o porquê dos poros ficarem obstruídos com o próprio suor, sabe-se que existem alguns fatores que aumentam as chances do problema aparecer, por exemplo:
Os bebês, geralmente, possuem os ductos imaturos, que são mais frágeis e se rompem mais facilmente. Seus poros menores também impedem a saída de grandes volumes de suor rapidamente.
Como se isso já não fosse o bastante, é comum que os pais coloquem bastante roupa no bebê, especialmente no inverno, o que abafa a pele e intensifica a transpiração.
Por conta da elevação da temperatura corporal na febre, é comum que o corpo sue constantemente enquanto se está doente. Bebês e crianças são os mais afetados com brotoejas durante um episódio febril, mas adultos acamados também podem desenvolver erupções nas costas pela falta de refrigeração.
As altas temperaturas do verão fazem com que o corpo produza mais suor, o que pode influenciar o aparecimento de brotoejas. Vale lembrar, no entanto, que existem regiões nas quais até mesmo o inverno é quente, de modo que as erupções podem ocorrer o ano inteiro.
A realização de exercícios físicos aumenta a temperatura corporal e o suor tenta regular a temperatura. Por isso, não é raro vermos pessoas na academia “pingando” suor.
Especialmente durante o verão, pessoas que praticam esportes e atividades físicas costumam sofrer mais com as erupções.
Existem alguns tecidos que impedem o fluxo de ar e acabam “abafando” a pele, impedindo a evaporação do suor e dificultando a redução da temperatura corporal. Quando usados em dias quentes ou durante exercícios físicos, favorecem muito o surgimento de brotoeja.
Pessoas com tatuagens recentes também podem sofrer do mal por conta do abafamento que o plástico protetor proporciona na região. Por isso — e para evitar outras complicações — é extremamente importante limpar o local e trocar o plástico algumas vezes por dia, dependendo do tamanho do desenho.
Existem diversos produtos como cremes hidratantes e talcos que podem provocar o bloqueio dos poros, impedindo a saída do suor.
Apesar de ser simples, a brotoeja pode ser classificada em tipos diferentes, que dependem do nível onde está a obstrução. Isso causa, também, manifestações clínicas diferentes. Entenda:
Quando o bloqueio se dá em um nível mais superficial, as erupções são incolores, não inflamam e não causam coceira. Na pele, aparecem apenas pequenas “bolinhas” preenchidas com o suor.
Certamente, o tipo mais comum e mais reconhecido quando se fala a palavra “brotoeja”, a miliária rubra é resultado de um bloqueio numa região média do ducto sudoríparo: nem muito perto da base, nem perto da saída do poro.
Nesses casos, o ducto se rompe e o suor vaza para os tecidos adjacentes, provocando uma inflamação local. Isso dá origem às bolinhas avermelhadas que coçam, a manifestação clínica mais clara desse tipo de brotoeja. É normal, também, a sensação de queimação.
Por conta do bloqueio, a pele pode apresentar ressecamento, visto que o suor não chega nela.
Quando o paciente apresenta vários episódios de miliária rubra, a obstrução pode ir cada vez mais fundo, dando origem à miliária profunda. Esse tipo de brotoeja provoca erupções da cor da pele que aparecem logo que se entra em contato com o calor ou após iniciar atividades físicas.
Trata-se de uma forma rara de brotoeja, na qual a obstrução se encontra muito perto da raiz do ducto sudoríparo. Nesses casos, há o surgimento de pápulas mais salientes que as bolinhas da miliária rubra.
Não é raro que, na miliária pustulosa, haja infecções. Deste modo, essas pápulas podem apresentar uma cor amarelada, por conta do pus contido na pele.
O principal sintoma da brotoeja é o aparecimento das lesões cutâneas, que, nos adultos, costumam aparecer em áreas de dobra e onde roupas causam muita fricção, como os vincos do cotovelo, axilas e a virilha. Já nos bebês, elas aparecem ao redor do pescoço, nos ombros, no peito e nas costas.
Como a brotoeja se manifesta depende muito de onde está o bloqueio do ducto:
Na miliária cristalina, o único sinal é o aparecimento das erupções que rompem facilmente. Não há coceira ou qualquer outro sintoma desagradável.
Já na miliária rubra, há coceira intensa e queimação. Não é normal haver dor, mas ela pode aparecer, especialmente se a pessoa coçar muito e lesionar o local. Quando isso acontece, há o risco de desenvolver uma espécie de “crosta” grossa caracterizada por uma pele extremamente ressecada. Pode haver sangramento.
A miliária profunda é assintomática, há apenas o aparecimento das erupções. Por conta da impossibilidade de deixar o suor sair, esse tipo pode acabar fazendo com que outras partes do corpo — como rosto e mãos — tentem compensar liberando mais suor do que o normal (hiperidrose).
Quando há infecção, ou seja, na miliária pustulosa, pode haver dor, queimação e pontos de pus, conferindo uma coloração amarelada às erupções.
A brotoeja é uma condição muito comum e pouco nociva que costuma ser tratada em casa. No entanto, existem alguns sinais que indicam a necessidade de procurar ajuda profissional. São eles:
Esses sinais indicam infecção, que deve ser tratada por um médico o mais rápido possível.
Ao levar o bebê no pediatra ou consultar um dermatologista, o médico irá examinar a aparência das erupções e analisar os sintomas e fatores de risco.
Não é comum que sejam pedidos exames laboratoriais ou de imagem, até porque não existe nenhum específico para o diagnóstico de brotoeja.
A análise das lesões deve ser feita cuidadosamente, a fim de evitar confusões. Isso porque, alguns sintomas são bem parecidos com outras condições de pele, como a dermatite atópica.
A brotoeja é uma erupção temporária, ou seja, que costuma ir embora sozinha. No entanto, ela pode reaparecer rapidamente se os devidos cuidados não forem tomados.
O tempo de duração da brotoeja depende muito da maneira que você cuida dela. Se continuar se expondo ao calor intenso, pode ser que demore até o tempo ficar frio para que ela desapareça. No entanto, ao tomar os cuidados necessários, ela tende a desaparecer em 3 ou 4 dias.
O tratamento da brotoeja consiste, basicamente, em adotar medidas que evitem o calor excessivo e a sudorese intensa (suar demasiadamente). Por isso, grande parte do tratamento é também uma maneira de prevenir sua reincidência.
Algumas dicas são:
Quando nada disso é o suficiente, pode-se optar por loções, pomadas e medicamentos que auxiliem no tratamento. No entanto, isso só deve ser feito após consultar o médico.
O tratamento em bebês não é muito diferente do tratamento em adultos: evitar exposição ao calor e ao sol, evitar banhos muito quentes, usar compressas frias, entre outros. Algumas recomendações são:
No caso de bebês, é muito fácil os pais se enganarem achando que eles sentem muito mais frio que os adultos. Assim, eles colocam muitas e muitas roupas nas crianças para mantê-las protegidas do frio, o que é bem prejudicial.
O ideal é, na verdade, vestir no bebê apenas uma peça a mais do que no adulto. Se o adulto está de manga curta, o bebê pode usar manga comprida. Caso o adulto esteja usando uma blusa de manga comprida, pode-se colocar um casaquinho no bebê.
Bebês não podem tomar banhos gelados. Por isso, recomenda-se que a temperatura da água esteja entre 35 e 36º C, próximo à temperatura corporal de um adulto. Utilize um termômetro para se certificar de que a água está na temperatura certa.
Após o banho, evite secar o bebê com a toalha: deixe que a água evapore sozinha. Não coloque as roupas nele imediatamente após o banho. Deixar a pele respirar ajuda a aliviar as obstruções.
A receita da vovó de colocar maizena na água do banho para refrescar o bebê funciona!
Para isso, recomenda-se usar 2 colheres de sopa de maizena para meia banheirinha de água. Dilua bem e passe essa mistura no tronco, nos ombros e no pescoço do bebê.
Não passe na cabeça, pois há o risco da criança aspirar a mistura.
Os adultos que têm brotoeja não precisam ficar sofrendo com o problema até que ele suma: é possível fazer um tratamento caseiro com produtos naturais para aliviar alguns sintomas. Vale lembrar, no entanto, que esses métodos não têm comprovações científicas e não há garantias de segurança ao aplicá-los.
Aplicar loções de camomila ou até mesmo uma simples infusão ajuda a acalmar a pele, suavizando a coceira.
A aveia possui ação anti-inflamatória que ajuda a reduzir a coceira causada pela brotoeja. Para usá-la, basta adicionar 1 xícara de farinha de aveia numa banheira e misturar bem até que a água esteja com uma cor leitosa. Depois, é só entrar se banhar nessa água de 20 a 30 minutos.
Não tem banheira em casa? Não tem problema: você também pode fazer compressas mergulhadas na água com farinha de aveia, que tem o mesmo efeito. A diferença é que, ao invés de tratar o corpo inteiro, a compressa só é capaz de tratar algumas áreas.
Alguns remédios para tratar a brotoeja são:
Caso seja necessário, o médico pode receitar corticoides e, no caso de infecções, antibióticos tópicos para tratar o problema.
Quem tem brotoeja não precisa se preocupar, pois ela costuma sumir rapidamente assim que o indivíduo se mantém longe do calor e situações nas quais há suor excessivo.
No entanto, casos mais graves podem levar a complicações como uma infecção secundária ou dificuldades na regulação da temperatura corporal.
Existem especialistas que acreditam que o aparecimento de brotoejas seja o primeiro passo no desenvolvimento de dermatite atópica, mas não existem evidências de que a doença esteja relacionada ao suor.
O acúmulo de líquidos por baixo da pele cria um ambiente propício para que as bactérias, já presentes em nosso corpo, se multipliquem e atinjam um nível nocivo para a saúde.
Toda infecção bacteriana, por menor que seja, é perigosa e deve ser tratada por um médico o mais rapidamente possível. Ao perceber acúmulo de pus ou abscessos na pele, consulte um profissional o quanto antes.
Por conta dos bloqueios, a brotoeja pode levar à anidrose, que é a ausência de suor. Nesses casos, a anidrose tende a ser localizada e, por isso, não apresenta risco de vida. Além disso, ela costuma passar assim que o problema é resolvido.
No entanto, a anidrose generalizada (no corpo inteiro) é perigosa pois impede o resfriamento do corpo, levando a um aumento de temperatura fatal.
A fim de compensar a anidrose em certos locais, outras partes do corpo podem começar a suar excessivamente, configurando uma hiperidrose temporária.
A prevenção da brotoeja é feita evitando situações de calor e suor intenso. Portanto, as dicas aqui são as mesmas do tratamento: use roupas leves, tome banhos mornos ou gelados, evite exercícios físicos intensos no calor, evite a exposição solar, entre outros.
Apesar de incomodar bastante, a brotoeja costuma ser inofensiva. No entanto, sempre nos vemos loucos para nos livrar dela! Para que mais pessoas saibam como, compartilhe esse artigo com seus amigos e familiares.
Dr. Lucas Fustinoni
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