A toxoplasmose é a doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e comumente associada aos gatos, uma vez que eles são os principais hospedeiros desses microorganismos. Embora seja geralmente assintomática e pouco ameaçadora para humanos, a infecção se torna um problema durante a gravidez, quando a imunidade da pessoa gestante está comprometida.
Além disso, este é um dos casos em que existe a possibilidade de que a pessoa gestante transmita a doença para o feto. Esse é o cenário em que surge a toxoplasmose congênita, forma de manifestação da doença que identifica os casos em que as pessoas nascem infectadas pelo protozoário.
Embora tenha uma baixa incidência, o fato de ser uma doença silenciosa faz com que a toxoplasmose seja uma das principais infecções a serem investigadas no pré-natal. Vale lembrar, no entanto, que esses exames e acompanhamento preventivos mudam de um lugar para outro, contemplando as particularidades médicas e doenças endêmicas de cada região.
Na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10), a toxoplasmose corresponde ao código B58. O documento também lista outras manifestações da doença, mas nenhuma delas é relativa especificamente à gestação.
Continue acompanhando o artigo para saber mais sobre como essa doença afeta gestante e bebê, conferindo informações sobre sintomas, diagnóstico, tratamento e mais.
Índice — Neste artigo, você irá encontrar:
Assim como a toxoplasmose comum, a que acomete gestantes e bebês também é causada pelo Toxoplasma gondii, um protozoário comum em fezes de gatos e que só consegue completar seu ciclo de vida no corpo dos felinos. O contato direto com gatos e suas fezes, no entanto, não é o suficiente para contaminar os humanos, como veremos a seguir.
É preciso que os alimentos estejam contaminados com fezes infectadas para que humanos contraiam a doença, o que também significa dizer que os gatos (e demais felinos) não são causadores diretos da toxoplasmose.
A infecção pode ocorrer por meio de vegetais que não foram devidamente higienizados ou pelo consumo de carnes e derivados crus ou mal passados, uma vez que a infecção se instaura pela ingestão dos protozoários, como podemos ver no infográfico abaixo:
Este é o ciclo no qual a pessoa gestante pode ser inserida ao ser infectada, de modo que a transmissão para gestantes não apresenta particularidades. Uma vez no organismo, os protozoários podem causar sintomas mais intensos, devido à imunidade comprometida pela gravidez.
Além disso, infecções como a toxoplasmose estão ligadas a diversas complicações, aumentando a morbidade e a mortalidade de recém-nascidos.
Leia também: Toxoplasmose: o que é, na gravidez, sintomas e tratamento
A transmissão gestante-feto não é regra e é possível que uma criança nasça sem toxoplasmose mesmo em casos de exposição ao protozoário. Ainda assim, sempre existe a possibilidade de transmissão transplacentária, que acontece quando o protozoário consegue atravessar a barreira da placenta, contaminando o feto.
O trimestre gestacional em que isso acontece e a imunidade da pessoa gestante são essenciais para tratamento e prognóstico do quadro. Alguns fatores, inclusive, favorecem a infecção fetal, contribuindo para os casos de toxoplasmose congênita, quando a criança já nasce com a doença:
Na pessoa gestante, a toxoplasmose geralmente é assintomática. Em alguns casos, a doença pode manifestar sintomas pouco ou nada específicos, sendo similar a outras infecções, como viroses. A(o) paciente poderá sentir:
Se você se identificou com alguns dos sintomas listados acima, busque ajuda médica quanto antes!
Depende. Cada caso precisa ser analisado considerando suas particularidades, como no momento da gravidez em que a infecção ocorreu, gravidade do quadro, entre outros fatores. De modo geral, há uma grande preocupação pela possibilidade de complicações ligadas à infecção por toxoplasmose na gravidez.
Embora possa ser assintomática, com a infecção passando despercebida, há uma preocupação com possíveis complicações envolvidas, além de eventuais sequelas oculares e neurológicas que podem surgir ao longo da vida. A toxoplasmose congênita aumenta as probabilidades de:
Sim. Como a transmissão gestante-feto acontece por via placentária, este não é um dos casos em que o parto normal precisa ser evitado. Ainda assim, o assunto pode ser conversado com o(a) obstetra para ser realizada uma análise dos riscos e benefícios de cada método para o seu caso.
O diagnóstico da toxoplasmose na gravidez é muito difícil, sendo necessário excluir outros possíveis diagnósticos, uma vez que os sintomas de toxoplasmose são comuns a outras condições. O diagnóstico diferencial visa descartar também a possibilidade de infecções (vírus Epstein-Barr, citomegalovírus, HIV, sífilis, Zika), sarcoidose, doença de Hodgkin e linfoma.
O diagnóstico mais preciso é geralmente determinado pela sorologia, análise que identifica a presença de anticorpos específicos em um organismo. Mesmo esse exame, porém, é de leitura complexa, sendo necessário levar diversas variáveis em consideração.
Leia também: Citomegalovírus na gestação: o que causa e como prevenir
Sim, mas o tratamento precisa ser realizado pelo tempo determinado pelo profissional de saúde, seguindo também as recomendações e modo de uso corretos dos medicamentos.
No caso da toxoplasmose, é essencial determinar se a infecção ocorreu antes da concepção ou durante a gravidez, pois esses fatores irão determinar o tratamento adequado, além de ajudar a prever os possíveis riscos e problemas que poderão ser enfrentados pelo feto.
Segundo os Protocolos da Atenção Básica, fornecido pelo Ministério da Saúde, o tratamento medicamentoso indicado pode ser realizado com a espiramicina, caso a infecção aguda aconteça antes da 30ª semana. Nesses casos, o remédio precisará ser consumido continuamente até o final da gravidez.
No entanto, se a infecção ocorrer após a 30ª semana, recomenda-se o chamado “tratamento tríplice materno”, que inclui o uso de pirimetamina (25 mg) e sulfadiazina (1.500 mg).
O trio ainda inclui o tratamento com vitamina B9 (ácido folínico, 10 mg/dia), necessário para compensar os efeitos da pirimetamina no organismo e auxiliar no desenvolvimento do tubo neural do feto.
É importante lembrar que esses medicamentos devem ser recomendados por um(a) profissional de saúde. Além disso, dose e posologia podem variar conforme o caso, período de contaminação, diagnósticos e outros fatores.
A realização de consultas pré-concepcionais (antes de engravidar) são essenciais para avaliar a saúde da pessoa que está com planos de gestar, prevenindo casos de toxoplasmose congênita.
O procedimento é indispensável para descobrir doenças silenciosas que podem afetar o desenvolvimento do feto. Caso a gravidez não seja planejada, a investigação será realizada durante o acompanhamento pré-natal.
Portanto, para prevenir a infecção de toxoplasmose, é importante higienizar hortaliças, frutas e outros vegetais que são consumidos crus ou frescos, além de sempre cozinhar bem carnes e seus derivados. Confira as principais recomendações feitas pelos obstetras:
Os cuidados também se estendem aos bichanos domésticos, que devem ser alimentados com carnes bem cozidas ou com ração. Além disso, uma boa higiene, sobretudo ao limpar a caixa de areia, é indispensável.
A toxoplasmose é uma doença comum e que, em muitos casos, pode não trazer consequências para o hospedeiro. Na gravidez, porém, essa infecção pode trazer consequências indesejadas e sequelas para o feto, que também pode ser infectado.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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