Saúde

Síndrome do olho seco: sintomas, causas, tratamento, colírio

Publicado em: 15/03/2019Última atualização: 10/11/2020
Publicado em: 15/03/2019Última atualização: 10/11/2020
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Ardência, dor e qualquer brisa faz parecer que tem agulhas entrando nos olhos. Parece familiar?

Você pode estar enfrentando a síndrome do olho seco, uma condição que afeta milhares de pessoas e que pode causar sérios problemas problemas na qualidade da visão no decorrer do tempo.

Leia mais para aprender sobre a síndrome do olho seco!

O que é síndrome do olho seco?

A síndrome do olho seco, também conhecida como síndrome da disfunção lacrimal ou ceratoconjuntivite seca, é uma condição na qual a composição ou a produção das glândulas lacrimais é inadequada, causando a falta de lágrimas ou a rápida evaporação delas.

As lágrimas não são apenas aquilo que sai de nossos olhos quando choramos. Elas têm a função de lubrificar nossos olhos, protegendo-os de ressecamento e de bactérias.

São compostas por inúmeros elementos, como sais minerais, gordura e água. Estes elementos, além de garantir as funções já mencionadas, também impedem que as lágrimas evaporem rápido demais.

Quando a composição lacrimal é alterada, essa evaporação acontece antes da piscada seguinte, o que no decorrer do tempo pode deixar os olhos ressecados e causar problemas de visão, entre outros sintomas como ardor e coceira.

A condição pode ter diversas causas, pode afetar a qualquer um e é muito comum, especialmente quando a idade vai chegando.

Estima-se que a síndrome do olho seco afete entre 5% e 34% da população mundial e aproximadamente 70% dos idosos a possuem.

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Como a síndrome do olho seco afeta as glândulas lacrimais?

Existem dois tipos principais de síndrome do olho seco e eles se diferenciam pelo modo como a condição afeta os olhos. Estas formas são:

Olho seco evaporativo

Um dos meios pelos quais o olho pode ficar ressecado é pela evaporação das lágrimas que pode acontecer mais rápido do que o esperado.

Isso pode acontecer por diversas causas, que no geral fazem com que a composição química das lágrimas seja alterada ou a frequência de piscadas mude.

As lágrimas são compostas por água, sais minerais e outros compostos químicos que protegem os olhos de bactérias, mas também existe uma camada de gordura.

Essa gordura é que protege a lágrima da evaporação rápida que a afetaria se ela fosse composta apenas de água e sais minerais. Ela também dá estabilidade para o filme lacrimal, que é a camada de lágrimas que fica no olho.

Depois de alguns segundos — aproximadamente 12 — o filme lacrimal se rompe e uma nova camada deve ser “aplicada”, o que o corpo faz por meio de piscadas e adição de mais lágrimas pelas glândulas lacrimais.

Quando a quantidade de gordura na composição lacrimal é reduzida, a evaporação aumenta e precisamos produzir mais lágrimas para compensar, o que nem sempre acontece. Então, o resultado é o ressecamento.

Outro método de evaporação é a falta de piscadas.

As piscadas servem para espalhar as lágrimas e misturar seus componentes nos olhos. Se você não piscar o bastante, a gordura e a água ficam completamente separadas e a evaporação é facilitada.

Olho seco por deficiência de produção

Em alguns casos, o que afeta a lubrificação ocular não é a evaporação, mas simplesmente a quantidade de líquido.

Se suas glândulas lacrimais não produzem lágrimas o bastante, os olhos ficam ressecados.

Diversas condições podem causar uma redução na produção, mas o resultado é invariavelmente o mesmo: ressecamento.

Olho seco misto

O olho seco misto acontece devido a uma mistura dos dois tipos anteriores. Nesse caso, a quantidade de lágrimas produzidas é baixa e ao mesmo tempo elas são de baixa qualidade.

Sua composição faz com que as poucas lágrimas produzidas se rompam e evaporem muito rápido, causando a síndrome do olho seco.

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Como a lágrima funciona?

As lágrimas são essenciais para a saúde ocular. Suas principais funções são lubrificar os olhos e protegê-los.

Bactérias, vento, calor, poeira, tudo isso pode danificar os olhos e o filme lacrimal, que é uma camada de lágrimas que fica nos olhos, impede que isso aconteça.

O filme lacrimal é composto por água, muco (que contém sais minerais e outras substâncias) e uma camada de óleo. É o óleo, por exemplo, que protege as lágrimas da evaporação excessivamente rápida.

A mistura de água com muco impede que poeira atinja os olhos, bloqueia bactérias e impede que o calor e o vento desidratem as células oculares.

As lágrimas, que são criadas nas glândulas lacrimais, então são drenadas pelos ductos lacrimais e repostas. A síndrome do olho seco se deve ao ressecamento do filme lacrimal.

Qualidade das lágrimas

Mesmo que você tenha lágrimas o bastante, quando a composição está inadequada, alguns problemas como a secura dos olhos podem surgir.

Caso a quantidade de óleo seja pequena, a evaporação acontece rápido demais.

Se houver pouca água, o filme lacrimal pode ficar viscoso demais e a visão fica embaçada. Na falta de muco, é mais fácil para que objetos e bactérias entrem em contato com os olhos.

Portanto, a qualidade lacrimal é tão importante quanto a quantidade.

Causas

As causas da síndrome do olho seco são diversas. Algumas delas são:

Gravidez

A quantidade de hormônios liberada no corpo da mulher durante a gestação altera diversas funções do organismo.

A mesma situação que faz com que espinhas sejam mais comuns nessas mulheres pode fazer com que a produção do óleo, que protege as lágrimas da evaporação, demore mais.

O resultado disso é que as lágrimas, apesar de produzidas em quantidade adequada, podem evaporar rápido demais, deixando os olhos secos.

Essa alteração pode afetar as mulheres desde a gravidez até a fase da amamentação.

Climatério

O climatério, que frequentemente é chamado de menopausa, é o período de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida de uma mulher, e no fim, culmina na menopausa, que é a última menstruação.

Os sintomas popularmente atribuídos à menopausa na verdade são do climatério. Estes sintomas envolvem alterações hormonais que podem desencadear a síndrome do olho seco.

É comum que se apresente em mulheres de idade avançada pois, além do climatério, as alterações da idade também são causadoras da síndrome. Então, os dois fatores aumentam as chances.

Leia mais: Fases da menopausa: pré, peri (climatério) e pós

Anticoncepcionais

Da mesma forma que a gravidez e a menopausa, anticoncepcionais causam alterações nas quantidades de hormônio feminino no organismo da mulher, o que pode desencadear uma síndrome do olho seco.

Exposição excessiva às telas

A utilização muito frequente de telas (computadores, tablets, celulares) faz com que a frequência de nossas piscadas seja reduzida.

Com o tempo, isso pode causar ressecamento de nossos olhos, já que menos piscadas reduzem a lubrificação e facilitam a evaporação.

Leia mais: Crianças no celular: uso em excesso gera atraso no desenvolvimento

Conjuntivites crônicas

As conjuntivites são inflamações da conjuntiva (camada que recobre a esclera, que é o branco dos olhos, e a parte interna da pálpebra), frequentemente causadas por infecções.

Quando estas infecções são frequentes, os canais lacrimais podem apresentar redução de produção.

Blefarite

A blefarite é uma inflamação crônica das pálpebras. Ela pode afetar a produção lacrimal e apresenta secura ocular como um de seus sintomas. Como a doença é crônica, tratar os sintomas é a maneira indicada para manter a lubrificação ocular.

Disfunção da glândula meibomiana (DGM)

A DGM é uma disfunção comum, mas que pouca gente conhece. As glândulas meibomianas ficam localizadas nas pálpebras e secretam óleo nos olhos.

Este óleo faz parte da composição lacrimal e protege as lágrimas da evaporação rápida demais.

Quando as glândulas não estão funcionando corretamente, a produção deste óleo é reduzida e a síndrome do olho seco por evaporação pode se instalar, já que assim as lágrimas evaporam mais rápido.

Acredita-se que esta disfunção seja uma das maiores causas do olho seco, mas é uma condição pouco conhecida e não há tratamento eficaz para ela.

Cigarro

O cigarro libera fumaça, o que favorece o ressecamento dos olhos, causa irritação ocular e facilita a evaporação lacrimal.

Medicamentos

Antidepressivos, antialérgicos, diuréticos, betabloqueadores e os já mencionados anticoncepcionais podem alterar diversos fatores do organismo que afetam as lágrimas.

Tanto a quantidade lacrimal quanto sua composição podem ser alteradas por medicamentos.

Cirurgias oculares

Cirurgias oculares podem causar danos ou inflamações nos olhos e suas estruturas, prejudicando assim a produção de lágrimas para a proteção ocular.

O resultado é a síndrome do olho seco, que traz os sintomas clássicos do ressecamento ocular.

Falta de vitamina A

A falta de vitamina A no organismo afeta a lubrificação ocular, fazendo com que os olhos fiquem mais ressecados. A vitamina A pode ser ingerida em alimentos como a cenoura.

Síndrome de Sjögren

A síndrome de Sjögren é uma doença que afeta a produção das glândulas salivares e lacrimais.

É uma doença autoimune que pode levar ao ressecamento da boca e dos olhos e, por consequência, à síndrome do olho seco. Eventualmente também pode causar ressecamento da pele e outros órgãos, como os intestinos.

É uma doença rara, mas é considerada a mais comum das doenças raras, afetando até 2% da população mundial.

Doenças inflamatórias

Certas doenças inflamatórias e autoimunes, como é o caso do lúpus, podem causar conjuntivite, o que por sua vez pode levar ao ressecamento dos olhos.

Outras doenças inflamatórias também podem causar este ressecamento.

Leia mais: Sintomas do lúpus: como a doença autoimune atinge o organismo?

Envelhecimento

Conforme envelhecemos, partes de nosso corpo podem perder a eficiência e as glândulas lacrimais não são diferentes.

A produção lacrimal cai em 65% aos 65 anos de idade quando comparada com a produção que temos aos 18 anos.

É por isso que o envelhecimento pode facilitar o ressecamento ocular e a síndrome afeta até 70% daqueles com mais de 65 anos.

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Grupos e fatores de risco

Existem algumas condições que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a síndrome do olho seco.

Eles podem se dever a situações genéticas, problemas relacionados à idade ou condições ambientais, como ar seco demais.

Os principais grupos e fatores de risco são:

  • Idade avançada;
  • Mulheres;
  • Uso frequente de telas;
  • Lentes de contato;
  • Gestantes;
  • Fumantes;
  • Asiáticos;
  • Doenças autoimunes;
  • Doenças inflamatórias;
  • Medicação.

Quais são os sintomas da síndrome do olho seco?

Os sintomas da síndrome do olho seco podem se apresentar em diversas intensidades, mas no geral são:

Ressecamento dos olhos

O sintoma clássico e principal é o ressecamento dos olhos, que ocorre devido a evaporação acelerada das lágrimas ou redução da produção das glândulas lacrimais.

Esse ressecamento é o que leva aos vários outros problemas que podem afetar os olhos do paciente.

Sensibilidade à luz (fotofobia)

A luz pode fazer com que os olhos do paciente que sofre da síndrome do olhos seco fiquem doloridos. Isso pode trazer dificuldades para a pessoa ao sair de casa no sol, por exemplo.

Isso acontece porque, sem a proteção da camada lacrimal, a luz alcança os olhos diretamente.

Dor nos olhos

Mesmo sem luz, o ressecamento dos olhos pode causar dor nos olhos, que precisam da lubrificação e ficam irritados sem ela.

Essa dor fica especialmente intensa quando há vento, já que sem a proteção das lágrimas pode parecer que existem pedrinhas sendo pressionadas contra os olhos.

A verdade é que objetos muito pequenos, que normalmente não entram em contato com os olhos por causa das lágrimas, agora podem fazê-lo.

Sensação de areia nos olhos

Com a secura, pequenas partículas que normalmente ficariam suspensas nas lágrimas podem entrar em contato direto com os olhos.

Isso faz com que o paciente tenha a sensação de que há coisas lá, o que de fato há, mas dessa vez não há proteção. A sensação costumeiramente é descrita como se houvesse areia nos olhos.

Coceira ocular

Devido ao ressecamento, os olhos podem coçar.

Essa coceira, além de incômoda, pode causar danos caso o paciente coce com muita frequência, aumentando a irritação e permitindo o contato de bactérias em um momento em que a região está sem a proteção habitual das lágrimas.

Vermelhidão ocular

Sem a lubrificação, os olhos ficam irritados e avermelhados, o que também pode ser acentuado devido à coceira e o contato com micróbios.

Ardência e sensação de queimadura

A lubrificação ocular também protege os olhos dos efeitos danosos do calor e da luz.

Por causa destas ações, o paciente pode sentir sensação e queimação e ardência nos olhos, especialmente quando exposto à luz forte.

Visão turva

A falta de lubrificação, com o tempo, pode causar danos na visão, o que pode deixá-la turva, dificultando atividades do dia a dia, como a leitura.

Lágrimas de reflexo

Quando algo entra nos olhos, é comum que eles comecem a lacrimejar em reflexo. Isso também pode acontecer quando os olhos estão irritados, o que é comum em pacientes da síndrome do olho seco.

Por isso, em alguns casos, lacrimação pode ser um sintoma.

Entretanto, é importante notar que esse tipo de lágrima não é o mesmo que costuma lubrificar os olhos, já que sua composição é diferente.

Olhos secos e boca seca

Existe uma relação entre os olhos secos e a boca seca.

Uma das causas da síndrome dos olhos secos é a síndrome de Sjögren. Esta síndrome faz com que tanto as glândulas lacrimais quanto as salivares passem a produzir menos fluidos (lágrimas e saliva).

O resultado desta síndrome é que tanto os olhos quanto a boca ficam secos, o que pode causar diversos problemas para o paciente.

Apesar disso, a boca seca não está diretamente relacionada à síndrome do olho seco.

Exames: como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da síndrome do olho seco costuma ser clínico. A partir da conversa com o paciente e exames físicos, o médico oftalmologista é capaz de identificar a condição.

Entretanto, é possível que outros exames sejam feitos para avaliar a situação. Por exemplo:

Exame da lâmpada de fenda

A lâmpada de fenda é aquele exame oftalmológico clássico em que o paciente repousa o queixo e tem o olho iluminado por uma luz focada.

O oftalmologista pode então avaliar o filtro lacrimal, que é a camada de lubrificação dos olhos, através de um microscópio.

Com estas imagens, o médico pode ter mais detalhes sobre a condição lacrimal do paciente.

Teste TBUT

O teste TBUT, ou Tear Break-Up Time Test (do inglês, teste do tempo de rompimento lacrimal), serve para verificar o tempo que a lágrima leva para se romper.

O filme lacrimal é uma camada líquida que fica no olho e a lubrifica. Essa camada se rompe naturalmente depois de alguns segundos, o que resseca o olho.

Espera-se que o filme lacrimal dure aproximadamente 12 segundos antes de se romper. A frequência com que piscamos garante uma lubrificação, já que costumamos piscar mais rápido do que isso, renovando a lágrima.

Entretanto, quando a composição da lágrima está inadequada, o tempo de rompimento pode ser muito mais curto, o que faz com que o ressecamento ocular ocorra muito mais rápido.

Este teste identifica a velocidade de rompimento do filme lacrimal.

Teste de Schirmer

O teste de Schirmer é realizado para quantificar a produção lacrimal do paciente.

Para isso, uma fita de papel filtro marcada é posicionada nas pálpebras inferiores. O paciente deve fechar os olhos suavemente e permanecer assim por cinco minutos.

A fita absorve líquidos lacrimais e fica úmida conforme o tempo passa. A umidade pode alcançar as marcas que ficam a 5mm, 10mm e outras distâncias.

Quando a produção lacrimal está adequada para a lubrificação ocular, espera-se que a umidade alcance a marca de 10mm ou mais.

Entre 5mm e 10mm, o olho está ressecado e abaixo de 5mm, o ressecamento é severo.

Síndrome do olho seco tem cura?

Depende da causa. A gravidez, por exemplo, eventualmente acaba e a lubrificação ocular volta ao normal.

Entretanto, muitas das condições causadoras da síndrome do olho seco não são curáveis, portanto a secura ocular também não é.

As causas são inúmeras e apenas com a ajuda do oftalmologista elas podem ser identificadas com precisão e eliminadas, quando possível.

Qual o tratamento para a síndrome do olho seco?

Apesar de, em muitos casos, a síndrome do olho seco não ser curável, existem tratamentos para o alívio dos sintomas. São eles:

Lágrimas artificiais (colírios lubrificantes)

As lágrimas artificiais, ou colírios lubrificantes, servem para lubrificar os olhos quando o próprio corpo não é capaz de fazê-lo adequadamente.

É um produto indicado quando o paciente tem secura leve ou moderada dos olhos. É frequente que nesses casos as lágrimas artificiais sejam o único tratamento aplicado diretamente nos olhos até que a causa seja eliminada.

Este produto pode ser essencial para o paciente com a síndrome do olho seco, já que substitui a lubrificação faltante e elimina os sintomas da condição.

As formulações das lágrimas artificiais podem ser variadas, o que muda a viscosidade da substância.

Seu médico oftalmologista pode ajudar a escolher qual é o mais indicado para você, dependendo de suas necessidades.

As formulações mais viscosas duram mais tempo, mas tendem a deixar a visão embaçada, enquanto as mais líquidas deixam a visão limpa, mas podem precisar de reaplicação frequente.

Cada momento do dia pode exigir um tipo diferente de lágrima artificial.

Plug lacrimal

Os olhos possuem canais por onde as lágrimas entram e canais por onde elas são drenadas, evitando assim acúmulo lacrimal.

Um possível tratamento envolve um plug nos canais de drenagem das lágrimas.

O plug é feito de colágeno (no caso dos temporários) e de silicone (no caso dos permanentes).

Os plugs temporários são absorvidos pelo corpo depois de algum tempo e servem principalmente para testar se o bloqueio do canal não causará excesso de lágrimas.

Já os plugs permanentes precisam ser retirados, caso seja necessário. Eles também podem cair em algumas situações.

Os plugs reduzem a quantidade de lágrimas que deixam os olhos, permitindo que elas lubrifiquem a região por mais tempo.

Cirurgia das glândulas salivares

Uma cirurgia possível para lidar com a síndrome do olho seco envolve conectar as glândulas salivares aos ductos lacrimais. Assim, a saliva lubrifica tanto a boca quanto os olhos.

Esta cirurgia não é uma solução caso a causa da síndrome do olho seco seja a síndrome de Sjögren, já que ela provoca o ressecamento das glândulas salivares também.

Colírios para olho seco

Existem algumas opções para a síndrome do olho seco, mas elas variam de acordo com a causa da condição.

No geral, a indicação é fazer uso de lubrificantes oculares, ou lágrimas artificiais, para repor a hidratação dos olhos.

Os colírios com medicamentos também podem ser uma opção quando existe uma causa subjacente. Ou seja, servem para tratar a origem do problema.

É importante que o paciente use o tipo de colírio correto, já que um tipo age de maneira diferente do outro. Por exemplo, alguns são vasoconstritores, o que elimina a vermelhidão ocular mas, quando o efeito passa, a secura fica pior.

Por isso, é importante consultar o oftalmologista.

Colírio lubrificante

Os colírios lubrificantes são grandes aliados dos portadores da síndrome do olho seco, substituindo a lubrificação ocular natural por uma sintética sobre a qual o paciente tem controle.

Um exemplo é o Lubrificante oftalmológico Systane UL, um produto pensado para os sintomas do olho seco.

A composição é similar à lágrimas humanas naturais e sua aplicação dá conforto, alívio da coceira e protege os olhos com uma camada protetora e lubrificante.

Com a utilização do lubrificante, o filme lacrimal é reconstruído, dando a sensação natural de olhos bem lubrificados e protegidos.

Sua aplicação deve ser feita sempre que necessário ou de acordo com instruções do oftalmologista.

No geral, 2 gotas em cada olho a cada aplicação garantem a lubrificação ocular, eliminando os sintomas do olho seco.

Colírios anti-inflamatórios (imunossupressores)

Imunossupressores são medicamentos que reduzem a capacidade do sistema imunológico, tornando-o menos ativo.

Enquanto em grande parte dos casos isso parece uma má ideia, este é o tratamento usado contra doenças autoimunes, em que o sistema imunológico do paciente ataca o próprio organismo.

Certas doenças autoimunes podem causar a síndrome dos olhos secos, como o lúpus.

Por isso, nesses casos, imunossupressores podem ser usados para reduzir os sintomas de ambas as condições. Dentre as opções está a Dexametasona (Decadron, Maxidex).

Vale lembrar que estes medicamentos exigem prescrição médica.

Leia mais: Quais são as opções de colírio antialérgico?

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Tratamentos caseiros

Existem alguns tratamentos que podem ser feitos em casa para aliviar os sintomas.

Eles não servem para curar a síndrome do olho seco, portanto é importante que haja o acompanhamento do oftalmologista, mas redução de irritação, vermelhidão e coceira podem ser alcançadas.

É importante lembrar que não se deve pingar nada dentro do olho.

Os medicamentos indicados pelo médico são os únicos que devem ser aplicados de maneira intraocular. Outras substâncias podem causar infecções, queimaduras e até cegueira.

Compressas

O uso de compressas geladas pode ser indicado para o alívio de sintomas e não apresenta riscos para os olhos, desde que não sejam aplicados dentro deles.

O oftalmologista Dr. Michel Rubin aponta que apesar de ter efeito positivo, isso não é solução.

A compressa gelada ou o chá de camomila, que é mais neutro, podem ser aplicados sem problema, mas você está dando alívio temporário, não tratando a causa. É importantíssimo que você investigue a causa”, diz.

Ômega 3

O ômega 3 é uma substância encontrada em certos alimentos e em suplementos alimentares. Existem indícios de que esta substância pode beneficiar aqueles com síndrome do olho seco evaporativa, pois ela pode ajudar a melhorar a qualidade das lágrimas.

Estudos recentes indicam que os efeitos do ômega 3 para a síndrome do olho seco não são tão significativos quanto se acreditava anteriormente, porém eles ainda existem.

Como tem vários benefícios para pele, cabelo, unha, não vejo problema nenhum como tratamento adjuvante, mas a atuação [do ômega 3] é modesta”, afirma Dr. Rubin.

Portanto, lembre-se de que utilizar ômega 3 é uma ajuda no tratamento, mas não irá curá-lo da condição. Consultar um oftalmologista é indicado e a melhor maneira de lidar com qualquer doença relacionada aos olhos.

Dicas para aliviar os sintomas do olho seco

Nos casos em que os olhos secos são crônicos, o paciente deve se lembrar de usar o colírio lubrificante da maneira indicada pelo médico oftalmologista.

Além disso, é importante fazer visitas ao médico com frequência para avaliar o estado dos olhos. Outras dicas incluem:

Escolha o colírio adequado

Os colírios são muito importantes para pacientes da síndrome do olho seco. Lembre-se de seguir a indicação de seu médico já que nem todo colírio é necessariamente lubrificante.

Alguns contém antibióticos, outros anti-inflamatórios e também existem os com ação vasoconstritora (que não lubrificam).

Dependendo da causa da sua condição, você pode precisar de um ou de outro, mas usar o tipo errado pode causar problemas.

Nos casos dos antibióticos ou anti-inflamatórios, é preciso seguir as indicações do médico para que não haja problemas como a criação de uma superbactéria devido ao uso inadequado.

Quando seu colírio é um lubrificante, você pode usá-lo sempre que sentir necessidade de lubrificar os olhos.

Proteja os olhos

Quando seus olhos estão secos, eles ficam mais vulneráveis ao ambiente. Luz forte, vento, poeira e outros fatores podem causar danos visuais que normalmente não afetam pessoas com filme lacrimal intacto.

Use proteção para os olhos. Óculos escuros podem ser indicados para protegê-lo da luz e do vento.

Não mergulhe em piscinas cheias de cloro sem óculos para mergulho e não esqueça da viseira do capacete da moto.

Cuide da higiene

Lembre-se de cuidar bem da higiene de seus olhos para evitar o contato com bactérias e a irritação ocular.

Remova toda a maquiagem e não coce os olhos, já que isso pode piorar os sintomas e levar sujeira e bactérias para eles.

Avalie o uso das lentes de contato

O uso de lentes de contato é uma das possíveis causas da síndrome do olho seco. Avalie, com a orientação de um oftalmologista, se não é possível trocar para óculos, o que pode reduzir as chances de infecção e irritação.

Caso planeje continuar usando lentes de contato, mantenha-as sempre limpas e bem cuidadas.

Posso usar colírio com lentes de contato?

Sim, você pode. Entretanto, é importante descobrir se o colírio é indicado para o uso com lentes. Colírios com conservantes podem, no decorrer do tempo, danificar as lentes de contato, portanto não são recomendados.

Existem conservantes que são pensados para o uso com lentes e nesse caso, não há problema para a utilização deles com as lentes.

Caso você use um colírio com conservantes que não são adequados para lentes, é indicado removê-las antes da aplicação, o que evita o dano.

Prognóstico

O prognóstico costuma ser positivo quando a condição que causa a síndrome do olho seco é identificada e tratada cedo, frequentemente resultando em recuperação da lacrimação normal.

Entretanto, nos casos em que a síndrome se mostra crônica, o tratamento com lágrimas artificiais pode ser permanente para evitar possíveis danos à córnea devido ao ressecamento e ao contato direto com do olho com poeira, areia, o vento ou bactérias.

Complicações

Quando a síndrome do olho seco ou sua causa não são tratadas, pode haver complicações, sendo a principal delas a redução da capacidade de visão.

Arranhões na córnea

Uma das principais funções das lágrimas é criar uma camada protetora para os olhos, que normalmente não devem entrar em contato direto com poeira ou outras partículas que podem estar no ar, assim como bactérias.

Quando os olhos estão ressecados, estas partículas podem causar riscos na córnea (membrana que age como lente do olho), o que por sua vez pode reduzir a visão do paciente, além de causar muita dor, irritação e coceira.

A perda de visão decorrente do ressecamento piora com o tempo sem tratamento.

Infecções

Como uma das funções das lágrimas é a de proteger os olhos de bactérias, quando há menos lubrificação lacrimal, eles ficam mais vulneráveis a possíveis infecções que possam alcançá-los.

Vascularização da córnea

A córnea, que é a lente dos olhos, não é uma região com vascularização, o que significa que não há veias ou artérias nela.

Quando a síndrome do olho seco é grave, pode acontecer o aparecimento de veias de sangue na estrutura do olho.

De acordo com o oftalmologista Dr. Michel Rubin, “pacientes com olho seco grave podem evoluir inclusive com vascularização da córnea, que danifica e pode até causar perfuração da córnea com perda da visão”.

Como prevenir a síndrome do olho seco?

Apesar de 70% dos idosos apresentarem a síndrome do olho seco, o que indica que a maior parte das pessoas eventualmente terá a condição em algum grau, existem ações que podem ser tomadas para evitar a síndrome por mais tempo, ou totalmente. São elas:

Evite ar condicionado

O ar condicionado tende a deixar o ambiente ressecado, o que facilita a evaporação das lágrimas, causando secura ocular.

Também é importante lembrar de não ficar muito tempo em ambientes muito secos.

Faça pausas das telas

Celular, computador, tablet... As telas fazem com que você pisque menos, o que também prejudica a lubrificação dos olhos. Você pode fazer pausas de hora em hora.

Dê uma volta, descanse os olhos, olhe para coisas distantes (isso ajuda a acostumar os olhos a focar em objetos distantes, diferente das telas), e tenha certeza de piscar para lubrificar bem suas córneas.

Hidrate-se

Apesar de não serem compostas apenas por água, esta é a principal matéria prima das lágrimas.

Lembre-se de se manter hidratado. É o melhor jeito de garantir que seus olhos ficarão bem lubrificados.

Fique longe do cigarro

Fumar leva fumaça aos olhos, o que ajuda em seu ressecamento, além de causar irritação e coceira, o que também pode desencadear uma síndrome dos olhos secos. Evite fumar.

O cigarro faz mal para sua visão de mais de uma maneira, além de poder causar muitos outros problemas.

É também relevante que fumantes passivos tomem cuidado e busquem ficar afastados da fumaça. Mesmo que você não fume, a fumaça de um fumante pode entrar em contato com seus olhos e causar irritações.

Evite coçar os olhos

Se tiver coceira nos olhos, use um colírio ou vá ao oftalmologista, mas evite coçá-los diretamente já que isso pode levar bactérias até eles, além de poder causar a síndrome dos olhos secos.

Síndrome do olho seco em cães

Cães frequentemente são afetados pela síndrome do olho seco.

A condição é especialmente comum em algumas raças, como Pugs e Yorkshires, mas também pode acometer o Boston Terrier, o Cocker Spaniel, o Pequinês, o Shih Tzu, Schnauzers, Lhasa Apsos, entre outros.

No caso dos cães, vírus ou intoxicação são causas comuns, além dos mesmos fatores que podem afetar humanos.

O tratamento para os cães é parecido com o tratamento humano.

Primeiro, busca-se combater a causa. Caso isso não seja possível, lágrimas artificiais podem ser utilizadas, além dos plugs lacrimais e da cirurgia para conectar a glândula salivar aos ductos lacrimais.


A síndrome do olho seco pode trazer desde desconforto até problemas sérios de visão. É importante manter a lubrificação de seus olhos.

Compartilhe este texto com seus amigos para que eles aprendam mais sobre essa condição!

Fontes consultadas

  • Dr. Michel Rubin (CRM/PR 31939), graduado em Medicina pela PUC-PR. Residência Médica em Oftalmologia pela Santa Casa de São Paulo e Universidade da Califórnia de San Francisco. Especialista em Catarata, Glaucoma e Cirurgia Refrativa. Diretor Clínico da CEVIPA Oftalmologia
  • Disfunção das Glândulas Meibomianas - IOVS
Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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