Saúde

Obesidade Infantil: veja causas, tratamento e como prevenir

Publicado em: 30/06/2017Última atualização: 16/05/2022
Publicado em: 30/06/2017Última atualização: 16/05/2022
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O que é a obesidade infantil?

A obesidade infantil é caracterizada quando o peso corporal está acima de 15% do peso médio correspondente para a idade.

A condição está relacionada a hábitos alimentares, atividades físicas, fatores biológicos e pode levar a criança a problemas sociais, emocionais e graves de saúde.

Diversos fatores podem desenvolver a obesidade infantil, como hábitos alimentares, genética, sedentarismo, distúrbios psicológicos, entre outros.

Em crianças, a condição se desenvolve mais facilmente, por conta do organismo que ainda está em formação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a obesidade é um dos problemas de saúde pública mais graves do século XXI, com alta incidência, principalmente em países em desenvolvimento.

Pois pode causar problemas maiores como diabetes, problemas cardíacos, má formação do esqueleto e até menor expectativa de vida.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes sofrem com a obesidade, e 8 em cada 10 adolescentes continuam obesos na fase adulta.

Entre 1975 e 1997, a prevalência de obesidade infantil no Brasil aumentou em 12 pontos percentuais, passando de 3 para 15% da população. Em 2010, haviam 42 milhões de crianças com sobrepeso em todo o mundo.

Índice — neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:

  1. O que é obesidade infantil?
  2. Causas da obesidade infantil
  3. Grupos de risco
  4. Como é feito o diagnóstico?
  5. A obesidade infantil tem cura? Qual o tratamento?
  6. Convivendo com a obesidade infantil
  7. Complicações da obesidade infantil
  8. Como prevenir a obesidade infantil?
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Causas da obesidade infantil

A obesidade se desenvolve mais comumente por fatores nutricionais e/ou ambientais, mas também pode ser causada por outros fatores, como:

  • Psicológicos: crianças com problemas emocionais, como ansiedade, podem comer compulsivamente, causando a obesidade;
  • Medicamentosos: alguns medicamentos, como os a base de corticoides, podem causar este problema;
  • Hormônios: doenças endócrinas podem se manifestar a partir do ganho de peso, esses casos correspondem a cerca de 10% do índice de obesidade infantil.

Fatores nutricionais

A dieta comum dos brasileiros envolve arroz, feijão, carne, salada, legumes e frutas, que são consideradas opções saudáveis.

Porém, essa dieta está mudando e aumentando seu teor calórico, uma vez que, pela praticidade e baixo custo, muitos pais estão optando por alimentos industrializados.

Esses alimentos possuem baixo valor nutricional e são produzidos levando em consideração mecanismos neurobiológicos que, de acordo com alguns estudos, são responsáveis tanto pela dependência química quanto alimentar.

Assim, acredita-se que tais alimentas são capazes de causar compulsão.

Um estudo publicado na revista Nature Neuroscience exemplifica o fato com um experimento, onde foram oferecidos alimentos industrializados, cocaína e heroína a ratos cobaias.

Quando consumidos, tanto as drogas quanto os alimentos industrializados danificaram os centros de prazer do cérebro, assim os ratos passaram a consumir tais produtos compulsivamente.

O que modifica quando consumimos esses alimentos em excesso é uma super estimulação do receptor de dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer.

Ao longo de três anos, os ratos comeram cada vez mais  e se tornaram obesos, após certo tempo, eles somente buscavam alimentos industrializados e calóricos.

Fatores ambientais

Com o avanço das tecnologias, as crianças brincam e praticam atividades físicas cada vez menos, e preferem preencher seu tempo assistindo televisão, jogando videogames e usando o computador.

A falta de movimentação causa o sedentarismo, o que consequentemente aumenta o peso das crianças, pois quando não se movimentam, não perdem calorias. Estudos apontam que cerca de 10% dos pequenos que passam mais de 1 hora, por dia, na frente da TV, videogame e computador, são obesos.

As atividades físicas devem ser sempre estimuladas pelos pais, pois permitem que a criança se insira em um grupo e se torne sociável, reduzindo as chances de se sentir sozinha ou diferente de outras crianças.

Outro fator ambiental que pode causar a obesidade infantil é a falta de sono. Um estudo feito na Universidade de Harvard aponta que crianças e adultos que têm sono irregular, têm maior risco a obesidade.

Portanto, crianças que dormem pouco podem sofrer com o aumento de peso, mesmo que outros fatores de risco sejam controlados.

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Grupos de risco

A obesidade infantil pode atingir qualquer criança, isso porque sua principal causa está relacionada aos hábitos alimentares e ao sedentarismo. Porém existem alguns fatores que podem fazer com que a criança esteja mais propensa a desenvolver essa condição.

  • Filhos de pais obesos: Crianças com pais obesos têm maior propensão a desenvolver a condição, porém não é um fator definitivo. Filhos com pais não obesos podem desenvolver o problema, assim como filhos de pais obesos podem não desenvolvê-lo.
  • Famílias com recursos limitados: Outro grupo de risco é baseado em  fatores socioeconômicos, pois indivíduos que vivem em comunidades com recursos limitados podem optar por alimentos industrializados e não saudáveis, o que pode causar vício e aumentar o peso da criança, sem nutri-lá.
  • Moradores de comunidades perigosas: Dentro do fator socioeconômico, também destacam-se indivíduos que moram em locais perigosos, o que não permite que as crianças saiam de casa para se exercitar.

Como é feito o diagnóstico da obesidade infantil?

Para descobrir se o peso de uma criança está 15% acima da média, principal critério para o diagnóstico da obesidade infantil, um médico pediatra deve calcular o índice de massa corporal, conhecido como IMC.

Os valores de IMC considerados normais variam de acordo com a idade e o sexo de cada criança, e são disponibilizados em tabelas da OMS, que servem para orientar os médicos no cálculo correto.

Para calcular o índice, é necessário dividir o peso corporal, em quilogramas, pela altura, em metros quadrados. A tabela abaixo pode servir de auxílio para o paciente compreender os significado de cada valor do IMC.

  • IMC igual ou menor que 18 kg/m²: baixo peso em relação a altura;
  • IMC entre 19 e 24 kg/m²: peso normal e proporcional a altura;
  • IMC entre 25 e 26 kg/m²: peso acima do normal em relação a altura (sobrepeso);
  • IMC entre 27 e 39 kg/m²: peso acima do normal em relação a altura (obesidade);
  • IMC igual ou acima de 40 kg/m²: obesidade mórbida.

Entretanto, o cálculo do índice de massa não consegue diferenciar a quantidade de massa magra e a estrutura física. Assim, existem outras formas que o médico pode utilizar para fazer o diagnóstico. São elas:

  • Histórico familiar de obesidade e problemas de saúde;
  • Hábitos alimentares da criança;
  • Quantidade de atividade física que a criança pratica;
  • Outras condições de saúde.

Também podem ser solicitados exames de sangue para checar:

  • Colesterol;
  • Glicemia;
  • Desequilíbrios hormonais.

Sempre consulte um médico caso comece a se preocupar com o peso de seus filhos. Os especialistas indicados para isso são: pediatras, endocrinologistas, nutrólogos e nutricionistas.

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A obesidade infantil tem cura? Qual o tratamento?

A obesidade infantil é reversível e a maneira mais eficaz é através da reeducação alimentar juntamente com práticas de atividades físicas.

O tratamento deve ser feito de forma progressiva e com orientação do médico pediatra ou nutricionista.

O emagrecimento da criança deve ser um processo lento e constante, aplicando em sua dieta alimentos saudáveis e prática de exercícios para sair do sedentarismo no dia a dia. Em casos raros, o médico pode recomendar um medicamento para ajudar a diminuir o apetite.

Reeducação alimentar

É preciso que os pais ofereçam alimentos saudáveis às crianças. Uma dieta baseada em carne, frutas, verduras, legumes e poucos industrializados é extremamente benéfica.

Para reeducar a alimentação da sua criança, algumas mudanças pequenas podem fazer a diferença. São elas:

  • Apresentar alimentos saudáveis;
  • Optar por alimentos integrais;
  • Evitar alimentos ricos em açúcar, sódio e gorduras;
  • Limitar o consumo de bebidas adoçadas e sucos industrializados;
  • Reduzir a quantidade de fast foods;
  • Servir porções adequadas ao tamanho do seu filho.

Praticar atividades físicas

Investir o tempo do seu filho em atividades físicas programadas, como aulas de algum esporte da preferência dele, ou não programadas, como brincadeiras, auxilia na queima de calorias, além de fortalecer os músculos e ossos da criança.

Incentivar esta prática pode fazer com que a criança mantenha o hábito e evite obesidade a longo prazo.

Medicamentoso

Essa forma de tratamento não é recomendada frequentemente, pois se aplica a casos mais graves. Crianças que já desenvolveram algum problema por causa da obesidade, como distúrbios hormonais, podem precisar de medicamentos.

Esses medicamentos geralmente auxiliam a gastar calorias, diminuir o apetite ou diminuir a absorção de nutrientes. É importante que os pais não vejam esse tratamento como o principal, pois ele deve ser utilizado somente como um complemento.

A única forma de reverter permanentemente esta condição é com a reeducação alimentar.

Cirúrgico

Esse tratamento é recomendado somente para adolescentes que não conseguem diminuir o peso com nenhum método tradicional.

A bariátrica, uma cirurgia de estômago, é um processo complicado, que deve ser acompanhado por profissionais especialistas, como endocrinologista, nutricionista, pediatra e psicólogo. Há riscos de complicações e seus efeitos a longo prazo no crescimento e desenvolvimento do adolescente ainda são, em grande parte, desconhecidos.

Deve ser a última opção a se tentar, porém ainda assim não garante que a criança vai perder o excesso de peso ou se o mesmo será mantido após a cirurgia.

Convivendo com a obesidade infantil

O processo de emagrecimento da criança é sempre complicado, pois ela provavelmente não está acostumada a um estilo de vida saudável, assim como ela talvez não será capaz de entender o porquê isso se faz necessário.

Então, cabe aos pais se encarregar de readaptar a alimentação da criança, mas existem algumas dicas que podem ajudar nesse processo.

Como melhorar a alimentação da criança

Os pais devem acompanhar e incentivar a criança na nova dieta, proporcionando hábitos saudáveis. Algumas dicas podem ajudar os pais nessa tarefa, como:

  • Evitar alimentos industrializados cheios de açúcar e gorduras, como bolachas e refeições congeladas;
  • Comprar uma variedade de frutas e legumes, dando preferência às frutas cítricas e aos vegetais que podem ser comidos crus;
  • Os vegetais que precisam de cozimento devem ser preparados no vapor, sem sal e com pouca quantidade de azeite;
  • Não oferecer refrigerantes, preferindo sempre oferecer água ou sucos naturais;
  • Comprar um prato de tamanho infantil;
  • Não deixar que a criança fique distraída durante a refeição, como comer assistindo televisão;
  • Ser firme caso a criança se recuse a comer;
  • Deixar os alimentos atraentes;
  • Dar o exemplo.

Como fazer a criança gastar mais energia

Incentivar a criança a praticar esportes e brincar evita que ela mantenha um estilo de vida sedentário. A prática de exercícios físicos auxilia no gasto de energia e, consequentemente, a manter um peso saudável. Para isso, pode-se aplicar essas dicas:

  • Limitar o uso de computadores, televisões e videogames a 1 hora por dia;
  • Procurar atividades que a criança goste de praticar;
  • Praticar atividades ao ar livre em família;
  • Permitir que a criança experimente várias atividades.

Complicações da obesidade infantil

A obesidade infantil pode aumentar o risco ou causar diversos problemas de saúde a curto e a longo prazo.

A curto prazo

  • Asma e apneia do sono;
  • Problemas ortopédicos;
  • Disfunção do fígado devido ao acúmulo de gordura;
  • Inflamação e formação de pedras na vesícula;
  • Acne;
  • Assaduras e dermatites;
  • Enxaqueca;
  • Depressão;
  • Aumento dos níveis de colesterol;
  • Problemas de comportamento;
  • Baixa autoestima.

A longo prazo

  • Diabetes;
  • Hipertensão;
  • Trombose;
  • Derrame;
  • Doença coronariana;
  • Angina e infarto;
  • Gota;
  • Osteoartrite;
  • Artrose;
  • Depressão e ansiedade crônica;
  • Diminuição da expectativa de vida.

Como prevenir a obesidade infantil?

Para prevenir a obesidade infantil, deve-se começar já na gravidez, levando em considerações as questões genéticas e pré-natais. É importante:

  • Manter uma alimentação saudável durante a gravidez;
  • Controlar o aumento do peso durante a gestação.

Após o nascimento, os pais devem encorajar e oferecer um estilo de vida saudável à criança, evitando industrializados, optando por alimentos preparados em casa, com pouco açúcar e gordura, praticando atividades físicas e incentivando que a criança faça o mesmo.

É importante que os pais deem o exemplo, pois nessa fase a criança tem como referência aquelas que convivem diariamente com ela, repetindo suas ações e hábitos.

Além disso, os pais também devem:

  • Agendar visitas de acompanhamento anual para seus filhos;
  • Evitar usar alimentos como recompensa ou punição para as atitudes da criança;
  • Enfatizar o lado positivo da boa alimentação;
  • Ter paciência;
  • Ter responsabilidade com seu próprio peso.

A obesidade infantil é um dos problemas de saúde mais recorrentes no mundo e vai muito além da estética, podendo afetar a saúde física e emocional da criança. Compartilhe este artigo com seus amigos e familiares para que eles também conheçam as formas de prevenir e tratar a obesidade!

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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