Não é novidade que o leite materno é o alimento mais completo para o bebê. Campanhas do Ministério da Saúde reforçam, constantemente, os benefícios para a mãe e para a criança do aleitamento exclusivo até os 6 meses.
E não é à toa, pois foi por volta de 1980 que pesquisadores descobriram que a amamentação é fundamental para um bom desenvolvimento infantil, reduzindo riscos de doenças e mortalidade.
Com esses dados sendo confirmados por outros estudos, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou a Declaração de Innocenti, em que orienta a amamentação exclusiva até os 2 anos.
E não para por aí.
Além dos nutrientes necessários ao fortalecimento do pequeno organismo, o aleitamento estreita os laços maternos, compreende um momento de intimidade entre mãe e bebê, sendo uma troca de afetividade.
Apesar dessas informações serem conhecidas por boa parte da sociedade, ainda há uma série de desinformações e dificuldades no processo de alimentação infantil.
Por isso, o texto a seguir esclarece tudo sobre o leite materno e reforça o papel da amamentação na maternidade!
Índice - neste artigo você encontrará as seguintes informações:
No sentido nutricional, o leite materno é o alimento mais rico e importante para o bebê. Ele confere nutrientes e anticorpos necessários à resistência e desenvolvimento do organismo nos primeiros estágios da vida.
Isso significa que, para a criança, ele é bastante necessário à continuidade do bom desenvolvimento, garantindo um crescimento saudável.
No sentido biológico, o leite materno é a produção do corpo da mulher em resposta às ações hormonais elevadas da prolactina ("hormônio do leite"), decorrentes da gravidez, e estímulos fisiológicos — como a sucção dos seios.
Já no sentido pessoal ou psicológico, é a oportunidade de fortalecer os laços e a afetividade entre mãe e bebê.
Segundo dados do Ministério da Saúde, independente do local, o leite materno tem uma composição de nutrientes e células bastante semelhante, a não ser em casos de desnutrição materna.
O alimento é produzido pelo organismo da mãe e vai se adaptando às necessidades nutricionais e imunológicas do recém-nascido. Por isso, nos primeiros dias após o parto, ele contém mais proteínas e menos gorduras.
Essas proteínas, chamadas de lactoalbumina, diferem das presentes em outros leites, como o de vaca. Elas são compatíveis com a digestão humana e de fácil degradação.
A produção do leite materno tem início, de fato, após o parto. Mas durante a gravidez, vários hormônios agem no organismo e preparam os seios para oferecer o alimento ao bebê. Ainda antes do nascimento, o estrógeno e a progesterona são responsáveis pela sensibilidade, aumento do tamanho e dilatação dos vasos sanguíneos mamários.
Mas é outro hormônio, chamado de prolactina, que está diretamente relacionado à produção de leite.
Ele está presente no organismo de homens e mulheres em baixa quantidade, sendo que na gravidez, a produção se eleva até 20 vezes. No entanto, o leite ainda não é produzido devido à alta taxa de estrógeno.
Com o parto e a retirada da placenta, a hipófise (glândula localizada na região cerebral) comanda a diminuição do estrógeno, permitindo que a prolactina comece a agir.
Em cerca de 48 horas, os níveis dela se elevam e a produção de leite fica intensa.
Nas mulheres adultas, há cerca de 15 a 24 lobos mamários localizados nos seios. Ou seja, glândulas semelhantes a cachos de uva. Cada uma possui entre 20 e 40 lóbulos que produzem e estocam o leite.
Mas é sobretudo enquanto a criança suga o leite que ele é produzido. Nesse processo, ainda há a liberação do hormônio ocitocina. Ele é resultado do estímulo de sucção, que facilita a saída do leite.
No começo, a produção ainda é pequena. Cerca de 50mL.
Apesar de parecer pouco, o líquido é bastante fortalecido e concentrado, por isso, muito nutritivo. Além disso, o estômago do bebê ainda é pequeno, fazendo com que essa quantidade seja suficiente.
Mas não demora muito para a produção elevar-se. Por volta do 4º dia após o parto, o corpo da mãe já está produzindo aproximadamente 600mL de leite.
Toda essa produção também é regulada pela fome da criança. quanto mais ela mama, mais estímulo à formação de leite há.
A produção de leite materno não é igual durante toda a amamentação, pois ele vai adaptando-se às necessidades do organismo do bebê. Por isso, a produção pode ser dividida em 3 fases: colostro, transição e maduro.
A primeira fase do leite materno é chamada de colostro, que ocorre entre o 1º e o 5º dia após o parto.
O alimento é rico em proteínas e imunoglobulinas, que são anticorpos, e menos gordura. Essa fase é bastante importante pois ajuda no desenvolvimento da imunidade do bebê.
A produção ainda é pequena, mas a concentração do líquido é suficiente para suprir as necessidades da criança.
Nessa fase, o alimento, a cada decilitro (dL) tem cerca de:
Entre o 6º e o 15º dia após o parto, o organismo da mãe começa a produzir um leite considerado em transição. Nessa fase, o colostro começa a sofrer modificações para o leite maduro, que é mais rico em gorduras e nutrientes.
Mas, até lá, o alimento é rico em gordura e lactose. Há menos proteínas e elementos prebióticos, que são necessários para a constituição da flora intestinal da criança.
Cerca de 15 dias após o parto começa a fase do leite maduro. O alimento já contém todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento físico e cognitivo do bebê.
Vitaminas, minerais e macronutrientes (como proteínas, gorduras e carboidratos) estão devidamente equilibrados nessa fase.
Não há nada que o bebê precise, em termos nutricionais, que o leite materno não possa oferecer.
Já na fase madura, a concentração dos nutrientes no leite, por decilitro (dL), é de:
O aleitamento exclusivo é uma forma de garantir um desenvolvimento mais saudável para o bebê. O organismo, que ainda está se formando, precisa lidar com mudanças do meio externo.
Por isso, o alimento é a principal forma de dar imunidade e proteção ao organismo da criança.
E isso não se reflete apenas nos meses iniciais, pois vários estudos indicam que o aleitamento materno tem efeitos na saúde por toda a vida. Entre os benefício estão:
Além disso, é importante destacar que o aleitamento materno age como um ato de afeto, tornando o momento uma troca de carinho e aproximação entre mãe e bebê. Isso tem efeitos positivos no desenvolvimento emocional e social da criança.
Em geral, as mães sabem que o leite é rico nos nutrientes necessários para o bom desenvolvimento do bebê. Até os 6 meses, não há mais nada que a maioria das crianças precise. Mas o que há nesse superalimento? O leite materno tem uma formulação única que sequer pode ser produzida industrialmente. Isso porque nele há:
Uma série de fatores pode afetar a produção de leite da mãe. Eles incluem condições anatômicas das mamas, problemas de saúde da mulher ou, sobretudo, a falta de estímulos.
Como a produção de leite é feita também pela estimulação, a pega do bebê — ou seja, o encaixe da boca para a sucção do leite — é bastante importante nesse processo.
Por isso, observar se toda a aréola está sendo envolvida pela boca do bebê é o primeiro passo para checar se a produção está suficiente.
Outros fatores podem afetar a quantidade de leite produzida, como não amamentar com a frequência certa, uso de alguns medicamentos ou a demora para fazer a primeira amamentação após o parto.
Mas há dicas que podem ajudar na boa produção do leite:
A livre demanda, ou seja, dar o peito no ritmo que a criança requisitar, é uma forma de estimular a produção de leite. A sucção, ou pega, estimula as glândulas e faz o leite ser produzido e liberado mais facilmente.
É importante alternar os seios oferecidos à criança, mas é necessário que o ritmo natural da amamentação seja respeitado.
O ideal é deixar a criança sugar todo leite antes de trocar de lado, senão o organismo pode entender como um sinal de que está sobrando leite. Isso pode levar à redução da produção ou a complicações como o leite empedrado.
Quando há, de fato, uma redução na produção, pode-se recorrer aos estímulos nas mamas. Isso inclui massagens em volta da aréola e a aplicação de compressas mornas.
Principalmente antes da hora de mamar, essas técnicas estimulam a vasodilatação e a ação das glândulas.
A água é bastante importante para a boa produção de leite materno. O ideal é que a mãe ingira mais de 2 litros por dia.
Porém, nem sempre é fácil aumentar a ingestão. Por isso, uma opção pode ser incluir chás e sucos na alimentação.
Há algumas mulheres que buscam por plantas naturalmente capazes de aumentar ou estimular a produção de leite. Entre elas, o hortelã, funcho e erva-doce.
No entanto, não há comprovação que eles possam, de fato, estimular as glândulas. Por isso, o consumo deve ser focado na ingestão do chá como um líquido.
É importante saber que não há alimentos que estimulam ou afetam a produção de leite. Por isso, as mães devem ficar tranquilos em relação à dieta, fazendo valer aquela velha dica da alimentação saudável.
Por isso, é necessário que o cardápio seja composto de alimentos naturais, ricos em vitaminas e minerais.
Mas há outra dica que pode ajudar na produção de leite: alimentos ricos em água. Frutas como melancia, melão e maçã são têm bastante água e, por isso, ajudam na produção de leite.
Um ambiente calmo, a respiração regulada e técnicas que afastem o estresse antes e durante a amamentação são importantes.
O emocional tem um peso bastante grande nesse momento, sendo importante estar tranquila e focada no ato de amamentar.
Algumas condições podem fazer surgir a necessidade de retirar o leite para a criança mamar — condição chamada de ordenha.
Pode ser porque a mãe está retornando ao trabalho, irá se ausentar por algumas horas, quer que o companheiro ou pai participe do processo ou para doar o leite.
Além disso, quando o bebê é prematuro e tem dificuldades em fazer a pega ou se as mamas estão muito cheias, a ordenha é uma forma de amenizar ou lidar com esses casos.
Para isso, há duas formas de se fazer a ordenha, que são a manual e por bombinha. Não tem uma forma mais adequada, pois isso depende da adaptação de cada mulher. Mas há dicas que podem facilitar o processo:
É importante lavar bem as mãos e buscar um lugar tranquilo para a retirada.
Primeiro, deve-se posicionar o polegar a cerca de 4 cm acima do mamilo e os demais dedos abaixo dele, formando uma pinça com a mão.
Os dedos devem pinçar o bico do seio ao mesmo tempo que pressionam a mama em direção ao corpo. O movimento deve ser repetido de forma rítmica até que o leite comece a sair.
Os primeiros jatos devem ser desprezados e o leite deve ser depositado em um recipiente esterilizado.
Fazer uma massagem, com movimentos circulares pela mama antes de iniciar a ordenha, facilita a ordenha, pois isso fará com que as glândulas sejam estimuladas.
É importante saber que a ordenha leva cerca de 20 a 30 minutos, que é o tempo natural de uma mamada.
Há 2 tipos de bombinhas, as manuais e as elétricas. Ambas funcionam simulando a sucção do bebê, mas a diferença é que a manual precisa ser acionada pela mãe enquanto a elétrica é acionada eletricamente.
Sobretudo no início, pode haver dor ou desconforto na retirada, mas o processo tende a ser simples também.
O ideal é que a mãe higienize bem as mãos e encontre um lugar calmo para a ordenha. A massagem pode ser feita, visando estimular as glândulas e facilitar o processo.
A bombinha deve ser colocada no bico das mamas e ser acionada. O leite retirado será depositado diretamente no recipiente da bombinha, seja ela manual ou elétrica.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o leite seja preferencialmente armazenado em um recipiente de vidro, com tampa plástica e bem esterilizado — é possível comprar recipientes próprios em farmácias.
O ideal é preencher o recipiente até restar cerca de 2cm entre o líquido e a tampa. Mas isso não precisa ser feito de uma única vez. Ou seja, é possível encher gradualmente, em diferente ordenhas.
O leite deve ser estocado em geladeira por até 12 horas ou por até 15 dias no congelador ou freezer. Em temperatura ambiente, o leite deve ser guardado por no máximo 2 a 4 horas.
No caso dos leites congelados, antes de dar ao bebê, o Ministério da Saúde recomenda deixar que ele descongele em geladeira. Nunca se deve deixar descongelar em temperatura ambiente.
Depois, deve-se levá-lo ao banho-maria para aquecer. É importante aquecer a água e retirar a panela do fogo antes de colocar o recipiente dentro.
O leite descongelado não pode retornar ao freezer ou congelador e deve ser mantido em geladeira por até 24 horas.
Antes de dar à criança, é necessário misturar suavemente o leite para que as nutrientes se distribuam adequadamente.
Não importa se é fresco ou se foi descongelado, o leite materno pode ficar entre 4 e 6 horas fora da geladeira. Dependendo da localidade (locais muito quente), esse tempo pode ser menos, cerca de 2 horas.
Existem diversos remédios que são comercializados para estimular ou parar a produção de leite. O uso de medicamentos, quando necessário, pode trazer alívio para as mães que não produzem ou que continuam produzindo muito leite.
Mas é importante ressaltar que muitas vezes eles são indicados sem necessidade, o que pode trazer riscos à saúde.
Os médicos e médicas em geral recomendam que todas as técnicas manuais ou não medicamentosas sejam testadas antes de recorrer-se à medicação.
Assim como é no estímulo à produção, na hora de secar o leite é indicado recorrer primeiro às técnicas alternativas como:
Se ainda assim for necessário cessar a produção por vias medicamentosas, o médico poderá indicar remédios como:
Há diversas táticas e recursos para aumentar a produção de leite materno que a mulher pode recorrer antes de usar algum medicamento. Elas, em geral, são mais seguras pois não possibilitam efeitos colaterais e não há maiores restrições para a adoção dessas práticas.
Alguns recursos que podem ser empregados pela mãe incluem:
Se ainda assim não houver resposta suficiente da produção de leite, os medicamentos que podem ser indicados são:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Não. O leite é o alimento necessário ao bebê, contendo todas as vitaminas, nutrientes e células necessárias para o bom desenvolvimento da criança. Muitas vezes, o ganho de peso baixo é decorrente do mal posicionamento do bebê ou de outros fatores que impedem, dificultam ou interferem na amamentação.
Porém, quando ocorre adequadamente, o aleitamento é suficiente para suprir as necessidades alimentares.
Lembrando também que a qualidade do leite não é afetada pela alimentação da mãe. No começo, a produção do colostro é menor e muitas mães acham que ela não basta para a nutrição da criança.
Mas o colostro é bastante concentrado e supre adequadamente a quantidade e a qualidade de nutrientes que o bebê necessita.
Não existe cor ideal. É preciso que a mãe saiba que seu leite pode — e possivelmente vai — mudar ao longo da amamentação.
Aliás, a cor do leite quando o bebê começa a mamar e quando ele termina também pode mudar. Isso porque no começo da sucção, o leite tem mais proteínas e menos gordura.
No final, ele é mais rico em gorduras, o que ajuda a saciar o bebê.
Além disso, a cor do leite está bastante envolvida com a alimentação da mãe. Por isso, leite mais rosado, amarelado ou esverdeado podem ser decorrentes da alta de ingestão de alimentos com as respectivas cores.
Sim. O leite materno tem lactose, mas é de fácil digestão pelo organismo saudável. Vale destacar que são mais difíceis os casos de crianças que desenvolvem intolerância à lactose ainda na fase de amamentação. Em geral, ela tende a surgir após os 2 anos.
A interrupção do aleitamento deve ocorrer apenas com orientação expressa do médico pediatra, após a confirmação da intolerância por meio de exames.
O leite materno deve ser descongelado, preferencialmente, sendo colocado em geladeira de um dia para o outro. É importante não deixá-lo em temperatura ambiente e também não aquecê-lo diretamente no fogo ou microondas. Depois, o leite não deve ser congelado novamente e deve ser usado num prazo máximo de 2 a 4 horas.
O leite pode ser guardado em recipientes próprios, comprados em farmácia, ou em recipientes de vidro, com tampa plástica e que sejam bem vedados. Esses utensílios devem suportar altas temperaturas, pois precisam ser bem higienizados em água quente antes da utilização.
Não. Apesar de o leite materno ser um tecido vivo, produzido a partir do sangue da mãe, ele não é, no sentido literal, a mesma coisa. Ele é um produto da filtragem do sangue, cheio de células, como anticorpos, e nutrientes que vão fortalecer a criança.
Pode, até mesmo, ser chamado de “sangue da mãe” ou “sangue filtrado”, mas são produções orgânicas distintas, com finalidades específicas.
Apesar de os seios estarem se preparando durante toda a gestação para a produção de leite, ela só começa mesmo a partir do nascimento da criança. As primeiras mamadas ainda vão fornecer o colostro, uma espécie de pré-leite. Leva um tempo para o leite descer, pois é necessário haver a sucção do bebê.
Depois disso, a mãe já está produzindo o leite maduro.
Não há nenhum alimento capaz de estimular a produção de leite materno. Apesar disso, investir em alimentos ricos em água, como melão e melancia, pode ajudar. Isso porque elas são bastante hidratantes e ajudam a oferecer mais líquido ao corpo.
O aleitamento materno é uma fase fundamental para o bom desenvolvimento infantil. Além de parte do desenvolvimento orgânico, o leite faz parte de um processo afetivo.
Por isso, saber da importância e das práticas corretas para preservar esse momento materno é importante.
Converse com seu médico ou médica e acompanhe mais informações sobre maternidade e gestação no Minuto Saudável!
Rafaela Sarturi Sitiniki
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