Saúde

Histerectomia (total, abdominal, parcial): veja o que é

Publicado em: 29/06/2017Última atualização: 02/09/2020
Publicado em: 29/06/2017Última atualização: 02/09/2020
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O que é Histerectomia?

A histerectomia é uma operação cirúrgica ginecológica que efetua a remoção do útero. O procedimento é usado tanto para evitar quanto para amenizar a propagação do câncer de colo de útero, além de tratar outros problemas, tais como:

  • Mioma (tumor formado a partir de tecido muscular) uterino;
  • Dor pélvica;
  • Sangramento uterino anormal;
  • Endometriose (anormalidade em que há presença da mucosa que reveste a face interna do útero fora da cavidade uterina);
  • Prolapso uterino (condição em que o útero se move para o interior da vagina devido ao enfraquecimento dos músculos que o suportam);
  • Dependendo do caso, ela pode também incluir a retirada dos anexos uterinos (trompas adjacentes e ovário), principalmente em situações de endometriose grave e câncer avançado.

Não existe um CID específico para histerectomia, pois não é uma doença. Mas o CID para as doenças que levam à necessidade de uma histerectomia são N99.3 para prolapso de cúpula de vagina pós-histerectomia, e O82.2 para parto por cesariana para histerectomia.

O preço da operação varia muito por ter vários tipos e maneiras de ser realizada. Em geral, o valor da histerectomia laparoscópica e robótica são mais altos. A histerectomia abdominal custa, em média, R$10mil e a histeroscopia vídeo assistida, R$18mil.

Qual a diferença entre a histerectomia e a laqueadura?

A laqueadura, ou ligadura de trompas, é uma cirurgia de esterilização voluntária feminina. Ela consiste no corte ou na amarração/queimada das tubas uterinas, procedimentos que podem ser realizados de várias maneiras, como através da colocação de anéis de plástico, clipes de titânio, fios de sutura, entre outros, evitando que óvulos e espermatozoides fecundem.

A operação exige anestesia e o seu tempo de recuperação varia de acordo com a paciente e o tipo de anestesia utilizada. A prática de atividade pesada dentro de 48 horas após a cirurgia não deve ser realizada. A laqueadura não é um método anticoncepcional, mas sim definitivo (podendo ser reversível em alguns casos), e não previne doenças sexualmente transmissíveis.

Assim, enquanto a histerectomia tem o objetivo de tratar doenças e outros sintomas que afetem a qualidade de vida na mulher, a laqueadura é especificamente para esterilizar a mulher.

Índice — neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:

  1. O que é Histerectomia?
  2. Tipos de Histerectomia
  3. Como é realizada a cirurgia
  4. Que sintomas e patologias podem exigir uma Histerectomia?
  5. Cuidados antes da Histerectomia
  6. Cuidados na recuperação da Histerectomia
  7. Efeitos colaterais
  8. Prevenção
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Tipos de Histerectomia

Os tipos de histerectomia são definidos de acordo com quais órgãos terão que ser retirados o que é decidido pelo médico baseado em cada caso específico.

Os tipos de histerectomia são:

Histerectomia parcial (histerectomia subtotal)

Apenas o corpo do útero é removido. Nesse caso, em que o colo do útero não é retirado, ainda é necessário fazer o exame de Papanicolau regularmente.

Histerectomia total

O corpo e o colo do útero são retirados.

Histerectomia radical

Também chamada de histerectomia total ampliada, histerectomia total com anexectomia uni ou bilateral ou cirurgia de Wertheim-Meigs, nesse tipo de histerectomia há a remoção tanto do corpo quanto do colo do útero, dos ligamentos do órgão ou trompas de Falópio (salpingectomia), dos ovários (ooforectomia) e do tecido da vagina em torno do colo do útero. Geralmente é realizada quando existe uma neoplasia maligna (câncer) em estágio avançado.

Essa classificação atua decisivamente na maneira de como a cirurgia será realizada.

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Como é realizada a cirurgia

Quem efetua a operação é um médico-cirurgião ginecológico, mas médicos cirurgiões também são habilitados. Nos casos em que a histerectomia seja necessária por neoplasia (câncer), a operação é normalmente realizada por cirurgiões oncológicos.

Todos os tipos de cirurgia são de médio ou grande porte, e devem ser realizados nos centros cirúrgicos de hospitais. Essas cirurgias duram, em média, 2 horas, mas varia de acordo com a intensidade das complicações.

As maneiras de realizar o procedimento são:

Histerectomia vaginal

O cirurgião separa o útero de seus anexos e, em seguida, o retira através da vagina. A condição para que a cirurgia seja realizada desta maneira é a de que o útero não apresente variação de tamanho. O desconforto, nesse caso, é menor e a recuperação é mais rápida. O tempo de internamento é de 1 a 2 dias e o de recuperação é de 2 a 3 semanas.

Histerectomia laparoscópica

São realizados pequenos cortes de 5 a 10 mm na região abdominal ou na vagina (histerectomia laparoscópica vaginal). O médico que realiza o procedimento utiliza instrumentos longos e finos através desses cortes, e tem a ajuda de uma câmera acoplada a um telescópio. O útero é, então, removido, também pela vagina, em pedaços menores (morcelamento), assim como na histerectomia vaginal. O tempo de internamento é de 1 a 2 dias e o de recuperação é de 2 a 3 semanas.

Histerectomia robótica

É utilizada uma tecnologia 3D, visão de alta definição e braços robóticos que proporcionam uma alta precisão no procedimento. Diferencia-se da histerectomia laparoscópica por serem esses “robôs” que realizam a operação, enquanto o médico cirurgião assiste através de um monitor. O tempo de internamento é de 1 a 2 dias e o de recuperação é de 2 a 3 semanas.

Histerectomia abdominal

O útero é removido através de uma incisão vertical ou horizontal no abdômen. Embora cause mais desconforto e dor e exija mais tempo de recuperação, esse método é inevitável quando o volume uterino estiver maior devido a tumores e pólipos. O tempo de internamento é de 4 dias e o de recuperação é de 6 semanas.

Atenção!

Em alguns casos, o médico pode achar necessário mudar de histerectomia vaginal para histerectomia abdominal. A cirurgia mais utilizada é a abdominal, por facilitar a visualização da área pelo cirurgião, identificando melhor os tecidos e órgãos afetados.

Que sintomas e patologias podem exigir uma Histerectomia?

Estima-se que 16% das histerectomias são consideradas desnecessárias. Portanto, ela deve ser a última opção possível, ou seja, só deve ser realizada quando outros tratamentos não surtirem efeito e não houve outra opção menos invasiva e mais barata.

Ela é indicada para mulheres que apresentam complicações na região pélvica, como:

  • Câncer do útero ou do ovário (ou como preventivo);
  • Displasia (desenvolvimento anormal dos tecidos) cervical;
  • Leiomioma ou fibromioma uterino (aparecimento de tumores não cancerosos no útero);
  • Sangramentos anormais ou hemorragias incontroláveis;
  • Crescimento não maligno do útero e dos anexos;
  • Dor pélvica crônica;
  • Prolapso pélvico (falha na sustentação dos órgãos pélvicos);
  • Infecção pélvica severa;
  • Placenta percreta (implantação profunda da placenta na parede uterina);
  • Adenomiose ou outra endometriose severa;
  • Cirurgia de adequação sexual (feminina para masculina);
  • Algum outro dano irreparável ao útero.

Quando se trata de condições malignas, a histerectomia normalmente será total ou radical.

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Cuidados antes da Histerectomia

É muito importante que a paciente se informe sobre a cirurgia a qual será submetida. Sabendo mais, ela se sentirá mais segura e isso pode ajudá-la emocionalmente no momento da operação.

Durante o internamento e no período pré-operatório, alguns procedimentos deverão ser realizados com a paciente. O profissional de enfermagem responsável deve habilitar a paciente para a cirurgia e prepará-la para a realização de exames físicos e laboratoriais.

Os procedimentos mais comuns são:

  • Verificar a roupa cirúrgica;
  • Tricotomia (raspagem dos pêlos da área em que haverá intervenção);
  • Antissepsia da pele (evita que a ferida cirúrgica infeccione);
  • Jejum absoluto por algumas horas antes da histerectomia;
  • Possível uso de antibióticos ou laxantes (preparo intestinal);
  • Exames de sangue;
  • Exames de urina;
  • Biópsia do endométrio (mucosa que recobre a face interna do útero);
  • Inserção de um cateter urinário na uretra para esvaziar a bexiga;
  • Dependendo da anestesia utilizada, outras precauções podem ser tomadas.

Durante a realização desses processos, deve-se sempre verificar os sinais vitais da paciente.

Acompanhamento psicológico

Essa operação pode afetar o equilíbrio psicológico da mulher, pois trata-se da remoção do que a maioria das mulheres tem como a representação de sua feminilidade, por associar-se ao seu papel reprodutor. Ou seja, apesar do alívio por tratar o câncer ou qualquer outra implicação que a tenha levado a precisar da histerectomia, ela pode se sentir menos mulher e até perder o apetite sexual. Nas mulheres que não têm filhos, o impacto da infertilidade pode ser ainda maior. Assim, essa condição pode afetar a sua autoestima, o seu relacionamento sexual e conjugal e a sua recuperação.

Por isso é importante que, caso a mulher tenha um parceiro, ele seja muito compreensivo com essa situação, e também que ela tenha, juntamente ao processo pré e pós-operatório, o apoio de um psicólogo.

Cuidados na recuperação da Histerectomia

O tempo de recuperação da cirurgia depende do tipo de procedimento realizado, mas pode variar de duas a oito semanas. Em casos de operações mais radicais, a recuperação completa pode chegar a 12 meses. O médico responsável pelo caso é quem irá decidir quando a paciente pode voltar às suas atividades diárias. Durante a reabilitação, devem ser tomados alguns cuidados. Veja:

Caminhada

Ficar o tempo todo na cama favorece a coagulação das veias (trombose), por isso são indicadas pequenas caminhadas em casa durante o dia, atividade que também acelera a cicatrização.

Curativos

A região do corte deve ser limpa regularmente, com água e sabão neutro ou de coco. Após o banho, deverá ser seca com uma toalha limpa e seca. O curativo geralmente é trocado de 12h em 12h, mas pode variar de acordo com a prescrição do enfermeiro chefe.

Dieta

Não há restrições de alimentação após a histerectomia, exceto quando o médico considere necessário.

Relação sexual

Cada corpo tem uma resposta individual após ser apresentado a intervenções como essa. Por isso, é necessário que haja orientação médica para saber quando é possível voltar a ter relações sexuais sem prejudicar a cicatrização. De início, não deve haver contato íntimo com o parceiro e as relações geralmente devem ser evitadas por um período de seis a oito semanas após a operação.

Quando a histerectomia é parcial, não há tanta alteração hormonal, portanto a libido (desejo sexual) e a lubrificação vaginal se mantêm. Entretanto, a retirada dos ovários e do colo do útero causam grande desnível hormonal, diminuição da lubrificação e pode haver menos apetite sexual.

Para isso, além da reposição dos hormônios é também recomendável o uso de lubrificantes durante o ato sexual. O prazer pode sim diminuir, mas ele está relacionado especialmente ao estímulo do clitóris e do canal vaginal, que não sofrem intervenção. Por outro lado, também é comum que o prazer aumente, pois após a histerectomia não existem mais os sintomas que levaram a mulher a realizar a cirurgia, como dores e hemorragia.

Esforço físico

O repouso é fundamental, especialmente nos primeiros dias após a cirurgia. Evite realizar movimentos bruscos, atividades físicas e, principalmente, levantar peso por pelo menos 3 meses.

Papanicolau

Conhecido também como citologia, trata-se de um exame para detectar doenças como câncer de colo de útero e do endométrio, infecções vaginais e doenças sexualmente transmissíveis. Esse exame preventivo deve continuar sendo realizado após a histerectomia parcial, pois o colo do útero também corre o risco de apresentar câncer.

Efeitos colaterais da Histerectomia

Algumas dificuldades terão que ser enfrentadas após a operação. São elas:

  • A histerectomia impede a gravidez, porém, são mulheres de 40 a 60 anos as que mais realizam essa operação, ou seja, mulheres que já passaram pela fase reprodutiva e já tiveram a oportunidade de ter filhos;
  • Se apenas o útero for removido, apesar da menstruação se romper, as cólicas permanecerão, devido à ovulação dos ovários. Se houver também a retirada dos ovários, que são responsáveis pela secreção do estrogênio, será necessária uma reposição hormonal e até prescrição de remédios para reduzir os sintomas característicos da menopausa, como calores, sudorese, alterações de humor e sono perturbado. Mulheres que não podem se submeter à terapia de reposição terão menopausa precoce e aumentam seus riscos de osteoporose e infarto do miocárdio;
  • Mesmo que os ovários não sejam retirados, eles podem falhar alguns anos após a cirurgia por ausência de irrigação sanguínea vinda do útero;
  • Nos primeiros dias, pode haver sangramento vaginal e cólicas abdominais. O ginecologista irá indicar medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos para aliviar a dor e evitar infecções;
  • Podem surgir complicações para urinar;
  • Riscos relacionados a medicamentos usados na anestesia. Os mais graves incluem dano nos nervos, reações alérgicas e morte;
  • O útero produz uma substância chamada prostaciclina, que é responsável pela inibição da formação de coágulos sanguíneos. Assim, a remoção do útero pode aumentar as chances da mulher em ter tromboses, podendo aumentar, também, o risco de infartos;
  • Constipação é outra complicação frequente, que pode ser resolvida através de medicamentos, hidratação e uma dieta rica em fibras;
  • Fadiga;
  • Dores articulares;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Palpitações;
  • Desenvolvimento de cistos ovarianos benignos;
  • Insônia;
  • Irritabilidade;
  • Vagina encurtada.

Algumas complicações podem aparecer após o procedimento e são consideradas menos comuns:

  • Febre persistente;
  • Vômitos frequentes;
  • Dor abdominal mesmo após a medicação prescrita;
  • Sangramento vaginal superior ao da menstruação;
  • Inchaço, vermelhidão, odor fétido, presença de pus ou sangramentos no corte;
  • Infecções;
  • Lesões no intestino (vazamento de material fecal e infecções) e bexiga (incontinência urinária), que são órgãos vizinhos ao útero;
  • Prolapso vaginal.

Cerca de 35% das mulheres que realizam histerectomia passam por outra cirurgia relacionada no prazo de 2 anos. Os maiores riscos para a realização do procedimento são mulheres com câncer mais tardio e grávidas. A mortalidade varia de 1 a 6 mulheres a cada 1000 operações.

Casos de histerectomia por neoplasia uterina podem exigir tratamento posterior com quimio ou radioterapia.

Histerectomia engorda?

Não há uma explicação comprovada da razão, nem que a histerectomia realmente causa ganho de peso, mas existem muitos relatos de mulheres que engordaram após a cirurgia.

Mesmo assim, existem teorias que relacionam o procedimento com o ganho de peso, como a impossibilidade de praticar exercícios físicos por um bom tempo, o aumento da produção de progesterona e a diminuição dos níveis de estrógeno, fatores que intensificam e retenção de líquido pelo corpo.

Prevenção

Quando um médico constata que é necessário realizar a histerectomia, é importante que se consulte outros especialistas na área ginecológica para não correr o risco de realizar o procedimento sem necessidade. Afinal, existem muitos perigos e desvantagens em retirar úteros e anexos, então, enquanto for possível, deve-se tratar de uma maneira menos invasiva. No entanto, se as outras opiniões também acharem importante, significa que existe um risco caso a cirurgia não se realize.

Portanto, não há maneiras de prevenir a histerectomia. Quando ela é tida como necessária, deve ser realizada. O que pode-se fazer é prevenir fatores que levam à inevitabilidade do procedimento, como:

  • Realizar exames preventivos ginecológicos regularmente: identificar com antecedência o câncer de colo de útero;
  • Ter relações sexuais com preservativo, tomar a vacina de HPV entre 9 e 26 anos, evitar o uso de cigarros e evitar ter vários parceiros sexuais: minimizam as chances de apresentar displasia cervical (ou displasia do colo do útero) e das infecções pélvicas;
  • Praticar exercícios e manter o peso ideal: ajudam a prevenir o prolapso uterino.

A histerectomia, cirurgia de remoção do útero e seus anexos, se torna necessária quando existe alguma complicação na região pélvica feminina. Porém, muitas dessas complicações poderiam ter sido evitadas ou tratadas de uma forma menos invasiva caso fossem diagnosticadas anteriormente.Portanto, compartilhe este texto para que mais mulheres conheçam sobre o assunto e possam praticar atitudes que evitem essa operação.
Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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