A hérnia de disco é uma lesão da coluna vertebral, caracterizada por dores nas costas ou pescoço, que pode irradiar para os braços e pernas. Ocorre quando um disco vertebral sai de seu devido lugar e comprime outras estruturas. É a principal causa de dores nas costas de 15% da população mundial.
A doença se dá, mais frequentemente, nas vértebras cervicais (pescoço) e lombares, que costumam receber mais impacto do que aquelas localizadas na região do tórax.
A coluna vertebral é formada por vértebras que são articuladas por discos, estruturas cartilaginosas que ficam entre uma vértebra e outra. São eles os responsáveis pela flexibilidade (articulação) e por amortecer impactos.
A palavra "hérnia" significa saída por meio de uma fissura ou orifício. Hérnia de disco significa, portanto, a saída deste disco de seu devido local.
Ao saírem do lugar, os discos afetam as raízes nervosas da coluna (nervos espinhais), causando dor. Isso pode ocorrer por conta de um esforço físico feito de forma errada, obesidade, má postura entre outros aspectos.
O disco intervertebral é composto por duas estruturas: o núcleo pulposo e o anel fibroso. O núcleo é formado por uma substância gelatinosa chamada líquido pulposo que, ao receber muitos impactos, pode se deslocar a romper o anel fibroso.
É esse núcleo que nos protege das pressões diárias e torções, enquanto o anel nos dá flexão, extensão e rotação. Isso tudo nos permite andar, correr, pular e realizar outros movimentos. Por isso, o disco é considerado um amortecedor.
A hérnia de disco afeta, em média, 2 a 3% da população entre os 40 e 50 anos de idade. Só no Brasil, ela atinge cerca de 5,4 milhões de pessoas. Em geral, pessoas do sexo masculino e acima dos 35 anos sofrem mais com a doença.
Por mais que 13% das consultas médicas envolvam dores na coluna, o médico ortopedista especialista em coluna Jonas Lenzi, do Hospital VITA, afirmou em entrevista à SEGS que somente 15% das dores na coluna lombar estão relacionadas com a hérnia de disco.Ocorre quando um disco ficar mais largo que os outros, por conta da destruição de algumas fibras do anel fibroso, provocando sua dilatação. O líquido gelatinoso que há dentro dos discos se mantém neste, mas, por ser mais largo, suas paredes tocam regiões sensíveis, causando a dor da hérnia de disco.
Se dá por conta do desgaste ainda maior do anel fibroso, o que causa o rompimento de sua última fibra, transbordando o conteúdo gelatinoso que existe dentro dos discos.
Acontece quando a parede do disco se rompe e o líquido gelatinoso vaza para dentro do canal medular, para cima e para baixo. Isso causa a dor química, pois o líquido gelatinoso do disco tem propriedades químicas ácidas, causando inflamações e compressão contínua.
Cada movimento que fazemos durante o dia exige uma postura correta. Até mesmo quando estamos parados, precisamos de uma postura. A coluna pede uma postura correta, pois é ela quem estrutura nosso corpo, nos equilibra e distribui forças e gestos. Sendo assim, a má postura é um dos causadores da hérnia de disco.
Esse desgaste geralmente acontece com pessoas que carregam peso excessivo no músculo das costas, como no caso dos pedreiros, que levantam e carregam muito peso. O desgaste, em si, é uma das principais causa da hérnia de disco.
Como a hérnia de disco é uma doença degenerativa, ou seja, de envelhecimento dos discos, o avanço da idade também é uma de suas causas. Ela ocorre geralmente entre os 30 e 55 anos, nos discos da parte baixa da coluna, que são os que mais trabalham.
O estudo “Influência genética na degeneração do disco intervertebral”, publicado na The Scientific Electronic Library Online (SciELO), comprova que o fator genético está presente nesta doença.
Ao estudar a participação de alguns genes no processo de formação dos discos, constatou-se que o histórico familiar de hérnia está relacionado a casos de mudança de estado do disco em jovens menores de 21 anos.
Ainda de acordo com o estudo “Influência genética na degeneração do disco intervertebral”, há a comprovação de que o tabagismo aumenta a dor lombar, atingindo diretamente o disco. E mais: o tabagismo provoca dores crônicas.
Em um dos estudos, pessoas que foram separadas em grupo de fumantes que relataram dores nas costas e não pararam de fumar durante o tratamento não tiveram melhora da dor relatada, diferente dos que pararam de fumar durante o tratamento.
Uma vez que a coluna sustenta o peso do corpo, quanto mais acima do peso estiver o paciente, mais peso a coluna sustenta, logo, os discos são prejudicados pelo sobrepeso. O maior grupo de pessoas caracterizadas com a hérnia de disco sofrem de obesidade.
Estudos já comprovaram que quem tem tendência depressiva sofre duas vezes mais com dores nas costas. Neste estudo, pacientes com constantes dores na coluna também se queixavam muito de problemas psíquicos.
A ansiedade e estresse entram neste ponto. Outro fator psicológico que desencadeia a hérnia de disco é a sobrecarga de trabalho, não necessariamente físico, mas como autopunição por não alcançar suas metas.
O uso de salto alto provoca mudanças posturais ao pisar, além de deixar a mulher na posição de pontas do pés. Assim, a região do calcanhar não faz esforço e a chance de forçar a coluna é imensa. Logo, esse esforço que a coluna faz pode acometer a hérnia de disco.
O principal sintoma da hérnia de disco é a dor na região da coluna vertebral, mas existem muitos casos em que a lesão é assintomática. Além disso, dependendo do disco afetado, as dores podem se espalhar para outros locais. Saiba mais:
Em geral, a dor só é passada para outras partes do corpo quando a hérnia toca as estruturas nervosas que atravessam a coluna. Ela pode ocorrer por etapas e a tendência é piorar caso não seja tratada.
Outras sensações que podem aparecer nos membros superiores ou inferiores incluem:
Na maioria dos casos, a dor é mais intensa durante a noite e piora ao realizar movimentos (flexão da coluna lombar, mover o pescoço, entre outros). Quanto à duração, algumas pessoas relatam que ela pode desaparecer por conta própria, outras que ela é constante. Há, também, relatos nos quais a dor retorna em momentos inesperados.
Em raros casos, a hérnia pode ser entre a última vértebra lombar (L5) e o osso sacro, o que causa compressão dos nervos da área e pode resultar em perda do controle da urina e da evacuação.
Como primeiro passo do diagnóstico, o médico irá ouvir tudo que o paciente tem a falar sobre essa dor, buscando saber mais sobre a rotina do corpo do paciente e se o relato corresponde aos sintomas da hérnia de disco.
Em seguida, um exame físico é feito, avaliando os locais das dores. Para auxiliar no diagnóstico, o médico pode pedir exames complementares como raio X, tomografia, ressonância magnética e eletromiografia. Saiba mais:
Nem sempre as dores nas costas são causadas por uma hérnia de disco e, por isso, médicos podem buscar outras causas para essas dores. Alguns diagnósticos diferentes com sintomas parecidos incluem:
A hérnia de disco tem cura, que ocorre quando o líquido pulposo é reabsorvido pelo disco e um tecido cicatricial toma o lugar das fibras destruídas. Para isso, é preciso realizar o tratamento adequado e adotar medidas que evitem danos maiores ao disco. Em alguns casos, mesmo sem a reabsorção total do líquido pulposo, os pacientes não sentem mais as dores.
O tratamento é feito através fisioterapia, musculação, pilates ou cirurgia.
O paciente que trata a hérnia de disco com fisioterapia mantém as sessões até acabar com a dor, o desconforto e a inflamação local. A quantidade de sessões varia de caso para caso e depois deste tratamento aconselha-se uma reeducação de postura e até mesmo pilates e hidroterapia.
Em cada caso, o fisioterapeuta escolhe qual técnica da fisioterapia será mais adequada, mas, de forma geral, técnicas que ajudam são as da fisioterapia manual, sendo elas:
Em alguns casos, como em hérnias protrusas (sem danos aos ligamentos), pode-se fazer o uso da cama flexo-extensora, pois a extensão dos ligamentos da coluna podem ajudar a trazer a hérnia para dentro do disco novamente.
A musculação é recomendada devido sua função de fortalecer os músculos. Um dos exercícios mais feitos nesse caso são os isométricos que desenvolvem tensão no músculo sem alteração em seu comprimento externo, basicamente como quando carregamos compras: os músculos estão sob tensão, mas estáticos.
Ao tratar a hérnia de disco com a musculação, os movimentos no quadril, tronco e coluna devem ser mais leves, para não agravar o caso. Se houver crises, o treino deve ser suspenso e o médico deve ser procurado. Os exercícios nunca devem ser feitos em casa ou sem a ajuda de um profissional da educação física.
Da mesma forma que a musculação, o pilates fortalece os músculos. A diferença é que com o pilates o paciente precisa fazer os exercícios recomendados pelo profissional fora das aulas também. O mais indicado para essa prática é trabalhar o quadro lombar, o fortalecimento e alongamento da musculatura.
A acupuntura é uma técnica alternativa baseada na medicina oriental que consiste na aplicação de pressão (através de agulhas) em pontos específicos para promover alívio da dor.
Embora a comunidade científica ainda não tenha comprovado sua eficácia, diversos estudos publicados sugerem que a acupuntura é capaz de ajudar nos casos de dores crônicas, mas não por muito tempo. Por isso, vale ressaltar que a prática não dispensa o tratamento fisioterapêutico.
Em alguns casos, em pacientes com espasmos e dores que não respondem a outro tipo de tratamento, pode-se realizar injeções de esteroides periodicamente. Essas injeções, quando aplicadas diretamente na espinha, são capazes de controlar as dores por meses.
É importante lembrar que o uso prolongado de esteroides pode trazer consequências desagradáveis e limitantes, sendo essa uma das últimas alternativas a se tentar.
A cirurgia vem em último caso, quando a doença já está grave e nenhuma das outras técnicas tiveram resultados. Alguns dados afirmam que somente 5% dos casos de hérnias de disco precisam de cirurgia.
Em caso de cirurgia, o disco é removido e um material similar é colocado, ou então um disco artificial, para o funcionamento correto do restante dos discos.
O tratamento medicamentoso da hérnia de disco é feito, geralmente, com base em analgésicos e anti-inflamatórios, para alívio das dores. Além disso, alguns médicos podem receitar, também, relaxantes musculares e opióides.
É importante lembrar que essas medicações são apenas parte do tratamento, não sendo o tratamento completo em si. Caso as medicações sejam tomadas, mas não seja feito o tratamento fisioterapêutico, o paciente volta a sentir dores em pouco tempo.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Conviver com a hérnia de disco pode ser desafiador, mas existem algumas dicas que podem ajudar na recuperação da lesão. São elas:
As dores nas costas ocupam o segundo lugar no ranking de principal motivo dos brasileiros tirarem licença do trabalho e a hérnia de disco fica em 3º lugar no ranking de causas da aposentadoria precoce.
Para a Previdência, a impossibilidade de realizar o trabalho por conta da hérnia de disco é considerada incapacidade laborativa. Continuar no trabalho agrava a doença, leva a limitações funcionais que podem interromper os sinais do cérebro e coloca o paciente em risco de vida.
A medula espinhal, tecido nervoso que se encontra dentro da coluna vertebral, segue até as vértebras lombares, onde se divide em uma estrutura chamada “cauda equina”, por se assemelhar a uma cauda de cavalo. Na falta de tratamento, a hérnia de disco pode comprimir toda a cauda equina, ocasionando a chamada Síndrome da Cauda Equina.
Nesses casos, uma cirurgia de emergência pode ser realizada para impedir paralisia permanente dos membros inferiores. Essa síndrome também causa diminuição do controle da bexiga e do intestino, além da perda da sensação sexual.
Nem sempre é possível prevenir a hérnia de disco, uma vez que se trata de uma degeneração progressiva dos discos intervertebrais. Essa degeneração acontece naturalmente ao passo em que a coluna envelhece como um todo. Entretanto, é possível evitar que o desgaste ocorra muito rapidamente, o que auxilia a manter os discos saudáveis por mais tempo.
Algumas dicas são:
A má postura é um dos principais fatores que levam a hérnia de disco, portanto, corrigir a postura das crianças desde cedo é fundamental para essa prevenção. O excesso de peso em mochilas também faz com que as crianças possam desenvolver a hérnia de disco mais para frente, já que estão fazendo um esforço maior que o recomendado.
Os pais devem estimular a criança a ter uma vida ativa desde pequenos, praticando atividades físicas em família. Deve-se ficar alerta a lesões que incomodam e também a obesidade infantil.
O aumento de peso durante a gestação torna normal as dores nas costas em gestantes, uma vez que muitas precisam se inclinar para trás, aumentando a curvatura lombar, para estabelecer o equilíbrio em decorrência do peso da barriga.
Para prevenir a hérnia de disco durante a gravidez, deve-se cuidar da postura e fortalecer os músculos com pilates ou musculação. O ideal é conversar com um obstetra para ter certeza de quais exercícios são indicados de acordo com o período da gestação.
Para corrigir a postura, é preciso ficar atento a maneira na qual o peso é distribuído pelo corpo. Isso porque, para evitar problemas na coluna, é preciso distribuí-lo igualmente por todas as vértebras. Essa distribuição deve ser feita em todas as atividades do dia, até mesmo durante o descanso!
Algumas dicas para corrigir a postura e distribuir os pesos mais igualmente são:
A hérnia de disco é uma condição que afeta cada vez mais pessoas e, além e poder ser prevenida, possui tratamento. Por isso, é importante que cada vez mais pessoas tenham conhecimento sobre essa doença e as maneiras de lidar com elas. Se você acha que esse texto foi informativo e pode ajudar alguém, compartilhe!
Referências
https://www.itcvertebral.com.br/doencas-da-coluna/hernia-de-disco/http://www.hong.com.br/hernia-de-disco-o-que-e-causas-sintomas-e-tratamentos/http://www.segs.com.br/saude/53080-mudancas-de-habitos-ajudam-a-evitar-dores-nas-costas.htmlhttp://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/dor-forte-na-coluna-pode-ser-hernia-de-disco/http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522005000500010http://www.herniadedisco.com.br/doencas-da-coluna/hernia-de-disco/http://www.treinamentoresistido.com.br/tr/Pages/Articles/Article.aspx?id=467&mode=4http://fisioterapia.com/o-que-e-osteopatia/http://fisioterapiamanual.com.br/blog/areas-da-fisioterapia/metodo-maitland/http://www.equilibriofitefisio.com.br/conceito-mulligan/http://blogaodefisio.blogspot.com.br/2013/04/mobilizacao-articular.htmlhttp://nccam.nih.gov/health/acupuncture/acupuncture-for-pain.htmhttp://www.marcosbritto.com/2011/07/sindrome-da-cauda-equina-coluna.html
Rafaela Sarturi Sitiniki
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