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Eylia: tem no SUS? Entenda como usar conforme a bula

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 04/03/2020Última atualização: 03/09/2020
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 04/03/2020Última atualização: 03/09/2020
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Desde 2011, o medicamento Eylia, da Bayer, está aprovado nos Estados Unidos. No Brasil, a ANVISA aprovou e registrou o medicamento em 2012, facilitando o tratamento de algumas condições relacionadas à perda de visão. 

Entre os quadros que podem ser tratados está a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), maior causadora de perda de visão após os 65 anos. 

Além disso, seu uso pode ser indicado para outras condições, como danos à visão relacionados à oclusão de veia da retina ou, ainda, processos resultantes do edema macular diabético.

Saiba mais sobre o medicamento, suas formas de uso e qual o preço:

O que é Eylia?

Eylia é um dos nomes comerciais da substância ativa aflibercepte, comercializado pela indústria farmacêutica Bayer. 

O medicamento é indicado para o tratamento de algumas alterações da visão, como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) ou deficiência visual devido à neovascularização coroidal miópica (NVC miópica).

Sua aplicação é por meio de uma injeção intravítrea, ou seja, aplicada no vítreo (região interna e posterior do olho). Sua ação faz com que haja o bloqueio da atividade de agentes chamados de Fator de Crescimento Endotelial Vascular A (VEGF-A) e o Fator de Crescimento Placentário (PLGF).

De forma geral, o que ocorre é o impedimento da formação de novos vasos na retina, reduzindo o edema e o sangramento, comuns na doença DMRI. As aplicações precisam ser contínuas, melhorando a qualidade de vida e recuperando a visão de pacientes.

Apesar de parecer bastante incômodo e dolorido, via de regra, a injeção intraocular não causa dores ou incômodos grandes. É um procedimento rápido e, atualmente, é a principal maneira de tratar algumas doenças relacionadas à visão, devolvendo-a com qualidade à pessoa.

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Indicação: para que serve o medicamento Eylia Bayer?

Conforme a bula, Eylia, da fabricante Bayer, pode ser indicado para tratar algumas alterações ou doenças relacionadas à visão, que são:

Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) neovascular

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) gera lesões progressivas na mácula, que é parte central da retina (parte transparente, localizada no região de trás do olho). Isso provoca danos à visão, levando à redução dela. 

Há dois tipos, que são DMRI seca e úmida, em que o primeiro é menos severo e de maior ocorrência. Mas somente o segundo tipo, DMRI úmida, também chamados de neovascular ou exsudativa, podem ser tratados com Eylia. 

Eles são os quadros em que novos vasos sanguíneos anormais se desenvolvem na retina e esclera, causando extravasamento de sangue e fluidos (devido ao extravasamento, a região fica úmida, caracterizando a nomenclatura do tipo de DMRI).

Esse é o quadro mais severo da doença, geralmente relacionado à danos permanentes na visão.

Oclusão da veia central da retina (OVCR) ou oclusão de ramo da veia da retina (ORVR)

A retina é um tecido com grande vascularização, ou seja, muitos vasos sanguíneos, localizado na parte posterior do olho. O Eylia está indicado para tratar Deficiência visual devido ao edema macular secundário à oclusão da veia da retina, mais especificamente nos casos de OVCR (oclusão da parte final da veia central) ou ORVR (oclusão de algum ramo venoso).

As condições são resultantes da obstrução devido a um coágulo que se forma no local, podendo ser no final da veia central (OVCR) ou em algum ramo venoso que drena o sangue da retina (ORVR).

Nesses casos, havendo a oclusão, o sangue que irriga a retina não tem como ser drenado, seguindo o fluxo normal. Dessa forma, começa a ocorrer extravasamento (ou seja, vazamento) dentro da retina. Isso gera inchaços e edemas que causam danos à visão. 

Em geral, é uma doença que afeta majoritariamente pessoas de mais idade, entre 60 e 70 anos. Além da faixa etária, outras condições podem favorecer a ocorrência da obstrução, como glaucoma, diabetes e problemas de coagulação sanguínea.

Deficiência visual devido ao edema macular diabético (EMD)

Eylia pode ser indicado para o tratamento de edema macular diabético (EMD), condição resultante da retinopatia diabética. Esta última é caracterizada pelo acúmulo de líquido nos vasos dos olhos. Não há, inicialmente, alterações de visão, mas os vasinhos sanguíneos dos olhos acumulam fluido e ficam inchados. 

Também podem surgir novos vasos, que são mais frágeis. As altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) são a principal causa para o surgimento do edema, pois ela leva ao aumento da permeabilidade vascular da retina. 

Ou seja, aos poucos, os fluidos vazam de dentro dos vasos e começam a acumular-se próximos à retina e mácula. Essa condição é o edema macular diabético, que resulta em distorção de imagens, visão borrada e até cegueira.

https://minutosaudavel.com.br/diabetes-pode-levar-perda-da-visao/

Deficiência visual devido à neovascularização coroidal miópica (NVC miópica)

O coroide é uma camada localizada na parte média dos olhos, entre a esclera e a retina. É uma membrana bastante fina, mas muito vascularizada, pois são os vasinhos dessa região que suprem as células da retina e da esclera com nutrientes e oxigênio necessários. 

Eylia é indicado para pacientes que apresentam quadros de neovascularização coroidal, ou seja, surgimento de novos e irregulares vasos sanguíneos no coroide. A condição pode levar a edemas e perda da visão.

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Para que serve a injeção intravítrea?

A injeção intravítrea consiste na aplicação de uma injeção dentro da região vítrea, que é gelatinosa e viscosa, e que ocupa a parte central do globo ocular. A administração de medicamentos nesse local é indicada para tratar uma série de problemas relacionados à visão.

É um tratamento bastante eficaz para conter a neovascularização, ou seja, o surgimento de novos vasos de sangue, geralmente mais frágeis e que podem, mais facilmente, permitir o extravasamento de sangue e fluidos para outros tecidos dos olhos.

O procedimento é simples, apesar de ser invasivo e, para muitas pessoas, parecer desconfortável. 

Há a aplicação de uma anestesia local, fazendo com que haja apenas um leve incômodo no momento da aplicação. O processo é rápido e não há necessidade de hospitalização ou longas horas de observação.

Qual o mecanismo de ação da substância ativa Aflibercepte?

A substância ativa Aflibercept, conforme a bula indica, age como um receptor-isca solúvel que se liga ao VEGF-A e ao fator de crescimento placentário (PLGF). Ela tem afinidade maior que os receptores naturais e, portanto, pode inibir a ligação e a ativação desses receptores cognatos de VEGF.

Assim, sua ação é inibir a formação de novos vasos patológicos (neovascularização), estabilizar ou até recuperar a visão em casos de problemas relacionados à presença elevada de fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF). 

Os fatores de crescimento (VEGF) apresentam importante ação na manutenção do correto funcionamento do corpo, em diversos processos. Por exemplo, na formação e desenvolvimento vascular de fetos, crescimento ósseo, ovulação, além da reparação de tecidos quando ocorrem ferimentos. 

Porém, esses fatores de crescimento, quando se encontram alterados, também desencadeiam alterações ou patologias graves. 

Por isso, as substâncias químicas desenvolvidas para o tratamento de algumas doenças relacionadas à neovascularização são chamadas de anti-VEGF, pois impedem que o Fator de Crescimento se ligue aos receptores de membrana celular. 

Isso, então, bloqueia a ação de formação de novos vasos e, consequentemente, danos posteriores à visão.

Esses componentes se encontram elevados em patologias da visão, como a degeneração macular relacionada à idade.

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Como a bula indica usar Eylia?

A frequência e dosagem de aplicação de Eylia devem ser receitadas por profissionais de oftalmologia, levando em consideração o diagnóstico de cada paciente.

De forma geral, a bula orienta que o medicamento deve ser administrado em injeções contendo o volume de 0,050mL (o que equivale a 2mg de aflibercepte). O tempo entre cada nova aplicação deve ser designado por especialistas, assim como a necessidade de acompanhamento, manutenção ou alteração de posologia.

A aplicação da injeção intravítrea deve ser feita em locais adequados, respeitando os protocolos de higienização e assepsia. A administração só deve ser feita por pessoas capacitadas, com experiência na administração de injeções desse tipo.

A cada nova aplicação, a bula orienta que seja evitado repetir o local da última administração, visando sempre o centro do globo ocular.

Quais os efeitos colaterais?

Assim como qualquer outro tratamento, o uso de Eylia pode desencadear efeitos indesejáveis relacionados à substância ativa ou à aplicação. Alguns deles, apesar de pouco frequentes (ocorrem, em média, 1 vez a cada 1900 administrações do medicamento), podem ser graves e incluem: 

  • Cegueira;
  • Infecção ou inflamação dentro do olho (endoftalmite);
  • Descolamento;
  • Rasgo ou sangramento de retina (camada sensível à luz na parte posterior do olho);
  • Catarata (opacificação lenticular);
  • Hemorragia vítrea (sangramento no olho);
  • Descolamento do vítreo;
  • Aumento de pressão intraocular (dentro do olho).

Efeitos adversos muito frequentes

As reações adversas muito frequentes são as que ocorrem em mais de 1 pessoa em cada 10. Elas incluem:

  • Deterioração da visão;
  • Olhos vermelhos causados pelo sangramento de pequenos vasos sanguíneos nas camadas mais externas do olho (hemorragia subconjuntival);
  • Dor no olho.

Efeitos adversos frequentes

Os efeitos adversos frequentes são aqueles que podem afetar entre 1 e 10 em cada 100 pacientes. Elas incluem:

  • Visão borrada (degeneração da retina);
  • Sangramento no olho (hemorragia vítrea);
  • Certas formas de opacificação do cristalino (catarata, catarata nuclear, catarata subcapsular, catarata cortical);
  • Lesão da camada da frente do globo ocular (erosão da córnea, abrasão da córnea, ceratite punteada);
  • Aumento da pressão do olho (aumento da pressão intraocular);
  • Manchas se movendo na visão (moscas volantes);
  • Descolamento do vítreo (substância gelatinosa no interior do olho anterior à retina) resultando em flashes de luz com manchas se movendo na visão;
  • Sensação de cisco nos olhos (sensação de corpo estranho nos olhos);
  • Aumento da produção de lágrimas (aumento do lacrimejamento);
  • Inchaço da pálpebra (edema da pálpebra);
  • Sangramento no local da injeção (hemorragia no local da injeção);
  • Diminuição da nitidez da visão (descolamento/rasgo da retina);
  • Vermelhidão dos olhos (hiperemia conjuntival, hiperemia ocular).

Além disso, a bula indica que, relacionado somente à DMRI úmida, pode correr diminuição da nitidez da visão por ruptura/descolamento do epitélio pigmentar da retina.

Tem contraindicação?

A bula orienta que alguns casos são contraindicados ao uso de Eylia, que são: 

  • Hipersensibilidade à substância ativa aflibercept ou a qualquer um dos excipientes presentes (polissorbato 20, fosfato de sódio monobásico monoidratado, fosfato de sódio dibásico heptaidratado, cloreto de sódio, sacarose e água para injetáveis).
  • Infeção ocular ou periocular ativa ou suspeita;
  • Inflamação intraocular ativa grave.

Eylia é aprovado pela ANVISA?

Sim. Eylia é registrado como medicamento biológico na ANVISA desde outubro de 2012, na categoria de Outros medicamentos com ação no aparelho visual.

Aflibercepte tem no SUS?

O medicamento à base de Aflibercepte entrou na listagem de substâncias fornecidas pelo SUS em novembro de 2019, sob a orientação de tratamento para casos de edema macular diabético (EMD). 

Publicada por meio da portaria nº50, de 5 de novembro de 2019, no Diário Oficial da União, a substância pode ser obtida gratuitamente por pacientes que tenham prescrição médica. No entanto, essa é a única dispensa para o medicamento, não havendo o custeamento para outros diagnósticos. 

Caso pacientes tenham prescrição médica para o uso de Aflibercepte para o tratamento de outras condições de saúde, ainda é possível recorrer às vias judiciais. 

A judicialização de medicamentos é uma opção para quem não tem condições de arcar com a medicação, podendo tentar obter o melhor e mais adequado tratamento por vias jurídicas.

Eylia faz parte do Rol da ANS?

O Rol da ANS é uma listagem de cobertura mínima obrigatória para os planos de saúde. Para saber exatamente o que cada plano contratado deve oferecer, é precisa saber qual a categoria dele.

Em geral, a listagem da ANS indica a cobertura de Implante intravítreo de polímero farmacológico de liberação controlada (com diretriz de utilização), para os quadros de Edema macular nas oclusões venosas de ramo e central.

Em 2018, a ANS também publicou uma nota sobre a assistência de Tratamento ocular quimioterápico com antiangiogênico, estabelecendo alguns critérios para novos contratos de planos de saúde. 

Caso o plano se recuse a bancar o tratamento com Aflibercepte, é possível que pacientes com prescrição médica tentem obter o custeio do medicamento por meio das vias judiciais.

Como orçar Eylia?

Pessoas que vão entrar com um processo para tentar o custeio do medicamento pelo SUS ou pelo plano de saúde podem recorrer ao serviço do assessoria de cotação de medicamentos de alto custo do grupo Consulta Remédios.

Basta acessar o link e preencher o formulário. Em pouco tempo, de modo gratuito e personalizado, será enviado um orçamento de 3 farmácia diferentes, facilitando a organização dos documentos necessários para a abertura do processo.

Preço: quanto custa Eylia 40mg?

Eylia pode ter o preço consultado em farmácias especiais físicas ou online. O preço de Eylia 40mg/mL, caixa com 1 seringa preenchida com 0,278mL de solução de uso intravítreo + 1 agulha fica é entre, aproximadamente, R$2.297 até R$4.882.

*Preço consultado em janeiro de 2020. Os valores podem sofrer alteração.


Uma série de condições e mudanças no organismo estão relacionadas à idade. Ainda que envelhecer não necessariamente seja sinônimo de adoecimento, nessa fase da vida, as pessoas podem estar mais suscetíveis às doenças e comprometimentos funcionais, devido à fragilização natural do corpo. 

A degeneração macular relacionada à idade é uma dessas condições. O quadro representa a doença que mais causa cegueira em pessoas idosas em países desenvolvidos. No Brasil, a doença acomete aproximadamente 3 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde. 

Mas, além disso, outros danos à visão podem ocorrer por causas secundárias, como a diabetes e a hipertensão. 

Para alguns casos de perda da visão, há tratamento como as injeções intravítreas, que são feitas administrando medicamentos diretamente dentro dos olhos. 

Atualmente, esse é um dos métodos mais efetivos para o controle dos quadros, podendo melhorar a visão e as condições de vida de pacientes. O medicamento Eylia é uma das substâncias empregadas no tratamento dessas condições.

Quer saber mais dicas de tratamentos e novidades em medicamentos? Fique de olho no Minuto Saudável!

Imagem do profissional Francielle Mathias
Este artigo foi escrito por:

Dra. Francielle Mathias

CRF/PR: 24612CompletarLeia mais artigos de Dra. Francielle
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