Covid-19

Por que vacinados contra a Covid-19 ainda podem se infectar?

Publicado em: 08/01/2022Última atualização: 07/02/2022
Publicado em: 08/01/2022Última atualização: 07/02/2022
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Desde o começo da vacinação contra a Covid-19, muitas dúvidas e afirmações falsas surgiram com relação à eficácia dos imunizantes aplicados em todo o mundo. Uma delas é: por que vacinados contra a Covid-19 ainda podem se infectar com o coronavírus?

A resposta para essa pergunta é bem simples: após a aplicação da primeira e segunda dose, as células imunes demandam duas semanas ou um pouco mais para reconhecerem os antígenos presentes nas vacinas. É por isso que precisamos de uma pausa entre vacinas com duas doses ou entre a dose de reforço.

Além disso, as vacinas produzidas contra o Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19, tem como principal objetivo diminuir as chances do (a) paciente desenvolver um quadro grave, necessitar de internação e vir a óbito. Outra questão que influencia na eficácia dos imunizantes é a idade, doenças prévias e saúde da pessoa no momento em que ela contraiu a doença.

Portanto, nenhuma vacina é 100% eficaz ou impede a transmissão e o contágio. Elas atuam diminuindo a gravidade da doença no organismo da pessoa.

E mesmo não sendo 100% eficazes, vimos ao longo dos anos que houve uma diminuição drástica no número de casos e, até mesmo, erradicação de muitas doenças graves, como é o caso da varíola e da poliomielite no Brasil.

Qual é a eficácia das vacinas aplicadas no Brasil?

As primeiras vacinas aprovadas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação no Brasil foram a Oxford AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer BioNTec e Janssen. Cada uma possui formas diferentes de agir no organismo, mas o objetivo é único: induzir uma resposta imune, ou seja, estimular os glóbulos brancos (células de defesa do corpo) a combaterem o Coronavírus e criar uma memória imunológica.

Dessa forma, quando o organismo entrar em contato com o vírus de verdade, os glóbulos brancos dos vacinados contra a Covid-19 saberão como enfrentar a infecção de forma adequada e sem causar uma reação exagerada, conhecida como tempestade de citocinas, que pode adoecer mais ainda o (a) infectado (a).

A seguir, você confere um pouco mais sobre a tecnologia empregada em cada uma das vacinas aplicadas no Brasil e sua eficácia tanto para uma, duas ou três doses:

Oxford AstraZeneza (CoviShield)

A vacina criada em parceria com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca utiliza o vírus enfraquecido e possui tecnologia de vetor viral não replicante, ou seja, o vírus é geneticamente alterado e não é capaz de se multiplicar nas células e causar uma infecção no organismo. Ela é aplicada em duas doses, sendo a segunda em até 60 dias após a aplicação da primeira dose.

Segundo a FioCruz, que produz e distribui a vacina no Brasil, a CoviShield é 79% eficaz contra quadros sintomáticos e 100% eficaz na prevenção de casos graves e internamentos. Em idosos com 80 anos ou mais, a eficácia ao longo dos testes foi de 80%.

Com o surgimento da variante Ômicron, considerada a mais transmissível de todas as cepas já conhecidas, a aplicação de uma terceira dose se mostrou 79% eficaz contra sintomas e 100% na prevenção de internamento e quadro grave. Em idosos acima de 65 anos, a eficácia da dose de reforço da vacina é de 80%.

CoronaVac

Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, a CoronaVac é uma vacina de duas doses, com 21 dias de intervalo entre cada uma. Ela usa o vírus inativado para estimular a resposta imune no organismo e comumente causa efeitos colaterais mais leves.

No estudo da terceira fase, a vacina estimulou a produção de anticorpos em 89% dos voluntários. Já na eficácia global, que leva em consideração a eficácia registrada em todos os países onde foi aplicada, houve 62% de diminuição de casos leves, moderados e graves.

Estudos mostraram que a CoronaVac, para ter eficácia considerável contra a variante Ômicron, necessita de 1 ou 2 doses de reforço. Contudo, novas alterações já estão sendo estudadas tanto pela Sinovac quanto pelo Instituto Butantan a fim de garantir uma maior proteção.

As vacinas aplicadas no Brasil e em todo o mundo possuem tecnologias distintas mas têm o mesmo objetivo: frear o número de mortes e internamentos.

Pfizer BioNTec

A parceria entre a empresa BioNTech e as farmacêuticas Pfizer e Fosun Pharma resultou na vacina de RNA mensageiro com dose dupla. Diferentemente das vacinas mencionadas nesse tópico, que usam o vírus inativado ou atenuado, esse tipo de tecnologia usa a fita de RNA do Coronavírus a fim de ensinar nossas células a sintetizar proteínas e estimulam nosso sistema imunológico. 

Vacinas de RNA mensageiro são mais fáceis de serem manipuladas e alteradas de acordo com necessidades específicas e são vistas como uma grande promessa no cenário mundial de imunização.

Na eficácia geral, a vacina da Pfizer BioNTech apresentou 91,3% de proteção contra casos sintomáticos leves e moderados e entre 95% e 100% em casos graves e internamentos.

Janssen (Johnson & Johnson)

A vacina da farmacêutica belga Janssen é a primeira vacina de dose única contra o coronavírus. A tecnologia empregada no imunizante é a de Vetor Viral não replicante, ou seja, os genes que codificam a proteína S (spike) são inseridos em outro vírus que não causa complicações ao ser humano a fim de desenvolver uma memória imunológica.

Na eficácia global, a vacina se mostrou 66% eficaz contra casos sintomáticos, graves e internamentos. Contudo, com a chegada da variante Ômicron, avaliou-se a necessidade de reaplicar uma dose de reforço para que a imunidade aumente contra a nova cepa.

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Por que é necessário tomar duas doses e a dose de reforço?

Tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19 é importante, pois ao longo dos testes de fase 2 e 3, ou seja, quando os imunizantes são aplicados em voluntários (as), foi comprovado que a dosagem estudada e que é aplicada hoje é mais eficaz quando completa.

A primeira dose estimula uma resposta imune, mas muito pequena, e é aí que entra a segunda dose após o intervalo recomendado. Ela provoca uma produção maior de anticorpos e deixa o organismo dos vacinados contra a Covid-19 muito mais preparado para lidar com o vírus.

Além disso, as duas doses prolongam o efeito do imunizante e deixam a pessoa menos vulnerável à ação do Coronavírus por um período maior de tempo.

Já a dose de reforço é importante para potencializar a eficácia das vacinas, prolongar seu efeito e proteger contra novas variantes com mutações que podem desestabilizar essas questões e causar um escape imune.

Leia também: Covid-19: Por que não existe remédio específico para vírus?

A aplicação da dose de reforço nos vacinados contra a Covid-19 aumenta a imunidade e prolonga a proteção.
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Que condições diminuem a eficácia das vacinas?

Diversos fatores ao longo dos testes de fase 2 e 3 e após a aprovação para aplicação na população são estudados a fim de entender que condições diminuem a eficácia dos imunizantes. Entre os detectados até agora para a Covid-19 estão:

Idade

Quanto mais avançada a idade, menor é o tempo de proteção do imunizante no organismo. Segundo o CDC, órgão sanitário dos EUA, vacinas contra a Covid-19, como a da Moderna e a da Pfizer, têm sua ação por tempo limitado, especialmente, no organismo de pessoas com 65 anos ou mais. Algumas variantes, inclusive, podem influenciar nessa queda.

Contudo, segundo o órgão, é possível restabelecer essa imunidade com a ajuda de novas aplicações, ou seja, de doses de reforço após um período de tempo.

Medicamentos

Alguns medicamentos para doenças reumáticas autoimunes, segundo a Universidade de São Paulo (USP), também podem diminuir a eficácia de algumas vacinas contra a Covid-19. Contudo, a vacinação não deve ser deixada de lado, o esquema vacinal deve ser completado e o tratamento não deve ser abandonado de forma alguma.

Mesmo com essa diminuição, a proteção da vacina continua alta, dentro dos parâmetros exigidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Novas mutações/cepas

As vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas em cima do vírus original (Sars-Cov-2), aquele que deu início à pandemia. As novas mutações são um processo natural dos vírus e uma forma de sobrevivência, especialmente em meio a uma população imunizada.

Elas tendem a circular fortemente em não vacinados e pessoas com apenas uma dose, mas podem sim ser transmitidas a vacinados. Mutações nem sempre são ruins, mas algumas podem diminuir a proteção que as vacinas conferem, como é o caso da Delta e da Ômicron, as duas cepas mais transmissíveis conhecidas até agora.

Por que devo me vacinar se a vacina não previne a infecção por Covid-19?

Como vimos ao longo do texto, nenhuma vacina é capaz de impedir a infecção nos vacinados contra a Covid-19. Seu papel, além de estimular a produção de anticorpos e criar uma memória imunológica, é impedir a manifestação de sintomas mais intensos, casos graves e internamentos. 

Enquanto os vacinados contra a Covid-19, com duas doses e, de preferência com dose de reforço, serão assintomáticas ou terão sintomas muito leves, como os de um resfriado, os não vacinados terão uma chance maior de desenvolver sintomas acentuados e correm grande risco de precisar de intervenção médica e ventilação.

É possível observar que, com o avanço da aplicação da vacina contra a Covid-19, os números de óbitos que já chegaram a mais de 3 mil por dia no Brasil, caíram drasticamente para uma média de 200*.

Isso mais do que prova que as vacinas são sim eficazes e que cumprem com seu objetivo, que é interromper esse ciclo de mortes e evitar sobrecarga do sistema de saúde público e privado.

*Números consultados em janeiro de 2022.

Os vacinados contra a Covid-19 têm menos chances de desenvolver sintomas e quadros graves.
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Quais cuidados devo tomar após me vacinar?

Todos os cuidados com que fomos orientados ao longo da pandemia devem continuar sendo seguidos, até mesmo para os vacinados contra a Covid-19. Uso de máscara adequada, com duas camadas ou mais de tecido, higienização frequente das mãos com água e sabão, além do álcool 70% e distanciamento social continuam sendo essenciais, pois ainda vivemos em um quadro pandêmico. Enquanto grande parte da população mundial não for vacinada, ainda corremos risco.

Lembre-se de deixar sua carteirinha de vacinação em dia para evitar contrair outras doenças que te debilitarão e deixarão sua saúde mais vulnerável ao coronavírus.

E ah, assim que for liberada a dose de reforço para você, não deixe de recebê-la. Como vimos, ela é capaz de aumentar ainda mais a proteção contra a doença.

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Assim como a vacina da gripe deve ser renovada anualmente e, mesmo assim, ainda há gripe circulando, a Covid-19 tem novas cepas e mutações no vírus que só vão diminuir após a vacinação coletiva completa. Para mais informações sobre vacinas e Covid-19, continue acessando o Minuto Saudável e nossas redes sociais.

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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