Para quem lembra das aulas de biologia, os tipos sanguíneos são classificados pelo sistema ABO, combinando mais uma análise, que é a do fator Rh. De modo geral, a população se divide entre os tipos A, B, AB e O, sendo eles positivos ou negativos.
No entanto, algumas pessoas nascem com tipos sanguíneos raros, recebendo até um nome especial: sangue dourado. Nesses casos, elas têm um fator Rh neutro.
O que até pode parecer interessante ou especial, é na verdade uma dificuldade a mais caso a pessoa precise de uma transfusão, logo que é bastante difícil encontrar alguém compatível.
Algumas pesquisas tentam traçar paralelos entre os tipos sanguíneos e as doenças mais frequentes, indicando que pode haver maior ocorrência de patologias específicas em cada grupo. Quer saber mais sobre os grupos que circulam nas veias da humanidade? Veja no texto!
Índice — neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:
Tipo sanguíneo é o nome dado ao agrupamento sanguíneo humano, onde constam os tipos de sangue mais importantes. Eles são: A, B, AB e O, que se subdividem em Rh positivo(+) e Rh negativo(-).
Já em aproximadamente 1600, pessoas levantaram hipóteses e curiosidades sobre a transfusão de sangue. No entanto, naquela época, ainda não se sabia muita coisa — na verdade, quase nada — sobre o fluido essencial à vida.
E durante muito tempo, incluindo vários experimentos desastrosos que resultaram em mortes, a transfusão de sangue e os tipos sanguíneos foram um mistérios para a sociedade. Somente por volta dos anos 1900, um pesquisador chamado Karl Landsteiner deu passos mais significativos à compreensão que adotamos hoje sobre os tipos de sangue.
Ele verificou que certas amostras de sangue aglutinavam ou dissolviam suas hemácias (glóbulos vermelhos) quando recebiam uma segunda amostra de sangue via transfusão, enquanto outras não o faziam.
Ao dar continuidade em sua pesquisa, Karl observou que algumas hemácias tinham certos antígenos (substâncias que estimulam a produção de anticorpos) anexos em sua superfície, que atraem anticorpos (células de defesa) específicos que são responsáveis por destruí-las.
Quando realizou transfusões de teste, ele descobriu dois tipos de antígenos presentes nas hemácias, o que acarreta em dois tipos sanguíneos. Landsteiner os denominou como A e B.
No caso das transfusões mal sucedidas, os tipos sanguíneos não eram compatíveis, ou seja, as hemácias doadas possuíam anticorpos para combater os antígenos que o indivíduo continha em seu organismo, levando a pessoa à morte da mesma maneira.
Havia, ainda, um terceiro tipo de sangue, no qual as hemácias não carregavam nenhum antígeno, e o médico deu o nome de “zero”, que acabou sendo conhecido como tipo O devido a sua grafia.
Assim, cada tipo sanguíneo carrega anticorpos contra antígenos do outro tipo, ou seja, antígenos que o organismo do indivíduo não possui. Então, se uma pessoa tipo A recebe sangue tipo A, ela não sofrerá nenhum problema.
Do contrário, se essa pessoa recebe uma transfusão do tipo B, seus anticorpos vão lutar contra os antígenos B, fazendo o sangue se dissolver.Quando falamos sobre tipos sanguíneos, é comum usarmos os termos aglutininas para mencionar os anticorpos e aglutinógenos para os antígenos.
Apesar de muita gente passar boa parte da vida (ou até a vida toda) sem saber qual é o seu tipo sanguíneo, esse detalhe é fundamental caso seja necessário uma doação ou transfusão de sangue.
Isso porque cada tipo tem uma característica e comportamentos únicos, fazendo com que somente uns tipos possam ser misturados a outros.
Grupo | Antígeno ABO | Anticorpos que pode ter | Anticorpos que não pode ter |
A | A | Anti-B | Anti-A |
B | B | Anti-A | Anti-B |
AB | A e B | Anti-A e Anti-B | |
O | Nenhum | Anti-A e Anti-B |
O sangue é de extrema importância no organismo, sendo responsável por diversas tarefas, como manter a temperatura corporal constante, levar oxigênio para as células do corpo, trazer o gás carbônico que liberamos durante as respirações, levar nutrientes para as células e combater doenças através dos anticorpos.
Normalmente, o corpo humano possui um volume sanguíneo de aproximadamente 70 mL/Kg de peso corporal para os adultos e 80mL/kg para crianças. A média dos adultos possuem cerca de 4.900 mL de sangue.
Por ser de extrema importância no organismo, a sua perda pode acarretar a morte por hemorragia.
No Brasil, o sangue mais utilizado é O+ (positivo). Cada hemocentro deve ter seu estoque constituído de, no mínimo, 50% desse sangue.
A determinação sanguínea é imutável e se dá geneticamente, ou seja, o que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa é sua herança genética.
A transmissão responsável pelo tipo sanguíneo ocorre por dois alelos (segmentos de DNA): um é herdado do pai e outro da mãe, com a possibilidade de um deles ser dominante e o outro recessivo.
Por exemplo: se os alelos do pai são AB (ambas as letras em maiúscula porque são dominantes) e a mãe Ab (com A maiúsculo, pois é dominante e b em minúsculo porque é recessivo), teremos a seguinte tabela para possíveis tipos sanguíneos dos filhos do casal.
Tipos sanguíneos | B | b |
A | AB | Ab |
B | BB | Bb |
Sendo assim, os filhos têm 25% de chance de serem do tipo sanguíneo A (porque o A tem predominância no b, pois ele é recessivo), 25% de serem AB e 50% de chances de serem do tipo B.
Com isso, um casal AB e Ab jamais conceberia um filho com o tipo sanguíneo O.
Quem não sabe o tipo sanguíneo não precisa se desesperar. Caso seja necessária uma transfusão de sangue, ela só ocorrerá após a equipe médica identificar o material compatível.
Se a situação for emergencial, será administrado o tipo sanguíneo O negativo, já que ele é o doador universal.
Além da classificação pelo sistema ABO, há também o Fator Rh, ou grupo sanguíneo Rh.
Ser positivo significa que o antígeno Rh, também conhecido como antígeno D, está naturalmente presente, enquanto que no negativo não.
Ou seja:
Fator Rh | Antígeno do sistema Rh |
Positivo | Antígeno D |
Negativo | Sem antígeno D |
O fator Rh está incluso no sistema Rh, que é o mais complexo dos sistemas e o segundo grupo sanguíneo mais importante, ficando atrás apenas do sistema ABO.
O sistema Rh foi descoberto pelo mesmo médico que descobriu o sistema ABO com a colaboração de Alex Wiener, também médico austríaco.
Esse sistema de grupos foi descoberto em 1937, através de testes realizados em macacos do gênero Rhesus. Eles observaram que o soro de coelhos imunizados com hemácias dos macacos do gênero Rhesus aglutinava (reunia-se), formando pequenos aglomerados.
Somente em 1940, ao associarem a eritroblastose fetal — doença na qual a mãe e o bebê têm incompatibilidade de Rh — com a pesquisa anteriormente feita, os pesquisadores perceberam que o Rh se tratava de um sistema.
Então, divulgaram o resultado do teste de hemaglutinação, nos quais 85% das diferentes amostras de sangue humano aglutinaram ao serem misturadas com o soro contendo anti-Rh.
No entanto, não ocorre naturalmente de uma ser humano nascer com os anticorpos Anti-D em seu plasma, a não ser que o sangue Rh+ tenha sido introduzido anteriormente em seu organismo.
A inoculação (introdução) poderia ocorrer através de um parto, uma transfusão incompatível ou o compartilhamento de seringas em dependentes químicos.
Aqui se dá o conceito que pessoas com sangue Rh positivo só podem receber sangue de Rh positivo e o mesmo se dá com portadores do sangue Rh negativo.
Na realidade, uma pessoa Rh negativo pode ser exposta ao Rh positivo uma única vez, sem o risco de morte, pois em um primeiro momento ela ficaria sensibilizada e iria adquirir o Anti-D. A partir de então, a segunda transfusão poderia ser fatal.
Com os avanços medicinais, dificilmente ocorrem transfusões incompatíveis, então é raro que este erro seja cometido deliberadamente. No entanto, esse não é o caso em uma gestação em que a mãe e o bebê possuem Rh incompatíveis.
A compatibilidade sanguínea é fundamental para que, quando haja doações ou transfusões, o procedimento não envolva riscos à vida de pacientes.
Confira quais os tipos podem doar e receber para quem:
Pode doar para: | Pode receber doação de: | |
Sangue tipo A+ | AB+ e A+ | A+, A- |
Sangue tipo A- | A+, A-, AB+ e AB- | A- e O- |
Sangue tipo B+ | B+ e AB+ | B+,B-, O+ e O- |
Sangue tipo B- | B+, B-, AB+ e AB- | B- e O- |
Sangue tipo AB+ | AB+ | A+,B+, O+, AB+, A-, B-, O- e AB- (todos) |
Sangue tipo AB- | AB+ e AB- | A-, B-, O- e AB- |
Sangue tipo O+ | A+, B+, O+ e AB+ | O+ e O- |
Sangue tipo O- | A+,B+, O+, AB+, A-, B-, O- e AB- (todos) | O- |
Ao doar sangue, você está ajudando a salvar vidas. Em alguns estados os doadores de sangue possuem alguns benefícios, como:
Para doar sangue é necessário um pouco mais do que a boa vontade. Conheça abaixo os requisitos básicos:
Infelizmente o grupo de quem não pode doar é bem mais extenso do que os que podem. Dentro dele existem dois subgrupos. Os definitivos e os temporários, conheça-os detalhadamente:
De acordo com o Hemobanco, são impedidas temporariamente de doar sangue:
Pessoas que fazem uso de drogas, submetidas a cirurgias, recém vacinadas, com hipertensão, que fazem uso de medicamentos, que realizaram procedimentos odontológicos e casos em que envolvam outras doenças devem ser avaliados por profissionais.
Conforme o Hemocentro, não podem ou são inaptas à doação de sangue quem:
A compatibilidade do plasma é diferente da compatibilidade dos glóbulos vermelhos (hemácias). Com isso, pessoas podem receber plasma sanguíneo de quem não faz parte do seu grupo de tipos sanguíneos compatíveis.
Transfusões de plasma são comumente realizadas para substituir ou auxiliar o plasma já existente no organismo na fase de coagulação.
Confira a tabela de compatibilidade de plasma:
Receptor | Doador | |||
O | A | B | AB | |
O | ✔ | ✔ | ✔ | ✔ |
A | ✔ | ✔ | ||
B | ✔ | ✔ | ||
AB | ✔ |
Nas transfusões incompatíveis do grupo sanguíneo ABO, os anticorpos Anti-A e Anti-B atacam e destroem quase que imediatamente as hemácias da transfusão. Os sintomas desencadeados normalmente se iniciam já durante a transfusão. São eles:
Essa reação é uma emergência médica, que pode evoluir para a coagulação intravascular, ou seja, quando o sangue coagula dentro dos vasos sanguíneos.
Nesse caso, profissionais em prontidão administram grandes quantidades de soro fisiológico por via venosa, pois isso impede que as hemácias coaguladas obstruam os túbulos renais.
Não é incomum que pessoas que passam por essa experiência desenvolvam algum tipo de insuficiência respiratória e/ou hipotensão.
Já os casos de transfusão sanguínea com Rh incompatível não costumam ser tão agressivas. A destruição das hemácias surgem de 3 a 30 dias após a transfusão. Os sintomas desencadeados são:
A eritroblastose fetal, também conhecida doença de Rhesus, doença hemolítica por incompatibilidade de Rh ou doença hemolítica do recém nascido, pode ser diagnosticada logo no início da gravidez.
Durante o pré-natal, o obstetra solicita diversos exames, entre eles o de tipagem sanguínea e o fator Rh da mãe e do pai, assim é possível descobrir se há ou não riscos de incompatibilidade entre o sangue da mãe e do feto.
A doença surge quando uma mãe Rh- gesta um filho Rh+ pela segunda vez. Ela só se manifesta na segunda gestação, pois a mãe foi apenas sensibilizada na primeira.
O sangue da mãe entra inevitavelmente em contato com o sangue do feto e, a partir disso, começa a produzir anticorpos contra os antígenos presentes nas hemácias do Rh+, ou seja, a mãe produz anticorpos contra o feto.
É importante mencionar que estas reações nem sempre acontecem e são ainda mais raras quando o feto apresenta antígenos A ou B e a mãe não.
Como já mencionado, o organismo não produz anticorpos para o que faz parte de seu DNA, eles são apenas produzidos em situações raras como a descrita acima. Então, pessoas Rh- nunca iniciarão a produção de Rh+, pois, ao ter em seu plasma um anticorpo oposto ao seu antígeno correspondente, todas as suas hemácias seriam destruídas por ele.
Caso a mulher esteja gestando seu primeiro filho com Rh incompatível, é necessário tomar uma injeção de gamaglobulina anti-Rh, também chamada de anti-D, nas primeiras 72 horas após o parto.
Isso evita que um segundo bebê Rh+ tenha suas hemácias destruídas pelos anticorpos da mãe. Essa injeção irá destruir as células do bebê que permaneceram no organismo da mãe antes que ela seja sensibilizada.
Com isso, vemos a importância do pré-natal. Afinal, é através dele que é possível descobrir com antecedência a incompatibilidade de Rh.
Por ser compatível com qualquer outro tipo sanguíneo, o sangue O- é universal e, portanto, as pessoas o associam a palavra “raro”. Outro tipo sanguíneo que é tido como raro é o AB.
No entanto, existem tipos bem mais raros que ambos descritos acima. É o caso relatado pela revista Mosaic Science: o “sangue dourado”.
Para entender o quanto o sangue dourado é raro, é necessário saber que existem 35 sistemas sanguíneos, sendo organizados de acordo com os genes que transportam a informação para produzir os antígenos dentro de cada sistema.
A maioria dos 342 antígenos do grupo ABO pertence a um desses sistemas. Somente o sistema Rh tem 31 antígenos, sendo o maior dos sistemas. O mais importante antígeno é o anti-D, e quando ele não está presente naturalmente em um indivíduo, o intitulamos com Rh negativo.
Entretanto, no sangue dourado, todos os antígenos estão ausentes. Por esta razão, ele é denominado sangue nulo. Até 2010, apenas 43 pessoas estavam listadas com este tipo em todo o mundo.
Acreditando ou não, existem estudos que afirmam que os tipos sanguíneos refletem na personalidade da pessoa. A teoria mais bem difundida é a do professor japonês Tokeji Furukawa, de 1930.
No entanto, a ciência ainda não foi capaz de comprovar a veracidade desse estudo. Porém, ela pode afirmar a propensão a doenças de cada tipo sanguíneo. Confira:
A composição de antígenos de uma pessoa é o que determina o quanto de um hormônio específico ela libera. No caso desse tipo sanguíneo, a liberação de cortisol é muito maior, o que a deixa mais propenso ao estresse.
O tipo A também tem uma probabilidade 20% maior de desenvolver câncer do estômago em comparação aos tipos O e B, e um risco 5% maior para doenças cardíacas em comparação ao tipo O.
Infelizmente, para os portadores desse sangue, o risco de contrair câncer de pâncreas, leucemia e infecções como varíola e malária grave são maiores. A boa notícia é que o sangue A é menos atrativo para os mosquitos.
As pessoas com tipo B têm um aumento de 11% no risco de doenças cardíacas. As mulheres com sangue B ou AB apresentam um risco elevado de desenvolver câncer de ovário.
No entanto, essas pessoas têm até 50.000 vezes mais o número de estirpes de bactérias benéficas do que as pessoas com o tipo O.
Estas pessoas apresentam um risco aumentado de 23% para doenças cardíacas sobre os de tipo O.
Mulheres AB podem sofrer o dobro de vezes de pré-eclâmpsia em gravidez e ambos os sexos conta com 82% a mais de chances de ter dificuldades cognitivas, principalmente em áreas como recuperação da memória, linguagem e atenção.
O tipo O está mais propenso a ter úlceras e romper os tendões de Aquiles.
A parte boa é que as pessoas com esse sangue apresentam um risco menor de sofrer de câncer pancreático e menor risco de morrer de malária do que os outros grupos sanguíneos. Em questão de mosquitos, são duas vezes mais propensas a repeli-los.
Por mais incrível que pareça, existe de fato uma dieta baseada no tipo sanguíneo. Essa teoria foi desenvolvida pelo médico naturopata Peter d’Adamo e publicada em seu livro “Eat right for your type’’ que, traduzido, significa “Alimente-se corretamente de acordo com seu tipo”. O livro foi publicado em 1996 nos Estados Unidos.
Segundo Peter, para cada tipo sanguíneo, os alimentos são considerados:
Benéficos | Alimentos que evitam e curam doenças |
Nocivos | Alimentos que podem agravar doenças |
Neutros | Não trazem, nem curam doenças |
De acordo com o médico, os tipos sanguíneos têm forte influência no organismo e determinam o bom funcionamento do metabolismo, sistema imunológico, a personalidade e as emoções de cada pessoa. Isso interfere no bem-estar, na perda de peso e fortalece a saúde, tudo isso a partir da mudança de hábitos alimentares.
Essa dieta abalou o mundo estético e médico, a polêmica foi tanta que diversos pesquisadores começaram seus próprios estudos sobre a dieta do tipo sanguíneo.
Contudo, na Universidade de Toronto, no Canadá, um estudo realizado com cerca de 1.455 pessoas comprovou que as necessidades nutricionais de um indivíduo não têm relação com o seu tipo sanguíneo.
Ahmed El-Sohemy, coordenador do estudo, afirmou que não foi encontrada nenhuma evidência que apoia a teoria do médico Peter d’Adamo, e que a maneira das pessoas reagirem às dietas que Peter sugere estão relacionadas com a sua capacidade de manter uma alimentação sensivelmente vegetariana ou pobre em carboidratos, e não com seu tipo sanguíneo.
O sangue é fundamental no nosso organismo, por isso é necessário estar o mais bem informado possível sobre ele. Por isso, o Minuto Saudável traz mais informações sobre saúde e qualidade de vida!
Rafaela Sarturi Sitiniki
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